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Reforma Psiquiátrica e Saúde Mental

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Nome: Emilly Rodrigues Conceição
Mat: 201703326512
	Preenchido pelo Professor
	Disciplina: Ensino Clínico em Saúde Mental Teoria
	Código da Disciplina: SDE 3632
Turma: 1007
	Professor (a): Alice Medeiros Lima
	Nota
	Nota por extenso
	Visto Professor (a)
	Nota revista
	AV1 (X) AV2 ( ) AV3 ( ) 
Questão 1) “Basaglia mostra que não é o manicômio que deforma a psiquiatria, mas a psiquiatria que produz o manicômio. A partir do hospital psiquiátrico especializado de “boas intenções”. Ele cataloga, segrega, separa da comunidade e da família, aplica o saber sobre a doença sem considerar o sujeito que adoeceu. E o hospital psiquiátrico subordina qualquer outro saber sobre a loucura ao saber médico hegemônico.
O fenômeno da loucura é por demais complexo para que seja explicado apenas pela medicina. Não pode ser reduzido a uma doença catalogada nos manuais diagnósticos em que sintomas são agrupados pela subjetividade do examinador. Há algo muito além disso. Outros saberes são chamados ao campo da loucura para, minimamente, chegar perto da compreensão possível. A transdisciplinaridade é uma abordagem científica que visa a unidade do conhecimento. Ela procura estimular uma nova compreensão da realidade articulando elementos que passam entre, além e através das disciplinas, numa busca de compreensão da complexidade. A Reforma se faz assim. É pré-requisito.
Mas voltando ao nosso calcanhar de Aquiles, a medicina nunca foi totalmente convencida disso, apesar de ter acolhido a reforma e dela ter se apropriado, sempre tentando a hegemonia do seu saber e mantendo o hospital psiquiátrico ao qual alternava os dispositivos da reforma. Nunca aceitou o fim do hospital psiquiátrico. Poucos centros de formação médica escapam a essa crítica, apesar da existência de muitos médicos reformistas radicais, dentre os quais me incluo, sem que nada dessa visão transdisciplinar diminua nossa atuação. Pelo contrário. Sentimo-nos mais seguros de usar nossos conhecimentos e aprendemos muito mais sobre o sujeito, antes apenas um doente portador de uma enfermidade.” Trecho do texto de Edmar Oliveira, médico e militante da Reforma Psiquiátrica. Disponível em: https://cee.fiocruz.br/?q=O-Cemiterio-dos-Vivos
a) Sabemos que com a Reforma Psiquiátrica, outros profissionais entram como protagonistas no cuidado ao usuário de saúde mental. Um importante instrumento é o Projeto Terapêutico Singular. Pensando nas discussões em aula, escreva como é feito esse projeto.
Equipe multidisciplinar de atendimento, onde buscam traçar um cuidar para cada paciente a partir da avaliação, pós cada paciente tem sua similaridade. onde são feitos trabalhos,oficinas, dança,músicas, entre outros métodos. A família também é tratada com extrema importância para o tratamento. Os profissionais acompanham esse paciente e sua evolução.
b) Lendo o texto acima, escreva sobre o que você pôde localizar como fator dificultador para rompimento com a lógica hospitalar excludente na saúde mental.
A medicina nunca foi totalmente convencida disso, apesar de ter acolhido a reforma e dela ter se apropriado, sempre tentando a hegemonia do seu saber e mantendo o hospital psiquiátrico ao qual alternava os dispositivos da reforma, nunca aceitou o fim do hospital psiquiátrico.
Questão 2) A Lei 10.216 de 6 de abril de 2011, dispõe sobre a proteção e direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais. Essa lei representa um importante marco na história da saúde mental brasileira, porém ainda aponta a internação como possibilidade. Descreva os tipos de internação que essa lei traz.
|- internação da: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
||- internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiros; (a intenção psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas , ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido,devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando a da respectiva alta.)
|||- internação compulsória: aquela determinada pela justiça.
Questão 3) O matriciamento em saúde mental na atenção básica é uma estratégia muito importante para a Reforma Psiquiátrica acontecer. Escreva o que você pôde entender sobre matriciamento em saúde mental e explique quando é necessária a indicação do mesmo.
O matriciamento é um atendimento compartilhado, coaborativo, com pedagógico e terapêutico que visa a desburocratização do processo de construção de rede de saúde além de propor a redução dos encaminhamentos e regulação dos usuários dos serviços de Atenção Primária à Saúde. 
Quando identificado algum caso onde há a necessidade de apoio em saúde mental,como em determinações de diagnóstico específicos, suporte a família ou indivíduos portadores de transtornos mentais. Também é recomendado para apoiar a vinculação de um usuário da ESF ao CAPS.
Questão 4) O CAPS e os Serviços Residenciais Terapêuticos são essenciais na atenção psicossocial. Explique as funções desses dispositivos.
Serviço de atenção psicossocial para atendimento de pacientes com transtornos mentais severos, em regime de tratamento intensivo, semi-intensivo e não-intensivo, vinculados aos cuidados clínicos e projetos terapêuticos dos pacientes, onde inexistem leitos e não funcionam 24 horas.
O cuidado, em saúde mental deve ser também uma sustentação cotidiana da lida diária do paciente, inclusive nas relações sociais. Os CAPS consistem em uma ampliação tanto na intensidade dos cuidados (todos os dias, o dia inteiro), quanto de sua diversidade (atividades e pessoas diversas).
CAPS I:
Serviço de atenção psicossocial com capacidade
operacional para atendimento em municípios com
população entre 20.000 e 70.000 habitantes.
CAPS II: 
Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para atendimento em municípios com população entre 70.000 e 200.000 habilidades.
CAPS III: acolhimento noturno – 24h. 
Serviço de atenção psicossocial, com as 
seguintes características: constituir-se em serviço ambulatorial de atenção contínua, durante 24 horas diariamente, incluindo feriados e finais de semana
CAPSi II (infantil) - Serviço de atenção psicossocial para atendimentos a crianças e adolescentes.
CAPSad II (álcool e drogas) – Serviço de atenção
psicossocial para atendimento de pacientes com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas.
Serviço residências terapêuticos: Moradias ou casas inseridas,preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos portadores de transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência, que não possuam suporte social e laços familiares e, que viabilizem sua inserção social. São modalidades assistenciais substitutivas da internação psiquiátrica prolongada.
Oficinas terapêuticas: Buscam unir saúde,convívio social e cultura, transformando o conceito desaúde, qualidade de vida e inclusão, dando condições de uma possível transformação desse sujeito.
Consultório na rua: As eCR são multiprofissionais e lidam com os diferentes problemas e necessidades de saúde da população em situação de rua. As atividades das eCR incluirão a busca ativa e o cuidado aos usuários de álcool, crack e outras drogas. 
As eCR desempenharão suas atividades in loco, de
forma itinerante, desenvolvendo ações compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e,quando necessário, também com as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dos serviços de Urgência e Emergência e de outros pontos de atenção, de acordo com a necessidade do usuário.
Internação Psiquiátrica em hospital geral: Recomenda-se, a internação em enfermaria especializada no hospital geral, pois facilita o tratamento de questões físicas que possam coexistir e, acima de tudo, evita-se que o paciente seja discriminado pela sociedade.
INTERNAÇÃO EM HOSPITAL ESPECIALIZADO - É uma internação com longo prazo para tratamento específico até que se determine a aptidão para a alta. Emalgumas situações agudas,especialmente aquelas que apresentam risco para o paciente ou para terceiros, diante de uma fragilidade da rede extra hospitalar, a internação é solicitada.
Questão 5) Leia o exame psíquico abaixo e produza a súmula psicopatológica:
L.V.R, 18 anos, sexo feminino, solteira, ensino médio completo, branca, católica, moradora do município de São Gonçalo, nascida no estado do Rio de Janeiro.
Queixa principal: “Quero reencontrar meu pai que morreu”
História da Doença Atual: L.V.R conta que não aceita a morte do pai. Diz que se passaram dois anos do acontecimento e que parece ainda “estar presa” no dia da morte dele. Conta que tem feitos inúmeras” tentativas de reencontro” com o pai, através da ingestão de muitos medicamentos ou cortes. Demonstra muita tristeza durante a conversa. Faz uso de Fluoxetina 20 mg.
História Patológica Pregressa: não refere.
História Familiar e Pessoal: L. conta que teve uma boa infância, dizendo que seus pais sempre viveram muito bem e diz que como é filha única, sempre “teve as melhores coisas”. Diz que nunca faltou carinho e cuidado da parte dos pais. Conta que estudou em um bom colégio e que tirava notas muito boas. L. conta que no início da adolescência, a família passou por dificuldades financeiras e ela precisou trabalhar com a mãe vendendo lingerie no centro da cidade. Conta que foi um período muito difícil, pois se sentia assediada pelos homens que passavam na rua. Diz que nunca reagiu ao assédio que percebia e que sentia muito medo. L. conta que seu pai sempre que podia, a defendia nessas situações, então diz que não aprendeu a fazer isso sozinha. Conta que sua vida sexual começou aos 15 anos, quando se sentiu forçada a ter relações sexuais com um namorado da época, que ameaçou agredi-la. Diz que odeia sexo por isso. Demonstra muita tristeza ao falar disso. Conta que já teve muitos amigos, mas que depois que o pai morreu, “perdeu vontade de tudo”.
Exame Psíquico:
L. apresenta boas condições de vestimentas e de higiene. Usa roupa toda preta e diz: “essa cor combina com meu humor”. Durante a entrevista, demonstra muita tristeza e um pouco de distração em alguns momentos quando faço perguntas. Permanece sentada durante toda a entrevista. Algumas vezes sinto dificuldade que ela mantenha atenção na conversa e também percebo que não tem atenção ao ambiente. Encontra-se orientada quanto ao tempo e espaço e quanto a si mesma. Consegue recordar de fatos antigos e recentes. Quando pergunto, diz não ouvir vozes, nem demonstra nenhuma possibilidade de alucinação. Diz que seu pensamento constante é de morte, que quer ver seu pai, apresentando assim, alterações no conteúdo do pensamento, porém articula bem as palavras e tem discurso coerente. Reconhece que precisa de tratamento, diz que “seu corpo e sua alma estão doentes”. Conta toda sua história demonstrando tristeza. Diz que não sente vontade de nada, que se pudesse ficaria deitada na cama o dia todo. Fala com muito carinho sobre seus pais e até sobre os amigos que não vê mais, porém demonstra raiva quando fala sobre os homens que a assediavam e sobre o ex-namorado, dizendo que mereciam morrer e não o pai dela. Diz que odeia sexo e que por ela, os homens deixariam de existir. Conta que perdeu o sono, que não sente vontade de tomar banho e nem de comer. Diz que não tem planos de estudar e nem de trabalhar e que se o tratamento não ajudar, ela vai continuar pensando em morrer. Pede que tirem remédios de perto dela.
Súmula Psicopatológica:
Apresentação:. Apresenta boas condições de vestimenta e de higiene.
Consciência: Preservada 
Orientação: Preservada
Atenção:Hipovigilante 
Memória:Mantida 
Inteligência:Preservada
Sensorpercepção:Mantida 
Pensamento:Mantido,com alteração do conteúdo
Linguagem: Preservada
Consciência do eu:Mantido
Afetividade: Preservada
Humor:Hipotímico
Psicomotricidade:Normal
Vontade:hipobúlico
Pragmatismo: Prejudicado
Consciência da doença atual: Preservada

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