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TERAPIA E CUIDADO NUTRICIONAL: PANCREATITE AGUDA E CRÔNICA Profª Luciane Lopes Sant’Ana FUNÇÕES: ▪ Produz 2 a 2,5 litros dia de secreção de enzimas digestivas e bicarbonato; ▪ Estimulado por presença de ácidos, ácidos graxos e aminoácidos no duodeno; ▪ Secreta as enzimas: tripsina, quimiotripsnina, aminopeptidases, elastases, amilase, lipase, fosfolipase e nucleases – Função exócrina. ❑ Digestiva: secreção e liberação de enzimas digestivas; ❑ Hormonal: secreção e liberação de insulina e glucagon. Células produtoras de enzimas digestivas e bicarbonato Células: Ilhotas de Langerhans produtoras de hormônios FATORES RESPONSÁVEIS PELA SECREÇÃO EXÓCRINA SECREÇÃO EXÓCRINA PANCREÁTICA(ENZIMAS DIGESTIVAS) SECRETINA + COLECISTOQUININA RESPOSTA NEURAL COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS (LIP, AAS CAFEINA, ETC...) SAIS BILIARES Rev Col Gastroenterol / 23 (2) 2008 COMPROMETIMENTO DO PÂNCREAS – LEVA À: Desnutrição - podendo ser DPC ou limitada a alguns nutrientes; Ingestão insuficiente de alimentos devido a dor abdominal, náuseas, vômitos, anorexia; Insuficiência pancreática - enzimática e hormonal - incapacitando o indivíduo de repor suas necessidades energético e proteicas. DOENÇAS DO PÂNCREAS EXÓCRINO - PANCREATITE Pancreatite Aguda: processo inflamatório agudo, caracterizado por: edema + exsudato celular + necrose gordurosa; Forma leve (Pancreatite edematosa): 80% dos casos – autolimitante, edema intersticial com recuperação entre 5 a 7 dias. Forma grave (necro-hemorrágico): 5 - 15 % dos casos. Autodigestão + necrose + hemorragia do tecido. Repercussão sistêmica e hipercatabolismo. Pancreatite Crônica: é uma doença decorrente de lesões anatômicas, de caráter irreversível e, muitas vezes progressivo, do pâncreas. FATORES ETIOLÓGICOS PANCREATITE CÁLCULOS BILIARES (10 – 25% morte) ALCOOLISMO CRÔNICO (5% riso morte) TRAUMA INFECÇÃO VIRAL MEDICAMENTOS DOENÇAS DO TRATO BILIAR HIPERTRIGLICERIDEMIA HIPERCALCEMIA ABCD Arq Bras Cir Dig 2015;28(3):207-211 FATORES DE RISCOS PARA AGRAVAMENTO - PANCREATITE 1. OBESIDADE: POSSUEM MAIOR RISCO DE MORTALIDADE ASSOCIADA COM COMPLICAÇÕES LOCAIS E SISTÊMICAS 2. ÁLCOOL: LEVA AO AUMENTO DA SECREÇÃO PANCREÁTICA POR ESTIMULAR A GASTRINA E SECRETINA, ASSOCIADO A ESPASMO E/OU EDEMA DO ESFÍNCTER DE ODDI. O ESTÍMULO DA SECREÇÃO ASSOCIADO À OBSTRUÇÃO DA PASSAGEM DA SECREÇÃO PELO EDEMA OU ESPASMO DO ODDI, GERA PANCREATITE. 3. IDADE: A IDADE AVANÇADA INFLUENCIA NEGATIVAMENTE O PROGNÓSTICO DA PANCREATITE AGUDA (PA) 4. GENÉTICA: POLIMORFISMO EM UM ÚNICO GENE DE POTENTE QUIMIOCINA - DENOMINADA PROTEÍNA QUIMIOTÁTICA DE MONÓCITOS (MCP-1) -, NA POSIÇÃO -2518 A/G DETERMINA QUE A RESPOSTA INFLAMATÓRIA À PA SEJA SISTÊMICA E ASSOCIADA COM AUMENTO DA MORTALIDADE 5.TABACO (MECANISMOS NÃO ESCLARECIDOS) PANCREATITE PANCREATITE AGUDA – CAUSA COMUM: CÁLCULOS BILIARES ▪ Traumática: trauma abdominal, pós op, CPRE - Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica ▪ Doença Pancreática: CA,Ascaridíase ductal, Pancreatite Crônica ▪ Metabólica: alcoolismo, hipertriglideridemia, hipercalcemia, obesidade, gravidez, hiperparatireoidismo (pelo aumento do cálcio) ▪ Infecciosa: Caxumba, Peritonite, Hepatite B, Herpes simplex, Citomegalovírus ▪ Medicamentosa: diuréticos, corticosteroides, azatioprina , tetraciclina, metronidazol, sulfassalazina ▪ Tóxica: arsênio, chumbo, histamina, tetracloreto de carbono ▪ Outras: excessos alimentares, veneno de escorpião, LES, Queimaduras, Insuficiência Hepática Grave, Pós Transplante Renal ▪ Problemas Congênitos (Hereditários ou Adquiridos) SINAIS E SINTOMAS Dor de intensidade variável (contínua ou intermitente) que pode irradiar para as costas Hipoperistaltismo Parada de eliminação de flatos e fezes náuseas/vômitos Esteatorréia Distensão abdominal Icterícia SINAIS E SINTOMAS NA PANCREATITE GRAVE Hipotensão (pulso fino/fraco) Dispnéia choque Oligúria Sinal de Grey-Turner e Cullen (hematoma na região umbilical) Hemorragia morte Hemorragia retroperitoneal DIAGNÓSTICO: ▪ Exames radiográficos de imagem (TOMO e ultrassom): extensão e gravidade da lesão; ▪ Prognóstico de Internação hospitalar (CRITÉRIOS DE RANSON, 1974) ▪ Lançado em 1974 por John HC Ranson, foi o primeiro escore (gravidade) largamente utilizado na PA. Inicialmente englobava 43 parâmetros clínicos e laboratoriais, sendo que destes, apenas 11 mostraram ter relação com a mortalidade e a morbidade. ▪ Em 1982, os critérios de Ranson foram modificados, e atualmente consistem de 11 parâmetros, 5 dos quais são avaliados na admissão e 6 durante as primeiras 48 h. ▪ A presença de 3 ou + critérios nas 48 h da admissão, classifica a pancreatite como grave (mortalidade é de 60%). ABCD Arq Bras Cir Dig 2015;28(3):207-211 Adaptado de Feldman M, Friedman L, Brandt L. Sleisenger and Fordtran’s Gastrointestinal and Liver Disease, Ninth Edition 2010. GB=global de leucócitos; LDH=desidrogenase láctica; AST=aspartato aminotransferase (ou TGO); BUN=uréia sérica; PO2=pressão parcial do oxigênio no sangue arterial. *(ALT=alanina aminotransferase ou transaminase ou TGP) ESCORES (CRITÉRIOS) DE GRAVIDADE - RANSON, 1974/1982 PATOGÊNESE DA PANCREATITE Duarte et al. Para Res Med J. 2019;3(1):e06. Ativação intracelular de zimogênios (precursores enzimáticos inativos): Liberação de citocinas inflamatórias (IL-1, IL-6 e TNF-alfa) Comprometimento vascular: ▪ conversão patológica do tripsinogênio em tripsina, cuja expressão intra-acinar causa indução de morte celular e inflamação no tecido pancreático; o que resulta na liberação de enzimas pancreáticas ativas na corrente sanguínea (amilase lipase) e estimulação da produção de citocinas inflamatórias por neutrófilos, macrófagos e linfócitos. ▪ A liberação dessas citocinas e do TNF-alfa dos macrófagos desencadeia uma cascata inflamatória que leva à síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS), pode evoluir para síndrome de dificuldade respiratória aguda e síndrome de disfunção multiorgânica. ▪ Desarranjos microcirculatórios - são responsáveis pela diminuição da oxigenação do tecido pancreático e dano tecidual, e a gravidade do distúrbio microvascular está positivamente associada à mortalidade. Alguns autores acreditam que a ativação da Pancreatite, seja também em função: AUMENTO DO FLUXO DO CÁLCIO INTRACELULAR ATIVAÇÃO PREMATURA DO TRIPSINOGÊNIO NO PÃNCREAS AUTOFAGIA + MIGRAÇÃO DE NEUTRÓFILOS ATÉ O PÂNCREAS LIBERAÇÃO DE CITOCINAS INFLAMATÓRIAS ATIVAÇÃO E EXACERBADA DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA LESÃO DE ÓRGÃOS OCASIONADA PELA LIBERAÇÃO ENZIMAS PROTEOLÍTICAS NA CIRCULAÇÃO LESÃO PULMONAR AGUDA (SARA – SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRTATÓRIA DO ADULTO) (Rev. Col. Bras. Cir. 2004; 31(6): 391-397). TERAPIA NUTRICIONAL NA PANCREATITE AGUDA LEVE ▪ Objetivo: jejum para repouso ao órgão ( secreção pancreática e dor) ▪ *Exceto em caso de desnutrição ▪ Descompressão gástrica (sonda nasogástrica em sifonagem – aberta) ▪ Conduta Nutricional na PAL: DIETA ZERO* + HIDRATAÇÃO VENOSA + ANALGESIA ▪ Dieta VO ou enteral (Dan, 2009) ▪ Hipercalórica, hipolipídica (+ TCM), normoproteica (ou conforme necessidade), moderada em carboidratos ▪ Fácil digestibilidade, 6 refeições/dia Terapia Nutricional para Pancreatite Aguda Leve a Moderada (CRITÉRIOS RAMSON) ▪ Pâncreas colocado em repouso*; ▪ Estágio 1 (2 – 5 dias): A alimentação via oral deve ser suspensa* para não fornecer estímulos ao pâncreas; ▪ Estágio 2 (3-7 dias) Fase de realimentação: moderada em carboidratos (55-65%), adequada oferta de ptn (1,0-1,5 g/Kg ptn), hipolípidica (< 20%); ▪ Estágio 3 (a partir de 7 dias): Dieta Normal (observar lipídios e sua tolerância individual, risco de Esteatorréia e Síndrome de Má Absorção) + uso de enzimas pancreáticas VO (controle SMA) “(*)Evidências clinicas têm demonstrado que a terapia nutricional desencadeia menor estimulação pancreática tendo grandesbenéficos. Porém, na prática clínica e nutricional torna-se necessário estudar a tolerância de cada paciente” Com. Ciências Saúde. 2012; 23(3):231-242 QUANDO INICIAR ALIMENTAÇÃO POR VIA ORAL? Critérios utilizados: 1. Ausência de dor, vômito, distensão e sensibilidade abdominal; 2. Redução dos níveis de amilase e lipase aos níveis próximos do normal e; 3. Ausência de complicações. Arq. Catarin Med. 2018 out.-dez; 47(4):104-115 Terapia Nutricional ENTERAL - Transição Pancreatite Grave para Leve (estável) (CRITÉRIOS RAMSON) ▪ Sonda Nasoentérica (jejunal pós ângulo de Treitz) – gerando menos estímulo para secreção pancreática; ▪ Fórmula TNE: ▪ Hidrolisada (dieta enteral jejunal) ▪ Hipo a normosmolar ▪ Hipolipídica (nutriente que mais estimula secreção) ▪ Hiperproteica ▪ Moderada em CHOs ▪ Acrescida em TCM + ácidos graxos essenciais ▪ Retorno VO + enzimas pancreática tratar Esteatorreia. TERAPIA NUTRICIONAL NA PANCREATITE AGUDA GRAVE ▪ NPT (Krauses em recomendações anteriores) ▪ iniciar NPT com solução sistema 3 em 1 (emulsão lipídica) somente após lipidograma e se TG < 400 mg/dl (≤300mg/dl); ▪ Se TG > 400 mg/dl, usar solução de dextrose e tratar a hiperglicemia com insulinoterapia. ▪ Krause (2013): tentativa de usar o TGI, NE jejunal – nesta posição as fases cefálica e gástrica de estímulo pancreático exócrino são eliminadas. ▪ Lilian Cuppari (2014): ▪ Via enteral indicada sempre que tolerada (pós ângulo de Treitz), com fórmula oligomérica, iniciada em velocidade de infusão baixa (10 a 15ml/h), com progressão de volume e fórmula (oligo → polimérica), se tolerada. Fonte lipídica: TCM + mínimo TCL (AGE). TERAPIA NUTRICIONAL NA PANCREATITE AGUDA GRAVE ▪ DAN (2009) – Não recomenda mais a NPT como padrão terapia nutricional: ▪ não usar o TGI pode promover: translocação bacteriana e aumento das complicações tardias de infecção, sepse e insuficiência de órgãos. ▪ Alimentação precoce – manutenção da função intestinal e prevenção complicações. ▪ Indicado uso de 2 sondas simultaneamente: ▪ 1 sonda para alimentação SNE (40 a 60 cm pós ligamento de Treitz) – fórmulas com baixo lipídeos ou TCM, oligo peptídeos (estimulam menos pâncreas) e são melhores toleradas e, fonte CHOs: maltodextrinas; ▪ Isentas de fibras (inicialmente), não recomenda-se uso de Probióticos (falta trabalhos que demonstrem segurança na utilização) ▪ 1 sonda para descompressão gástrica. TERAPIA NUTRICIONAL NA PANCREATITE AGUDA GRAVE ▪ Projeto Diretrizes (2011) ▪ Posicionamento jejunal é o mais indicado, mas o posicionamento gástrico é seguro. ▪Não há evidências para recomendar TNE Imunomoduladora para este paciente. ▪A suplementação isolada de W-3 está indicada ▪Quando a TNP for indicada, a suplementação de glutamina deve ser feita na dose de 0,3 g/kg peso/dia ▪Recomenda-se fórmula com alto teor de TCM ▪Se houver TG>1000 mg/dl deve-se suspender lipídeos. ▪ Sandra Chemin & Joana D’Arc (2010) TERAPIA NUTRICIONAL NA PANCREATITE AGUDA GRAVE VET 25 – 30 Kcal/Kg peso/dia CHOs 35 – 65% PTNs 1,5 a 2,0 g/kg/dia (desde que não haja aumento de ureia sérica) LIP 1,0 a 1,5 g/kg/dia (optando por fórmulas com TCM ou Oliva) Micronutrientes Não estabelecidas as doses PANCREATITE CRÔNICA ▪ Causa mais comum: ÁLCOOL ▪Evolução insidiosa (anos), caracterizada por alterações estruturais e funcionais do pâncreas como fibrose, calcificações e cistos, resultando na insuficiência exócrina e endócrina com intolerância à glicose. ▪ Patogenia: formação de tampões proteicos dentro dos ductos pancreáticos, que funcionam como matrizes para deposição de sais de Ca, formando cálculos, que obstruem os ductos gerando inflamação com destruição do parênquima pancreático. ▪ Sintomas: ataques recorrentes de dor abdominal, iniciada pós refeições + Desnutrição progressiva + SMA + DM. TERAPIA NUTRICIONAL NA PANCREATITE CRÔNICA ▪ Objetivos da Terapia Nutricional na PC ▪ Prevenir danos posterior ao pâncreas ▪Aliviar a dor e diminuir a inflamação ▪Diminuir SMA (Esteatorréia) ▪Corrigir inapetência, DPC e outras carências micronutrientes ▪ Tratamento Geral: INTERRUPÇÃO DA INGESTÃO DO ÁLCOOL + ANALGESIA PRÉ-PRANDIAL O Mundo da Saúde São Paulo: 2009;33(1):73-79 TERAPIA NUTRICIONAL NA PANCREATITE CRÔNICA ▪ Cuidados Nutricionais na Terapia Nutricional na PC ▪ Via preferencial – VO e fracionamento das refeições (> 6 refeições/dia) ▪ Dieta Hipercalórica, hiperproteica* (1,0 a 1,5g/kg/d), hipolipídica, normoglicídicas (*atentar para hiperglicemia e/ou DM nos pacientes). ▪ Proteínas (*): Em casos de ingestão calórica abaixo da proposta, recomenda-se a suplementação oral de proteína, com melhor aceitação na forma de peptídeos. O Mundo da Saúde São Paulo: 2009;33(1):73-79 ▪ VCT: (Chemim 2010 e Cuppari 2014) ▪Se IMC< 16 kg/m2 – iniciar com <20 kcal/kg peso/dia, com evolução gradativa, para evitar a Síndrome da Realimentação. ▪35 kcal/kg peso/dia (Diretrizes, 2011) TERAPIA NUTRICIONAL NA PANCREATITE CRÔNICA ▪ Cuidados Nutricionais na Terapia Nutricional na PC ▪ Lipídeos (0,7 a 1,0 g/kg/dia): ▪ Sem ocorrência de Esteatorréia: 25 a 30% do VCT (ÁcG de origem vegetal) O Mundo da Saúde São Paulo: 2009;33(1):73-79 ▪ Fibras: restrita em fibras - 10 a 15g de fibras/dia. Fibras interferem negativamente na função das enzimas pancreáticas, levam esvaziamento gástrico lento, o que acarretaria diminuição da ingestão alimentar. ▪ Na ocorrência de Esteatorréia: ▪ 40 a 60 g/dia (hipolipídica), para pctes com suplementação máxima de enzimas ou substituição de parte da gordura por TCM. Ou ▪ < 20% LIP VET+TCM, se não houver ganho de peso e persistência da Esteatorréia. USO DE TCM NA PC Uso de TCM ▪ Esteatorréia Persistente (+7 a 10 g gordura em fezes/24h) – recomenda-se o uso de triglicérides de cadeia média (TCM), sendo uma gordura saturada formada de seis a doze átomos de carbono, que possui valor calórico de 8,3kcal/g. ▪ A absorção intestinal do TCM independe da presença de lipase pancreática e sais biliares. Não apresenta boa palatabilidade, efeito colateral: náuseas, diarreia e dor abdominal. ▪ Recomendação para uso TCM: ▪Waitzberg & Borges (2009) - recomendam não ultrapassar 17% do VCT, ▪ Beyer (2000) - indica utilizar no máximo 15g por refeição. TERAPIA NUTRICIONAL NA PANCREATITE CRÔNICA ▪ Uso de enzimas pancreáticas (para eliminação gordura fecal > 10g/dia) ▪ Fornecem alivio da dor pela redução da secreção exócrina; ▪ Se a função pancreática for reduzida em 90%, a reposição é obrigatória. Indicado uso oral entre as refeições e a dosagem deve ser de pelo menos 30.000 UI/Lipase/refeição; ▪ 20.000 a 40.000 UI/refeição de preparado padrão de enzimas (não apenas lipase),sendo metade ou 1/3 dado no início e o restante ao longo da ingestão alimentar. Dose individualizada, com o objetivo de reduzir a esteatorréia. ▪ Antiácidos: devido a baixa produção de bicarbonato, pode-se utilizar antiácidos (Inibidores bomba de prótons ou bicarbonato) para manter pH intestinal ótimo para atuação das enzimas, além inibir secreção ácido-gástrica. EXEMPLO DE PRESCRIÇÃO SUGERIDA PARA ALGUNS CASOS PC Prescrição Comentário Dieta fracionada e pobre em gorduras A dieta pobre em gorduras e em menores frações pode diminuir a dor nestes pacientes. Uso de TCM Codeína 30 mg VO a cada 6 horas Utilizada como medicação para dor abdominal; casos de dor mais importante necessitarão de opioides de maior potencia, como a morfina. Omeprazol 40 mg VO cedo Melhora a ação das enzimas pancreáticas. Nortriptilina 25 mg VO à noite Adjuvante para controle da dor; é o agente tricíclico com melhor perfil de efeitos colaterais. Lipase 20.000 a 40.000 unidades por refeição Dose ajustada para controle da esteatorréia. Dieta restrita em fibras Avaliar disbiose intestinal composta de 10 a 15g de fibras por dia. Reposição de probióticos (?) – manutenção da integridade da barreira intestinal TERAPIA NUTRICIONAL NA PANCREATITE CRÔNICA ▪ Suplementação de Vitaminas e Minerais ▪ Deficiência deVitaminas Lipossolúveis (devido Esteatorréia) ▪ Deficiência de Vit C, Riboflavina, Ácido Nicotínico, Ca, Mg e Zn. ▪ Deficiência de B1 e Ácido Fólico ▪ Deficiência de B12 pela ausência de proteases pancreáticas (separa B12 a sua Ptn carreadora, e não consegue se ligar ao Fator Intrínseco). ▪Necessário adm formas hidrossolúveis de vitaminas ou adm endovenosa de B12 ▪ Deficiência de Se, Vit A, E, B-caroteno, xantina e licopeno levam à inflamação persistente e à evolução para fibrose na PC. USO DOS AGENTES ANTIOXIDANTES NA PC Uso da Terapia Antioxidante para controle da dor e complicações ▪ Antioxidantes: moléculas capazes de estabilizar ou desativar radicais livres antes que estes ataquem as células (Rahman, 2007) ▪ Uso de antioxidantes não enzimáticos: compostos sulfidrilos, vitaminas antioxidantes – Vit C, E, carotenoides (β-caroteno, luteína), polifenóis e selênio ▪ Diretrizes italianas recomendam para manejo da PC, a utilização de antioxidantes para prevenir a recorrência da dor: ▪ Coquetel antioxidante contendo selênio (75-400μg); beta-caroteno (800- 900IU); vitamina C(150-540mg); vitamina E (70-270UI) e metionina (2g). ▪ Na ausência do tabaco, álcool e controle do catabolismo e de citocina pró-inflamatórias, a terapia antioxidante parece ter efeito. ▪ Alimentos de fácil digestão, pequenas quantidades, fracionado. ▪ Inicialmente: ▪ Dieta Líquida: sucos de fruta coados (retirar o bagaço), água de coco e caldos de legumes e carne bem cozidos, diluídos, batidos no liquidificador. ▪ Evoluir para: ▪ Dieta Pastosa: sopas amassadas, purê de batata ou de abóbora, ovos cozidos, frango desfiado e carnes magras moídas. Uso de pouca gordura, de preferência usando o azeite de oliva extra virgem, qdo tolerado usar apenas temperos naturais: cebola, alho, manjericão, salsa, coentro e cebolinha. ▪Dieta Normal: conforme tolerância, oferecer alimentos sólidos com pouca gordura, ex. carnes magras, peixe e frango sem pele. Legumes devem inicialmente ser cozidos, pois facilita a digestão. ALIMENTAÇÃO VO NA PANCREATITE – após a crise: Alimentos Permitidos Alimentos Proibidos Leite vegetais e iogurtes desnatados Bebidas alcoólicas; refrigerantes Queijos magros: cottage e ricota Alimentos que estimula o intestino, como café, chás preto, mate, hortelã e pimenta Ovos cozidos Alimentos ricos em gorduras modificadas (processadas), como: biscoitos, massas prontas para bolos, frituras, sorvetes, margarinas Arroz branco e macarrão (bem cozidos) Carnes processadas (embutidos): salsicha, linguiça, bacon, presunto, mortadela, salame Batata inglesa, (purê, sopa cremosa) Alimentos prontos congelados: hambúrguer, lasanha, fast food em geral Carnes magras: filé de peixe, peito de frango e leguminosas Enlatados e conservas; Adoçantes, guloseimas, frituras, ultra processados, soja, trigo, laticínios em geral Legumes cozidos: abóbora, chuchu, cenoura, abobrinha refogada, beterraba, brócolis, rizoma gengibre e açafrão da terra (cúrcuma) Evitar alimentos crus (má higienização) Frutas sem casca e sem bagaço Conferir rótulo do alimentos industrializados, verificando se o produto contém gordura vegetal ou gordura hidrogenada, excesso de corantes, de conservantes e de outros aditivos que irritam o intestino e aumentam a inflamação. Refeição Dia 1 Dia 2 Dia 3 Café da manhã Suco de goiaba vermelha coado + 3 biscoitos de polvilho 1 iogurte natural desnatado + 1 col de sopa de mel de abelha + 3 torrada de pão caseiro 1 copo de leite desnatado + 1 fatia de pão branco com patê de ricota ou cottage Lanche da manhã 1 iogurte desnatado 3 morangos + 1 fatia de mamão formosa cubos 1 banana amassada com 1 col de sopa de aveia Almoço/Jantar caldo de legumes batidos no liquidificador com carne moída canja de frango com arroz e legumes amassados 1 posta pequena de tilápia + purê de batata + legumes cozidos Lanche da tarde 1 copo de suco de laranja/cenoura coado 1 copo de mingau de aveia: 200 ml de leite desnatado + 3 col de sopa de aveia 1 iogurte natural desnatado batido com morangos e maça Exemplo de Cardápio para Pancreatite – Fase de Realimentação O QUE USAR COMO ALIMENTOS SUBSTITUTOS - RECUPERAÇÃO? Alimentação anti-inflamatória na fase de recuperação! ▪ Frutas vermelhas: mirtilo, amora, cereja, melancia, uvas-roxas, açaí, jambolão, jabuticaba, maçãs e ameixa-roxa; ▪ Chás (verde, orégano, dente-de-leão, cúrcuma, alho e mel) ▪ beterraba, brócolis, espinafre, cenoura, alface e a batata-doce; ▪ Qdo tolerados, cereais integrais sem glúten: amaranto, quinoa, sorgo, trigo sarraceno (ou mourisco), milho, aveia, arroz parboilizado integral. ▪ Qdo tolerado, reintroduzir aos poucos: nuts oleaginosas (nozes, amêndoas, pistache, semente de abóbora verde, pepitas de girassol) QUANDO INDICAR A TNE NA PANCREATITE CRÔNICA? A Nutrição Enteral deve ser iniciada nos casos mais graves (5% dos casos): ▪ Pacientes fase mais grave e tardia (onde TN oral não satisfatória) ▪ persistência da ingestão inadequada de nutrientes ▪ perda de peso progressiva no pré-operatório ▪ complicações como estenose piloro-duodenal ▪ indicação de TNP na estenose piloro-duodenal grave íleo adinâmico Rev Bras Ter Intensiva. 2012; 24(3):246-251 Dieta Enteral - Prodiet - PeptiMax 400g Fórmula de rápida absorção com a combinação de L-Glutamina, proteína hidrolisada e TCM. Fórmula de rápida absorção com a combinação de L-Glutamina, proteína hidrolisada e TCM. Indicação Distúrbios digestivos e absortivos e desmame de nutrição parenteral. COMPOSIÇÃO QUÍMICA: PT 17% - 43 g/L, CH 62% - 154 g/L, LIP 21% - 23 g/L FONTES DE NUTRIENTES? PT: 100% Proteína Hidrolisada do Soro do Leite, Acrescido de L-Glutamina (12 g/L) CH: 100% Maltodextrina LIP: 53% Óleo de Soja,47% Triglicerídeos de Cadeia Média - Ác. Graxos Saturados: 10%, - Ác. Graxos Monoinsaturados: 3%, - Ác. Graxos Poli-insaturados: 7% (W6:W3 = 9,3:1) FIBRA ALIMENTAR: Isento SABOR: Baunilha VOLUME MÉDIO PARA ATENDER A 100% DA IDR EM VITAMINAS E MINERAIS: 812 ml OSMOLARIDADE: 326 mOsm/L H₂O DILUIÇÃO (PREPARO 250 ML): 1,0 kcal/ml = 7 medidas + 210 ml água RENDIMENTO: 7 doses de 250 ml - COLHER-MEDIDA: 8,5 g = 35 kcal DENSIDADE CALÓRICA: 1,0 kcal/ml APRESENTAÇÃO - KCAL POR EMBALAGEM: 400 g | 1625 kcal CONTÉM SUCRALOSE. NÃO CONTÉM GLÚTEN. SEM ADIÇÃO DE SACAROSE. Peptamen em Pó é um alimento para suplementação de nutrição enteral ou oral à base de peptídeos e normocalórico (na diluição padrão). Composição química: Proteínas 16%; Carboidratos 49%; Gorduras 35% Fonte de proteínas: 100% proteína do soro do leite hidrolisada Fonte de carboidratos: 75% polissacarídeos e 25% sacarose Fonte de lipídeos: 70% TCM; 20% óleo de soja; 5% lecitina de soja e 5% gordura láctea Relação caloria não-proteica: gN - 133:1 Osmolalidade: 375 mOsm/kg de água Formas de apresentação: Lata 430 g Sabor: Baunilha Isento de lactose Não contém glúten.
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