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Dimensões Socioculturais Históricas e Filosóficas da Educação Física e do Esporte - Ebook 2

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E-book 2
Giovana Fernandes
DIMENSÕES SOCIOCULTURAIS, 
HISTÓRICAS E FILOSÓFICAS 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO 
ESPORTE
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3
ORIGEM DOS JOGOS OLÍMPICOS ���������4
JOGOS OLÍMPICOS DA ERA 
MODERNA: EVOLUÇÃO E 
PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS �����������17
CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������� 35
2
INTRODUÇÃO
Neste e-book, vamos entender a origem dos Jogos 
Olímpicos, voltando à Antiguidade, na Grécia Antiga, 
onde tudo começou. Vamos conhecer algumas teo-
rias que explicam como nasceu esse grande evento 
esportivo, quais eram as provas realizadas nessa 
grande competição, como os atletas se preparavam e 
como eram as instalações do local onde aconteciam.
Os Jogos Olímpicos, durante muito tempo, foram 
o principal acontecimento relacionado à cultura na 
Grécia Antiga. Contudo, com o passar do tempo, o 
grandioso evento esportivo acabou. Por isso, vamos 
conhecer algumas versões que explicam as possíveis 
razões que levaram os Jogos Olímpicos da antigui-
dade a entrar em decadência.
Vamos compreender também todo o processo de 
reinvenção dos Jogos Olímpicos, movimento que 
foi idealizado pelo historiador francês Pierre de 
Coubertin. A história dos Jogos Olímpicos Modernos 
atravessou o século 20 cheia de altos e baixos e 
espalhou pelo mundo grandes transformações no 
universo dos esportes.
3
ORIGEM DOS JOGOS 
OLÍMPICOS
Neste tópico, o tema é a origem dos Jogos Olímpicos. 
Vamos entender como o surgimento deste evento 
esportivo mantém uma estreita ligação com as ra-
zões de cunho religioso. Vamos compreender ainda 
a importância e o prestígio que o evento tinha para a 
sociedade grega, isto é, de que maneira aconteciam 
seus preparativos, desde a organização até as prepa-
rações dos atletas, as instalações onde aconteciam 
e de que maneira as provas eram disputadas.
Figura 1: Deuses e heróis olímpicos. Fonte: Designed by macrovector 
/ Freepik.
A origem dos Jogos Olímpicos é sempre muito dis-
cutida, apresentando-se pelas diversas versões e 
teorias explicadas pelos historiadores. Um dos mitos 
relacionados à origem dos Jogos Olímpicos é que 
4
https://image.freepik.com/vetores-gratis/deuses-gregos-antigos-2-figuras-de-desenhos-animados-horizontais-conjuntos-com-dionysus-zeus-poseidon-aphrodite-apollo-athena_1284-27795.jpg
https://image.freepik.com/vetores-gratis/deuses-gregos-antigos-2-figuras-de-desenhos-animados-horizontais-conjuntos-com-dionysus-zeus-poseidon-aphrodite-apollo-athena_1284-27795.jpg
teriam surgido a partir das corridas de carruagem, 
em que Pélope (que deu nome a Peloponeso) teria 
saído vitorioso de uma dessas corridas e, com isso, 
conquistado a mão da princesa Hipodâmia.
De fato, antigas evidências apontam para o prestígio 
e a importância das corridas de carruagem. Entre as 
incertezas sobre a origem dos Jogos Olímpicos, é 
unânime o fato de que suas origens mantêm uma 
relação estreita com a junção de exercício físico com 
religião. Os gregos acreditavam que o corpo tem 
a mesma importância que o intelecto e o espírito, 
assim, a melhor maneira de honrar Zeus (Figura 2) 
seria cuidando do corpo e da mente. Diante dessa 
estreita ligação com o culto aos deuses, entende-se 
que a origem dos Jogos Olímpicos possui razões de 
cunho religioso.
Figura 2: Zeus. Fonte: Pixabay.
5
https://cdn.pixabay.com/photo/2013/07/12/13/25/zeus-146991_960_720.png
SAIBA MAIS
Saiba mais sobre o culto heroico, consultan-
do, Culto heroico, cerimonias fúnebres e a ori-
gem dos Jogos Olímpicos, de Haiganuch Sarian 
(1996/1997), que será importante para seus es-
tudos, pois trará novos conhecimentos sobre as 
teorias que envolvem a origem dessa grande e 
importante competição atlética.
As competições esportivas aconteciam em santuá-
rios próximos aos templos e, em geral, realizavam-se 
por ocasião de festas religiosas, conforme ocorreram 
nas cidades gregas de Olímpia, Delfos, Nemeia e 
Istmo de Corinto.
Nessa época, a Grécia não existia enquanto um país, 
e sim como uma região com cidades independentes 
entre si, mas que mantinham uma cultura comum. 
Essas cidades viviam em guerra; porém, no período 
dos Jogos, estabelecia-se uma trégua que era co-
mumente respeitada por todos.
Sobre a origem das modalidades de jogos, acredi-
ta-se que muitas delas passavam por instituições 
divinas e heroicas. Apolo teria sido o inventor do 
pugilato; Zeus teria instituído a luta a partir de uma 
disputa com seu pai, Cronos; Jasão teria inventado 
o pentathlon, que envolve os cinco jogos mais fa-
mosos da Antiguidade: corrida, arremesso de disco, 
lançamento de dardo, salto e luta. Quanto à corrida, 
existem duas versões: uma considera que teria sido 
6
uma instituição de Apolo; outra que acredita que foi 
uma invenção de Héracles.
Célebres festivais atléticos Pan-Helênicos eram rea-
lizados na Antiga Grécia. A seguir, vamos conhecer 
alguns:
 ● Jogos píticos: considerados o segundo evento 
atlético mais importante, aconteciam a cada quatro 
anos em Delfos, onde havia um santuário com locais 
para a prática de atividade física. Esses jogos tive-
ram uma grande importância não somente pelo seu 
caráter atlético, mas também pelo seu valor artístico.
 ● Jogos ístmicos: aconteciam no Istmo do Corinto, 
um dos principais centros comerciais do mundo 
antigo. A origem desses jogos é também cercada de 
diversas versões que se confundem, porém, sabe-se 
que além das disputas atléticas e artísticas os jogos 
tiveram uma famosa competição de pintura, devido 
ao relevante papel que o Corinto exercia sob a arte.
 ● Jogos nemeus: aconteciam em Nemeia, uma pe-
quena vila localizada no Nordeste da Península do 
Peloponeso. A origem dos Jogos nemeus envolve 
duas versões muito diferentes, porém, com base 
nelas, fica claro que tinham um forte caráter fúne-
bre. A programação do evento envolvia somente 
jogos atléticos, e sua primeira edição, após ter sido 
instituída a regularidade, foi registrada em 573 a. C, 
apesar de existirem algumas evidências que apontam 
a existência dos jogos desde 1251 a.C.
7
Todas essas competições tinham sua importância, 
porém, nenhuma se igualou aos Jogos Olímpicos, 
de Olímpia.
Os Jogos Olímpicos eram a grande festa do mundo 
grego, e até unia cidades rivais. Sua popularidade foi 
de suma importância para fazer brotar nos gregos uma 
consciência de pertencer a uma só raça, falar uma 
mesma língua e de crer nos mesmos deuses, ocasio-
nando a unificação e divulgação da cultura helênica.
Os jogos aconteciam em Olímpia (Grécia Antiga), 
uma cidade banhada pelo rio Alfeu, que sediou por 
mais de um milênio os Jogos Olímpicos, o mais im-
portante evento esportivo da Antiguidade.
O Vale de Olímpia era considerado um lugar sagrado, 
neutro e inviolável, ou seja, não podia estar expos-
to ao risco de guerras, pois muito mais do que um 
estádio, Olímpia era um lugar de culto, uma vez que 
a grande missão do santuário de Olímpia era a de 
representar, sacralizar, manter e honrar o espírito de 
competição.
Os Jogos Olímpicos começaram a partir de 776 a.C., 
e essa data importante tornou-se uma referência para 
os gregos medirem o tempo.
FIQUE ATENTO
Há divergências sobre quando, de fato, os Jogos 
Olímpicos começaram. Por isso, Lima, Martins e 
Capraro (2009, p. 2-3) fazem um apanhado dos 
pontos divergentes:
8
Lee (1988) nos diz que, de acordo com as evidên-
cias arqueológicas, é possível que tenham existi-
do 27 jogos antes de 776 a.C., os quais não tinham 
grande significado. Já Mallwitz (1988), diretor ale-
mão das escavações em Olímpia, acredita que os 
Jogos tiveram início no ano de 704 a.C. e eram re-
alizados anualmente, sendo que somente em 680 
a.C., passaram a ser quadrienais. Para Wacker 
(1996) a data de 776 a.C. pode ser um falso fato 
histórico criado na cidade de Elis, por uma série de 
razões. Ele argumenta que as descobertas realiza-
das pelos arqueólogos demonstraram que o san-
tuário de Olímpia foi aumentado por volta de 700 
a.C. e que não existiam evidências da existência 
deatividades competitivas antes desse período.
A cada quatro anos, era realizada uma Olimpíada que, 
inicialmente, durava um dia. Com o tempo, passou 
a durar uma semana. Acontecia no final do mês de 
julho, em agosto ou no início de setembro, sempre 
após o solstício de Verão, na segunda ou na terceira 
lua cheia, e assim que a data fosse definida, um co-
municado era enviado para que as cidades gregas 
fossem avisadas.
Os preparativos começavam um ano antes do evento, 
pois os templos e estádios eram preparados, as pis-
tas precisavam ser niveladas, dentre outros reparos. 
O santuário de Zeus, onde aconteciam os Jogos, 
possuía templos, altares, complexos desportivos, 
ginásio, piscinas, estádio, hipódromo e um grande 
teatro.
9
O núcleo de Olímpia era um bosque sagrado cha-
mado Áltis, de onde eram retirados os ramos de 
oliveira para a premiação dos atletas vencedores. 
Posteriormente, os atletas, ao se profissionalizarem, 
passaram a receber prêmios em dinheiro.
O ginásio tinha locais específicos para a realização 
das provas de saltos e arremessos, pista de corrida, 
local para massagens, banhos e local para os espec-
tadores. Com o tempo, o lugar foi incrementado com 
melhorias, por exemplo, a construção de um palácio, 
termas e uma grande fonte, além de todo local ser 
adornado com cerâmica e esculturas de deuses, atle-
tas vencedores e de outras pessoas consideradas 
importantes nas várias épocas.
As competições dos Jogos Olímpicos eram dividi-
das em:
 ● gimnicas: provas realizadas no estádio, de acordo 
com a idade dos atletas (adultos ou adolescentes);
 ● hípicas: provas realizadas no hipódromo.
Somente homens podiam participar das competi-
ções, além disso, os atletas deveriam seguir regras 
rígidas, sob o risco de severas punições quando não 
respeitadas. Os atletas começavam a treinar por vol-
ta de dez meses antes dos jogos, e com a mesma 
antecedência eram definidos os juízes.
Um mês antes do início do evento, os atletas e ju-
ízes tinham de ir a Olímpia para que lá os atletas 
pudessem treinar sob a orientação dos juízes. Os 
que não estivessem em condições, ou seja, não 
10
apresentassem boa forma física, acabavam sendo 
desclassificados.
SAIBA MAIS
Algumas curiosidades sobre os atletas:
Os atletas se exercitavam nus, por acreditar que 
a nudez facilitava os movimentos, bem como em 
virtude ao culto ao corpo, que era muito valoriza-
do pelos gregos. Os competidores passavam, no 
corpo, óleo e areia no intuito de regular a tempe-
ratura do corpo, proteger-se do Sol e proteger-se 
das punições do treinador, ocasionadas quando 
eles não realizavam corretamente os exercícios.
Ao término das provas, os atletas usavam um 
instrumento curvo chamado de strigilis, para re-
mover o azeite e a areia da pele, além de esponja 
e água. Após os treinos, os atletas podiam des-
cansar, tomar banho e fazer massagem. Por mui-
to tempo, a alimentação dos atletas durante os 
ciclos de treinos era somente vegetariana.
Tanto o culto ao corpo quanto o culto à mente eram 
valorizados, pois um atleta completo era aquele que 
dominava diversas áreas do conhecimento. Além da 
hereditariedade, a educação da mente era conside-
rada muito importante. Na época, já existiam muitos 
conceitos relacionados a conhecimentos sobre o 
treino de atletas, repouso e alimentação adequada.
11
Ao se aproximar o início dos jogos, começavam a 
chegar os que iriam assistir ao evento e as famílias 
dos atletas, príncipes, viajantes, peregrinos, comer-
ciantes, pessoas ilustres, pessoas humildes etc. 
Todos ficavam instalados em tendas localizadas 
nas proximidades da área esportiva.
Ir aos jogos significava tanto um divertimento quanto 
uma peregrinação, visto que naquela época não era 
nada fácil viajar por terra ou mar, porém, milhares de 
pessoas faziam esse grande esforço para assistir 
aos jogos.
Os Jogos Olímpicos seguiam um ritual: no primeiro 
dia, era oferecido um sacrifício ao deus, e os atletas 
e juízes participavam de uma cerimônia na qual fa-
ziam um juramento de lealdade perante a estátua de 
Zeus. Em seguida, começavam as provas e sempre 
os jogos iniciavam e findavam com festas homena-
geando os deuses.
Podemos notar que algumas características e tradi-
ções dos jogos da Antiguidade são mantidas até os 
dias de hoje, pois nos Jogos Olímpicos realizados 
na atualidade são igualmente realizadas as cerimô-
nias de abertura, o juramento olímpico, a entrada dos 
atletas no estádio, algumas provas como as corridas, 
lutas, dentre outras e também as cerimônias de con-
sagração dos vitoriosos.
Entre as provas que eram disputadas nos Jogos 
Olímpicos da Antiguidade, algumas são as corridas, 
corrida com armas (escudo), pugilato, pancrácio e 
pentatlo (salto, lançamento de disco, lançamento de 
12
dardo, corrida e luta), que eram realizadas no está-
dio, e as corridas de cavalos e corridas de carros de 
cavalos, que eram realizadas no hipódromo.
SAIBA MAIS
Fique por dentro de algumas regras e curiosida-
des sobre as provas disputadas nos Jogos Olím-
picos na Grécia Antiga.
Luta: para ser vencedor, era preciso provocar a 
queda do adversário por três vezes, sendo carac-
terizada a queda quando costas, ombros ou peito 
do adversário tocasse o chão. A luta não tinha 
um tempo limite, não era permitido atacar com 
mordidas nem a zona genital.
Pugilato: só era permitido usar os punhos, visto 
que os dedos ficavam envolvidos em tiras de cou-
ro. O jogo só acabava quando um dos atletas fi-
cava em estado inconsciente ou quando alguém 
sinalizava desistência.
Pancrácio: era um misto de luta e pugilato em 
que tudo era permitido, só não enfiar o dedo nos 
olhos do adversário, arranhar, morder ou atacar a 
região genital.
Pentatlo: envolvia cinco provas, como lança-
mento do disco, do dardo, salto em distância, 
corrida de 200 metros e luta. O disco podia ser 
de pedra, ferro ou bronze e pesava 9,5 kg. O dar-
do era feito de madeira. O atleta que vencesse 
13
as três primeiras provas não precisava realizar 
as duas últimas.
O ponto alto desse grande evento esportivo era a 
distribuição dos prêmios, não pelo seu valor intrínse-
co, mas por toda honraria, pois os vencedores eram 
reconhecidos por toda a Grécia como grandes heróis.
Nas competições desportivas, nunca houve entre os 
atletas outras ambições que não fosse as do triunfo, 
uma vez que a performance característica do des-
porto moderno ainda não existia naqueles tempos, 
além de não haver o conceito de recorde. Com isso, 
o que realmente importava era ser o melhor.
Era pelos Jogos Olímpicos que se conheciam os no-
vos heróis, sendo o momento em que o homem se 
aproximava dos deuses buscando a transcendência. 
A vitória alcançada durante os Jogos conferia aos 
atletas o status da imortalidade perante o povo grego, 
já que era digna de honras, uma prova de méritos (LO 
BIANCO, 2011).
REFLITA
Nos Jogos Olímpicos da Era Clássica, as mulhe-
res sofriam preconceito, pois não podiam nem 
participar das competições. Além do mais, aque-
las que fossem casadas corriam o risco inclusive 
de serem mortas se estivessem nos locais onde 
aconteciam as competições. No que diz respei-
to às desigualdades e aos preconceitos relacio-
nados ao gênero, que foram construídos social-
14
mente e transferidos para o mundo do esporte, a 
reflexão que proponho é a seguinte: nos esportes, 
as mulheres atletas conquistaram seu reconheci-
mento, de fato. Mas elas conquistaram os mes-
mos direitos e poderes que os homens atletas?
Os Jogos Olímpicos eram o principal acontecimento 
de toda cultura grega, porém, apesar dessa grande 
popularidade, o imperador romano Teodósio I emi-
tiu, em 394 d.C., um decreto proibindo a realização 
de celebrações pagãs. Com essa medida, os Jogos 
Olímpicos gregos foram aos poucos deixando de 
existir, e o templo de Olímpia transformou-se em ru-
ínas, as quais ficaram soterradas durante séculos.
Segundo Lo Bianco (2011), desconsiderando os 
ideais de promoção da paz e de união das cidades 
gregas, o imperador romano TeodósioI baniu a reali-
zação do evento em 394 d.C., alegando divergências 
religiosas, pois o culto aos deuses praticado pela 
sociedade grega divergia das crenças romanas e 
toda forma de apologia ao politeísmo helênico de-
veria ser evitada.
Há divergências quanto à verdadeira razão pela qual 
os Jogos Olímpicos acabaram, e alguns estudos 
apontam que fatores como a dominação romana, 
o profissionalismo e a corrupção durante os Jogos 
contribuíram com a decadência dos grandes festivais 
esportivos.
15
REFLITA
Você acredita que os Jogos Olímpicos envolvem 
implicações sociais e políticas ou são apenas 
uma manifestação prioritariamente desportivo-
-cultural sem impacto em outras áreas?
O fato é que a dominação romana determinou ou ace-
lerou a decadência dos Jogos Olímpicos no período 
antigo. Após a extinção dos Jogos Olímpicos gregos, 
o movimento olímpico ressurgiu pela iniciativa do 
educador Charles Freddye Pierre, que posteriormente 
se tornaria o Barão de Coubertin. Assim, aconteceu 
uma reinvenção dos Jogos Olímpicos, iniciando a 
era dos jogos modernos.
16
JOGOS OLÍMPICOS 
DA ERA MODERNA: 
EVOLUÇÃO E PRINCIPAIS 
ACONTECIMENTOS
Neste tópico, vamos estudar de que maneira os 
Jogos Olímpicos ressurgiram depois de aproxima-
damente 1500 anos e de que maneira aconteceu a 
evolução histórica dos jogos no período moderno. 
Com isso, vamos conhecer um pouco sobre o gran-
de idealizador desses Jogos, o Barão de Coubertin, 
quais eram seus valores e pretensões no que diz 
respeito à reinvenção dos Jogos Modernos. Para 
isso, é preciso abordar primeiramente um pouco da 
história de Pierre de Coubertin, o grande responsá-
vel pelos Jogos Olímpicos modernos, cujo logotipo 
podemos observar na Figura 3:
Figura 3: Anéis olímpicos. Fonte: Pixabay.
17
https://cdn.pixabay.com/photo/2018/02/21/08/47/the-olympic-rings-3169743_960_720.jpg
Por volta de 1500 anos após o desaparecimento dos 
Jogos Olímpicos antigos, um francês conhecido como 
Barão de Coubertin idealizou e apresentou uma pro-
posta em prol de resgatar os Jogos Olímpicos, tendo 
por base os antigos jogos realizados na Grécia Antiga.
No tocante às tentativas de reinventar os Jogos, é 
importante lembrar que Coubertin não foi o pioneiro, 
pois outras pessoas já haviam tentado recriar os ri-
tuais olímpicos existentes na Grécia Antiga. Porém, 
nem todas as tentativas podem ser consideradas 
antecessoras dos Jogos Olímpicos da era moderna, 
considerando que a originalidade de Coubertin não 
se apoiou na reinvenção dos Jogos, mas no resgate 
de ideia e ideais olímpicos para estabelecer um mo-
vimento internacional com pretensões globais. Nisso 
ele obteve sucesso com a posterior fundação do 
Comitê Olímpico Internacional (COI) (LOLAND, 1995).
Sobre a idealização dos Jogos Olímpicos da era mo-
derna, alguns estudiosos apontam que o educador 
Pierre de Coubertin recebeu educação católica e clás-
sica, e que na sua juventude teve a oportunidade de 
praticar diferentes esportes, como o boxe, esgrima e 
equitação. Devido a educação e valores que recebeu, 
Coubertin valorizava o sistema educacional inglês, 
pois considerava-o capaz de aliar a educação do 
corpo com a da mente de maneira eficiente. E as-
sim, como defensor desse ideal, Coubertin realizou 
algumas tentativas de implantar sem sucesso as 
características do sistema educacional inglês na 
educação francesa.
18
O ideal olímpico de Coubertin baseava-se em diver-
sos pilares, e sua idealização com relação ao forma-
to do evento tinha influência das feiras/exposições 
mundiais que aconteciam desde 1851 e que contri-
buíram significativamente com o desenvolvimento 
dos esportes internacionais.
Coubertin tinha a intenção de universalizar os espor-
tes ao organizar os Jogos Olímpicos da modernidade, 
bem como, ao criar o termo olimpismo, fez com que 
os esportes passassem a conter uma moral idealiza-
da. O olimpismo proposto por Coubertin tinha forte 
ligação com valores relacionados ao autocontrole e 
desenvolvimento moral de seus praticantes (SILVA, 
2002).
FIQUE ATENTO
Olimpismo nos remete a imagens dos Jogos 
Olímpicos, pois é comum associarmos essa pa-
lavra ao famoso festival esportivo. Entretanto, 
olimpismo é uma filosofia desenvolvida pelo ba-
rão Pierre de Coubertin, fundador do Movimento 
Olímpico Moderno. Coubertin era um aristocra-
ta francês muito influenciado pela tradição das 
escolas públicas britânicas de usar o esporte na 
educação, assim, a filosofia do olimpismo signifi-
cava o envolvimento com o esporte não somente 
pelos atletas de elite, mas por todo mundo, não 
apenas por um período curto, mas pela vida toda, 
não apenas a preocupação com a vitória nas 
competições, mas também com os valores de 
19
participação e cooperação, não apenas o esporte 
enquanto atividade física, mas também enquan-
to influência na formação do homem.
Com o propósito de envolver os jovens nas práticas 
esportivas, promover e universalizar os esportes em 
todo o mundo, Coubertin reinaugurou em 1896 os 
Jogos Olímpicos modernos, baseando sua propos-
ta nos valores do amadorismo e do fair play (jogo 
limpo). Além do jogo limpo, valores como empenho, 
determinação, superação, sacrifício e autocontrole 
estavam constantemente ligados aos esportes.
Com base nesses valores, considera-se que a criação 
das regras para os esportes foi pensada levando em 
conta as orientações da igreja e da fé católica, pois 
o comportamento do cristão virtuoso, que busca o 
reino dos céus, é muito semelhante às virtudes do 
esportista. Os conceitos de lealdade, obediência às 
regras, espírito de renúncia (castidade, por exemplo) 
são virtudes do esporte muito valorizadas na Igreja.
Podemos recordar que os Jogos Olímpicos na Grécia 
Antiga também eram realizados com aspirações reli-
giosas, o que nos faz pensar nesse fato comum entre 
os eventos realizados na antiguidade e os idealizados 
pelo Barão de Coubertin, a partir de 1896.
Com o resgate dos Jogos Olímpicos, Coubertin al-
mejou utilizar o esporte como um instrumento de 
desenvolvimento moral considerando a prática es-
portiva essencial não apenas no desenvolvimento 
do corpo, mas também no aprimoramento moral.
20
Entre as motivações que levaram ao desenvolvimento 
do esporte moderno, consta o renascimento pelo 
interesse dos estudos clássicos que fez renascer o 
encantamento que a cultura helênica exercia sobre 
a cultura europeia, tal qual as descobertas de sítios 
arqueológicos que desvendaram os acontecimentos 
relacionados aos Jogos Olímpicos da Antiguidade.
Tudo isso motivou Pierre de Coubertin a ir em busca 
de organizar uma instituição de caráter internacional 
com o intuito de cuidar e organizar os Jogos apos-
tando que o esporte é uma atividade com poder de 
transformar a sociedade.
A proposta de resgatar os Jogos Olímpicos seguin-
do o mesmo padrão grego foi apresentado em 25 
de novembro de 1892, mesma data do quinto ani-
versário da União das Sociedades Francesas de 
Esportes Atléticos (USFSA), que contou com o Barão 
de Coubertin como paraninfo. Nessa ocasião, ele 
relatou suas intenções referentes à necessidade de 
internacionalizar o esporte através da organização 
dos novos Jogos Olímpicos. Dois anos depois, nas-
ceu então o COI, com a explícita finalidade de realizar 
e organizar os Jogos Olímpicos da Era Moderna.
O COI contava com o grego Dimítrios Vikélas como 
seu primeiro presidente e, como secretário-geral, 
Pierre de Coubertin. Embora fossem estudiosos da 
área da educação e parte das universidades mais 
respeitadas do mundo, Coubertin contava com a 
falta de compreensão com relação à importância 
do evento que desejava recriar.
21
A realização de uma competição esportiva de abran-
gência internacional, baseada nos Jogos Olímpicos 
gregos, com caráter educativo e permanente, era 
considerada uma tarefa audaciosa e exigia dentre 
outras coisas a criação de uma instituição que desse 
o devido suporte para sua execução.
Coubertin apresentou a proposta de recriação dos 
Jogos Olímpicos, em junho de 1894, na Sorbonne,em Paris, em um congresso esportivo-cultural que 
contou com uma plateia de aproximadamente 2 mil 
pessoas, sendo que 79 representavam as sociedades 
esportivas e universidades de 13 nações.
A proposta inicial comtemplava um evento esportivo 
competitivo de caráter internacional, que aconteceria 
a cada quatro anos, onde os participantes estariam 
vinculados a representações nacionais. Com isso, 
as olimpíadas modernas dividem-se em Jogos de 
Inverno e de Verão; tal qual na Antiguidade, aconte-
cem de quatro em quatro anos, alternando-se a cada 
dois anos entre os Jogos de Verão e os de Inverno.
Se, para os gregos, os Jogos significavam um mo-
mento de trégua nas guerras, em contrapartida, no 
decorrer dos 110 anos de competições, os Jogos 
Olímpicos da Era Moderna sofreram algumas inter-
rupções, devido às duas grandes guerras e também 
aos boicotes por parte de alguns países que alega-
ram que o movimento olímpico não estava alheio às 
questões sociais e políticas do mundo contemporâ-
neo, conforme Pierre de Coubertin almejou.
22
REFLITA
Segundo consta, Pierre de Coubertin recebeu 
uma educação católica e clássica, assim ele de-
fendia a prática esportiva, ou seja, não somente 
como instrumento no desenvolvimento do cor-
po, mas também no aprimoramento moral. Com 
base nessa proposição, reflita:
Você acredita que a atitude de Pierre de Couber-
tin, ao desejar resgatar os Jogos Olímpicos espe-
lhados no modelo da Antiga Grécia, demonstra 
um conservadorismo ou seu ideal estava muito 
à frente do seu tempo, uma vez que ele enxergou 
no esporte uma ferramenta capaz de modificar a 
sociedade?
Em 1896 foi aceita a proposta olímpica, que inicial-
mente foi encarada como um devaneio dos nobres 
excêntricos e aristocratas que despendiam uma 
grande quantia em dinheiro e também energia para 
convencer governo e atletas a percorrerem o mundo 
em busca de difundirem o ideal dos jogos que algu-
mas vezes foram confundidos com ideais alheios 
aos olímpicos.
A princípio, a primeira edição dos Jogos Olímpicos 
era para ter acontecido em 1900 na cidade de Paris 
(França), integrando as comemorações da virada do 
século. Contudo, diante da ansiedade que tomou os 
gregos, perante o grande acontecimento, os Jogos 
da Primeira Olimpíada aconteceram no berço dos 
23
Jogos Olímpicos da Antiguidade, ou seja, em Atenas 
(Grécia).
FIQUE ATENTO
Entre as modalidades presentes nos Jogos Olím-
picos Modernos, estão o atletismo, ciclismo, es-
grima, ginástica, luta, natação, tênis e tiro.
Os Jogos que aconteceram em 1896, 1900 e 1904 fo-
ram marcados por desprezo e insignificância, devido 
a uma compreensão equivocada do verdadeiro sig-
nificado do evento. Os Jogos de 1904 tiveram pouco 
público e muitos atletas que não absorveram a ideia 
de que estavam disputando os Jogos Olímpicos. 
Porém, essa condição começou a se transformar 
nos Jogos de Londres (1908) e Estocolmo (1912), 
edições que contaram com uma organização mais 
racional, acontecendo então uma grande participação 
do público e um planejamento muito mais elaborado 
do evento.
Na edição de 1896, o evento ainda não contava com 
investimentos públicos para a construção dos equi-
pamentos necessários para a realização. No entanto, 
pôde contar com a ajuda de personalidades gregas 
importantes, como Georgios Averoff, quem financiou 
a restauração do estádio grego de Atenas.
No que diz respeito às proibições da participação 
feminina nas competições dos Jogos, a regra man-
teve-se somente durante a sua primeira edição. Essa 
imposição foi banida, visto que, diante dos movimen-
24
tos de inclusão feminina nas várias esferas da vida 
social, inclusive no esporte, não havia mais argumen-
tos para tal restrição.
Nas edições de Paris (1900), França, e Saint Louis 
(1904), Estados Unidos da América, os Jogos pas-
saram pelas piores fases da sua história. Nessas 
ocasiões, as competições se perderam dentro de 
outras atividades das exposições mundiais, além 
disso, em Saint Louis, houve casos de racismo diante 
da discriminação a atletas negros, desconsiderando 
a igualdade entre os participantes dos Jogos.
Já em Londres (1908), o principal desafio de 
Coubertin foi cumprir com as exigências impostas 
pelos organizadores ingleses, devido ao seu sistema 
métrico e à obrigatoriedade da convocação somente 
de árbitros ingleses.
FIQUE ATENTO
Logo no início da reinvenção dos Jogos Olímpi-
cos, uma questão difícil de enfrentar foi a falta 
de universalização de regras e pontuações. Isso 
fez com que os competidores e as delegações re-
corressem a inúmeros recursos e apelos contra 
os resultados divulgados. É importante entender-
mos que tal situação revelou a fragilidade logo 
no início da volta dos Jogos Olímpicos, e que os 
responsáveis pela mobilização desse movimen-
to olímpico precisariam ainda de muito empenho 
para que os Jogos não se perdessem diante da 
25
rivalidade política-ideológica que já se estabele-
cia pela Europa.
Nos Jogos de Estocolmo (1912), houve um preparo 
maior por parte dos organizadores, que iniciaram os 
preparativos antecipadamente e arrecadaram fundos 
para a construção de instalações adequadas às com-
petições. Esse novo formato de conduta com relação 
ao trabalho no período de organização do evento 
foi providencial, já que se tratava de um evento que 
crescia a cada edição.
Os Jogos de 1916 não aconteceram devido à eclosão 
da Primeira Grande Guerra (1914-1918), que provocou 
a interrupção em um calendário que era seguido de 
maneira exemplar. Assim, houve um intervalo de oito 
anos entre uma competição e outra.
A escolha das quatro primeiras cidades-sede aconte-
ceu por uma votação realizada pelo Comitê Olímpico 
Internacional, porém, acredita-se que as nomeações 
aconteceram basicamente pelo valor simbólico das 
cidades. Atenas (1896) foi escolhida aparentemente 
pela consideração à sua contribuição histórica; Paris 
(1900) foi um tributo ao esforço de Coubertin; Saint 
Louis (1904) foi uma homenagem ao Novo Mundo; 
Londres (1908) foi em consideração à tradição do 
esporte que legou ao mundo.
Após o fim da guerra, em 1920, os Jogos acontece-
ram na cidade belga de Antuérpia. Nessa ocasião, 
não houve concorrência entre cidades para sediar 
os jogos, e a escolha pela Bélgica possivelmente 
26
foi uma forma de homenagear o país que havia sido 
castigado pelos anos de guerra. E assim a periodici-
dade e alguns outros valores que haviam se perdido 
nos anos de conflito foram resgatados.
SAIBA MAIS
Coubertin criou a bandeira olímpica, com seus 
famosos cinco anéis, que foi hasteada pela pri-
meira vez em cerimônias de abertura dos Jogos 
Olímpicos. Consta que os anéis nas cores azul, 
verde, amarela, preta e vermelha representam 
todos os continentes, uma vez que pelo menos 
uma dessas cores faz parte de todas as bandei-
ras nacionais.
Os Jogos Olímpicos, com o passar do tempo, forta-
leceram-se e sobreviveram ao período entre guerras. 
Após 24 anos do seu reinício, a imagem de uma aven-
tura de nobres e aristocratas excêntricos já havia sido 
superada, com isso, o evento passou a ser respeitado 
e ganhou grande importância internacional. O reco-
nhecimento e, consequentemente, o fortalecimento 
dos Jogos Olímpicos trouxeram muita satisfação ao 
seu idealizador, Pierre de Coubertin.
Em 1925, Coubertin encerrou seu mandato frente 
ao COI; Baillet-Latour foi eleito o novo presidente. 
Por sugestão de Coubertin, Baillet-Latour deu apoio 
especial aos países da América do Sul, ajudando na 
organização dos Comitês Olímpicos Nacionais, que 
27
ganharam o direito formal de indicar um membro 
para participar das instâncias de poder do COI.
O COI, no decorrer do mandato do novo presidente, 
passou por grandes transformações, dentre elas a 
introdução do Comitê Executivo que representaria 
uma instância máxima de decisões da entidade, 
abandonando a estratégia autocrática de comando 
de Pierre de Coubertin, além de se aproximar das 
Confederações Internacionais das modalidades es-
portivas como uma maneira de universalizaro espor-
te. Com base nesse novo formato, organizaram-se 
os Jogos de Amsterdã (1928).
Os jogos Olímpicos tornaram-se um grande fenôme-
no, um evento que exigia dos seus organizadores 
muita dedicação e esforço, uma boa infraestrutura 
e empenho dos governantes para sua realização. 
Tornou-se um grande espetáculo que reunia muitos 
expectadores, atraindo não somente o público em 
geral, mas também os praticantes do esporte.
Apesar do crescimento e da consolidação dos Jogos 
Olímpicos no decorrer de nove edições, lamentavel-
mente os Jogos da Nona Olimpíada se depararam 
com os mesmos argumentos utilizados por Teodósio 
I em 394 d.C., para sua extinção.
Dessa vez, a rainha Guilhermina da Holanda, uma 
puritana conservadora, não dispôs de nenhum apoio 
financeiro aos Jogos e ainda tentou aguçar o sen-
timento antiolímpico entre seus súditos. Em sua 
crença, o olimpismo era um movimento pagão, que 
precisava ser freado, antes que tomasse proporções 
28
incontroláveis. Porém, os esforços da rainha foram 
em vão, já que a população local se empolgou diante 
da possibilidade de sediar uma olimpíada, com isso, 
a monarca se rendeu e optou por apoiar a realização 
dos Jogos.
Os Jogos Olímpicos também sofreram um impacto 
em razão do colapso da bolsa de valores de Nova 
Iorque (1929), que ocasionou a grande crise eco-
nômica não somente nos EUA, mas também em 
grande parte do mundo, fato que provocou, entre 
outros contratempos, a ausência de atletas por falta 
de condições econômicas.
Apesar das dificuldades, mais uma edição dos Jogos 
Olímpicos aconteceu. Dessa feita, em Los Angeles, 
Califórnia (EUA), estado que, nessa ocasião, se des-
tacava como um grande centro de produção de es-
petáculos e abrigava o principal polo da indústria 
cinematográfica do mundo.
Assim, os Jogos Olímpicos de 1932 contaram com 
o Memorial Coliseum, estádio com capacidade para 
120 mil espectadores; foi construída também uma 
Vila Olímpica com a concepção de casas, não mais 
de dormitórios, e assim o padrão “hollywoodiano” de 
produzir espetáculos chegou aos Jogos Olímpicos, 
sendo a cerimônia de abertura produzida pelo diretor 
de cinema Cecil B. DeMille (LUNZENFICHTER, 2002).
A edição dos Jogos de Los Angeles aconteceu em 
meio a uma crise, porém, renderam ótimos lucros 
devido ao bom planejamento e às boas estratégias 
comerciais desenvolvidas pelo então presidente do 
29
Comitê Olímpico Americano, Avery Brundage, que 
futuramente se tornou presidente do COI.
Os Jogos da 11 Olimpíadas foram os mais polêmicos 
de toda a história do Movimento Olímpico contempo-
râneo, e isso se deu pela presença de Adolf Hitler e a 
sua determinação de mostrar ao mundo a perfeição 
do nazismo.
A edição dos Jogos sediada pela cidade de Berlim 
(Alemanha) rendeu inúmeras teorias e análises sobre 
os aspectos relacionados à influência da política 
e da ideologia no olimpismo. Ao considerarmos a 
flexibilidade com que o Movimento Olímpico lidava 
com as questões políticas e nacionais, muito se dis-
cutiu sobre a verdadeira possibilidade de separar o 
olimpismo das questões políticas.
Não se sabe se os vencedores dos Jogos de 1936 
receberam alguma vantagem política por conta dos 
seus êxitos esportivos, mas o fato é que depois de 
Berlim, o mundo descobriu uma nova maneira de 
produzir heróis, e o Movimento Olímpico já não sus-
tentava mais sua conduta apolítica e apartidária.
Diante do sucesso de Jogos de Berlim com relação a 
organização, número de expectadores e rendimentos, 
ou seja, foram altamente rentáveis, a imagem políti-
ca de Adolf Hitler ganhou força não só na Alemanha, 
como também no exterior (BEAMISH & RITCHIE, 2006).
Durante a Guerra Fria, os Jogos Olímpicos foram 
utilizados como forma de demonstração de poder 
político e força social. Em 1948, a política passou a 
30
ser protagonista no olimpismo, uma vez que as ques-
tões do mundo político manchavam sua essência. 
Assim, nos Jogos de Melbourne (1956), aconteceram 
diversos conflitos relacionados à invasão soviética 
da Hungria, o que fez com que diversos países não 
participassem dos Jogos.
Os governantes da China impediram a presença de 
seus atletas às vésperas dos Jogos, por saberem que 
Taiwan participaria na condição de Estado Nacional, 
causando assim uma enorme frustração naqueles 
atletas que haviam se preparado para a competição. 
Lamentavelmente, os conflitos políticos impactaram 
na carreira de muitos atletas que se frustraram por 
serem impedidos de competir.
Na década de 1960, os Jogos Olímpicos acontece-
ram em Roma (1960), Tóquio (1964) e Cidade do 
México (1968). Em Tóquio, o Japão mostrou ao 
mundo que havia superado as sequelas da Segunda 
Guerra Mundial, exibindo inovações tecnológicas 
nos Jogos. O México foi a primeira nação latino-
-americana a sediar os Jogos Olímpicos, fato que 
provocou a indignação por parte de alguns países de 
língua inglesa diante da possibilidade da celebração 
olímpica acontecer em um país de terceiro mundo, 
porém, os países fora do circuito do desenvolvimento 
apoiaram a possibilidade, considerando, entre outras 
vantagens, a expansão do Movimento Olímpico.
Com os Jogos Olímpicos de Munique, a Alemanha 
buscou apagar as marcas do nazismo que os Jogos 
de Berlim haviam deixado na memória do Ocidente. 
31
Todavia, esses Jogos foram marcados pela invasão 
à Vila Olímpica, por membros do grupo palestino 
Setembro Negro, o qual exigia a libertação de 250 
presos palestinos. Durante o sequestro, foram mor-
tos membros da delegação israelense e, durante a 
invasão do aeroporto da cidade, uma ação policial 
causou a morte dos nove atletas, cinco terroristas, 
um piloto e um policial alemão.
Por conta desses acontecimentos, os dirigentes 
do COI foram questionados sob a possibilidade de 
cancelar os Jogos, porém, eles optaram por man-
ter as competições após guardar um dia de luto em 
homenagem aos falecidos no atentado. Assim, foi 
confirmada então a força que os Jogos Olímpicos 
haviam alcançado, ficando claro que nada impediria 
o grandioso espetáculo, uma vez que havia muitos 
interesses diante do aumento das concessões e dos 
investimentos do governo e da iniciativa privada.
Nos Jogos Olímpicos de Montreal (1976), houve um 
boicote motivado por razões relacionadas ao precon-
ceito racial, e assim 23 nações africanas deixaram 
de participar dos Jogos como forma de protesto. 
Também nos Jogos de Moscou (1980), somente 81 
países foram aos Jogos, sendo que inicialmente 142 
foram inscritos. Em 1984, 16 países não foram a Los 
Angeles (EUA), alegando questões relacionadas à 
falta de segurança para seus atletas.
Os Jogos Olímpicos da Era Moderna atravessaram 
o século 20 sendo impactados por diversos fatores, 
como interesses políticos e econômicos, guerras, 
32
boicotes e a transmissão televisiva que aconteceu 
a partir dos Jogos de Roma (1960). A grande visibili-
dade provocada pela televisão proporcionou grande 
visibilidade aos atletas, estimulando então as empre-
sas comerciais a terem suas marcas associadas aos 
grandes ídolos do esporte.
O crescente gigantismo dos Jogos Olímpicos re-
sultou na necessidade de uma ampla infraestrutura 
para a realização das competições, como uma aco-
modação que comportasse os milhares de atletas, 
turistas e técnicos de apoio, o que levou à profissio-
nalização de atletas e toda a estrutura do Comitê 
Olímpico Internacional.
Na lógica interna do esporte contemporâneo, são 
inevitáveis a especialização e a profissionalização. 
Desde que a capacidade atlética em uma variedade 
esportista se tornou incompatível com a alta perfor-
mance, a especialização tornou-se inevitável.
Dentre os aspectos mais perversos que a busca de 
resultados tem proporcionado ao movimento olímpi-
co, o doping tem despontado como a questão prin-
cipal a ser superada no momento contemporâneo 
(RUBIO, 2010).
Atualmente, a utilização de substâncias dopantes e o 
seu mascaramento podem provocar dificuldade em 
sua detecção, desmoralizando o sentido de igualdade 
que deve prevalecer nacompetição.
O esporte transformou-se em uma atividade profis-
sional extremamente lucrativa e, nos últimos tempos, 
33
os campeões do esporte se tornaram em valiosas 
mercadorias que são compradas e vendidas.
Ao conhecermos com mais detalhes a história dos 
Jogos Olímpicos Modernos, é possível questionar-
mos se, de fato, o espirito olímpico proposto pelo 
Barão de Coubertin esteve presente nessa fase, e 
quais foram as transformações sociais que realmen-
te ocorreram em consequência de todo movimento 
que envolve tal manifestação esportiva.
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste e-book, compreendemos a forma com que sur-
giram os Jogos Olímpicos Modernos, com base nos 
fatos históricos. Assim, pudemos conhecer um pouco 
da cultura grega, entendendo quais eram os valores 
relacionados à prática esportiva e, com isso, analisar 
a importância dessa manifestação esportiva, que teve 
origem na Grécia Antiga. Além disso, identificamos 
também como o período dos Jogos Olímpicos tinha 
o poder de estabelecer a paz entre as cidades gregas.
Diante da história dos jogos Olímpicos da 
Antiguidade, considerando seu caráter religioso, as 
modalidades esportivas que os atletas competiam na 
ocasião, como acontecia a preparação desses atle-
tas e quais eram os locais em que se realizavam os 
eventos, refletimos sobre quais foram seus sentidos 
e significados para a sociedade naqueles tempos.
Na sequência, tivemos acesso ao processo de rein-
venção dos Jogos Olímpicos Modernos, conhecendo 
o seu idealizador, Pierre de Coubertin, entendendo 
quais eram suas pretensões ao trazer de volta esse 
grande espetáculo esportivo.
Por fim, acompanhamos o processo de retorno dos 
Jogos Olímpicos, evento que se espalhou pelo mun-
do, sendo sediado por diversos países, compreen-
dendo os impactos sociais políticos e econômicos 
causados por ele.
35
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