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1 Constipação Conceito (Chemin): Segundo Chemin, de acordo com o Comitê de Roma, para poder ser considerado constipado, um paciente deve preencher dois ou mais dos seguintes critérios: - dificuldade em 25% das defecações - sensação de evacuação incompleta após 25% ou mais das defecações - fezes duras ou caprinas em 25% ou mais da evacuações - menos de 3 evacuações semanais Causas da constipação: As causas mais comuns de constipação em indivíduos completamente saudáveis incluem: -ausência repetida de resposta ao estímulo de defecar, - insuficiência de fibra na dieta, - ingestão insuficiente de líquido, - inatividade e - uso crônico de laxantes. - tensão nervosa Tratamento Inclusão na rotina diária pessoal, de: - fibra dietética adequada, - líquidos adequados - exercício e - atenção ao estímulo de defecar. Os efeitos primários das fibras da dieta sobre a função intestinal se relacionam a capacidade de reter água e aumento da massa microbionana, a qual presumivelmente leva à fezes maiores, mais macias e seu efeito de distensão do cólon distal e reto, o qual aumenta o estímulo de defecar e a velocidade do trânsito colônico (Figura 1). O uso de caldo de ameixa preta, devido à presença do ácido deiidroxifenilisatin, pode ter uma ação benéfica na constipação. (Dan) Fibra e resíduo: Fibra é definida como a porção do alimento que se origina amplamente das paredes da célula vegetal e que não é prontamente digerida pelas enzimas no TGI. Recomendação diária de fibras: Dan 25 a 35 g/dia, ou o correspondente a 10g de fibras para cada 1000 kcal. Chemin 20 a 30g/dia de fibras (de maneira que o resíduos fecal seja de 150g ao dia. O resíduo se refere à quantidade de massa fecal remanescente após os processos de ingestão e secreção GI, absorção de fermentação GI. Os componentes principais do resíduo fecal são: bactérias e água, os quais constituem 60-80% do peso das fezes. O conteúdo restante inclui fibra dietética, células mucosas descamadas, muco e quantidades variáveis de amidos não absorvidos. (Dan) Atenção! Casos especiais de constipação: Pacientes com obstipação decorrente de megacólon chagásico, em fases avançadas da doença, não respondem positivamente ao acréscimo de fibras à alimentação, podendo favorecer a formação de fecalomas. Recomendação: Dieta de resíduo mínimo + alimentos laxativos (caldo de ameixa preta). Hemorróidas O esforço evacuatórios decorrente da expulsão de fezes duras predispõe ao prolapso muco-hemorroidário e ao sangramento. Encontramos hemorróidas internas e externas. Podem ser sintomáticas e assintomáticas, hemorrágicas e não hemorrágicas. Outros fatores desencadeantes que devem ser valorizados além da constipação intestinal são: o abuso de laxativos, em especial os catárticos, a diarréia crônica, a gravidez, pelo aumento da pressão intra-abdominal, ou a associação à posição ortostática do ser humano. O tratamento consiste em banho de assento, calor úmido, compressas, medicação emoliente de fezes SOS, supositórios, cirurgia SOS. Recomenda-se evitar o uso de laxativos especialmente os catárticos Orientação dietética: - dieta rica em fibras (20 a 30g) e líquidos; além de supressão de bebidas alcoólicas, pimentas e condimentos, pela ação irritante nas mucosas. Nos pacientes com constipação devem ser acrescentados auxiliares da evacuação como mucilagem, metilcelulose, sene e semente de plantago. (Chemin) TRATO GATROINTESTINAL II Prof. Cristina Fajardo Diestelcristinadiestel@nutmed.com.br 2 Doença Celíaca ou Enteropatia Sensível ao Glúten ou Espru não-tropical É causada por uma reação às proteínas do glúten. As proteínas deletérias do glúten, responsáveis pela lesão na mucosa são a gliadina (trigo), a hordeína (cevada), a secalina (centeio) e avidina (aveia), sendo a gliadina o componente mais estudado. As gliadinas apresentam as frações alfa, beta, gama e ômega, sendo a ALFAGLIADINA o fator protéico tóxico. (Dan, 2009) A gliadina e gluteninas do trigo são ricas em prolina e glutamina que são potentes ativadores da resposta imunológica na doença celíaca. (Dan, 2009). Epidemiologia Há um predomínio da doença em indivíduos de raça branca e no sexo feminino. Cerca de 8 a 13% dos pacientes adultos com doença celíaca irão desenvolver alguma doença maligna, sendo as mais freqüentes o linfoma intestinal não-Hodgkin, carcinoma de esôfago e carcinoma de orofaringe. O risco reduz de modo importante com a exclusão do glúten da dieta, tornando-se semelhante ao da população em geral após 05 anos de tratamento adequado. Fisiopatologia A doença primariamente afeta a mucosa das porções proximal e média do intestino delgado, mas os segmentos mais distais também podem estar envolvidos. A resposta inflamatória auto-imune leva à atrofia dos vilos, má absorção e desnutrição, além de hiperplasia das criptas e aumento da celularidade. (Dan, 2009) As células plasmáticas e linfócitos aumentados prejudicam a absorção de nutrientes. (Dan, 2009) A atrofia e o achatamento das vilosidades afetam gravemente, a área disponível para absorção de nutrientes. Além disso, as células das vilosidades se tornam deficientes nas dissacaridases e peptidases necessárias para digestão e também nos carreadores necessários para transporte de nutrientes para a corrente sangüínea. A liberação diminuída de colecistoquinina diminui as secreções da vesícula biliar e pancreática e contribui ainda mais para a má absorção. Na figura A observamos uma mucosa intestinal normal e na figura B uma mucosa atrofiada. Mucosa intestinal normal (A) e atrofiada (B) Diagnóstico da Doença Celíaca: O diagnóstico de doença celíaca é feito por uma combinação de avaliações clínicas, laboratoriais e histológicas, porém a biópsia de intestino delgado é o ponto final (padrão ouro) do diagnóstico. É realizada uma biópsia inicial (no duodeno, jejuno ou íleo) enquanto o paciente está com uma dieta com glúten. Em seguida é obtida a remissão com a retirada da gliadina. Os anticorpos circulantes como anticorpo antitransglutaminase tecidual e antiendomísio e peptídio gliadina desaminada e seu subseqüente desaparecimento com dieta sem glúten adiciona força ao diagnóstico Manifestações clínicas: Segundo Dan (2009), A DC pode ser classificada em clássica, atípica, silenciosa e latente. Clássica: Sintomas de má-absorção GI após exposição ao glúten da dieta – diarréia ou esteatorréia, perda de peso, dor e distensão abdominal e deficiências nutricionais. Se manifesta entre 6 e 24 meses de idade. Não – Clássica ou atípica: Pouco ou nenhum sintoma GI (sem diarréia). Predomínio das manifestações extraintestinais. Surge mais tardiamente. Os únicos indícios podem ser a baixa estatura ou anemia. Silenciosa: Pacientes assintomáticos, mas com sorologia e biopsia positivas para a DC. Potencial ou Latente: Sorologia positiva, mas com biopsia intestinal normal, mesmo com dieta contendo glúten. Segundo Chemin, o quadro clínico apresenta a tríade dominante clássica constituída por diarréia, perda de peso e astenia. Os sintomas mais comuns nas crianças de 06 meses a 03 anos de idade são: diarréia, esteatorréia, atraso de crescimento e puberdade, apatia, pouco ganho de peso, vômito e distensão abdominal. Os adultos podem experimentar perda de peso, apesar de apetite aumentado, dor abdominal, diarreia, fraqueza e fadiga ou eles podem se apresentar com sintomas extra-intestinais como artralgia, anemia (principalmente por deficiência de ferro), osteopenia, infertilidade e aborto recorrente ou espontâneo, síndrome do intestino irritável, neuropatia periferia, estomatite recorrente e outras formas de doença auto-imune. As pessoas com dermatite herpetiforme, um distúrbio de pele papulovascular com prurido, mostram sensibilidade intestinal à gliadina: 60% também possuem atrofia vilosa grave do intestino delgado. A manifestação cutânea também responde a uma dieta sem glúten. Na tabela abaixo podemos observar as manifestações extra-intestinais de doença celíaca. A B 3 Manifestações extra-intestinais da doença celíaca e suaspossíveis causas Órgão Manifestação Causa provável Hematopoiético Anemia Hemorragia, púrpura Deficiência de folato, ferro, vitamina B12 Hipoprotrombinemia, geralmente devido a má absorção de vitamina K Esquelético Osteomalácia Osteoporose, dor óssea Osteopenia, fraturas Hipolasia de esmalte dentário Absorção prejudicada de vitamina D Formação de sabões de cálcio insolúveis por ácidos graxos no lúmen intestinal levando ao transporte e absorção de cálcio defeituosas Muscular Parestesias, Câimbras musculares, tetania, fraqueza Depleção de cálcio ou magnésio devido à absorção precária Hipocalemia devido a perdas a potássio Neurológico Neuropatia periférica Deficiências de vitaminas tais como tiamina e vitamina B12 Endócrino Hiperpartireoidismo 2° Hipopituitarismo 2° Insuficiência adrenocortical Hiperceratose folicular Petéquias e equimoses Má absorção de cálcio e vitamina D causando hipocalcemia Desnutrição devido à má absorção Hipopituitarismo Deficiência de vitamina A Hipoprotrombinemia Tratamento da Doença Celíaca Dentro de 02 a 08 semanas do início de uma dieta sem glúten, a maioria dos pacientes relata que os sintomas clínicos desaparecem. A retirada da gliadina (e das outras proteínas) geralmente reverte o processo e a mucosa intestinal volta ao normal, entretanto alguns pacientes podem necessitar de meses até anos de dieta para a recuperação máxima. A gliadina deve ser evitada por toda a vida. Nesta dieta, trigo, centeio, aveia e cevada são excluídos. Pode-se utilizar milho, batata, arroz, soja, tapioca, amaranto, quinoa, painço, araruta, polvilho doce e azedo, sagu, mandioca, fécula de batata, fubá, farinha de milho, amido de milho e canjica e trigo sarraceno (é assim conhecido, mas não pertence a família do trigo comum e não possui glúten). A ausência de sintomas após consumir gliadina (e as outras proteínas) não necessariamente significa que as vilosidades não estão danificadas. A condição precipitante continua a existir e a gliadina causa alterações mucosas dentro de horas. Entretanto os sintomas podem levar 02 até 08 semanas ou mais para reaparecer. Foi observado que adultos que iniciam e param a dieta sem gliadina várias vezes podem atingir um estado no qual não respondem mais à dieta. Em casos não tratados, a resposta exagerada imune e inflamatória eventualmente resulta em lesão suficiente da mucosa intestinal, a ponto de comprometer as funções secretoras, digestivas e absortivas normais, especialmente no intestino delgado proximal. Recentemente, a necessidade de se restringir aveia na dieta de pessoas com doença celíaca e dermatite herpetiforme tem sido desafiada, sendo que as manifestações clínicas e GI de sensibilidade ao glúten não parecem recorrer em avaliação de ingestão de aveia que durem de 06 meses a 05 anos ou mais. Porém, ainda reluta-se quando a esta indicação e são necessários mais estudos. As organizações celíacas da América do Norte não recomendam a ingestão de aveia. A intolerância à lactose ocorre algumas vezes secundariamente à doença celíaca e necessita de terapêutica apropriada. Normalmente após a dieta sem gliadina a lactase volta a níveis normais e a intolerância a lactose desaparece. Outras suplementações de nutrientes específicas podem ser necessárias de acordo com as seqüelas nutricionais relacionadas na tabela 6. Os pacientes que continuam com má absorção devem receber um suplemento de vitaminas e minerais para atingir a RDA. Se houver má absorção o TCM pode auxiliar a fornecer calorias. Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) As duas principais DIIs são a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI). São de evolução crônica, caracterizadas por períodos de atividade e/ou complicações, intercalados com fases de aparente acalmia, possuem respostas terapêuticas semelhantes, mesmo que, fisiopatologicamente devam ser consideradas doenças diferentes. A predisposição genética e o fenômeno auto-imune estão presentes, sendo também influenciadas por fatores ambientais (possivelmente a dieta e interações virais e bacterianas com células intestinais). Nas DIIs os mecanismos reguladores da resposta imune são defeituosos ou os fatores que estimulam a resposta imunológica e a fase aguda são intensificados, levando a fibrose e destruição tecidual. A DC e a RCUI compartilham algumas características clínicas, por exemplo, as intolerâncias alimentares, diarréia, febre, perda de peso, desnutrição (principalmente na DC), deficiência de crescimento e manifestações extra- intestinais (artrítica, dermatológica e hepática) ocorrem em ambas doenças. Em ambas o risco de doença maligna é aumentado com doença de longa duração. As duas doenças, entretanto, possuem características diferentes em termos de genética. Epidemiologia: (Chemin) - As DIIs são mais comuns em parentes de 1º grau: exposição aos mesmos fatores ambientais ou pela presença de fatores genéticos comuns. - As DIIs são mais incidentes em países com alto poder sócio-econômico relação com dieta, hábito de fumar e outras questões ainda não definidas. O aumento 4 da higiene pessoal e a conseqüente redução da exposição do sistema imune do intestino a micróbios durante a infância podem ser identificados como um denominador comum para estes fatores que, posteriormente, resultam em resposta imune alterada, ou seja, em uma DII. Etipatogenia: (Chemin) - Envolve, basicamente, quatro aspectos que interagem entre si e com fatores ambientais: (a) fatores genéticos, (b) fatores luminais relacionados à microbiota intestinal e aos seus antígenos e produtos metabólicos e aos antígenos alimentares, (c) fatores relacionados a barreira intestinal, incluindo os aspectos referentes a imunidade inata e a permeabilidade intestinal, (d) fatores relacionados a imunorregulação, incluindo imunidade adaptativa ou adquirida. - Há alterações quantitativa e qualitativas na microbiota intestinal de pacientes com DIIs. Também ocorre aumento de bactérias anaeróbias com redução de bifidobactérias e lactobacillus. O Fenômeno da tolerância às bactérias que compõem a microbiota intestinal parece ser perdido na DII. Doença de Crohn (DC) A incidência de doença de Crohn vem aumentando nos últimos anos por motivos não determinados. Acomete mais a raça branca, sem preferência por sexo. O fator genético parece ter papel mais importante na DC que na RCU. Embora possa acometer qualquer faixa etária a DC predomina em pessoas jovens, com pico de incidência entre 10 e 40 anos de idade, porém, 15% das pessoas têm mais de 60 anos ao diagnóstico, caracterizando um segundo pico de incidência, menos evidente, entre 60-80 anos, configurando uma apresentação bimodal. As características particularmente importantes da DC incluem: Pode envolver qualquer parte do TGI, da boca ao ânus. O intestino delgado, particularmente o íleo terminal estão envolvidos; Inflamação segmentar – áreas sadias intercaladas com áreas inflamadas; Envolvimento transmural da parede levando à complicações como fístulas, ulceração, abscessos, espessamento submucoso, estenoses (Figura abaixo) e obstruções parciais do trânsito. Estenose na doença de Crohn As cirurgias podem ser necessárias para reparar estreitamento ou remover porções do intestino quando o tratamento clínico falha. A cirurgia não cura a doença, apenas trata as complicações. Retocolite Ulcerativa Inespecífica (RCUI) A RCUI acomete igualmente ambos os sexos, e ao contrário da DC, a RCU apresenta dois picos de incidência: um primeiro no adulto jovem, entre 15 e 35 anos, e um segundo entre os 60 e 70 anos, sendo que a doença no idoso caracteriza-se por um quadro mais leve. Ao que parece a nicotina e o hábito de fumar exerce efeito protetor na RCUI e precipitante na DC, mas não explicações definitivas para este mecanismo até o momento. As características particularmente importantes da RCUI são: A doença envolve apenas o cólon e sempre se estende a partir do reto; A inflamação é limitada a camada mucosa; A doença contínua é característica ao contrário da DC; O sangramentoretal ou diarréia com sangue são comuns (e maiores que a DC) Na doença grave ou no risco aumentado de câncer, é recomendada a remoção completa do cólon, com a criação de uma ileostomia ou bolsa ileal. (Veremos a descrição destes procedimentos cirúrgicos mais adiante, ainda neste capítulo) Sintomas: são variáveis. Os principais são a dor abdominal, cólicas em hipogástrio precedendo e/ou aliviadas parcialmente pelas evacuações, dor difusa associada à distensão abdominal e acompanhada de náuseas e vômitos com redução ou parada da eliminação de gases e fezes, o que sugere oclusão ou suboclusao dos segmentos estenosados, sendo mais comum no acometimento exclusivo do íleo terminal. A diarreia crônica, quando o cólon não está acometido, geralmente se apresenta sem sangue, muco ou pus e, juntamente com a dor abdominal, está presente em mais de 70% dos pacientes no momento do diagnóstico. Sintomas sistêmicos também podem estar presentes como mal- estar, anorexia, emagrecimento e febre. Existe um aumento da frequência de colelitíase nos pacientes com DC devido a redução do pool de sais biliares pela redução da absorção ileal, com consequente supersaturação biliar de colesterol e a redução da motilidade biliar. . Tratamento Clínico das DIIs Os objetivos do tratamento das DIIs são induzir e manter a remissão e o estado nutricional. O tratamento das manifestações GI primárias parece corrigir a maioria das características extra-intestinais da doença também. As medicações utilizadas são os corticosteróides, os agentes anti-inflamatórios (aminossalicilatos), agentes imunossupressores e antibióticos (metronidazol). Um novo agente terapêutico que vem sendo utilizado principalmente da DC é o infliximab que é um anti TNF-, sendo assim, inativa uma das citocinas pró- inflamatórias primárias. Ele é normalmente utilizado nos casos mais graves de doença de Crohn e no tratamento de fístulas, mas ainda não se mostrou eficaz na colite ulcerativa Cuidado Nutricional nas DIIs A dieta e a nutrição desempenham um papel importante no tratamento de exacerbações e sintomas das DIIs. 5 Os principais objetivos da terapia nutricional são: - controlar os sintomas, induzindo a remissão da doença - otimizar a qualidade de vida - minimizar a toxicidade dos medicamentos utilizados em curto e longo prazo - retardar e reduzir as recidivas da atividade da doença - restaurar e manter o estado nutricional - promover o desaparecimento das lesões inflamatórias - manter o crescimento em crianças, - garantir suporte nutricional no pré e pós-operatório de pacientes com indicações cirúrgicas - utilizar dietas que diminuam a atividade de doença - aumentar o tempo de remissão da doença - reduzir as indicações cirúrgicas Ainda não está claro se os fatores dietéticos contribuem para exacerbar a doença mas, certamente, podem agravar os sintomas. A DII pelo seu envolvimento do TGI e seus efeitos sobre a ingestão alimentar é comum estar associada a deficiência nutricional, podendo esta variar desde alterações discretas nos níveis de oligoelementos até estados óbvios de desnutrição severa, com grande perda de peso (Chemin, 2011) Na tabela abaixo podemos observar os principais problemas nutricionais associados às DIIs. Principais problemas nutricionais nas DIIs 1. Anemias relacionadas à perda de sangue e pouca ingestão alimentar. (Na DC – por deficiência de ferro, folato e vitamina B12, na RCU-deficiência de ferro) 2. Estreitamento GI que levam ao inchaço, náusea, crescimento bacteriano excessivo e diarréia. 3. Inflamação e ressecções cirúrgicas resultando em diarréia e má absorção de sais biliares, micronutrientes e macronutrientes. 4. Secreções GI aumentadas com inflamações e trânsito aumentados. 5. Dor abdominal, anorexia, náusea, vômito, inchaço e diarréia. 6. Aversões alimentares, ansiedade e medo de comer relacionado a experiências com os sintomas citados no item 5. 7. Interações de droga-nutriente. Corticóides (diminui absorção de cálcio e estimula perda de proteínas) Sulfassalazina (inibe a absorção folato e é irritante gástrico) Colestiramina – retentor de sais biliares (diminui a absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis) 8. Alergias alimentares verdadeiras e percebidas 9. Aumento das necessidades nutricionais febre, infecção, formação de abscesso e fístula e atividade da doença 10. Restrições alimentares, ambas iatrogênicas e auto- impostas. 11. Falha de crescimento, perda de peso, deficiências de micronutrientes e desnutrição protéico-calórica. A desnutrição, por si só, compromete a função digestiva e absortiva (redução da secreção de enzimas pancreáticas e diminuição da atividade enzimática na borda em escova das células da mucosa intestinal) e pode aumentar a permeabilidade do TGI a agentes inflamatórios potenciais. Á desnutrição aguda observada durante os surtos de atividade de doença tem como principais manifestações clínicas perda de peso, anemia e hipoalbuminemia. As manifestações de desnutrição são mais frequentes na DC e muitas vezes relacionada a atividade da doença. Em pacientes com diarreia intensa, há aumento das perdas de cobre, zinco, magnésio e fósforo. A deficiência de fósforo interfere no equilíbrio da microbiota intestinal. O déficit de selênio também pode refletir-se na redução sérica da fosfatase alcalina, uma vez que esta é uma metaloenzima do zinco. Também, pode ocorrer deficiência de niacina (pelagra). Em pacientes com DC e ressecções intestinais maiores de 20cm e naqueles que recebem nutrição enteral, foi descrita deficiência de selênio. Segundo Chemin, pacientes com DII (especialmente de DC) têm um risco maior de fratura óssea consequente a redução do conteúdo mineral ósseo. Constituem fatores de risco para a osteoporose nesses pacientes o uso de corticoides, baixo peso, má-absorção de cálcio e vitaminas lipossolúveis e o próprio processo inflamatório. 6 No quadro abaixo podem ser observados os principais déficits nutricionais observados nos pacientes com DII e seus respectivos mecanismos (Chemin, 2016) Vitaminas antioxidantes Pacientes com DII estão sujeitos a intenso estresse oxidativo, o que leva a consumo de elementos antioxidantes como ácido ascórbico, alfa e betacaroteno e licopenos. A suplementação com vitaminas E e C favorece a redução do estresse oxidativo. Vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) Principalmente nos pacientes com DC e má-absorção e/ou naqueles com comprometimento ileal (ou ressecção). A falta de reabsorção dos sais biliares no íleo terminal provoca redução no pool de sais biliares e prejuízo na absorção dos lipídios, inclusive das vitaminas lipossolúveis. O uso de colestiramina (que promove a quelação de ácidos biliares) também prejudica a absorção dessas vitaminas. A vitamina D é a vitamina lipossolúvel mais frequentemente afetada, o que contribui ainda mais para o desenvolvimento de osteoporose. Zinco Até 50% dos pacientes com DC podem desenvolver déficit de zinco. A redução de zinco contribui para diminuição do apetite. Paralelamente, há redução na fosfatase alcalina, que é uma metaloenzima do zinco. Ácido fólico A deficiência de ácido fólico é mais comum na retocolite ulcerativa (RCU) (até 60%) do que na doença de Crohn (DC) (até 40%) em grande parte pelo uso mais corriqueiro de sulfassalazina na RCU. A sulfassalazina interfere na absorção intestinal de ácido fólico, ocasionando anemia macrocítica. Metotrexato também pode provocar deficiência de ácid fólico e consequente mucosite, principalmente oral. Nessas duas situações, o paciente deve repor ácido fólico na dose de 1 a 5mg/dia, por via oral. Cálcio O uso de crticosteroides interfere na absorção do cálcio, o que deve ser lembrado especialmente no tratamento de crianças e adolescentes, por causa da interferência no desenvolvimento e no crescimento. Também é descrita má-absorção de cálcio em pacientes com DC. A deficiência de cálcio é relacionada com o desenvolvimento de osteopenia e osteoporose e com o risco de fraturas. Cobre Pacientes com intensa diarreia, fístulas e estomias têm risco de desenvolverredução de cobre. Ferro Além da redução da ingestão, a perda crônica ou aguda de ferro por diarreia ou enterorragia justifica a redução da ingestão de ferro nos pacientes com DII (anemia ferropriva, microcítica, hipocrômica). Essa perda tende a ser mais comum na RCU (até 70% maior do que na DC (até 40%). A deficiência de ferro produz forte impacto na qualidade de vida dos pacientes. Contribuem ainda para essa deficiência nesses pacientes a supressão da produção de eritropoietina por citocinas proinflamatórias (por exempli, interleucina 6) e a alteração no metabolismo do ferro provocada pelo incremento de citocinas proinflamatórias, de metabólitos reativos de oxigênio e do óxido nítrico. Homocisteína Os níveis de homocisteína costumam estar elevados tanto em crianças quanto em adultos com DII, particularmente na DC aumentando ainda mais o risco trombótico já existente. Lipoproteínas Transportam gorduras e vitaminas lipossolúveis na circulação, contribuindo para a integridade da membrana celular. O colesterol LDL e as lipoproteínas A-I e B estão geralmente diminuídos na DC, e os níveis não se correlacionam com atividade da doença. Magnésio e fósforo Diminuem por redução da ingestão oral, por perdas crônicas (diarreia, fístulas) e por má-absorção intestinal. Contribuem para osteopenia e osteoporose. O fósforo desempenha papel importante na manutenção das funções intestinais (por exemplo, processo de absorção e reconhecimento de antígenos) e do equilíbrio da microbiota intestinal (equilíbrio entre bactérias não patogênicas e potencialmente patogênicas). Niacina A deficiência de niacina gera pelegra, que pode ser verificada em pacientes com DC e importante má-absorção. Caracteriza- se por lesões descamativas e hipercrômicas pelo corpo, particularmente em áreas expostas ao sol. Pode acompanhar-se de fadiga e quadro psiquiátrico (por exemplo, lentidão, confusão). Proteínas Hipoalbuminemia é relativamente comum em pacientes com DII (até 65% dos casos). Contribuem para hipoproteinemia a redução na ingestão alimentar, as perdas intestinais e o aumento do catabolismo. A dosagem de alfa-1-antitripsina nas fezes é útil na avaliação de perda proteica intestinal. A depleção associa-se à maior moralidade pós-cirúrgica. Selênio Está geralmente reduzido nos pacientes com intestino curto e naqueles submetidos à nutrição enteral por longo tempo. Vitamina A Faz parte do grupo das vitaminas lipossolúveis; reduzida em pacientes com má-absorção intestinal (esteatorreia) e naqueles com baixa ingestão. Seu déficit provoca xerostomia, xeroftalmia, cegueira noturno e aumenta o risco de fraturas. Vitamina B12 Particularmente nos pacientes com DC que comprometa o íleo ou em ressectados. A redução da ingestão também contribui para o déficit de vitamina B12, com consequente anemia megaloblástica. A reposição por via intramuscular nesses casos é recomendada. 7 Vitamina K Além de ser fundamental nos processos de coagulação, a vitamina K também é um cofator na carboxilação de osteocalcina, uma proteína crucial para incorporar o cálcio ao osso. A vitamina K promove a carboxilação dos resíduos do ácido glutâmico nas proteínas que contêm esse ácido, como é o caso da osteocalcina. Relaciona-se, portanto, com o desenvolvimento de osteoporose. Cuidado Nutricional na Fase Aguda das DIIs (Dieta de resíduo mínimo) Hoje, o uso de pré e próbióticos é considerado plausível porque eles têm o papel de alterar a microflora GI Os probióticos alteram a flora e a resposta imune a nível intestinal. Segundo Chemin eles atuariam como coadjuvantes na terapia de manutenção, aumentando seu período tanto na DC quanto na RCU. Os probióticos produzem efeito benéfico na imunidade intestinal, produzem AGCC, amenizam a intolerância à lactose, controlam a diarréia aguda, melhoram a atividade clínica da doença e previnem as recidivas das DIIs. (Chemin) Probióticos e simbióticos apresentam melhores resultados quando usados na RCU ativa e na bolsite. Na fase ativa, em remissão ou no pós-operatório da DC, os resultados ainda são controversos. Além disso, no Brasil, a falta dos produtos que são comercializados no exterior e devidamente testados em DII ainda tem limitado bastante seu uso. A modificação das dietas orais e enterais com ácidos graxos ômega 3 (que tem efeito anti-inflamatório), e o uso de fibras fermentáveis são estratégias terapêuticas junto com os outros tratamentos. A tabela abaixo mostra os efeitos propostos para alguns destes nutrientes. Efeitos de nutrientes específicos Nutrientes Funções Ác. graxo ômega 3 – RCUI melhora da inflamação, sintomas e necessidades de corticosteroides, promovendo melhora colônica, histológica e endoscópica - Chemin Fibras solúveis São fermentadas pelas bactérias que produzem AGCC que fornecem 4,4 kcal/g, importante fonte E no cólon Chemin – menor frequencia de evacuações com sangue em pacientes com RCU em atividade com a utilização de enema de butirato por via retal. Uso de fibra mostrou ser útil na remissão em RCU Efeitos do AGCC: redução do pH colônico, o que favorece o crescimento de bactérias não patogênicas, como Lactobacillus e Bifidobactérias, e reduz o desenvolvimento de bactérias potencialmente patogênicas (por exemplo, Clostridium, Pseudomonas e Klebsiellla); estimula a secreção de mucina, aumento do fluxo vascular, aumento da absorção colônica de sódio e água. Característica da dieta Recomendação Valor energético total Chemin – 25-35 kcal/kg peso ideal/dia As necessidades podem alcançar ate 45kcalkgdia Proteínas Chemin – 1,2 a 1,5 g/kg peso ideal/dia Lipídios Hipolipídica (< 20% das calorias totais), uma vez que podem piorar a diarréia (defic. sais biliares) Carboidratos Normoglicídica Isenta de lactose (níveis de lactase diminuídos pela diarréia) Controle de mono e dissacarídeos para evitar soluções hiperosmolares que possam aumentar a diarreia – dar preferência a maltodextrina e polímeros de glicose Rica em fibras solúveis (atuam na formação de AGCC) e pobre em fibras insolúveis. Alimentos fermentativos Devem ser evitados excesso de sacarose e fibras Vitaminas e minerais Alguns autores recomendam suplementação diária de vitaminas e minerais A vitamina B12 deve ser medida regularmente em portadores de Dc com ou sem ressecção de íleo distal. Em uso de corticosteroides – Ca 1500-200mg/dia Intestino curto ou ressercções múltiplas de intestino – avaliar vitamina D – se deficiência 25000-50000UI Volume Diminuído Fracionamento Aumentado 8 Terapia Nutricional nas DIIs A dieta enteral deve ser utilizada quando os pacientes não conseguem atingir adequadamente suas necessidades por via oral. É comum o crescimento linear ser prejudicado no início da DC pediátrica, antes do diagnóstico, bem como durante os anos subsequentes, o mesmo podendo acontecer na maturidade, com relação a altura. Dos múltiplos fatores que contribuem para isso, a inadequação nutricional crônica e os efeitos inibitórios do crescimento diretos produzidos pelas citocinas produzidas pelo intestino inflamado são os mais importantes. A NE é empregada no manejo dos pacientes pediátricos com DC, não apenas para melhorar sua ingestão de calorias e o seu estado nutricional, intensificando o seu crescimento, mas também, como um tratamento básico da inflamação intestinal ativa. As hipóteses em relação ao mecanismo de ação na melhora da inflamação incluem: alteração na flora microbiana intestinal, eliminação de ingestão de antígenos dietéticos, diminuição da síntese intestinal dos mediadores inflamatórios pela redução da gordura dietética, reposição nutricional global e administração de micronutrientes importantes ao intestino doente. Assim, as dietas enterais teriam um efeito anti-inflamatório e imunomodulador. NO que se refere ao teor de lipídios das dietas enterais utilizadas em DIIs o ideal é que haja um equilíbrio entre o TCM e o óleo de peixe que tem atividade anti- inflamatória, o ácido oléico que tem atividade inflamatória intermediária e o ácido linoleico que tem atividade pró- inflamatória. Assim, o ideal é que predominemos lipídios com ação anti-inflamatória. Fontes ideais de ácidos graxos, nesse contexto anti-inflamatória, incluem canola e óleo de oliva. Os resultados com a indução da remissão da doença com o uso de nutrição enteral são mais efetivos em pediatris do que em adultos, onde a taxa de remissão com nutrição enteral encontra-se na ordem de 60% ao contrário de 80% dos corticosteroides, isso, após 4-8 semanas de tratamento com nutrição enteral. Em crianças e adolescente, os resultados com terapia nutricional enteral exclusiva são mais positivos e semelhantes ao obtidos com os corticosteroides. Pelo efeito benéfico da dieta e isento de efeitos colaterais, a TNE exclusiva por 4-8 semanas é superior ao efeito dos corticosteroides na terapia na DC em atividade em crianças e adolescentes. Em adultos, a TNE exclusiva tem sido usad mais nos casos refratários, inclusive à terapia biológica, e no preparo para cirurgia. No que se refere ao tipo de dieta enteral utilizado, os resultados são semelhantes quando se oferece dieta monomérica, oligomérica ou polimérica. Tendo em vista que a dietas poliméricas são isoosmolares e mais palatáveis e mais paláveis por VO, essa é a recomendação em DII. Entretanto, é importante colocar que em alguns pacientes com DC e importante lesão do intestino delgado certamente se beneficiarão mais com dietas oligoméricas pela maior absorção dos di e tripeptídeos na lesão intestinal. O mesmo se aplica aqueles que, por algum motivo, não toleram a dieta polimérica. Hoje, sabe-se que “descanso intestinal” com NPT não é necessário para atingir a remissão e a NE é o meio preferido de suporte nutricional e pode resultar em sucesso de maior indução de remissão que a NPT. Porém, a NPT pode ser necessária para restaurar a nutrição em pacientes com obstruções, fístulas, doença grave clinicamente de difícil controle e frente a ressecções GI. Na prática, contudo, alguns pacientes não conseguem tolerar a nutrição enteral, sendo recomendado, nestes casos, o tratamento com a nutrição parenteral. As dietas elementares são praticamente totalmente absorvidas no duodeno e jejuno proximal e podem ser eficazes no fechamento de fístulas distais. As fístulas de estômago e jejuno podem receber dieta a montante por sonda ou jejunostomia. É importante o acompanhamento do débito para verificar a eficácia da NE, se não pode introduzir-se a NPT. Os pacientes com DIIs tem maior probabilidade no desenvolvimento de alergias alimentares. A confirmação das reações GI alérgicas verdadeiras aos alimentos é um processo difícil. O paciente deve desejar consumir uma dieta de aminoácidos ou uma dieta muito rígida composta de apenas 3 ou 4 alimentos com adição de cada um dos alimentos suspeitos de cada vez. O alergeno é identificado com base nos sintomas subjetivos e objetivos relacionados à adição e eliminação repetidas de alimento. Os anticorpos circulantes às proteínas alimentares têm sido considerados como um sinal de alergia, mas eles podem, na verdade, ser um sinal de permeabilidade aumentada, ao invés de uma alergia GI local. Cuidado Nutricional na remissão das DIIs segundo Chemin (2011) a dieta deve ser o mais liberal possível na remissão da doença, voltando quando tolerado a ingestão lácteos. As ressecções intestinais exigem atenção à terapia nutricional dependendo da área e da extensão da ressecção. Síndrome do Intestino Irritável A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio funcional crônico caracterizado por dores abdominais ou desconforto, associados com alterações no ritmo das evacuações (constipação ou diarreia). Além disso, os pacientes. Além disso, os pacientes podem apresentar distensão abdominal, alteração da consistência das fezes e sensação de evacuação incompleta. A SII é um distúrbio funcional e ocorre na ausência de doença orgânica. Incide em qualquer faixa etária, especialmente em adultos jovens (20-40 anos) e, preferencialmente em mulheres. Exibe mecanismos fisiopatológicos ainda não bem determinados que envolvem disfunção motora intestinal, alterações neutoendócrinas, mecanismos imunológicos, estresse psicológico e distúrbio de hipersensibilidade intestinal. 9 Fisiopatologia da Síndrome do Intestino Irritável Anormalidades Motoras - Atividade colônica motora anormal (com e sem estímulo) - Atividade motora do intestino delgado anormal (com e sem estímulo) - Atividade motora alterada em outros sítios (por exemplo, esôfagoo, estômago, vesícula biliar, esfíncter de Oddi, bexiga e vias aéreas Anormalidade na sensibilidade visceral - Sensibilidade aumentada em condições basais - Sensibilidade aumentada sob estímulo Fatores relacionados ao sistema nervoso central (SNC) - Disfunção do SNC - Aspectos psicológicos - Papel do estresse Papel das infecções intestinais Papel da intolerância alimentar (p. ex., intolerância a lactose) Atividade neuro-hormonal alterada Característica fecais (por exemplo, excesso de sias biliares, de butirato e alterações da flora intestinal) Critérios diagnósticos (Roma III): Presença de dor ou desconforto abdominal que ocorre com frequência de três ou mais dias por mês, nos últimos 3 meses, acompanhadas por duas das seguintes características: - alívio com a defecação - associado com a mudança na frequência defecatória - associação na mudança na forma (aparência das fezes) Tratamento Nutricional - Não há nenhuma recomendação rigorosa de dieta, intolerâncias individuais devem ser respeitadas - Observar alimentos que estão associados com sintomas: lactose, sorbitol, frutose e gorduras. - o paciente pode se beneficiar de restrição de gordura de alimentos que produzem gases, além de frutas, doces, chocolates e bebidas com gás. - recomenda-se ingestão de fibras e líquidos, especialmente para pacientes com constipação predominante, mas também para aqueles com diarreia, por melhora na atividade peristáltica colônica, tornando as fezes mais compactas, em tentativa de transformar as evacuações de pequeno volume em poucas evacuações com volume maior. - Fibras alimentares: o aumento do teor de fibra na dieta pode beneficiar substancialmente a consistência e a frequência das evacuações de pacientes com SII na forma constipada quando associada ao consumo hídrico adequado e atividade física, embora alguns são se aliviem da queixa de dor abdominal a despeito da melhora no número das evacuações. Recomendação diária de fibra: 20-40g/25-38g. - Oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e poliois: no caso de pacientes com diarreia, o mais recomendável é a redução no consumo de carboidratos fermentativos (FODMAPS) – lactose, frutose, sorbitol, os oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e poliois fermentáveis. É provável que deficiência das enzimas específicas que cause essas intolerâncias não seja a causa da SII, mas que o intestino hipersensível dos doentes responda, exageradamente, à distensão abdominal e aos fluídos em razão da absorção incompleta desses carboidratos. - FODMAPS – alimentos que contém frutose (maçã, pêra, melancia, mel), produtos à base de trigo (pães, massas em geral), sorbitol (adoçantes artificiais) e rafinose (p. ex, repolho, lentilha e feijão. Conquanto, bastante restritira, a dieta isenta de FODMAPS costuma gerar grandes benefícios aos pacientes com SII, particularmente naqueles com diarreia. Ressecções do Intestino Delgado As complicações e os distúrbios nutricionais e metabólicos dependem da região ressecada e de sua extensão. Chemin: O pós-op. implica em jejum, com a utilização de sondas de descompressão até detecção da presença de ruídos hidroaéreos, quando inicia-se a via oral, se não houver nenhum impedimento; A cirurgia pode levar a dos níveis de lactase, comprometendo a digestão da lactose evitar produtos lácteos em geral, nos primeiros dias de alimentação. A tolerância posterior depende de cada indivíduo e é melhor ao iogurte que ao leite de vaca; Quando a ressecção ocorre no intestino delgado, o íleo é capaz de assumir as funções do jejuno, mas a recíproca não é verdadeira; Um fator importantíssimo parao prognóstico e conduta nutricional é levar em conta o tamanho da ressecção intestinal, o que pode-se estabelecer: 10 o Até 50% do intestino ressecado geralmente é bem tolerado, pois a capacidade absortiva é recuperada com o processo de adaptação; o 50-75% do intestino ressecado serão necessárias modificações dietéticas específicas, geralmente há indicação de nutrição parenteral no pós-operatório imediato (curto período) para manter o balanço de nutrientes e fluídos, a suplementação de vitaminas e minerais também pode ser necessária e o nível sérico destes minerais também deve ser acompanhado, podendo haver necessidade de farmacoterapia para auxiliar o controle da diarréia, especialmente durante a fase de adaptação; o Mais de 75% do intestino ressecado há necessidade de nutrição parenteral (cuja dependência será determinada pela capacidade adaptativa do intestino remanescente) e a terapia nutricional é muito específica, bem como a farmacoterapia, que deve levar em conta não só o controle da diarréia, como também a reposição de nutrientes, cuja absorção não é satisfatória. Ressecção Duodenal: (Dan) Não produz maiores conseqüências se a ressecção for da 1ª e/ou 2ª porção e for mantido o canal bíleo- pancreático. A absorção de ferro, ácidos graxos e cálcio são, então, compensados pelo jejuno. Anatomia duodenal Ressecção Jejunal: (Dan) Pode haver prejuízo na absorção de açúcares, ácidos graxos, proteínas, vitaminas hidrossolúveis, cloretos e potássio, eventualmente o duodeno ou íleo poderão compensar esta absorção sem haver prejuízos nutricionais. Esta ressecção pode levar ao aparecimento de intolerância a lactose, dada à atividade desta e de outras dissacaridases neste local. A passagem do alimento no jejuno exerce influência nas secreções exócrinas pancreáticas e biliares (estímulo a secreção de secretina e colescitoquinina) o que, na ausência deste, pode causar na absorção de nutrientes e tempo de trânsito intestinal acelerado. Ressecção Ileal: (Dan) Se for do íleo distal terá conseqüências importantes, pois ele é o único local da absorção do complexo vitamina B12/fator intrínseco e sais biliares além que o íleo absorve quantidades importantes de líquidos e fluídos ingeridos / secretados; Ocorre trânsito rápido de conteúdos intestinais e existe área absortiva diminuída; Se o íleo remanescente ao for capaz de reciclar os sais biliares secretados no TGI, a produção hepática não pode manter o pool adequado para emulsificação de lipídeos. A lipase gástrica e a pancreática podem digerir alguns triglicerídeos, mas sem a formação de micelas estes não podem ser adequadamente absorvidos. A má absorção de gordura leva a má absorção de vitaminas lipossolúveis A, D e E. Os ácidos graxos mal absorvidos formam “sabões” de cálcio, zinco e magnésio o que resulta também na má absorção destes nutrientes. Conseqüentemente à formação destes “sabões”, há um da absorção colônica de oxalato que normalmente está ligado aos cátios Ca, ZN e Mg levando a hiperoxalúria e cálculos de oxalato renal. Ocorre a formação de ácidos graxos hidroxi por bactérias colônicas a partir de gordura mal absorvida e resultar em absorção diminuída de fluídos e eletrólitos; A desidratação relativa e a urina concentrada podem o risco de formação de cálculos. Os cálculos biliares de colesterol podem acontecer com maior freqüência, pois a proporção de ácido biliar, fosfolipídeo e colesterol nas secreções biliares está alterada, resultado das ressecções ileais. Pode-se verificar a intolerância a lactose e sacarose, devido a deficiências de dissacaridases na mucosa intestinal, porém, caso o paciente tolere podem ser usadas em pequenas doses. Chemin Cirurgias onde o íleo remanescente é menor que 100 cm, implicarão em reposição intramuscular de vitamina B12 e dieta hipolipídica. Recomenda-se o uso de TCM (gordura de coco – 80% TCM e industrializado). Como TCM não fornece AGE, verificar absorção, para avaliar reposição endovenosa. Tratamento nos Pacientes submetidos a Ressecção Intestinal As medicações são prescritas para retardar o esvaziamento gástrico, as secreções intestinais, tornar mais lenta a motilidade GI e tratar o crescimento bacteriano excessivo. A maioria dos pacientes com ressecção intestinal importante necessita de NPT inicialmente e a duração desta até sua evolução para NE, depende da extensão da ressecção ileal, do estado de saúde do paciente e na condição do TGI remanescente. Alguns pacientes podem necessitar usar NPT para suplementação por toda a vida. Quanto a NE, deve-se: 1) iniciar o mais precoce possível e; 2) a concentração e o volume da dieta gradualmente. As dietas em regime contínuo de infusão são mais bem toleradas. Os alimentos estimulam a adaptação e a melhora do TGI, diminuindo a má absorção e podem ser melhoradas com a suplementação de glutamina (combustível energético para enterócitos) e AGCC produzidos pela fermentação bacteriana colônica (combustível energético para colonócitos). A dieta oral deve ser oferecida com pequeno volume e fracionada, evitando-se fibras (principalmente insolúveis), lactose, grandes quantidades de doces e cafeína e gorduras (usar TCM). Um suplemento de vitaminas e minerais pode ser necessário para atingi-se as necessidades e devido às perdas de vitaminas 11 lipossolúveis e de cálcio, zinco e magnésio podem ser necessárias quantidades extras destes nutrientes. A consistência inicial da dieta oral pode ser líquida e alimentos sólidos podem ser gradualmente introduzidos, individualmente. Doenças do Intestino Grosso Câncer de cólon Este tipo de câncer é típico de civilizações industrializadas; Fatores de risco e protetores: Fatores de risco alimentares dieta pobre em fibras e rica em gordura, alto consumo de carne vermelha e álcool. (Chemin). Fatores protetores alimentares vitaminas A, C, D, E e os minerais selênio e cálcio (alto consumo de frutas, vegetais frescos, cereais) e prática de atividade física. (Chemin). Outros fatores de risco portadores de RCUI e Doença de Crohn, especialmente após 10 anos de doença; portadores de polipose adenomatosa familiar. Pacientes com câncer de cólon geralmente se apresentam com pouca ou nenhuma perda de peso; Sintomas: alteração do hábito intestinal é o mais freqüente. o Tu cólon direito diarreia e dor vaga no abdômen, nos estágios mais avançados surgem anemia e tumor palpável no quadrante inferior direito. o Tu cólon esquerdo constipação intestinal, fezes afiladas, escuras ou eventualmente com sangue. o Tu de reto tenesmo e evacuações mucossangüinolentas. Tratamento: cirurgia, rádio e quimioterapia ou uma associação destas modalidades. Cirurgias para Tratamento do Câncer de Cólon: o Hemicolectomia direita para tumores do cólon direito. Se houver ressecção da válvula íleo-cecal e de uma porção do íleo terminal pode ocorrer diarréia aquosa ocasionada pela entrada de sais biliares no cólon, bem como pela perda funcional da válvula. o Retirada do cólon transverso para tumores neste local o Hemicolectomia esquerda para tumores do cólon esquerdo; o Retossigmoidectomia Abdominal para tumores de sigmóide; Observação se o tumor invade órgãos vizinhos este também pode ser retirado junto com o tumor, como um “bloco”; o Colectomia Total com Íleoretoanastomose (retirada completa do intestino grosso e união do íleo com o reto) indicada para casos de câncer colorretal hereditário sem polipose ou com polipose adenomatosa familiar. Esta cirurgia pode ocasionar eliminação das fezes e diarréia. Como tempo, as evacuações passam a ser mais sólidas, numa freqüência de cerca de 2 a 3 vezes por dia. o Proctocolectomia Total (retirada completa do cólon e reto) faz-se a união do intestino delgado com o ânus. Faz-se um reservatório com o próprio intestino delgado (bolsa ileal) para fazer o papel do reto e conter as fezes antes da evacuação. Ressecção de cólon: (Chemin) No pós-op é comum a diarréia pelo menos até adaptação e porções do intestino anterioresa ressecção efetuem a compensação e de eletrólitos e água. Nas ressercções dos cólons, a retirada do cólon direito normalmente implica em diarreia mais intensa. Um fator que auxilia na normalização do transito intestinal é a oferta adequada de fibras alimentares, aumentando-se as solúveis e diminuindo-se as insolúveis. Recomenda-se o uso de próbióticos após cirurgia intestinal para recolonização da flora; Próbióticos devem conter microorganismos viáveis de linhagem pertencente à flora microbiana, que resiste à acidez gástrica, seguro par o ser humano, com durabilidade durante o armazenamento e capacidade de aderência na mucosa intestinal, produzindo efeitos benéficos. Uso de probióticos com bactérias láticas nas concentrações de 109 a 1011, têm sido relacionadas à: o incidência, gravidade e duração de doenças gástricas e intestinais; o preservação da integridade intestinal; o atenuação dos efeitos de outras doenças intestinais, como diarréia associada ao uso de antibióticos, DIIs e colite o Melhora da intolerância à lactose Ileostomias e Colostomias (Estomias) Consiste na abertura de um canal para permitir a defecação da porção intacta do intestino, pode localizar-se no íleo (ileostomia) ou no cólon (colostomia). Podem ser temporárias ou definitivas. A consistência da evacuação pelo estoma depende de sua localização 0). A consistência das fezes de uma ileostomia é líquida enquanto de uma colostomia varia de mole a bem formada. Consistência das fezes dependendo do local da colostomia. Ileostomia: As fezes da ileostomia possuem um odor fracamente ácido que não é desagradável. Na ileostomias, a adaptação acontece, as perdas fecais vão diminuindo e as fezes se tornando menos 12 líquidas, o que acontece em torno de 07 a 15 dias. O débito normal do íleo para o cólon é de 750ml a 1,5L no TGi intacto. Segundo Chemin, quando débito da ileostomia é alto > 3 litros devem-se associar medicações antidiarréicas. Bebidas esportivas apresentam baixo teor de sódio ( 20 mmol/litro) e não são a melhor opção para a reidratação dos pacientes soluções de reidratação são mais indicadas, pois indica-se 90mmol sódio/litro para promover absorção proximal deste eletrólito. (Chemin) A ileostomia normal bem funcionante não esgota o paciente nem lhe confere um gasto energético aumentado. Os pacientes com ileostomia possuem, normalmente, baixas ingestões de vitamina C e folato, devido a baixas ingestões de vegetais e frutas e podem necessitar de sua suplementação. Colostomia: As fezes com odor desagradável, geralmente são causadas pela esteatorréia ou bactérias que atuam sobre os alimentos produzindo gases mal cheirosos. Os alimentos que tendem a causar odor nas fezes da colostomia são: milhos, feijões, secos, cebolas, repolho, alimentos muito condimentados, peixe além de antibióticos e alguns suplementos de vitaminas e minerais. Então, deve ser dada atenção a estes alimentos fermentecíveis, pois além de cólicas causadas pelos gases, a retenção destes na bolsa coletora da ostomia causa desconforto. (Chemin) Cirurgia do reto Segundo Chemin as cirurgias para tratamento de câncer de reto incluem: o Ressecção anterior de reto retirada do sigmóide e do reto com anastomose do cólon com o ânus. Em algumas situações pode ser necessária uma colostomia temporária para proteção da anastomose; o Amputação Abdominoperineal para tumores de reto baixo, é realizada uma colostomia pe o rmanente Recomendações Nutricionais para Via Oral para Cirurgias Intestinais de uma forma geral (Chemin) Síndrome do Intestino Curto (SIC) Nos indivíduos normais, o comprimento do intestino delgado é muito variável, indo de 300 a 850 cm, ficando numa média em 620 cm. Manifestações graves podem ser observadas em paciente após ressecção intestinal e menos de 200 cm de intestino delgado remanescente (jejuno e íleo). Consideram-se casos ainda mais graves quando restam menos de 100 cm de intestino delgado. Segundo Chemin, ressecções maciças que envolvem mais de 75% do intestino, caracterizam a SIC (Estas ressecções segundo Dan(2009), deixam 70-100cm de intestino delgado remanescente). A etiologia da SIC é variada, no adulto, predominam a doença vascular mesentérica, câncer e doença de Crohn. Em crianças, destaca-se a enterocolite necrotizante, volvo e atresia intestinal. O intestino delgado possui grande capacidade de reserva funcional para absorção de nutrientes, permitindo a remoção de até 45% sem prejuízo da absorção. A preservação do íleo terminal e particularmente do esfíncter íleo cecal favorece a compensação frente à extensa ressecção intestinal. A falência intestinal se estabelece quando não se pode manter o estado nutricional através de alimentação oral ou enteral, sendo necessário o uso contínuo da nutrição parenteral. Pacientes submetidos a ressecções distais do intestino delgados, geralmente apresentam: Falta de sais biliares e problemas para absorção de gorduras; Não conseguem absorver B12 (sítio absortivo íleo terminal); 13 Ocorre possivelmente, deficiência de vitaminas lipossolúveis; Ocorre possivelmente, deficiência de cálcio, magnésio e zinco (formação de sabões insolúveis com ácidos graxos); Maior risco de formação de cálculos de oxalato pela maior absorção deste no cólon. Irritação do cólon por sais biliares e ácidos graxos não absorvidos; Na ausência da válvula íleo-cecal, ocorre refluxo de conteúdo bacteriano colônico, desconjugação dos sais biliares e utilização bacteriana de vitamina B12. Pacientes submetidos a ressecções proximais do intestino delgados, geralmente apresentam: Hipersecreção gástrica resposta aumentada à pentagastrina, que estimula a secreção gástrica de ácido clorídrico, pepsina e fator intrínseco. Inativação da lípase pancreática por acidez gástrica; Insuficiência pancreática por redução da secretina e colecistoquinina; Carga osmótica dos acúcares não absorvidos (falta de dissacaridases). Adaptação Intestinal: Caracteriza-se pelo aumento progressivo da capacidade absortiva do intestino remanescente, ocorre hipeplasia da mucosa. Para adaptação intestinal, é de extrema importância o uso do tubo digestivo para alimentação. A ausência de nutrientes intraluminais diminui a adaptação intestinal pós- ressecção, pela liberação ou intensificação da apoptose enterocítica na mucosa. A adaptação intestinal na SIC pode ser influenciada por: Presença de nutrientes na luz intestinal, metabolizados ou não; Secreções pancreático-biliares estimuladas pela ingestão de nutrientes Gastrina – Ação trófica intestinal. Efeito somente na parte mais proximal do intestino delgado. Efeito nulo ou mínimo na porçãos mais distal. Enteroglucagon – sintetizado no íleo e na porção distal do cólon. GLP -2 – hormônio produzido pelas células endócrinas intestinais. Estimula a hiperplasia dos vilos intestinais em uma fase mais tardia. Hormônios como GH (hormônio do crescimento), IGF- 1 (hormônio insulina símile 1), insulina, EGF – fator de crescimento epidérmico Redução da motilidade (o quimo passa através do ID em menos que 1/3 do tempo) Presença do cólon, pois este assume importância na digestão de carboidratos que, podem ser fermentados pelas bactérias colônicas formando AGCC que quando absorvidos fornecem calorias adicionais (4,4 kcal/g) e estimulam a absorção de sódio e água. O cólon também tem a capacidade de absorver TCM. Arginina : O intestino é um importante local para seu metabolismo. È precursora das poliaminas, que são essenciais para o crescimento e a diferenciação de células eucarióticas. (Dan, 2009) Glutamina: Participa na síntese de ac. Nucléicos e na proliferação celular. (Dan, 2009) TCL, TCM e Fibras: (Dan, 2009) TCL (óleo de peixe e outros óleos w-3) – papel importante durante a fase aguda da SIC TCM – Possibilidade de aumentar o valor calórico e não piorar a esteatorréia naqueles com o cólon funcionante. FIBRAS (pectina) – favorece o controle da diarréia e o processo absortivo após ressecção intestinal. Obs.: segundo Chemina adaptação atinge um máximo em cerca de dois anos após a cirurgia. Na SIC, existem alguns fatores prognósticos, que são: Idade avançada; Tamanho pequeno de intestino residual; Ressecção distal ou invés de proximal; Ausência de válvula íleo-cecal e/ou cólon (o cólon pode atuar no esvaziamento gástrico, pelo mecanismo inibitório de retroalimentação hormonal, o chamado “freio colônico”); Relação entre tamanho do intestino residual e peso do paciente; Doenças nos segmentos intestinais remanescentes; Enterite de radiação; Desnutrição coexistente. Incapacidade adaptativa do intestino remanescente (Dan, 2009) 1) Fase inicial da SIC (Dan, 2009) esta fase dura, em média, 01-03 meses quando há redução da diarréia. Características: (Dan, 2009) - Fase logo após a ressecção intestinal - Desequilíbrio hidroeletrolítico - Incapacidade de usar o TGI - Início da NPT – 3 a 4 dias no pós-operatório - Controle de quadros infecciosos relacionados ao cateter venoso profundo - Controle da diarréia e hiperglicemia e da hipersecreção gástrica Segundo Chemin, um dos objetivos nutricionais é promover o desmame da NP o mais breve possível. 2) Fase intermediária (Dan, 2009) transição entre na NPT e a TNE Características: (Dan, 2009) - Caracterizada pelo processo adaptativo - Desmame progressivo na NPT e concomitante introdução da TNE - TNE participa no processo de adaptação intestinal (efeito trófico) - A composição da dieta exige cuidado (carboidratos, lipídeos, proteínas e osmolaridade) Sugere-se a progressão da via enteral/oral em 05 fases, porém nem todos os pacientes toleram todas as fases conforme a tabela 10. 14 Tab. 10 Fases da Re-introdução alimentar na SIC (Dan) FASE DIETA DURAÇÃO I Água de coco = amido de tapioca, dieta enteral elementar/ polimérica* 1° mês II Dieta com alimentos pouco formadores de resíduos intestinais, pouco fermentativa, hipolipídica, baixa ou isenta de dissacarídios 1° - 3° mês III Dieta II + TCM + caldo de leguminosas 3 – 5° mês IV Dieta III + incliuir TCL (30 a 50g de gordura/dia, sendo 50% TCM) + folhas tenras + frutas cruas selecionadas 5 – 7° mês V Dieta adaptada, restringindo apenas os alimentos inclusos anteriormente e não tolerados Após o 7° mês * Atualmente, as equipes multiprofissionais têm preferido utilizar dietas POLIMÉRICAS, isosmóticas, pobres em gordura e lactose, que estimulam a secreção biliopancreática e consequentemente o processo adaptativo intestinal. Existe também a progressão dietética usada pelo GANEP, conforme quadro abaixo: Fases da Re-introdução alimentar na SIC segundo GANEP Recomendações Nutricionais (Dan,2009) Energia: 30 – 40 Kcal/Kg de peso ideal/dia – Dobrar recomendação para aqueles pacientes que perderam 50% ou mais do seu intestino. Proteínas: 1,5 a 2g/Kg/dia Atingir necessidades de forma gradual e progressiva! Dietas pobres em gordura (30% do VET) e enriquecidas com CHO(60% do VET) mostra benefícios reduz perdas eletrolíticas e de gordura fecal em pacientes com o cólon presente. A TNP deve ser utilizada, 25 a 30 Kcal/Kg/dia, quando a via oral ou enteral for insuficiente para adequar as necessidades. Recomendações Nutricionais (Chemin) Energia: Enteral – acréscimo de 50% ou em torno de 60kcal/kg/dia Com adaptação, na fase de manutenção – 24 kcal/kg/dia Proteínas: 1,5 a 2 g/kg/dia A absorção de pacientes com SIC é de 65% (Dan) e 60% (Chemin) da ingestão calórica total, que deve ser compensada com aumento da ingestão. Recomenda-se 32kcal/kg/dia peso ideal (pode dobrar naqueles com mais de 50% do intestino ressecado) Ex: se a ingestão oral é de 32kcal/kg/dia, pode-se dizer que 19 serão absorvidos de modo que deverão ser completadas as outras 13kcal pela NPT. Para manutenção do estado nutricional após uma adaptação dietética, é necessário 50 a 70cm de intestino delgado remanescente com o cólon intacto ou 110 a 150 cm de intestino remanescente na ausência de cólon. O uso de medicações constipantes é por vezes útil em retardar o trânsito entérico e favorecer a absorção. Segundo Chemin, são necessárias suplementações de vitaminas e minerais. 3) Fase tardia (fase crônica) (Dan, 2009) Características: (Dan, 2009) - A máxima adaptação intestinal deve ser atingida - Ocorre a dependência ou independência de NPT - Prevenção de complicações da SIC ou da terapia nutricional (sepse, deficiências nutricionais, hipersecreção gástrica, falência hepática e cálculos renais) A terceira fase ocorre na vigência de ingestão oral para manter o peso estabilizado. Nem todos os pacientes chegam a este estágio. Até chegar a esta fase pode variar de 03 a 12 meses, podendo chegar a 02 anos. Após a ingestão oral os pacientes vão necessitar de suplementações vitamínicas, dependendo da área ressecada de vitaminas A, D, K, B12 e ácido Fólico. Ajustes devem ser feitos na oferta de Na, K, Cl, Ca, Mg, Fe, Zn e Cu de acordo com os exames Esta fase marca o término do processo adaptativo intestinal. A alimentação oral deve ser fracionada em 6 a 8 refeições/dia, pobre em resíduos, mas rica em fibras solúveis. (Dan, 2009) HIPERPROTEICA, HIPERCALÒRICA, POBRE EM GORDURA E COM RESTRIÇÃO DE LACTOSE E SACAROSE. (Dan, 2009) Suplementar vit. Lipossolúveis parenterais. (Dan, 2009) Complementos industrializados por via oral, 2 a 3 vezes/dia, no intervalo das refeições. (Dan, 2009) 15 Transplante de Intestino Delgado (TID) (Dan) Recentemente o TID despontou como a única opção terapêutica para pacientes em falência intestinal irreversível (FI), onde a NPT deixou de ser uma possibilidade terapêutica. Nesses casos o TID, aumenta a sobrevida e restabelece o prazer da degustação dos alimentos. O TID pode ser isolado, somente do intestino delgado ou combinado com outros órgãos abdominais como com o fígado, por exemplo. A função intestinal envolve vários fatores relativos a transporte, digestão, absorção de nutrientes, produção enzimática e hormonal, proteção mecânica e imunológica. A total desconexão da inervação e da drenagem linfática promove graus variados de distúrbios na fisiologia do enxerto. A função hormonal do enxerto, em geral é pouco afetada no TID. A NPT é iniciada dentro de 01 a 02 dias após TID, quando o paciente se torna hemodinamicamente estável. A conversão de NPT em enteral ou oral é de tempo variável. Logo que ocorre o retorno da peristalse, por volta do 7° ao 10° dia de pós-operatório, e com a integridade da mucosa avaliada por endoscopia, a alimentação enteral por jejunostomia pode ser iniciada com baixo volume e de forma contínua, dando-se preferência a fórmulas elementares ou semi-elementares com glutamina. Após 02 a 03 semanas administra-se gordura como uma mistura de TCL e TCM que pode ser absorvida diretamente na circulação portal, contudo, ácidos graxos essenciais devem ser administrados por via parenteral para evitar carência. Com a melhora do enxerto, a alimentação vai progredindo até o paciente conseguir ingerir por via oral. A função do enxerto intestinal pode acompanhada pelo estudo da dependência de NPT, peso, altura (em pediatria), volume de urina e da drenagem pelo estoma (normalmente deixa-se uma ostomia e a reconstrução do trânsito é feita em 02 a 03 meses) e freqüência e natureza das fezes. Reabilitação em falência intestinal (Dan, 2009) A insuficiência intestinal(II) é uma condição decorrente da obstrução, dismotilidade, ressecção cirúrgica, defeitos congênitos ou perda da absorção em associação à doença e se caracteriza pela incapacidade de manter o balanço protéico-calórico, hídrico, eletrolítico ou de micronutrientes. A SIC é uma das formas mais comuns de II. A reabilitação intestinal é o processo de restaurar a função intestinal pela dieta, medicação e terapias cirúrgicas não envolvendo o transplante. O Objetivo principal é: Otimizar a função intestinal remanescente, reduzindo ou eliminando a necessidade de TNP Este tipo de adaptação tem seu inicio imediatamente após a ressecção e ainda continua por 2 a 3 anos. Traduzindo a prescrição nutricional à dieta: Na presença de cólon Consumirde 5 a 6 refeições/dia. 50 a 60% de CHO 20% proteínas 20 a 30% de lipídios Evitar Oxalato. OBS: Pacientes com continuidade ao colo intestinal estão em risco aumentado de nefropatia por oxalato. Há 2 abordagens para este tratamento: 1º) Fornecer cálcio extra na dieta + limitar lipídios. 2º) Restringir o conteúdo de oxalato da dieta Na ausência do cólon Consumir de 4 a 6 refeições/dia. 40 a 50% de CHO 20% de proteínas 30 a 40% de lipídios Não há necessidade de restringir oxalato. O sal deve ser adicionado liberalmente para aumentar a absorção. Novos fatores de crescimento em SIC (Dan, 2009) A terapia hormonal com GH e o péptide glucagoniforme 2 (GLP-2), passou a ser utilizada recentemente para intensificar o processo de adaptação natural. A FDA dos EUA já aprovou o hormônio do crescimento e a glutamina para serem usadas. As outras terapias hormonais, atualmente, só devem ser consideradas em contextos de pesquisas. Pacientes nos quais fracassem os esforços de reabilitação dietéticos, médicos e cirúrgicos podem ser mantidos com NP. Entretanto, considerando os riscos, custos e qualidade de vida da NP prolongada, o transplante de intestino delgado e multivisceral deve ser considerado como uma opção terapêutica. Transplante Intestinal e multivisceral (Dan) Permite adquirir a autonomia gastrointestinal e recuperar o EN. As principais indicações para sua prática incluem a disfunção hepática e falta de acesso vascular para TNP. Existem 3 tipos de transplante intestinal: pacientes com falência apenas do intestino, que devem receber transplante intestinal isolado; pacientes com falência intestinal associada à doença hepática avançada que recebe enxerto combinado intestino – fígado e pacientes com falência de vários órgãos abdominais que necessitam de transplante multivisceral ( pelo menos 3 orgãos abdominais são transplantados em bloco). A rejeição celular aguda é frequentemente observada no transplante intestinal e causa alta morbimortalidade. Uso de Pré e Probióticos nas Doenças Intestinais (Dan, 2009) Resultados positivos no controle de diarréias e melhora da obstipação, assim como nas doenças inflamatórias intestinais, alergias intestinais e prevenção do câncer. Os possíveis mecanismos envolvidos são: inibição da adesão de bactérias; atividades diretamente contra os patógenos como: síntese de compostos que inibem o seu crescimento/desenvolvimento, estimulação das resposta imunes e consumo de nutrientes requeridos por patógenos 16 Os objetivos principais para o acréscimo de probióticos no tratamento são: Influenciar perfil da microflora colônica Garantir sobrevivência dos lactobacillus administrados Habilidade em influenciar a produção de citocinas e minimizar processos inflamatórios. Fibras e Prébióticos (Dan, 2009) Exercem efeitos funcionais comprovadamente importantes e diminuem o risco de para o aparecimento de determinadas doenças. Na categoria de “prebióticos”: Aumentam o número de bífido bactérias Favorecem a biodisponibilidade de alguns minerais Atuam favoravelmente no metabolismo lipídico e glicídico Reduzem o risco para infecções intestinais, doenças cardiovascular, DM, obesidade, osteoporose e câncer Aumentam a qualidade de vida com o avançar da idade. Oligossacarídeos não digeríveis, hidrolizados e fermentados no intestino grosso, apresentam características favoráveis, caracterizando-se como prebióticos. Melhor classificação para PREBIÓTICOS: carboidratos com alto grau de polimerização e não suscetíveis à digestão pelas enzimas pancreáticas e as da borda em escova. Para ser efetivo, o probiótico deve alcançar o ceco na sua forma inicial. Critérios para determinação de prebióticos (fibras e outros carboidratos não digeríveis): Resistentes à digestão hidrólise e fermentação; Seletivamente estimular o crescimento de um ou mais microorganismos nas fezes; Influenciar aumentando a biodisponibilidade de magnésio, ferro, zinco e cálcio 17 Questões: 1) Um paciente masculino de 35 anos é encaminhado pela dermatologia ao ambulatório de nutrição por ser portador de dermatite herpetiforme. A conduta nutricional deverá contemplar dieta isenta de: (Residência HUPE / 2005) (A) lactose (B) glúten (C) álcool (D) fibras 2) Na doença inflamatória intestinal, a esteatorréia promove a perda dos seguintes minerais: (Residência – HUPE/2000) (A) Cobre, zinco e enxofre (B) Selênio, cobre e enxofre (C) Cálcio, magnésio e zinco (D) Cálcio, fósforo e magnésio (E) Magnésio, selênio e fósforo 3) Na doença celíaca, alem da restrição de glúten da dieta, pode ser necessária a restrição inicial de: (Residência – HUPE) (A) Triglicerídios de cadeia longa (B) Gliadina (C) Frutose (D) Lactose (E) Malte 4) Na má absorção de nutrientes, em conseqüência da diarréia presente na doença de Crohn, é fundamental o seguinte cuidado: (Residência – HUPE/2002) (A) Restrição de lipídeos e de calorias (B) Suplementação de zinco e de oxalato (C) Adição de triglicerídeo de cadeia média e de cálcio (D) Redução de proteínas e suplementação de magnésio 5) A doença celíaca caracteriza-se pela intolerância genética ao glúten da dieta. Na prescrição dietética devemos excluir, além do trigo, os seguintes alimentos: (Residência – HUPE/2002) (A) Cevada, malte, aveia (B) Aveia, centeio, milho (C) Milho, malte, centeio (D) Cevada, centeio, arroz 6) Na síndrome do intestino curto, diferentes alterações metabólicas podem ocorrer, dependendo da região afetada. Entre os itens abaixo, o que não faz parte destas alterações é: (Residência – HUPE/1997) (A) Esteatorréia (B) Hipocalcemia (C) Diarréia osmótica (D) Hipermagnesemia (E) Anemia megaloblástica 7) Nas síndromes disabsortivas presentes em doenças intestinais inflamatórias, podemos afirmar que: (Residência – HUPE/1996) (A) a esteatorréia decorre da hipersecreção de sais biliares (B) a reação inflamatória colônica reduz a absorção de nutrientes (C) a ressecção de jejuno terminal favorece a deficiência de vitamina B12 (D) as dietas hipercalóricas e hiperlipídicas melhoram o quadro de desnutrição (E) o crescimento bacteriano exagerado pode provocar deficiência de vitamina B12 8) Secundárias as ressecções do intestino delgado, ocorrem complicações como: (Residência – HUPE/1996) (A) hiperplasia celular, diarréia e hiperglicemia (B) esteatorréia, perda hidroeletrolítica, hipoplasia celular (C) hipoglicemia, hipoalbuminemia, hipersecreção de gastrina (D) má absorção de proteína e carboidrato, saponificação de Na e K, hiposecreção de ácido clorídrico (E) Hipersecreção gástrica, aumento do peristaltismo e motilidade gastrointestinal e crescimento bacteriano 9) Um dos ácidos graxos de cadeia curta, relacionados abaixo, apresenta menor concentração no sangue portal pela sua intensa utilização na mucosa colônica: (HUPE / 2002) (A) Láurico (B) Acético (C) Butírico (D) Propiônico 10) No plano alimentar de um paciente portador de espru não-tropical em fase aguda, devem ser incluídos na dieta: (A) Leite de vaca, macarrão, biscoitos (B) Arroz, milho, amido de araruta (C) Salsicha, azeite, ovomaltine (D) Refrigerantes, biscoitos e vegetais cremosos 11) Dentre as causas da esteatorréia, assinale aquela que não se relaciona com a síndrome do intestino curto: (A) Insuficiência pancreática (B) Formação de sabões de cálcio e AG (C) Ausência de válvula íleo-cecal (D) Menor absorção de sais biliares 12) A reintrodução alimentar na Síndrome do Intestino Curto deve ser realizada de maneira gradual. Na fase 3 não está indicado: (A) A reintrodução de clara de ovo e frango, além de caldo de feijão (B) Administração de TCL, além de caldo leguminosas e uso de alimentos pouco formadores de resíduos (C) Isenção de lactose e sacarose (D) Baixa oferta de lipídeos, utilizando-se TCM 13) Atualmente, na síndrome do intestino curto, vem sendo realizado, na prática clínica, o procedimento que preconiza o fluxo direto de nutrientes. O conteúdo da dieta é importante para a atrofia intestinal, sendo considerados fatores tróficos os seguintes: (Cia Nacionalde Abastecimento – 2005) (A) hormônios intestinais, secreções gástricas e colesterol; (B) fibras dietéticas, ácidos graxos de cadeia curta e glutamina; (C) sais biliares, glucagon e hormônio do crescimento; (D) poliaminas, prostaglandinas e pepsinogênio; (E) camitina, putrescina e HCl. 14) A intolerância ao glúten, ou doença celíaca, em geral manifesta-se durante a 1ª infância, por diarréia, má 18 absorção, desnutrição atraso do crescimento. Nesses casos a dieta recomendada deveria ser: (EMAFER – 2005) (A) Pobre em caloria e proteína, rica em lactose e isenta de glúten (B) Rica em caloria e proteína, pobre em lactose e isenta de glúten (C) Rica em caloria e proteína, rica em lactose e glúten (D) Rica em caloria e proteína, pobre em lactose e rica em glúten (E) Todas alternativas estão incorretas 15) A síndrome do intestino curto consiste em conjunto de sinais e sintomas usados para descrever as conseqüências nutricionais e metabólicas de grandes ressecções do intestino delgado. As causas mais comuns da síndrome do intestino curto são: (Prefeitura Municipal de Niterói – 2003) (A) doença de Crohn, doença vascular mesentérica e malignidade; (B) retocolite ulcerativa, esofagite e malignidade; (C) úlcera péptica, doença vascular mesentérica e esofagite; (D) doença de Crohn, insuficiência hepática e retocolite ulcerativa; (E) insuficiência hepática, esofagite e malignidade. 16) Indivíduos com ressecções intestinais extensas, poupando menos de 60 cm de intestino delgado, necessitarão inicialmente do seguinte tipo de alimentação para atingir as suas necessidades: (Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara – 2002) (A) Líquida, isenta de lactose através da via oral (B) Fórmula polimérica através de cateter (C) Fórmula oligomérica através de cateter (D) Nutrição parenteral central 17) A doença celíaca ocorre em pacientes que apresentam reação a um componente do glúten, a gliadina. O tratamento nutricional baseia-se na remoção completa da gliadina da dieta. Qual a preparação abaixo que pode ser consumida normalmente por esses pacientes? (Nutricionista Jr 2005) (A) Croquete de carne. (B) Biscoito de aveia. (C) Creme de espinafre. (D) Polenta frita. (E) Quibe de Forno. 18) Crianças portadoras de doença celíaca podem ingerir os seguintes alimentos: (Comando da Marinha 2004) (A) mingau de aveia, suco de frutas cítricas e leite enriquecido com frutas. (B) bolo simples, leite com cevada e suco de frutas. (C) sorvete, leite enriquecido com 3 cereais (arroz, milho e centeio) e mingau de fubá. (D) mingau de fubá, picolé de frutas e leite enriquecido com frutas . (E) biscoitos tipo cream cracker, mingau de fubá e leite enriquecido com frutas. 19) Em relação a mucosa intestinal durante a terapia nutricional, e incorreto afirmar que: (Comando da Marinha 2004) (A) o butirato é o alimento preferido das células do intestino grosso, e é produzido pela ação de fermentação das bactérias do intestino sobre a fibra de dieta. (B) os prebióticos podem ser utilizados para restabelecer as populações de microflora saudável, quando estas populações foram devastadas pelo uso de antibióticos. (C) os antibióticos de amplo espectro causam impacto negativo sobre a integridade intestinal. (D) o trato gastrintestinal desempenha um papel fundamental ao impedir a entrada de toxinas exógenas no sistema circulatório, pela função de barreira da mucosa intestinal. (E) o sistema imunológico intestinal é composto pela IGE secretória, que dentre outras funções, inativa toxinas e bactérias como a E. Coli. 20) “Pacientes portadores de doença celíaca ou espru não tropical apresentam dano às vilosidades da mucosa intestinal, resultando em mal absorção de todos os nutrientes”. O cuidado nutricional deverá ser fundamentado na: (Bombeiros – nutricionista – 2001) (A) retirada de milho, batata e arroz; (B) retirada de tapioca, araruta e soja; (C) retirada de trigo, aveia e centeio; (D) retirada de cevada, milho e trigo; (E) retirada de trigo, milho e centeio. 21) A perda do íleo terminal é mais problemática que a perda do jejuno devido às funções ileais que envolvem a absorção de: (Bombeiros – nutricionista – 2001) (A) ferro; (B) cálcio; (C) vitamina B12; (D) vitamina C; (E) vitamina B1. 22) A colite ulcerativa é uma doença inflamatória intestinal caracterizada por ulceração da mucosa. A anemia pode estar presente como resultado: (Bombeiros – nutricionista – 2001) (A) menor ingestão de alimentos ricos em gordura (B) perda sanguínea (C) hipovitaminose (D) malabsorvição (E) desidratação 23) Um indivíduo com constipação intestinal precisa ingerir diariamente, pelo menos, a seguinte quantidade em g de fibra dietética: (PMRJ 2000) (A) 5 (B) 10 (C) 15 (D) 25 (E) 40 24) Em relação a características, recomendações e ingestão de fibras, assinale a alternativa incorreta: (Corpo Saúde Marinha 2001) (A) a ingesta excessiva de fibras pode interferir com a absorção de cálcio e zinco, especialmente em crianças e idosos (B) a ingesta de fibra deve constituir uma mistura de fibras solúveis e insolúveis, numa proporção de 3:1 (C) o consumo de dietas ricas em fibras parece estar inversamente relacionada a incidência de doença cardiovascular, câncer do cólon, diabetes e desordens gastrointestinais (D) recomenda-se uma ingestão de fibras de 25 a 35 gramas por dia ou 10 a 13 gramas por 1.000 kcal 19 (E) as fibras solúveis são substratos para fermentação pelas bactérias colônicas 25) Na orientação dietética para doença inflamatória intestinal na fase aguda deve ser recomendada dieta: (Corpo de Saúde da Marinha 2001) (A) hipercalórica, rica em fibras (B) hipercalórica, sem lactose (C) hiperglicídica, sem lactose (D) hiperlipídica, sem fibras (E) normoproteica, hiperglicídica 26) A doença celíaca ou espru não tropical, e caracterizada pela sensibilidade ao glúten. No entanto essa doença é especificamente causada por uma reação ao componente solúvel em álcool do glúten. Qual é este componente? (P.M.SAQUAREMA) (A) Histidina (B) Gliadina (C) Glicina (D) Glutamina 27) O nutriente que contribui para a diminuição da resposta inflamatória é: (HUAP 2003) (A) ômega – 3 (B) acido butírico (C) ferro (D) vitamina K (E) palmitado 28) No tratamento dietoterápico da constipação intestinal, um dos aspectos a serem considerados para que as fibras possam agir alterando o peso e a consistência das fezes é: (HUAP 2003) (A) a oferta de glutamina (B) a proporção de carboidratos (C) o conteúdo protéico (D) a cota lipídica (E) a oferta hídrica 29) Em relação a doença de Crohn, é correto dizer que : (PMRJ-2001) (A) passada a crise aguda, deve se instituir uma dieta com pouco teor de fibras; (B) é muito comum a ocorrência de nefrolitiase; (C) não ocorre esteatorreia; (D) o conteúdo proteico da dieta deve ser reduzido (E) a suplementação com ácidos graxos ômega 3 pode ser útil no tratamento 30) Dentre as complicações secundarias as ressecções do intestino delgado, podem-se citar : (UFRJ/UNIRIO 2005) (A) adaptação intestinal, desidratação e hipovitaminose ; (B) hipertrofia celular, hipoglicemia e hipoalbuminemia; (C) deficiência de vitamina B12 , menor secreção de ácido clorídrico e inativação da lípase pancreática (D) desconjugação de sais bilares, saponificação de magnesio e sódio e esteatorréia (E) nefrolitíase, colelitiase, hipersecreção gástrica e acidose metabólica 31) Na doença celíaca limita-se o uso de: (Prefeitura de Niterói – 2008) (A) arroz, tapioca, soja e araruta (B) trigo, aveia, centeio e cavada (C) soja, batata, milho e cevada (D) tapioca, arroz, aveia e araruta (E) mandioca, feijão, soja e milho 32) A maioria dos pacientes submetidos à ressecções intestinais importantes necessitam de um tratamento nutricional inicial com: (Prefeitura de Angra dos Reis – 2008) (A) maior quantidade de vitaminas hidrossolúveis na terapia nutricional enteral (B) maior oferta de zinco, magnésio e cálcio durante o desmame da terapia nutricional parenteral (C) menor oferta de vitaminas lipossolúveis na terapia nutricional parenteral (D) substituir TCM por TCL e aumentar
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