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GESTÃO DEMOCRATICA DA ESCOLA PÚBLICA POR VANESSA DE MAGALHÃES PINA Pode ser entendida como espaço de participação efetiva de vários segmentos da comunidade escolar, pais, professores, estudantes e funcionários, na construção e avaliação do Projeto Político Pedagógico, na administração dos recursos da escola, enfim, nos processos decisórios da escola. https://www.youtube.com/watch?v=H6NtSgULm B8 Como democratizar a escola pública???? https://www.youtube.com/watch?v=H6NtSgULmB8 A contribuição significativa da escola para a democratização da sociedade e para o exercício da democracia participativa fundamenta e exige a gestão democrática na escola. Nesse sentido, a forma de escolha dos dirigentes, a organização dos Conselhos Escolares e de toda a comunidade escolar para participar e fazer valer os seus direitos e deveres, democraticamente discutidos e definidos, é um exercício de democracia participativa. Assim a escola pública contribuirá efetivamente para afirmar os interesses coletivos e construir um Brasil como um país de todos, com igualdade, humanidade e justiça social. ( MEC, p. 20 ) O Conselho Escolar tem papel decisivo na democratização da educação e da escola. Ele é um importante espaço no processo de democratização, na medida em que reúne diretores, professores, funcionários, estudantes, pais e outros representantes da comunidade para discutir, definir e acompanhar o desenvolvimento do projeto político pedagógico da escola, que deve ser visto, debatido e analisado dentro do contexto nacional e internacional em que vivemos. Os Conselhos Escolares são órgãos colegiados compostos por representantes das comunidades escolar e local, que têm como atribuição deliberar sobre questões político- pedagógicas, administrativas, financeiras, no âmbito da escola. Cabe aos Conselhos, também, analisar as ações a empreender e os meios a utilizar para o Os Conselhos Escolares e a construção da proposta educativa da escola no cumprimento das finalidades da escola. Eles representam as comunidades escolar e local, atuando em conjunto e definindo caminhos para tomar as deliberações que são de sua responsabilidade Os Conselhos Escolares contribuem decisivamente para a criação de um novo cotidiano escolar, no qual a escola e a comunidade se identificam no enfrentamento não só dos desafios escolares imediatos, mas dos graves problemas sociais vividos na realidade brasileira. Os Conselhos têm as seguintes funções: a)Deliberativas: quando decidem sobre o projeto político-pedagógico e outros assuntos da escola, aprovam encaminhamentos de problemas, garantem a elaboração de normas internas e o cumprimento das normas dos sistemas de ensino e decidem sobre a organização e o funcionamento geral das escolas, propondo à direção as ações a serem desenvolvidas. Elaboram normas internas da escola sobre questões referentes ao seu funcionamento nos aspectos pedagógico, administrativo ou financeiro. b) Consultivas: quando têm um caráter de assessoramento, analisando as questões encaminhadas pelos diversos segmentos da escola e apresentando sugestões ou soluções, que poderão ou não ser acatadas pelas direções das unidades escolares. c) Fiscais (acompanhamento e avaliação): quando acompanham a execução das ações pedagógicas, administrativas e financeiras, avaliando e garantindo o cumprimento das normas das escolas e a qualidade social do cotidiano escolar. d) Mobilizadoras: quando promovem a participação, de forma integrada, dos segmentos representativos da escola e da comunidade local em diversas atividades, contribuindo assim para a efetivação da democracia participativa e para a melhoria da qualidade social da educação. Conselho de Escola O Conselho de escola é um colegiado (grupo de pessoas) formado por todos os segmentos da comunidade escolar: pais, alunos, professores, equipe de gestão e demais funcionários. Através dele, todas as pessoas ligadas à escola podem se fazer representar e compartilhar decisões sobre aspectos administrativos , financeiros e pedagógicos, tornando todos co-responsáveis neste processo. O Conselho de Escola participa da elaboração do Projeto Político Pedagógico, ou seja, documento que norteia as ações da escola durante todo o ano, além disso, acompanha a implementação dele e participa do processo de avaliação do mesmo para que a escola tenha cada vez mais um ensino e atendimento de qualidade, desta forma todos acompanham o cotidiano escolar. O projeto político-pedagógico ocupa um papel central na construção de processos de participação e, portanto, na implementação de uma gestão democrática. Envolver os diversos segmentos na elaboração e no acompanhamento do projeto pedagógico constitui um grande desafio para a construção da gestão democrática e participativa A definição de princípios, a elaboração ou execução de estratégias concretas e trabalho coletivo são os fundamentos para a construção do projeto político- pedagógico. É preciso compreender que as ações programadas não devem priorizar apenas a elaboração de um documento, e, sim, uma mudança constante, a fim de realizar uma participação ativa. Mais importante do que produzir um documento perfeito e tecnicamente de acordo com os jargões científicos ou burocráticos, é dizer com clareza o que a escola vai realmente fazer, a partir de suas condições, de acordo com as estratégias que são factíveis e com os recursos que, mesmo ainda não disponíveis, têm condições de ser alocados (PADILHA, 2001, p.90). “Como todo órgão colegiado, o Conselho Escolar toma decisões coletivas. Ele só existe enquanto está reunido. Ninguém tem autoridade especial fora do colegiado só porque faz parte dele. Contudo, o diretor atua como coordenador na execução das deliberações do Conselho Escolar e também como o articulador das ações de todos os segmentos, visando a efetivação do projeto pedagógico na construção do trabalho educativo“ ( Fonte MEC ) O importante no Conselho Escolar é a representatividade, a disponibilidade e o compromisso; é saber ouvir e dialogar, assumindo a responsabilidade de acatar e representar as decisões da maioria, sem nunca desistir de dar opiniões e apresentar as suas propostas A participação é um processo a ser construído coletivamente. Nessa direção, é fundamental ressaltar que a participação não se decreta, não se impõe e, portanto, não pode ser entendida apenas como mecanismo formal/legal O que é uma APM? A APM é uma associação sem fins lucrativos que representa os interesses comuns dos profissionais e dos pais dos alunos de uma escola. A ideia é que a opinião deles colabore com a gestão sempre com o objetivo de impactar positivamente na aprendizagem dos alunos e na qualidade da Educação oferecida pela escola. Ela permite que famílias e escola dialoguem, promovendo uma integração da comunidade com a instituição de forma democrática. Portanto, como órgão colegiado assim instituído, ela não deve representar motivos que não sejam estritamente educacionais. APM A Associação de Pais e Mestres é um órgão consultivo e colaborador e tem como responsabilidades: Gerenciar os recursos financeiros que são repassados através do convenio entre a APM e a Prefeitura (repasse escolar) juntamente com o Conselho de Escola; A APM, por sua vez, é um órgão de caráter jurídico, sem fins lucrativos, com participação de educadores e responsáveis pelos estudantes. Sua atribuição é auxiliar no gerenciamento dos recursos financeiros, o que inclui verbas públicas (como o Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE), parcerias, convênios (como o Programa Mais Educação, do Ministério da Educação – MEC) e doações. Auxilia a equipe de gestão para a concretização dos objetivos e metas conforme discussões realizadas dentro do Conselho de Escola e nos espaços formativos com toda a equipe escolar de acordo com o Projeto Político Pedagógicoda escola; É responsável também por executar medidas para resolução de problemas administrativos e ou pedagógicos. As ações da APM devem seguir o Estatuto da Associação de Pais e Mestres e seguem os manuais de orientação e regulamentação de entidades sociais da Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo. A APM é uma associação composta por pais, professores e equipe de gestão, a eleição também se dá através de assembleia. A gestão democrática que se pretende exercitar é aquela que se pauta no fato de que “o objetivo central da educação deve ser a construção de personalidades mais autônomas, críticas, que almejam o exercício competente da cidadania. Para tanto, ela deve embasar-se nos princípios democráticos da justiça, da igualdade, da eqüidade e da participação ativa de todos os membros da sociedade na vida pública e política” (ARAUJO, 2002, p. 41). O gestor da escola é uma peça fundamental no processo da democratização do espaço escolar, pois é ele quem primeiro sensibiliza e conscientiza os demais educadores da escola a também promoverem situações em que os alunos e seus familiares e pessoas da comunidade sejam ouvidos, que tenham voz, que sintam prazer em participar de um trabalho coletivo. Na perspectiva da gestão democrática, o gestor não é o líder que conduz seus liderados numa relação de subordinação, mas, ao contrário, promove suas ações, exercita sua função na direção da construção de instâncias democráticas de deliberação como conselhos escolares e outros colegiados, garantindo que o exercício do partilhamento do poder não dependa da “sua pessoa”, mas da organização e mobilização da comunidade escolar. Um projeto educacional emancipador só se efetiva por meio da participação efetiva dos sujeitos envolvidos com a comunidade escolar. Esse modelo de gestão e de organização do trabalho pedagógico deve se orientar pela necessidade de garantir a qualidade social da educação. Nesse sentido, compreende-se que a gestão não acontece por decreto, pois é processo, é construção coletiva permanente. Essas implicações no âmbito dos processos educacionais caracterizam uma Gestão: a) Social b) Democrática c) Autoritária d) Coletiva CASO: A professora Juliana, de uma escola pública do Piauí, faz parte da comissão de reelaboração do Projeto Político Pedagógico de sua escola. Foi indicada por seus pares, mas ficou muito reticente em aceitar a indicação para participar da referida comissão, pois já ouvira muitas vezes na escola falas como a que se segue: “na prática tudo é diferente”; “é muito difícil fazermos o proposto”; “as pessoas não sabem participar”. As frases que a professora Juliana ouviu fazem referência aos obstáculos e limites que surgem quando se implementam processos de gestão colegiada nas escolas. Indique a alternativa em que está apontada a saída mais adequada, no contexto da escola democrática, para melhorar a participação. a)Tomar as decisões que envolvam recursos financeiros e normas administrativas, por meio de eleição direta. b)Desenvolver estratégias de envolvimento das pessoas da comunidade interna e externa à escola. c)Elaborar um documento que deixe claro para a comunidade escolar quais são as regras de participação. d)Estabelecer no calendário escolar as datas de reuniões em que o grupo deve comparecer para tomar decisões. e)Abordar, nas reuniões, a dimensão e o sentido antropológico do compromisso e da participação social. Ao longo destas últimas décadas, as experiências e pesquisas sobre gestão democrática da educação têm destacado a importância da autonomia e da descentralização para a realização dessa forma de gestão. Considerando tais princípios, assinale a afirmativa correta. a)Desenvolvem-se a partir da avaliação da qualidade do desempenho dos estudantes com vista à eficiência e eficácia do sistema público de ensino. b)Implicam saneamento de conflitos entre o topo e a base do sistema público de ensino, ancorando-se na avaliação de resultados, na restrição da ação dos atores escolares a seus níveis administrativos e no atendimento individual dos pedidos dos diretores. c)Compreendem o diálogo e a participação de cada coletivo escolar na formulação, acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico da escola, alicerçando-se na dupla ideia de emancipação enquanto projeto de desenvolvimento pessoal e mudança societal. d)Realizam-se por meio de instrumentos que viabilizam a construção de um mercado educativo, descentralizado, concorrencial, autônomo e com tendência à desregulação da intervenção estatal. Cada vez mais se reconhece que a qualidade da educação está fundamentada na competência de seus profissionais em oferecer experiências educacionais formativas, capazes de desenvolver a cidadania promovendo o desenvolvimento de conhecimentos, de habilidades e de atitudes necessários para se viver em uma sociedade cada vez mais globalizada. Assim, segundo Ferreira (2000), os pressupostos fundamentais para o desenvolvimento da cidadania na escola passam pela “gestão democrática, a construção coletiva do projeto político- pedagógico e autonomia da escola". Acerca da gestão democrática da escola, conforme Ferreira, é correto afirmar que é aquela na qual os a) mais diversos conselhos e/ou comitês de representação encontram-se constituídos. b) alunos têm acesso irrestrito aos professores e aos órgãos de direção da escola c) seus participantes estão coletivamente organizados e compromissados com a promoção de educação de qualidade para todos. d) pais e a comunidade de um modo geral participam de todos os eventos promovidos pela escola. e) membros da comunidade contribuem para com a escola na execução dos mais diversos serviços e tarefas. Os conselhos presentes na escola representam importante espaço democrático, através da articulação do trabalho entre os vários segmentos que a compõem. Dessa forma, ele é um espaço escolar destinado a: A) Realização de reuniões esporádicas voltadas para a resolução de problemas que envolvem baixo desempenho acadêmico e indisciplina dos alunos. B) Realização de reuniões periódicas visando a concretização do debate de opiniões fundamentais para se perceber os interesses da escola e dos alunos, e possibilitar a garantia de participação dos envolvidos. C) Realização de reuniões para premiar os professores e os alunos de melhor desempenho nas atividades escolares. D) Realização de reuniões em que o gestor apresente as tensões geradas no planejamento, no desenvolvimento e na avaliação do desempenho da escola. REFERÊNCIAS PRINCIPAIS Ainda que a utopia de escola é que ela seja a promotora da transformação da sociedade que aí esta. A escola que temos vem mantendo a ideologia dominante, legitimadora da injustiça social Diretor _ autoridade máxima _ poder e autonomia??? Responsável por manter a lei e a ordem Chefe de quem emanam todas as ordens _ imagem negativa Falta de autonomia do diretor é falta de autonomia da própria escola Conferir autonomia a escola deve consistir em conferir poder e condições concretas para que ela alcance objetivos educacionais articulados com os interesses das classes trabalhadoras Distribuir compartilhar poder dentro da escola não é perder o poder. Porque não se perde aquilo que não tem A escola só poderá desempenhar um papel transformador se estiver junto aos interessados, se se organizar para atender aos interesses das camadas às quais essa transformação favorece. Escola= núcleo de pressão junto ao ESTADO Na medida em que se conseguir a participação de todos os setores da escola - educadores, alunos, funcionários e pais - nas decisões sobre seus objetivos e seu funcionamento, haverá melhores condições para pressionar os escalões superiores a dotar a escola de autonomia e de recursos (PARO, 2001, p.12). Por mais colegiada que seja a administração da U.E se elanão inclui a comunidade, corre o risco de constituir apenas mais um arranjo entre funcionários do Estado. Gestão democrática pressupõe participação da comunidade Participação nas decisões e não somente na execução Democracia efetiva exige controle democrático do Estado Paro vai chamar a escola pública de escola estatal, segundo ele só passara a ser escola pública de fato quando esta for capaz de oferecer uma boa educação escolar. Sem participação não se fará uma escola verdadeiramente universal e de boa qualidade Democratização se faz na prática. Democracia não se concede, se realiza. Paro defende a eleição para diretores de escola. Segundo ele o diretor escolhe a escola, mas a escola não escolhe o diretor O ESTADO coloca o diretor como culpado primeiro pela ineficiência e mau funcionamento da escola. Não pode haver democracia plena sem pessoas democrática para exercê-la Se a escola não participa da comunidade por que a comunidade vai participar da escola? Participação = esforço coletivo de todos os envolvidos na escola Trabalho pedagógico é imaterial, é um serviço Aspectos principais do livro Diretor Escolar: Educador ou gerente Ser um educador é a forma de buscar a eficiência na escola. Não é possível buscar a eficiência na escola se não se estiver preocupado (envolvido) com o bem-estar dos alunos. A administração entendida como a utilização racional de recursos para a realização de fins configura-se “como uma atividade exclusivamente humana, já que somente o homem é capaz de estabelecer livremente objetivos a serem cumpridos” (Paro, 2012b, p. 25) Para Paro não é adequado falar— como faz o senso comum, e como a teoria tradicional em administração acriticamente adota — a utilização da expressão “recursos humanos” para indicar as pessoas como recursos. Na concepção aqui adotada não se parte “do homem como recurso, como meio, mas essencialmente como fim” (p. 33). palavra direção pode ser utilizada indistintamente como sinônimo de chefia, comando, gestão, governo, administração, coordenação, supervisão, superintendência, etc. administrador escolar, pensa-se logo na figura do diretor de escola, que se reporta, não ao de administrador; e praticamente ninguém vai à escola à procura do administrador, mas sim do diretor escolar. Quando se trata da direção da escola e do responsável por ela, pretende-se uma maior abrangência de ação e um ingrediente político bastante nítido, que a administração, muito mais técnica, parece não conter: o diretor é aquele que ocupa a mais alta hierarquia de poder na instituição. Podemos dizer que a direção é a administração revestida do poder necessário para fazer-se a responsável última pela instituição, ou seja, para garantir seu funcionamento de acordo com “uma filosofia e uma política” de educação A luz de uma concepção radicalmente democrática de mundo, admite-se que os homens nascem igualmente com o direito universal de acesso à herança cultural produzida historicamente, então a educação — meio de formá-lo como humano- histórico — não pode restringir-se a conhecimentos e informações, mas precisa, em igual medida, abarcar os valores, as técnicas, a ciência, a arte, o esporte, as crenças, o direito, a filosofia, enfim, tudo aquilo que compõe a cultura produzida historicamente e necessária para a formação do ser humano-histórico em seu sentido pleno. Se o fim é a formação de um sujeito, o educando, que nesse processo forma sua personalidade pela apropriação da cultura, tem necessariamente de ser um sujeito. Portanto, ele só se educa se quiser. Disso resulta que o educador precisa levar em conta as condições em que o educando se faz sujeito. Não basta, portanto, ter conhecimento de uma disciplina ou matéria a ser ensinada. Paro enfatiza que muitas vezes a escola está permeada de influências do mercado. “ a razão mercantil não se configura apenas quando está imediatamente presente o lucro, mas sempre que se manifestam os mecanismos relacionados à competição, à concorrência e ao supremo mandamento mercantil de levar vantagem em qualquer situação. Nas políticas educacionais, a razão mercantil se faz presente de duas formas básicas: uma diretamente relacionada à resolução de questões econômicas e outra não diretamente relacionada a essas questões, mas que se reporta ao mesmo paradigma no encaminhamento de soluções” “Apesar de todos parecerem entender de educação, o que acaba orientando tanto as políticas públicas quanto as práticas pedagógicas em nossas escolas é uma espécie de senso comum que ignora séculos de história da educação e de progressos científicos na elucidação da maneira como as pessoas aprendem e na proposição de novas formas de ensinar.” Se os fins educacionais são tão diferentes da finalidade de um empresa tipicamente capitalista é possível é possível igualar a direção de uma escola a direção de uma empresa? Duas grandes ameaças que rondam a educação 1) Razão mercantil que orienta as políticas públicas 2) O amadorismo dos que “ cuidam dos assuntos da educação a política como luta contra o outro se faz tão presente que produz a falsa consciência de que a atividade política se resume na luta pelo poder de uns sobre os outros, descartando a possibilidade de que a política se faça também como convivência com os outros. Como direito público, sua realização na escola básica, lugar por excelência de seu provimento pelo Estado, deve pautar-se em princípios públicos, ou seja, universalizantes e democráticos. Além disso, o aprendizado escolar é necessariamente democrático não apenas por essa universalidade, mas também por razões didáticas ligadas à natureza mesma do processo pedagógico, que só se faz com a vontade do educando. A escola que pretende “ passar “ conteúdos nem mesmo isso consegue fazer O educando não é um ser passivo que recebe a cultura de quem lhe passa. O educador não lhe transmite nada, mas tão somente apresenta ao educando um componente cultural (um conhecimento, um valor, uma habilidade, etc.) e propicia condições para que este se aproprie desse elemento cultural. É o educando quem processa o aprendizado, educando-se. Educando é sujeito porque o êxito do aprendizado só se dá se ele aplica sua vontade na atividade de aprender. Além disso, o educando, como objeto de trabalho — ou seja, o elemento do processo de trabalho que se transforma (em sua personalidade viva) no produto final (o indivíduo educado) por meio da apropriação da cultura — precisa ser sujeito porque o fim da educação é a produção de um sujeito (o ser humano-histórico). Como, numa ação eficiente, os meios não podem contrariar os fins, o objeto de trabalho pedagógico não pode ser mero objeto, mas um sujeito, mesma condição esperada do produto que se propõe realizar. Quando essas condições políticas e técnicas não se encontram presentes, verifica-se o sequestro do caráter público da instituição escola e a degradação de seu desempenho pedagógico. Essas consequências não estão dissociadas uma da outra. Assim, o sequestro do público ocorre duplamente: por um lado, em virtude das dificuldades de exercício da ação política dentro de parâmetros democráticos e de liberdade de atuação por parte de educadores e educandos; por outro, devido ao empobrecimento da ação pedagógica que, assim, não consegue desenvolver-se de modo a propiciar a apropriação da cultura por parte dos educandos, seu direito público fundamental. Por sua vez, a degradação do pedagógico já está presente no próprio sequestro do público, na medida em que as condições técnicas omitem sua conotação inerentemente política, impossibilitando também uma prática pedagógica consistente. A Pedagogia é uma matéria teórico-prática como a Medicina. Ela não pode contar apenas com o senso comum e com as “boas intenções de amadores” (Ravitch, 2011, p. 248). Ela precisa apoiar-se nas ciências e campos de conhecimentosque lhe dão fundamento e sustentação: Psicologia, Sociologia, História, Didática, Filosofia, Antropologia, Biologia, Neurociência, enfim, todos os esforços que a inteligência humana faz para compreender e promover o aprendizado da cultura. Sem isso, o que se tem é a situação que está aí: uma escola que não ensina. Salário não pode constituir a razão de ser da atividade do mestre educador — porque a complexidade de sua função lhe exige um envolvimento sui generis com o educando e sua formação, motivo último de seu ofício —, então seu salário precisa ser tão justo e compensador, de tal modo que isso sequer seja motivo de preocupação, estando ele livre e tranquilo para realizar seu trabalho voltando-se para os interesses que de fato contribuem para a boa realização de seu produto. Boa escola não é a que dá boas aulas, mas aquela que forma bons cidadãos. A adoção de padrões capitalistas de gestão traz consequências funestas para a educação. Mais e mais indivíduos vindos do mundo dos negócios se põe a dar ideia e a oferecer soluções para os problemas de gestão escolar Ao se ignorar a especificidade do trabalho pedagógico. Toma-se o trabalho escolar como qualquer outro. Se a direção está imbuída de uma política e de uma filosofia de educação, sintetizam-se nela e, por decorrência, na função do dirigente escolar, os proprios objetivos que cumpre a escola alcançar. A escola por sua natureza exige uma mediação administrativa sui generis, tanto em termos de racionalização do trabalho quanto em relação a coordenação do esforço humano coletivo O dirigente escolar precisa ser democrático no sentido pleno desse conceito. Para Paro um professor cuja lotação e permanência no cargo dependa, não apenas do Estado, mas da vontade de seus liderados, tenderá com muito maior probabilidade a se comprometer com os interesses destes e a ganhar maior legitimidade nas reinvindicações junto ao Estado porque estará representando a vontade dos que o legitimam e não exercendo o papel de mero “ funcionário burocrático, ou apadrinhado político. Qualquer caminho que venham a tomar as políticas públicas dirigidas à superação da atual escola básica, há que se ter como horizonte uma administração e uma direção escolar eu levem em conta a educação em sua radicalidade, contemplando sua singularidade como processo pedagógico e sua dimensão democrática como práxis social e política Segundo Paro (2014), a administração escolar tem adotado mecanismos gerenciais da administração capitalista que, em larga medida, são contrários aos objetivos educacionais da escola. Sobre o papel do(a) diretor(a) como administrador(a) escolar, na análise de Paro, é CORRETO afirmar que: A) A posição de autoridade que o(a) diretor(a) ocupa na instituição escolar dificulta grandemente a percepção de que as condições concretas em que se dá a educação escolar e as múltiplas determinações sociais, econômicas e políticas que a condicionam o(a) tornam impotente para resolver a maioria dos problemas fundamentais da escola. B) A função do(a) diretor(a) deve ser predominantemente administrativa, de maneira a gerenciar recursos financeiros de maneira efetiva, focando-se especialmente nas formalidades burocráticas advindas dos órgãos educacionais superiores. C) O(a) diretor(a) deve gerenciar a escola a partir dos preceitos da administração capitalista que têm se mostrado compatíveis com uma proposta de articulação da escola com os interesses da classe trabalhadora. D) Uma administração democrática caracteriza-se pela participação dos diversos setores da escola e da comunidade que votam nas decisões propostas pelo(a) diretor(a), pois este(a) profissional deve ser considerado(a) o(a) mais habilitado(a) para decidir sobre as questões importantes da escola Vitor Paro considera que toda vez que se propõe uma gestão democrática na escola que tenha efetiva participação dos pais, educadores, alunos e funcionários, isso acaba sendo considerado como: A) Uma proposta que consta apenas no Plano de Gestão, mas não se efetiva na prática. B) Uma condição que exige determinações oficiais superiores para que se possa efetivar. C) Uma coisa utópica. Não quer dizer que não possa vir a existir, mas que ao mesmo tempo se coloca como algo de valor, algo desejável do ponto de vista da solução dos problemas da escola. D) Pouco adequada à realidade brasileira, uma vez que a legislação educacional define os papeis de cada ente no processo educacional no interior da escola. Vitor Paro, ao escrever sobre educação e democracia, diz que: “A importância de considerar a dimensão política da educação e as potencialidades de sua realização como prática democrática na escola está associada, assim, à própria importância da relação pedagógica na convivência social.” Nesse sentido, analise as afirmações seguir e assinale a alternativa correta. I- A promoção de processos eleitorais no ambiente escolar, por si só, garantem o essencial da democracia, ou seja, o exercício da aceitação mútua, presente na relação pedagógica. ll- A colaboração entre grupos e pessoas é essencial à convivência pacífica e ao desenvolvimento histórico da sociedade. Não é a luta o modo fundamental de relação humana, mas a colaboração. lll- Pela educação como prática democrática se constrói o político e se concorre para uma sociedade mais cooperativa, mais compartilhada e mais digna de ser compartilhada. a) Apenas a afirmação I está incorreta. b) Todas as afirmações são corretas. c) Apenas as afirmações I e II são corretas. d) Apenas a afirmação III está incorreta. Em relação à gestão democrática, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) A administração das decisões e das ações devem ser elaboradas e executadas de forma hierarquizada. ( ) Todos os envolvidos no cotidiano escolar devem participar da gestão: professores, alunos, funcionários, pais ou responsáveis, pessoas que participam de projetos na escola e toda comunidade do entorno da escola. ( ) As decisões e ações implantadas têm que ser definidas, primeiramente, pela direção da escola. ( ) As ações e decisões implantadas na escola devem ser divulgadas, preferencialmente, para os professores. A sequência está correta em A.F, F, V, V B.V, V, F, F C.F, V, F, F D.V, F, V, F E.F, F, F, V No procedimento de dicotomização entre pedagógico e administrativo costuma-se às vezes afirmar que o administrativo atrapalha a realização do pedagógico, numa clara confusão do administrativo com o burocrático, no sentido negativo do termo, ou seja, de práticas que se tornam fins em si mesmas, desarticuladas dos objetivos para os quais foram concebidas. (Cf. Sánchez Vázquez, 1977in Vitor Paro). Considerando a atuação político-pedagógica da gestão escolar todas as alternativas estão corretas, exceto a: a)Uma abordagem administrativa da situação de ensino é a percepção da necessidade de articulação coerente entre meios e fins, o que deve levar à constatação de que só é possível uma formação para a democracia se os meios de realizá-la, ou seja, a relação educador-educando não contradiga esse fim, realizando-se, portanto, de forma democrática. b)O administrativo, entendido como mediação, é precisamente a negação do burocrático, pois possibilita o alcance do fim, isto é, no caso da escola, a realização efetiva do pedagógico. c)Constituem objeto da ação administrativa exclusivamente as atividades ligadas à direção escolar, aos serviços da secretaria e outras atividades de manutenção da unidade e de oferecimento de condições para a realização dos objetivos. d)Se a situação de ensino se beneficia de uma visão administrativa, o administrativo beneficia-se também de uma abordagem pedagógica, o que significa não haver motivo para não se utilizar o caráter intrinsecamente democrático da educação nas demais instâncias administrativas da escola. Paro, 2015, afirma que a despeito da relativa escassez de estudose pesquisas a respeito da natureza e do significado das funções do diretor de escola à luz da natureza educativa dessa instituição, não há como negar a importância do papel do diretor na realização dos objetivos da escola. O autor ressalta também que não se pode deixar de considerar que a valorização exacerbada desse papel, por parte de autoridades educacionais, pode significar um A) papel determinante do diretor na construção da boa escola. (B) estímulo à liderança do diretor, interna e externa à escola. (C) álibi para ocultar as verdadeiras causas do mau ensino. (D) indicador da necessidade de formação continuada em serviço do diretor. (E) álibi para ocultar o autoritarismo inerente à função de diretor. Sugestão de leitura
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