Buscar

Autismo e Adequação Curricular Transcrição adequação curricular M4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Curso 
Autismo e 
Adequação curricular 
com Mara Rúbia Rodrigues Martins 
2 
 
Sumário 
 
Módulo 1 – Introdução .................................................................................................... 3 
Módulo 2 – Currículo e adequação curricular I ............................................................... 3 
Módulo 3 – Currículo e adequação curricular II.............................................................. 3 
Módulo 4 – Adequações de pequeno e grande porte .................................................... 4 
Aula 1. Adequações curriculares I ................................................................................... 4 
Aula 2. Adequações curriculares de pequeno porte I .................................................. 11 
Aula 3. Adequações curriculares de pequeno porte II ................................................. 18 
Aula 4. Adequações curriculares de pequeno porte III ................................................ 23 
Aula 5. Adequações curriculares de pequeno porte IV ................................................ 30 
Aula 6. Adequações curriculares de grande porte I...................................................... 33 
Aula 7. Adequações curriculares de grande porte II .................................................... 39 
Aula 8. Adequações curriculares de grande porte III ................................................... 45 
 
 
 
3 
 
Módulo 1 – Introdução 
 
Vídeo chamada 
 
Ementa: O curso trata da importância da adequação curricular como instrumento pedagógico 
para oferecer condições necessárias à aprendizagem do estudante com autismo, partindo de 
uma avaliação inicial, a fim de orientar a elaboração de adequações necessárias a este fim e 
ainda, contribuir com o professor e a equipe pedagógica para o planejamento de um projeto 
individual de adequação curricular de acordo com as necessidades e potencialidades do 
estudante com autismo, observando a legislação vigente e os projetos políticos-pedagógicos das 
instituições escolares. O participante aprenderá a elaborar adequações curriculares para 
estudantes com autismo. 
 
Módulo 2 – Currículo e adequação curricular I 
Módulo 3 – Currículo e adequação curricular II 
 
 
 
4 
 
Módulo 4 – Adequações de pequeno e grande porte 
 
 
 
Aula 1. Adequações curriculares I 
 
Chegamos à metade do nosso curso. No módulo anterior, vimos a adequação dos 
conteúdos curriculares no processo avaliativo, os cinco fatores que embasam a adequação 
curricular e as principais barreiras que dificultam a inclusão escolar no Plano Nacional de 
Educação e nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Vimos também a resolução nº 2 do Conselho 
Nacional de Educação, que institui as diretrizes nacionais para a educação especial na educação 
básica, as propostas educacionais para o trabalho dos estudantes com autismo e a análise de 
tarefas. 
 
Neste módulo nós vamos compreender as adequações curriculares de pequeno e de 
grande porte, bem como apresentar o estatuto da pessoa com deficiência. 
 
Nós veremos a Lei 13.146/2015, que carinhosamente é chamada de Estatuto da Pessoa 
com Deficiência. Nós também vamos ver recortes dessa lei. Vamos tratar especificamente do 
capítulo IV, que trata do direito à educação. 
5 
 
 
A Lei Brasileira de Inclusão, no seu art. 28, diz que incumbe ao poder público assegurar, 
criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar o sistema educacional em 
todos os seus níveis e modalidades. 
 
O sistema educacional abrange todos os seus níveis e modalidades, desde a educação 
precoce, passando pela educação infantil, pelo ensino fundamental, pelo ensino médio até o 
ensino superior e ao longo de toda a vida, na busca do aprimoramento dos sistemas 
educacionais, visando a garantir a todos as condições de acesso, permanência e participação na 
aprendizagem. Prevê-se não só garantir o acesso a esse ensino, mas que o estudante nele 
permaneça e seja sujeito ativo de sua aprendizagem por meio de ofertas e recursos de 
acessibilidade, a fim de eliminar as barreiras e promover a verdadeira inclusão. 
 
O projeto pedagógico precisa institucionalizar o atendimento educacional especializado, 
assim como os demais serviços necessários e adaptações razoáveis para atender às 
6 
 
características, à diversidade dos nossos estudantes com deficiência e para garantir seu pleno 
acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua 
autonomia. Ou seja, o atendimento educacional especializado mais uma vez é ressaltado nessa 
lei de 2015. Se houver necessidade, o estudante com deficiência tem o direito de ter o 
atendimento educacional especializado e todo o apoio necessário a fim de que a aprendizagem 
realmente se efetive. 
Além disso, nós temos a adoção de medidas individualizadas e de adequações 
curriculares coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos 
estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência e a participação desse 
estudante para a efetiva aprendizagem. É necessário que se pesquisem novas técnicas e novas 
metodologias, a fim de se facilitar essa inclusão, o desenvolvimento e as aprendizagens dos 
estudantes com deficiência. 
 
No inciso VII, temos o planejamento de estudo de caso, que é um instrumento que 
usamos na escola para efetivamente estudar os casos particulares dos nossos estudantes, de 
forma que o AEE (atendimento educacional especializado) e a organização de recursos e serviços 
de acessibilidade estejam disponíveis para que o professor possa utilizá-los pedagogicamente a 
fim de que os alunos aprendam, assim como recursos de tecnologia assistiva. 
7 
 
 
 No artigo 28, inciso IX, indica-se a adoção de medidas de apoio que favoreçam o 
desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais, levando-se em 
conta o talento, a criatividade, as habilidades e os interesses dos estudantes. Ou seja, aqueles 
interesses e habilidades em que o estudante tem mais facilidade devem ser aproveitados em 
todo o processo educacional. 
 
No inciso X trata-se da produção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de 
formação inicial e continuada dos professores. É necessária uma formação contínua: eu faço 
meu curso na graduação, tenho minha formação inicial, mas preciso ter a formação contínua 
durante todo o meu fazer pedagógico, durante todo o meu andar por esses trilhos da educação. 
Eu preciso estar em constante estudo, constante aperfeiçoamento. Muitas vezes fica-se focado 
nas crianças, naquele processo inicial da educação infantil e das séries iniciais, mas nós 
precisamos perceber e ter um olhar para essas crianças que vão crescer, que vão se tornar 
adolescentes, adultos e até idosos com deficiência. O sistema educacional precisa se preparar 
para acolher e para atender adequadamente todas as pessoas, independentemente do nível. A 
inclusão em conteúdos curriculares, em cursos do nível superior e de educação profissional 
técnica precisa preparar os nossos estudantes em todos os níveis. Se ele quiser fazer um ensino 
técnico, ele tem esse direito; e também tem o direito às adequações curriculares no ensino 
8 
 
superior. Não é porque ele chegou ao ensino superior que deixa de ter direito às adequações 
curriculares necessárias. 
 
Prevê-se o acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos, 
atividades recreativas, esportivas e de lazer. Não é porque a pessoa tem um tipo de deficiência 
que vamos tirar a oportunidade de ela participar dessas atividades tão legais, que inclusive 
contribuem para o seu desenvolvimento. Então os estudantes têm o direito de serem incluídos 
em todas essas atividades. 
O inciso XVI garante a acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da 
educação e demais integrantes da comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às 
atividadesconcernentes a todas as modalidades, etapas e níveis de ensino, ou seja, o acesso 
ilimitado às dependências, às atividades, como qualquer outra pessoa. Nós não devemos fazer 
discriminação só por conta da deficiência. 
 
A legislação ampara a oferta de apoio de profissionais especializados, profissionais 
capazes de fazer essa intermediação entre o professor regente, o estudante e o conhecimento. 
Esses profissionais são necessários e, à medida que sentirmos necessidade, fazemos a 
9 
 
solicitação, e eles participam como parceiros no nosso processo educacional. A articulação 
intersetorial é importante na implementação de políticas públicas. O poder público também 
precisa ser imbuído para poder efetivar a inclusão escolar. Não cabe apenas à escola, à equipe 
pedagógica, ao professor fazer a inclusão escolar. O poder público também precisa se engajar. 
 
A LBI, também no seu artigo 28, parágrafo primeiro, diz o seguinte: as instituições 
privadas também precisam oferecer essas adequações, conforme os incisos listados, dos quais 
já tratamos aqui. Então, os incisos que eu citei e que estão elencados aqui devem ser observados 
por vocês, tanto no vídeo como no material auxiliar, como necessários à preparação também 
das instituições particulares. E agora bem mais efetivamente, porque até recentemente as 
escolas privadas de alguma forma, às vezes até mesmo sutil, negavam o acesso desse estudante, 
argumentando não estarem preparadas, não terem ainda profissionais no seu ambiente. Então, 
sempre havia uma desculpa para não acolher, para não receber os estudantes com deficiência. 
E agora, por força de lei, isso não é mais possível. Todas as escolas são inclusivas. Todas as 
escolas devem receber e acolher os estudantes e atendê-los dignamente. Todas as instituições, 
por força de lei, estão inclusive sujeitas a sanções se não o fizerem. 
 
A imagem abaixo retrata muito bem isso. Todo mundo comemorando. Por quê? Porque 
está todo mundo incluído nessa escola que hoje recebe todos os alunos, que proporciona a 
aprendizagem a todos os alunos. E se eles necessitarem de adequação curricular, de 
10 
 
profissionais de apoio, de recursos diversificados, eles terão essa oportunidade também. Isso é 
uma escola inclusiva. 
 
 
11 
 
Aula 2. Adequações curriculares de pequeno porte I 
 
Nós vimos a lei 13.146/2015, a Lei Brasileira de Inclusão, o Estatuto da Pessoa com 
Deficiência. Relativamente ao capítulo IV, que trata da educação, faço pequenos recortes que 
nos interessam. Se vocês quiserem conhecer mais detalhadamente essa lei, ela está nos nossos 
materiais didáticos. Você pode pesquisar também na internet, onde já encontram essa lei 
comentada. 
 
Nós veremos nesse vídeo o que são as adaptações curriculares de pequeno porte, ou 
adaptações não significativas. 
 
As adaptações curriculares de pequeno porte são modificações promovidas no currículo, 
pelo professor, de forma a permitir e a promover a participação produtiva do aluno. É isso que 
vimos até aqui; são as modificações que o próprio professor pode fazer no ambiente da sala de 
aula. Não precisa de grandes recursos, não precisa de grandes intervenções. São adequações 
necessárias à aprendizagem desse estudante, esperando que ele participe de forma integrada 
com seus colegas. 
 
12 
 
A implementação das adequações de pequeno porte encontram-se no âmbito da 
responsabilidade e da ação exclusiva do professor, não exigindo autorização nem dependendo 
de ações de qualquer instância superior nas áreas pública, administrativa ou técnica, porque 
cabe ao professor realizá-las. Mas isso não significa que o professor deva fazê-las sozinho. 
 
Ele pode pedir auxílio do coordenador, do supervisor, do professor do AEE (atendimento 
educacional especializado) que atende esse estudante, ou de outro profissional do qual ele 
sentir necessidade de apoio e de auxílio. Outras pessoas com outros olhares podem contribuir 
para uma adequação profícua. As adequações podem ser implementadas em várias áreas e 
momentos da atuação do professor, principalmente no acesso ao currículo, nos objetivos e 
métodos de ensino, no conteúdo que ele vai ensinar e no processo de avaliação e de 
temporalidade. Todas essas questões são contempladas na adequação curricular que o 
professor deve fazer para o seu estudante. As adaptações de pequeno porte em primeira 
instância são aquelas que o professor deve promover, são adequações que favorecerão a 
experiência produtiva da escolaridade dos seus alunos. Para proporcionar uma melhor 
aprendizagem desses alunos, isso deve constar no plano de ensino, ou seja, naquele plano que 
o professor prepara para toda a turma durante o ano. 
 
Dentro desse plano de ensino ele deve considerar as adequações curriculares individuais 
dos seus estudantes também. Ao fazer isso o professor deve estar aberto à constatação da 
diversidade dos seus estudantes. Então não é possível ter duas adequações curriculares iguais, 
do tipo “copia e cola”. Para cada estudante com deficiência precisa-se ter uma adequação 
13 
 
diferente. Porém, em determinados momentos pode-se ter alguns objetivos e conteúdos 
similares, então não teremos duas adequações totalmente diferentes. Em alguns momentos 
aqueles alunos podem precisar dos mesmos objetivos, das mesmas atividades, dos mesmos 
conteúdos. Eu posso colocar, sim, esses mesmos conteúdos para os dois estudantes. Mas o que 
não é possível é termos duas adequações curriculares exatamente iguais, porque não há pessoas 
exatamente iguais. 
 
As adequações de pequeno porte também podem passar pela organização do espaço e 
dos aspectos físicos da sala de aula. A organização física da sala de aula é muito importante, 
dependendo dos seus objetivos. Para alguns objetivos eu preciso da sala organizada de 
determinada maneira. Para outros objetivos, para outras atividades, de outra maneira. Muitas 
vezes eu não preciso realizar as atividades apenas na sala de aula. As adequações curriculares 
devem fornecer também indicações de outros espaços, extraclasse, em que eu posso realizar as 
atividades com meus estudantes. Trata-se da seleção, da adaptação e da utilização de 
equipamentos e mobiliários necessários para o meu estudante, aquilo de que o meu estudante 
vai precisar, como instrumentos de aprendizagem, materiais didáticos, utensílios e mobiliário. 
O professor deve ficar atento a isso. 
 
Muitas vezes o professor vai perceber, por exemplo, que é necessário um mobiliário 
diferente, sem que ele seja capaz de produzi-lo, ou ao qual não tem acesso. Então ele vai precisar 
14 
 
solicitar esse mobiliário, esse material, e para isso cada escola funciona de uma maneira 
diferente. Em muitas escolas é pedida uma solicitação por escrito. Há escolas que têm 
formulários específicos para isso. Mas se o professor faz a adequação curricular no formulário 
específico, que nós veremos no próximo módulo, só esse preenchimento da adequação 
curricular, muitas vezes, já é suficiente para que a instituição promova a aquisição desses 
recursos. 
Nas adaptações curriculares de pequeno porte, também, o planejamento das 
estratégias pretende tratar da função dos objetivos pedagógicos e dos conteúdos a serem 
abordados. Então, na adequação devem estar explicitamente definidos quais os objetivos 
pedagógicos e quais os conteúdos que o professor pretende trabalhar com esse estudante. O 
que ele vai fazer? Ele vai pegar o currículo estabelecido pela instituição ou para aquela rede de 
ensino naquele determinado ano, naquela determinada matéria, disciplina, e vai tirar dali o que 
ele vai trabalhar com aquele estudante, definindo se ele precisa suprimir ou se ele precisa 
acrescentar outros objetivos e conteúdos. Vai depender de cada caso. A pluralidade 
metodológica também é muito importante. O professor precisa conhecer as metodologias 
adequadas para transmitir aquele conteúdo, para trabalhar aquele conteúdo. E adiversificação 
vai favorecer as aprendizagens. Às vezes o estudante não aprende de determinado modo; vai 
aprender de outro. E então essa diversidade favorece. E às vezes não favorece só aquele aluno 
com deficiência ou com TGD para o qual foi feita determinada adequação curricular. 
 
Quando eu tenho essa variação metodológica, eu oportunizo que outros estudantes 
também se beneficiem, ou seja, outros estudantes também aprendem por conta dessa 
diversidade metodológica que eu utilizo. Outra coisa muito importante é a questão da avaliação, 
que precisa estar em consonância com todas essas estratégias que eu trabalho com meu 
estudante. Não é possível eu usar uma avaliação muito diferenciada ou uma avaliação bem igual 
para os outros alunos, se não foi aquilo que eu trabalhei durante todo o processo. 
15 
 
O último item é a temporalidade, o tempo de que o meu estudante precisa para realizar 
determinada atividade. A turma, por exemplo, vai realizá-la em dez minutos, mas este estudante 
precisa de vinte minutos. Ele precisa fazer a avaliação em outro espaço, ele não pode fazer essa 
atividade neste espaço, porque está muito barulhento, está muito conturbado. Ele precisa focar 
a atenção. E aí ele vai precisar de um apoio, ele vai precisar às vezes de uma ampliação na 
temporalidade até do ano e da série que ele está cursando. Mas isso eu preciso detectar no 
início do curso, no início do ano letivo. Não se pode esperar até o final do ano para constatar 
que ele deveria ter mais um ano para concluir aquela série. Eu tenho que fazer essa previsão já 
no início do ano letivo, quando eu começar a fazer a adequação curricular. 
Ajustes que cabem ao professor realizar: 
 Favorecer a participação do aluno nas atividades escolares. 
O estudante precisa participar de todas as atividades. Não posso dizer que ele não vai 
participar porque ele é TGD, porque é autista. Não, ele vai participar de tudo. O que 
você precisa oferecer para ele? Condições para que ele participe. E para que ele 
realmente consiga participar, ele precisa de um profissional de apoio? Ele precisa de 
algum material especial? De um recurso especial? Então vamos fornecer, mas ele 
precisa participar. Se vamos passear, fazer uma excursão, ele precisa participar. Nós 
temos que oferecer tudo que ele precisa para poder participar dessas atividades. 
 
 Atuar para a aquisição de equipamentos e recursos. 
Às vezes o professor não tem condições de conseguir os recursos de que necessita. 
Então ele precisa saber quais são os caminhos que deve percorrer, se precisa pedir uma 
autorização, ou preencher um formulário, a quem ele deve se dirigir para conseguir 
esses recursos, até porque eles têm custo. 
 
16 
 
 Adaptar os materiais de uso comum. 
Não precisam ser materiais de outro planeta, podem ser materiais deste planeta 
mesmo. O professor é um ser muito criativo. Às vezes a gente vê uma coisa e a gente já 
pensa que aquilo seria muito útil para fazer certa atividade. Para o professor não existe 
lixo, tudo é reciclável. Então a gente está sempre vendo uma utilidade nas coisas que a 
gente utiliza no dia a dia e, com pequenas adaptações, pequenas construções, a gente 
consegue adaptar o material. Inclusive na internet a gente tem muitos tutoriais 
ensinando a fazer materiais. O único alerta é o seguinte: não adianta apenas ter o 
material. O material por si só não faz a diferença; o que a gente precisa é atentar para 
ver se esse material será útil, se ele é adaptado às características e ao nível de 
aprendizagem do estudante, se ele vai proporcionar efetivamente a aprendizagem 
desse estudante. É isso que é realmente importante na escolha do material. O material 
por si só não faz a diferença. 
 
 Ajustar a organização do espaço. 
É importante mudar a disposição física. Às vezes eu preciso tirar de um lugar e colocar 
no outro. Então, dependendo do meu objetivo e das atividades que eu vou trabalhar, 
eu vou organizar o meu espaço físico, vou organizar os agrupamentos. Então há 
momentos em que o meu estudante vai precisar trabalhar em grupos, há momentos em 
que ele vai precisar trabalhar com coleguinhas de outra turma, há momentos em que 
ele vai precisar trabalhar sozinho, há momentos em que ele vai precisar trabalhar em 
dupla. Então o professor vai perceber qual é essa necessidade para formar os 
agrupamentos necessários para o seu estudante. 
 
17 
 
 Identificar os recursos didáticos especiais para cada aluno de acordo com a sua 
necessidade. 
Se eu não consigo fazer os procedimentos com os recursos que tenho, devo solicitá-los. 
Se eu preciso de outros recursos, eu posso solicitar à direção da escola, à coordenação. 
O que eu preciso de material, de mobiliário, de recursos, eu posso solicitar. 
 
 
 
18 
 
Aula 3. Adequações curriculares de pequeno porte II 
 
No vídeo 2, nós vimos o que são as adaptações de pequeno porte ou não significativas e 
quais os ajustes que cabem ao professor realizar. 
 
Neste nós veremos as categorias das adaptações curriculares de pequeno porte. 
 
 
 Adaptação de objetivos 
Primeiro nós vamos adaptar os objetivos; pegamos os objetivos gerais daquele ano, daquela 
série, daquela disciplina que vamos dar. Então pegamos os objetivos da instituição, se a 
instituição os tiver, e fazemos uma seleção dos objetivos prioritários, aqueles objetivos que a 
gente acredita que serão fundamentais para o estudante aprender e ampliar os seus 
conhecimentos; aqueles objetivos que a gente acredita que o estudante vai ser capaz de vencer; 
aqueles conteúdos, aqueles objetivos que a gente acredita que o estudante vai ser capaz de 
desenvolver durante o período que a gente estabelecer. 
 
E o professor precisa priorizar determinados objetivos. Por quê? Porque às vezes o 
currículo tem vários objetivos, e a gente sabe que, além de serem extensos, eles são muito 
19 
 
difíceis de serem atingidos por aquele estudante. Então o que vamos fazer? Vamos selecionar 
aqueles considerados muito importantes. Porém, uma dica: não faça isso sozinho, porque às 
vezes o nosso olhar menospreza as habilidades, as competências, a capacidade do nosso 
estudante. É muito importante termos, também, outros olhares sobre o estudante para 
definirmos os objetivos. Um profissional que pode ajudar bastante é o profissional de apoio. Se 
o meu estudante tem um profissional de apoio especializado acompanhando, é importante você 
ouvir esse profissional. É importante você ouvir o professor da sala de recursos, do AEE. Porque 
esses profissionais estão diretamente ligados ao estudante, e eles são profissionais capazes de 
ajudar a definir esses objetivos. Então não se furte de pedir o apoio desses profissionais. 
O professor deve investir mais tempo ou utilizar uma variedade de estratégias 
pedagógicas para alcançar determinados objetivos em detrimento de outros. À medida que você 
seleciona alguns objetivos, você deixa outros de fora. Você tem que ter a certeza de que os 
objetivos que você priorizou são aqueles fundamentais e necessários para o seu estudante. Você 
precisa realizar uma escala de prioridades: quais são os objetivos que são prioritários para o seu 
estudante? Qual é o grau de importância desse objetivo para o seu estudante? Ele realmente é 
relevante? Ele realmente é importante? Ele é básico para outros objetivos? Ele é um pré-
requisito para os outros objetivos? O professor precisa ter isso em mente. Ele precisa conhecer 
os conteúdos que trabalha para saber quais são fundamentais, quais são pré-requisitos, quais 
são os precursores para novos conhecimentos. 
 
O professor também poderá acrescentar objetivos complementares. Então, ele vê os 
objetivos previstos, faz a seleção dos objetivos para aquela série, para aquele ano, para aquela 
disciplina; mas, além dos objetivos estabelecidos, elencados, ele pode acrescentar outros 
objetivos que não estejam ali, porque isso depende da necessidadedo seu estudante. Então, se 
o estudante precisa de objetivos complementares, o professor tem que dar esse direito a ele. 
Eu tenho que trazer objetivos às vezes até de outro ano, de outra série, de outro curso, para 
complementar os objetivos daquilo que eu estou trabalhando. Isso é comum no ensino de 
20 
 
alunos com deficiência mental, dos programas de enriquecimento curricular. Então às vezes 
precisamos de objetivos que complementem ou que suplementem aquilo que já tinha sido 
previsto para ensinar a esses estudantes. 
 
 
 Adaptação de conteúdo 
Essa adaptação de conteúdo segue a mesma linha da adaptação de objetivos. Eu vou 
priorizar alguns objetivos de acordo com as necessidades do meu estudante. Eu vou priorizar 
áreas ou unidades de conteúdo, vou fazer a reformulação da sequência de conteúdo, porque às 
vezes, dependendo da forma como os conteúdos estão dispostos, eles não favorecem a 
aprendizagem do meu estudante. Então eu posso reorganizar essa estruturação dos conteúdos. 
E posso eliminar conteúdos secundários, colocando maior ênfase naqueles conteúdos 
prioritários e eliminando, no momento, os conteúdos secundários. 
 
 
Mas aí vai um alerta: vamos evitar fazer isso. Porque nós precisamos dar essa 
oportunidade para que ele aprenda os conteúdos previstos para aquele ano, para aquela série. 
É muito importante termos isso em mente porque, caso contrário, subestimamos as 
capacidades do nosso estudante. Ao invés de fazermos uma adequação próxima à maioria dos 
21 
 
estudantes, minimizamos, e isso não é interessante. Muito cuidado, vamos promover os nossos 
estudantes. Também na adaptação de conteúdos nós precisamos estar atentos ao delineamento 
dos objetivos postos. Eu já selecionei os objetivos, que foi a primeira coisa, e os conteúdos têm 
que estar casados, têm que estar próximos e integrados com os objetivos; não podem ser coisas 
distantes. Então os conteúdos têm que estar intimamente imbricados com os objetivos. 
 
Entretanto, a ordem dos conteúdos e suas subdivisões, apresentados de acordo com a 
prioridade que o professor lhes dará, será diferente, dependendo das unidades, das áreas, dos 
itens, dos subitens, ou seja, de acordo com a necessidade do estudante. Os conteúdos vão ser 
abordados levando-se em conta as necessidades momentâneas dos estudantes e cabe ao 
professor decidir quais são os conteúdos prioritários, aqueles que ele deve trabalhar naquele 
momento. É muito importante o professor estar atento à diversidade que nós temos, tanto de 
objetivos quanto de conteúdos, para poder selecionar aquilo que é, de fato, importante para os 
estudantes aprenderem. Não vamos ficar eliminando conteúdos, não vamos eliminar objetivos 
por si só; vamos fazer isso com consciência, vamos fazer isso com a ajuda, com o apoio de outros 
profissionais que também atendem esse estudante. Não vamos nivelar por baixo, vamos fazer 
como essa professora da imagem. 
 
22 
 
Vamos integrar os estudantes, todos participando daquela aprendizagem e cada um 
aproveitando de acordo com suas condições. 
 
23 
 
Aula 4. Adequações curriculares de pequeno porte III 
 
No vídeo 3, nós vimos as categorias de adequações curriculares de pequeno porte, 
adaptações de objetivos e adaptações de conteúdo. 
 
Neste vídeo, nós veremos: adaptação de métodos de ensino na organização didática, 
adaptação do processo e na temporalidade do ensino e da aprendizagem. 
 
As adaptações do método de ensino e da organização didática se referem à adaptação 
do método de ensino às necessidades de cada estudante, fazendo com que a metodologia, o 
método de ensino que vou utilizar dependa da diversidade, dependa da capacidade, dependa 
da potencialidade e da necessidade do estudante naquele momento. Na realidade, é um 
procedimento fundamental na atuação profissional de todo educador, já que o ensino não 
ocorre de fato se o professor não compreender qual é o jeito que cada aluno tem de aprender. 
Por isso é tão importante a formação do professor. Por isso é tão importante eu compreender 
a modalidade de aprendizagem do meu estudante, ou seja, como é mais fácil para o meu 
estudante aprender, por onde eu devo começar. Trata-se das habilidades, do foco de interesses, 
de todas essas questões que estão sendo tratadas ao longo deste curso. 
24 
 
 
O professor precisa ter essa noção, porque, caso contrário, ele sai atirando para todos 
os lados. Ele sai ensinando de qualquer jeito e usando qualquer metodologia. Inclusive, há 
professores que são "experts" em determinadas metodologias, na utilização de determinados 
métodos, e não saem daí, não saem do seu quadrado. Nós precisamos diversificar os nossos 
métodos, porque há alunos que aprendem com um determinado método; há alunos que 
aprendem com outros métodos. Eu, por exemplo, sou professora alfabetizadora. A literatura 
nos informa que as pessoas com autismo têm mais facilidade em aprender com métodos 
multissensoriais associados ao método fônico, por exemplo. Isso já é comprovado pelos estudos, 
mas eu não posso dizer que todos os estudantes autistas aprendem, se alfabetizam com o 
método fônico, mas eu já sei que a literatura me informa que essa é uma metodologia que 
favorece mais esses estudantes e outros também, mas, como nosso foco são os autistas, a gente 
pode ver isso. Eu posso tentar começar a alfabetizar com esse método, mas, se não der certo, 
com um estudante determinado, o que eu faço? Vou procurar outro método que facilite esse 
processo de alfabetização. Faz parte, também, da tarefa de ensinar a procura de estratégias que 
melhor respondam às características individuais de cada estudante. 
 
A literatura nos mostra que a maioria desses estudantes precisa de pistas visuais, mas 
não todos. Então, isso não significa que vou pegar pistas visuais e sair por aí distribuindo para 
25 
 
todo mundo, achando que vai dar certo. Para alguns estudantes pode ser que não dê certo e eu 
preciso procurar outros recursos que facilitem a aprendizagem desses estudantes. Adaptações 
do método de ensino e da organização didática também preveem a observação da sinalização 
dos ajustes que vão se mostrando necessários para atender a determinadas características 
específicas dos diferentes alunos, do processo de construção do seu conhecimento, da 
necessidade de modificar os procedimentos de ensino. Eu não posso manter preso em mim um 
determinado procedimento. Eu preciso conhecê-lo e, se não estiver dando resultado, preciso 
buscar outros procedimentos, outras metodologias, outros recursos, introduzindo atividades 
complementares, ou seja, se meu estudante necessitar, eu vou oferecer, eu vou fornecer outras 
atividades, vou acrescentar. 
O meu planejamento não é rígido, a minha adequação curricular não pode ser rígida. Eu 
preciso ter esse planejamento inicial, mas, na medida da necessidade, eu preciso reestruturar 
esse meu planejamento. Eu não posso considerar rigidamente aquele plano inicial. 
Para os alunos que têm grande dificuldade de abstração, a utilização do material 
concreto é o ideal. Daí a importância de o professor prestar atenção. Meu aluno necessita do 
material concreto? Sim. Se a resposta for sim, vamos lá providenciar material concreto. Meu 
aluno tem uma facilidade para seguir pistas visuais? Se a resposta for sim, vamos providenciar 
pistas visuais. As pistas visuais podem ser, por exemplo, fotografias, podem ser imagens, podem 
ser ícones. Meu aluno entende as coisas com ícones? Não. Ele entende se for com fotografia? 
Sim. Então eu vou utilizar fotografias. O professor precisa ter esse conhecimento, precisa 
conhecer o seu estudante para ver que tipo de recurso ele pode usar. Para crianças que têm 
dificuldade de concentração é importante utilizar jogos dos quais elas gostam, pelos quais elas 
têm interesse. Além disso, o professor deve trazer assuntos ou temas de que elas gostam, que 
sejam o foco de interesse delas para, apartir daí, construírem novos conhecimentos. 
 
As adaptações do método de ensino e da organização didática preveem o uso de 
atividades que implicam diferentes graus de dificuldades. Então a gente tem que perceber essa 
26 
 
questão dos graus de dificuldades. Se eu começar com um grau de dificuldade muito elevado, o 
aluno não vai dar conta, ele vai ser desestimulado, ele vai perder o interesse, ele vai ficar nervoso 
e pode até ter problema de comportamento. O que eu preciso fazer? Colocar atividades com 
um nível de dificuldade que permita a esses estudantes realizarem as atividades de forma que 
elas sejam desafiadoras para que eles consigam ir subindo seu nível de dificuldade. Então eu 
preciso começar com atividades no nível em que o aluno consegue aprender. Eu não posso 
começar com atividades muito difíceis. Aliás, eu não trabalho com atividades difíceis, porque 
atividades difíceis desestimulam qualquer ser humano, mesmo sem ter deficiência. 
 
O que eu coloco? Atividades desafiadoras, de acordo com a zona de desenvolvimento 
proximal (ZDP), de Vigotski. É justamente isso, eu vou pegar o que o estudante já consegue fazer 
e vou ampliando aquilo que ele já consegue fazer, por exemplo, com ajuda. Com a ajuda do 
coleguinha, com a ajuda de um profissional de apoio, com a ajuda de um material, de outro 
recurso. Então eu preciso ter em mente que as atividades têm que ser adequadas ao nível de 
desenvolvimento, ao nível das capacidades do meu estudante, daquilo que é possível ele fazer. 
Além disso, outra adaptação no método de ensino é a modificação do nível de complexidade. 
Eu começo com o nível básico, no ponto onde ele está, onde ele se encontra, e vou ampliando 
o nível de dificuldade até chegar a um nível complexo. Eu não posso pular diretamente para lá. 
Então eu tenho que ir passo a passo. 
Nem todos os estudantes conseguem aprender um determinado conteúdo se ele não 
for apresentado passo a passo. Eu não posso querer chegar lá no final da sala com um passo só, 
porque é muito distante, é muito longe. Para chegar ao final da sala, eu preciso andar um passo 
de cada vez. Eu preciso, pelo menos, pular um tanto de cada vez. Não dá para eu chegar de uma 
vez só, e o professor precisa conhecer o seu estudante para ver quantos passos ele precisa dar 
para alcançar o objetivo. Ele precisa conhecer o estudante para organizar e estruturar as 
atividades de um modo que o estudante consiga alcançar o objetivo. E às vezes vai demorar mais 
tempo, às vezes ele vai precisar de mais recursos, às vezes ele vai precisar de atividades 
diferenciadas. Então o professor é que vai conhecer o seu estudante e descobrir de quantos 
passos esse estudante precisa. Ele precisa às vezes eliminar componentes de uma cadeia que 
27 
 
constitui as atividades. As sequências de tarefas precisam ser organizadas de uma forma que 
evoluam do menor desafio para o maior desafio, de dificuldades mínimas para dificuldades 
ampliadas, a fim de que o aluno consiga alcançar os objetivos propostos pelo professor. 
As modificações na seleção dos materiais são coisa muito importante. Às vezes o 
professor compra, produz, confecciona materiais riquíssimos, mas para aquele estudante eles 
não funcionam. Funciona para os outros vinte e nove, mas não para aquele estudante autista. 
O professor também precisa ter esse olhar. 
 
Muitos dos nossos estudantes com transtorno do espectro autista às vezes observam 
detalhes que a maioria das pessoas não observa. Então, por exemplo, você dá um determinado 
material para o estudante, e ele vai ficar ali, só naquela bolinha. Por quê? Porque ele focou ali e 
não consegue sair. Embora esse material tenha tantos recursos que poderiam ser utilizados, ele 
focou a atenção em outro ponto. Então aquele material não está adequado para ele, embora 
seja útil para a maioria dos outros estudantes. Outra coisa: às vezes o material está em um nível 
além da capacidade do estudante, e eu o utilizo porque eu o tenho, porque eu o comprei, porque 
é um material que eu tenho. Nem todo material é eficaz, é eficiente para todos os alunos. 
Depende do nível do estudante, depende do foco do estudante, e, principalmente, depende do 
seu objetivo, daquilo que você pretende alcançar. 
 
28 
 
Os ajustes das ações pedagógicas têm sempre que estar atrelados ao processo de 
aprendizagem. O nosso foco é a aprendizagem do nosso estudante. Não podemos mais nos focar 
na "ensinagem". Temos que focar na aprendizagem, ou seja, o nosso foco é o nosso estudante. 
Nós não podemos mais ficar estáticos naquilo que já conhecemos, nos materiais que já 
utilizamos, naquela coisa que já está cristalizada. Nós temos que ter uma mente aberta para as 
novas tecnologias, para os novos conhecimentos, para o que temos de potencial para poder 
utilizar em favor da aprendizagem dos nossos estudantes. 
A adaptação da avaliação é importantíssima porque eu preciso adequar a avaliação ao 
tipo de procedimento que eu fiz durante todo o ano, todo o curso. Então as avaliações precisam 
ser modificadas, e os instrumentos precisam ser utilizados de acordo com todo o procedimento 
que eu fiz durante o curso, durante a disciplina, durante o ano letivo. 
 
Na adequação da temporalidade está em jogo a adaptação do tempo em que o meu 
estudante vai realizar uma determinada atividade. Eu posso ampliar esse tempo, ou eu posso 
reduzir esse tempo. Isso vai depender do desempenho do meu estudante. Então a 
temporalidade pode ser alargada ou reduzida. Vai depender do meu estudante, e isso está 
previsto na adequação curricular. 
 
29 
 
 
 
 
30 
 
Aula 5. Adequações curriculares de pequeno porte IV 
 
No vídeo 4 nós vimos as adequações curriculares de pequeno porte, as adaptações do 
método de ensino e da organização didática, a adaptação do processo de avaliação e a 
adaptação na temporalidade. 
 
Neste vídeo, nós veremos o que é essencial nas adequações curriculares de pequeno 
porte. Veremos também um vídeo da psicopedagoga Daniela Trigo que vai tratar sobre 
adaptações curriculares. 
 
O que é essencial sabermos acerca das adaptações curriculares de pequeno porte: o 
professor precisa estar constantemente atento em focar no seu aluno para identificar quais os 
conhecimentos de que ele já dispõe, o que ele já sabe, quais os conhecimentos prévios que o 
estudante tem daquilo que será ensinado. O professor deve usar a sua criatividade e formas 
alternativas de ensinar esse estudante. Deve usar, também, constantemente, a avaliação para 
identificar o que precisa ser ajustado; é o que chamamos de avaliação contínua. O professor não 
deve apenas avaliar o seu aluno; deve avaliar também o seu trabalho, o seu fazer pedagógico. 
Às vezes o problema não é de aprendizagem; às vezes o problema é de “ensinagem”. Nesse caso, 
o professor é quem está ensinando de maneira errada, utilizando os métodos errados, 
selecionando os objetivos errados, selecionando os conteúdos errados, usando os materiais 
inadequadamente. Então, o professor também precisa se autoavaliar durante todo o processo 
de ensino. 
31 
 
 
Agora veremos o vídeo da Daniela Trigo, que vai tratar sobre adaptação curricular. Ele 
traz algumas orientações para reflexão. 
 
O primeiro ponto abordado pela Daniela é que precisamos ficar atentos aos 
conhecimentos prévios do nosso estudante, àquilo que ele já conhece, àquilo que ele já sabe, 
para, a partir daí, trazer para a vida esses novos conhecimentos e ampliá-los. As atividades 
precisam ser diferenciadas, mas condizentes com o conteúdo que está sendo ensinado para os 
outros alunos. Assim o estudante vai participar de todas as atividades, de todo o conteúdo. 
 
O que será trabalhado especificamente com ele é o que vai estar descrito na adequação 
curricular. Se ele precisar de auxílio ou apoio, será aplicada uma intervenção direcionada e de 
32 
 
acordo com as necessidades, ou seja, aquilo que de fato o estudante precisa.A elaboração das 
atividades deve levar em consideração muito mais a qualidade do que a quantidade. Não é a 
quantidade de atividades que vai dizer se o ensino está sendo efetivo, ou não, e sim a qualidade. 
Se for utilizado um ensino de quantidade com qualidade que promova as aprendizagens, o aluno 
vai ter condições de acompanhar melhor a sua turma e o conteúdo e o uso de imagens. 
O importante é o uso de imagens na maioria das vezes. A literatura nos informa que as 
imagens são importantes para direcionar o nosso estudante, para orientar o que precisa ser feito 
em cada etapa de novas aprendizagens. A organização do material é muito importante. Se for 
material gráfico ou escrito, por exemplo, a formatação precisa estar de acordo com a maneira 
como o estudante vai visualizar e aprender o conteúdo que está sendo proposto. Precisamos 
utilizar marcadores gráficos nessa estruturação. O professor tem que ter em mente que esses 
são caminhos que favorecem a aprendizagem do estudante. Dessa forma o professor tem a 
possibilidade de contribuir para que as aprendizagens ocorram de fato e sejam ampliadas. Ele 
precisa estar atento àquilo que o aluno consegue fazer, em que momento ele precisa de ajuda 
para fazê-lo e qual o tipo de ajuda que ele precisa. Então as adequações curriculares devem vir 
ao encontro daquilo que o aluno necessita naquele momento. Às vezes ele precisa de 
determinadas adequações, mas que não vão ser eternamente daquela maneira. As adequações 
também vão se ajustando ao desenvolvimento, às novas aprendizagens do estudante. 
 
Então é muito importante que o professor atente para isso, porque, do contrário, ele 
sempre vai fazer do mesmo jeito. O professor não pode se apegar a isso, não pode ficar 
cristalizado, endurecer, fixar as abordagens, as metodologias, os materiais, os conhecimentos; 
muito pelo contrário, ele deve ampliar essas abordagens. À medida que o estudante vai se 
desenvolvendo, o professor precisa diversificar ainda mais a abordagem e metodologia. 
 
 
33 
 
Aula 6. Adequações curriculares de grande porte I 
 
Nós vimos no vídeo 5 o que é essencial nas adequações curriculares de pequeno porte, 
e o vídeo da Daniela Trigo. 
 
Agora veremos o que são as adaptações curriculares de grande porte, as adequações 
curriculares muito significativas, bem como a forma como devem ser implementadas essas 
adequações de grande porte. 
 
As adequações curriculares de grande porte, ou adaptações curriculares significativas, 
são respostas educativas que devem ser dadas pelo sistema educacional. 
 
 As adequações de pequeno porte dizem respeito ao professor; já as de grande porte 
dizem respeito ao sistema educacional como um todo. Esse sistema educacional precisa estar 
preocupado, precisa ter o olhar de modo a favorecer a aprendizagem de todos os alunos, 
34 
 
inclusive aqueles que apresentam necessidades educacionais especiais; no nosso caso, os alunos 
com transtorno global de desenvolvimento ou transtorno do espectro autista e com altas 
habilidades, superdotação, ou qualquer outro tipo de deficiência. Essas adaptações significativas 
compreendem ações que são da competência e atribuição das instâncias político-
administrativas superiores, ou seja, estão além das instâncias da escola. Podemos dizer que 
estão em nível do poder público, por exemplo. São modificações que envolvem ações de 
natureza política, administrativa, financeira e burocrática. Por isso são chamadas de adequações 
“de grande porte”. São adaptações que, por exemplo, requerem recursos financeiros que a 
escola em si, às vezes não tem. Então há a necessidade de solicitar ao poder público. Muitas 
dessas adequações já estão disponíveis, por meio do Ministério da Educação, das secretarias de 
educação, e muitas vezes o professor desconhece isso. 
 
É importante termos acesso a essas informações e conhecer, por exemplo, quais são os 
recursos que o poder público ou as instituições podem nos oferecer a fim de dar suporte para 
esse nosso trabalho, para que se efetive realmente o processo de aprendizagem na nossa sala 
de aula. São ajustes cujas implementações dependem de decisões técnico-político-
administrativas, e que são da competência dos órgãos superiores da administração educacional 
pública. É importante conhecermos o que já existe disponibilizado e como ter acesso. 
 
35 
 
Então é necessário perguntar, nos informar, conhecer minimamente o acesso a esses 
recursos que são essenciais na nossa prática e na nossa sala de aula. Temos que adotar alguns 
cuidados rigorosos antes de indicar a efetivação das adaptações curriculares de grande porte. É 
muito importante ter esse olhar, porque não podemos sair atirando para todos os lados, 
solicitando uma grande quantidade de recursos. 
 
Temos que pensar se é realmente necessário termos esse suporte, essas adaptações. A 
relação entre o nível de competência curricular do aluno e a proposta curricular às vezes está 
muito distante. Temos uma proposta curricular muito ampla, e o estudante ainda está no início. 
Então temos que ter consciência do caráter processual do desenvolvimento humano. Às vezes 
o desenvolvimento humano, o desenvolvimento acadêmico do estudante pode demorar um 
pouco mais de tempo, ele pode evoluir mais lentamente e aí fica um espaço muito grande 
quando o professor vai avançando nos conteúdos. Então, é preciso ter essa consciência ao tomar 
decisões sobre alterações, aquelas decisões sobre as quais precisamos pensar, que precisamos 
levar para as instâncias superiores, como o coordenador, o supervisor, a direção da escola. E 
isso, às vezes, extrapola a direção da escola. No distrito federal, por exemplo, temos as regionais 
de ensino. Cada município funciona de uma maneira própria, mas temos uma instância superior 
à escola antes de chegar à Secretaria de Educação, ou até mesmo ao Ministério da Educação. 
 
É por tudo isso que temos que pensar na real necessidade de solicitar adequação 
curricular de grande porte. Devemos tentar resolver essas questões no âmbito escolar, para 
depois buscar as instâncias superiores, seguindo a hierarquia. Não podemos procurar 
diretamente o MEC; temos que seguir todas as instâncias hierárquicas de solicitação. A 
36 
 
implementação de adaptações curriculares de grande porte deve ser precedida de uma 
criteriosa avaliação do estudante, considerando a sua competência acadêmica. 
 
Então cabe ao professor, inicialmente, fazer essa verificação, considerar a competência 
acadêmica do seu estudante, convidar outras instâncias ̶ o coordenador, o supervisor, o 
atendimento educacional especializado e outras pessoas para que possam avaliar se é 
realmente necessária uma adequação de grande porte. Não podemos sair do âmbito da escola 
e solicitar ao poder público uma adequação de grande porte para o nosso estudante 
simplesmente porque queremos. Precisamos pensar se realmente é necessário. Não podemos 
pensar sozinhos; precisamos pedir que outros profissionais do âmbito escolar nos auxiliem. 
Saindo do âmbito da escola, seguindo a hierarquia, qual o próximo órgão que devemos 
procurar? Precisamos conhecer nosso sistema educacional. Cada município, cada estado, tem 
uma forma de organização. Precisamos compreender isso para não chegarmos direto à 
secretaria de educação. Muitas vezes acontece de o professor querer tanto conseguir as coisas 
que pula direto para a secretaria de educação e, quando chega lá, a pessoa responsável nem 
sabe de que ele está falando, pois há todo um processo, toda uma questão burocrática que 
precisamos conhecer. A burocracia às vezes emperra o processo, mas ela é necessária; é preciso 
ter essa organização. Ou seja, precisamos seguir os trâmites legais para conseguirmos 
conquistar o material ou o recurso que almejamos. Então o professor precisa estar atento para 
não burlar nem a legislação, nem a burocracia, nem a hierarquia, fundamentando-se na análise 
do contextoescolar e familiar do aluno. Temos que analisar se, para essa escola, na sua 
realidade, é necessário solicitar uma adequação de grande porte, ou se é possível resolver isso 
no âmbito escolar. Muitas vezes a família, por algum motivo, nem quer essas adequações; então, 
precisamos nos comunicar também com a família. Se eu preciso de uma máquina braile, a família 
pode dizer que não quer que o aluno aprenda a escrever em braile ou que não há ninguém para 
ensinar. E acontece de termos todo um trabalho, gastarmos nossas energias para conseguir um 
material que, de repente, não vai ser útil ou do qual a família não vai ser parceira para a sua 
37 
 
utilização. Então, tudo isso precisa ser levado em conta antes de buscarmos as instâncias 
superiores. O professor deve contar com a participação da equipe de apoio, porque, mesmo que 
tenha a convicção de que o estudante precisa daquilo, ele não pode tomar a decisão de solicitar 
uma adequação de grande porte sem a opinião e o suporte da equipe de apoio. Às vezes 
precisamos preencher um formulário, uma ficha. Esse documento vai ser protocolado, 
encaminhado, e vai passar por diversas instâncias. É assim mesmo que funciona. Então não 
podemos tomar as decisões sozinhos e precisamos comunicar à chefia para que todos estejam 
cientes dos processos em andamento, além de registrar os documentos de forma correta. 
 
O primeiro registro deve ser a própria adequação curricular do professor; por exemplo, 
se o professor selecionou os objetivos e os conteúdos e viu que determinado equipamento é 
fundamental para atingir os objetivos. Aí já temos o fundamento inicial para preencher outros 
documentos, ou seja, isso já está no planejamento do professor, porque é uma adequação 
individual feita para determinado estudante. Então já se comprova essa necessidade e, a partir 
daí, preenchemos os outros documentos que forem necessários. 
 
Evitar sempre que as programações individuais sejam definidas, organizadas e realizadas 
com prejuízo para o estudante. Nada daquilo que for realizado, nenhuma adequação de grande 
porte pode excluir o estudante. Tudo deve ser organizado para favorecer a inclusão do 
estudante; não pode haver prejuízo para o estudante, ao contrário, tem que haver ganho para 
ele. Temos que pensar nessa vertente. Não se trata de abrir mão da qualidade de ensino ou de 
empobrecer as expectativas educacionais, muito pelo contrário, precisamos realizar as 
38 
 
adequações para permitir que os nossos alunos alcancem os objetivos previstos e estabelecidos 
e que sejam viáveis para um ambiente de fato inclusivo, onde eles possam conviver com os seus 
pares. 
 
 
 
39 
 
Aula 7. Adequações curriculares de grande porte II 
 
No vídeo 6 nós vimos o que são adaptações curriculares de grande porte ou adaptações 
significativas e como elas devem ser implantadas. 
 
Neste vídeo veremos o que são adaptações de acesso ao currículo, o que são adaptações 
de objetivos, e isso, nas adaptações curriculares de grande porte. 
 
Em relação ao acesso ao currículo, é de responsabilidade da instância político-
administrativa a criação das condições para que as adaptações de acesso ao currículo, sejam 
elas condições físicas, ambientais e materiais possam ser implementadas na unidade escolar do 
estudante para que ele realmente seja incluído. Ou seja, as condições físicas precisam ser 
adequadas, tanto na questão do acesso físico em si quanto em termos intelectuais. Às vezes 
existe o acesso físico ao ambiente, mas a aprendizagem não é efetiva, porque as condições 
físicas do ambiente não permitem, por exemplo, a concentração e a atenção. Então precisamos 
proporcionar condições físicas. Por exemplo, determinada escola tem uma goteira no meio da 
sala; nesse caso é necessário solicitar ao poder público que providencie o conserto do telhado. 
Outro exemplo que ocorreu em uma escola: em determinada época do ano ocorriam infestações 
de abelhas na caixa d’água; e os alunos passavam o dia todo na escola sem poder tomar água. 
Então foi necessário solicitar ao poder público que retirasse as abelhas e limpasse a caixa d’água 
para que se pudesse fornecer a água aos estudantes. 
40 
 
 
Às vezes o ambiente físico, os recursos materiais da escola não permitem que o aluno 
aprenda. Então precisamos solicitar às instâncias superiores que resolvam essas questões, para 
que o estudante tenha acesso ao currículo. Quanto à aquisição de mobiliário específico, às vezes 
a aprendizagem é emperrada porque precisamos de determinado móvel adaptado ao estudante 
para que ele tenha acesso ao currículo. Nesse caso solicitamos às instâncias superiores que 
adquiram o mobiliário necessário. Pode ser, por exemplo, uma cadeira com uma arquitetura 
diferente, porque o estudante precisa ficar em uma determinada postura; às vezes é uma 
cadeira especial para que o aluno fique mais preso, porque ele não consegue ficar firme na 
cadeira. São vários equipamentos, vários mobiliários que podem ser necessários, e que a escola 
não possui. Então é necessário solicitar a outra instância a aquisição desse mobiliário, desse 
material. 
 
No que se refere à aquisição de equipamentos e recursos materiais específicos, pode 
acontecer de precisarmos de um equipamento tecnológico específico para que o estudante 
tenha acesso ao currículo, se, por exemplo, ele não tiver destreza manual. Nesse caso 
precisamos de um equipamento tecnológico para que ele possa se comunicar com o olhar. Esse 
recurso já existe, mas não é algo fácil de se conseguir. Não é qualquer computador que tem esse 
recurso; deve ser um computador adaptado para essa função. Então temos que solicitar ao 
poder público. Precisamos, por exemplo, de recursos sensoriais para trabalhar com o estudante, 
e isso não é algo que se tem em todas as escolas. Então são recursos e materiais específicos para 
41 
 
cada caso e, como não são coisas muito corriqueiras no espaço escolar, precisamos solicitar em 
outras instâncias. Se for, por exemplo, em uma escola particular, precisamos pedir à direção da 
escola que providencie. São coisas que precisamos adquirir, como, por exemplo, laboratórios. 
Há escolas que não têm determinados laboratórios, e é importante que o aluno tenha 
determinado laboratório para fazer experiências. Nós vimos que nossos estudantes precisam 
manipular, precisam de coisas concretas. Então, às vezes, precisamos de um laboratório, 
equipamento ou material que não é tão acessível, não é algo que possamos montar ou 
confeccionar com sucata, por exemplo. Às vezes é uma coisa muito específica, com adaptações 
de materiais de uso comum. E às vezes não é só para o estudante com TGD/TEA, mas para toda 
a turma. Então também temos que ter esse olhar: é um material, um equipamento, um 
mobiliário que vai englobar e agregar os outros alunos também. 
 
A capacitação continuada dos professores cabe ao poder público, cabe às direções das 
escolas e das instituições. Devem ser planejados cursos de capacitação contínua dos seus 
professores, dos seus funcionários, dos seus profissionais pedagógicos e de apoio pedagógico e 
dos profissionais de forma geral, porque a inclusão acontece desde a portaria. Se se trata de 
uma escola que realmente inclui, o poder público e as direções de escola devem investir na 
capacitação contínua, não só com cursos, palestras, seminários e congressos, mas com 
momentos de estudo mesmo, com apostilas, com a coordenação pedagógica, para que esses 
professores tenham cada vez mais teoria para fundamentar a prática. Uma coisa é muito 
importante: quando temos uma teoria bem fundamentada, nossa prática passa a ser mais 
segura e passamos a ter menos medo do diferente, menos medo daquilo que não conhecemos. 
Não que isso seja tudo, não há nada pronto nem definido, mas quando temos uma capacitação 
contínua, isso nos dá a possibilidade de buscar mais conhecimento, isso nos dá mais recursos 
para articularmos a nossaprática pedagógica. Com mais conhecimentos, podemos intercalar 
situações, agrupar, organizar esse conhecimento de forma a facilitar nossa prática pedagógica. 
42 
 
Também podemos realizar ações que garantam a interdisciplinaridade, ou seja, não podemos 
focar apenas em um assunto, em um tema, em uma disciplina ou conteúdo; precisamos associar, 
transitar entre várias disciplinas, vários setores. Precisamos ampliar e articular. A educação não 
pode ser estática, tem que ser contributiva. Várias disciplinas, vários profissionais têm que estar 
se relacionando, para que, de fato, o estudante tenha acesso ao currículo. 
 
Quanto às adaptações de objetivos (em termos de adaptações curriculares de grande 
porte), quando elas se referem à possibilidade de eliminar objetivos básicos ou de introduzir 
objetivos específicos, estamos falando em nível macro. Então, não é só o professor que deve 
estar atento à seleção de objetivos e conteúdos, o sistema também. É por isso que às vezes 
temos mudanças, atualizações dos currículos. Nós não podemos ter o mesmo currículo que 
tínhamos no século passado. 
 
Então de vez em quando o poder público, as secretarias de educação, as instituições 
estão revendo esses currículos, para que os estudantes possam ter acesso e eles sejam 
atualizados. O mundo está em constante modificação; em termos tecnológicos há mudanças 
todos os dias. Por isso é completamente inviável que hoje utilizemos aquele currículo de vinte 
anos atrás. O poder público, as direções, as instituições político-administrativas, precisam 
sempre atualizar esse currículo de acordo com as necessidades vigentes, para que os alunos 
possam utilizar os conteúdos que aprendem no seu dia a dia, na vida; para que possam 
generalizar isso para a sua vida. 
43 
 
Nas adaptações de objetivos de grande porte, a decisão de eliminar algum objetivo de 
ensino não pode ser somente do professor; tem que ser fundamentada em uma análise ampla 
do benefício que trará para o estudante naquele momento, tendo como missão o parâmetro da 
educação, da aprendizagem deste estudante. O professor precisa estar atento a isso. Será que 
é preciso alterar esses objetivos? É realmente muito importante, é significativo que se faça isso? 
Se a resposta for “não”, não devemos alterar. As adequações são necessárias, mas nem sempre, 
e não a qualquer hora. Isso vai depender do estudante, vai depender de cada caso, e o professor 
precisa sempre pensar a respeito disso. Outro ponto importante: hoje o estudante precisa de 
adequação, mas isso não significa que ele vá precisar para sempre; ele vai se adaptando, vai se 
apropriando dos conhecimentos, e pouco a pouco vamos diminuindo, até que ele não precise 
mais de adequação. Isso implica também procedimentos detalhados e cuidadosos. Precisamos 
ter a participação de toda a equipe multidisciplinar, a equipe pedagógica da escola, para ver se 
realmente é necessário, até que ponto é necessário, até que momento é necessária essa 
adaptação curricular. 
 
As adaptações de objetivos também dependem da decisão de ajustá-las de acordo com 
aquilo de que o estudante necessita; jamais devem ser provocadas pelo fato de já estarmos 
cansados de tentar ensinar alguém. Isso é muito importante. Se o professor cansar de ensinar 
alguém, então tem que se perguntar o que está fazendo ali. As adequações devem acontecer de 
forma que os objetivos sejam alcançados de acordo com o estudante. Não podemos colocar 
objetivos além da sua capacidade. Então vamos ampliar esses objetivos à medida que ele vai 
aprendendo, à medida que ele vai se desenvolvendo. Esses objetivos não são estáticos. Hoje são 
alguns; amanhã são outros. Então o professor deve levar em consideração os interesses próprios 
do estudante, no sentido de que ele aprenda. É claro que a burocracia é necessária, mas ela não 
pode emperrar o processo; ela existe porque é necessário que se tenha uma organização, mas, 
na medida em que ela emperra, prejudica o estudante, ela precisa ser revista. 
44 
 
 
O poder público, as instâncias superiores precisam estar atentas a isso. Às vezes nós 
temos muita burocracia, temos muitas instâncias, quando o processo precisa andar por muitas 
salas, muitas gavetas, muitas mesas. Enquanto isso o aluno está perdendo tempo, e o papel está 
lá, preso numa gaveta, alguém está segurando o papel, ou ele precisa passar por gente demais. 
Em se tratando de estudantes com transtorno de desenvolvimento, ou transtorno do espectro 
autista, o tempo vale ouro. Então nós precisamos intervir o mais prontamente possível e, se a 
burocracia impede, precisamos dar um grito, tentar resolver isso da melhor forma ou minimizar 
os impactos dessa burocracia, dessa demora. Essa decisão deve ser sempre determinada pela 
análise crítica sobre como a escola poderá melhor cumprir os seus objetivos educacionais. O 
primeiro ponto é ver dentro do nosso espaço escolar o que podemos fazer para evitar ao 
máximo pedir socorro às instâncias superiores, lembrando que, quando for necessário, devemos 
recorrer a elas, pois o que importa é a aprendizagem do nosso estudante. 
 
 
 
45 
 
Aula 8. Adequações curriculares de grande porte III 
 
No vídeo 7 nós vimos as adequações curriculares de grande porte, ou adaptações 
significativas. Nós vimos as adaptações de acesso e dos objetivos. 
 
Neste vídeo nós continuaremos vendo as adequações curriculares: o que são as 
adaptações de conteúdo, as adaptações do método de ensino e das organizações didáticas, a 
adaptação do sistema de avaliação, a adaptação de temporalidade? 
 
As adaptações de conteúdos complementares ou alternativos e da eliminação dos 
conteúdos básicos do currículo determinadas pelas adaptações dos objetivos já realizadas são 
as adaptações dos conteúdos específicos de determinada disciplina que queremos trabalhar 
com nossos estudantes. São as adaptações dos conteúdos complementares, daquilo que 
precisamos adicionar, que precisamos agregar, ou conteúdos alternativos. Aí precisamos pensar 
se é necessária a eliminação de conteúdos básicos. Se o conteúdo é básico, podemos eliminar? 
Isso é muito sério. Eliminando determinado conteúdo, deixaremos de proporcionar ao 
estudante aquilo que é básico. Eliminar conteúdos secundários já é uma coisa séria, mas eliminar 
conteúdos básicos é mais sério ainda, porque são pré-requisitos para os conteúdos seguintes. 
Então, se deixarmos de trabalhar os conteúdos que são básicos, será que vamos conseguir 
construir outros objetivos mais complexos? Não, precisamos do básico. É como construir uma 
casa sem um alicerce sólido. Como vamos colocar as paredes? Como vamos colocar o telhado 
sem as paredes? Então precisamos do alicerce, do suporte, para construir as paredes e depois o 
telhado. Não temos como colocar o telhado solto. Assim também são os conteúdos. Como 
46 
 
podemos eliminar aqueles conteúdos que são básicos: como vamos construir a parede do 
conhecimento se não temos a base? Então é muito sério, professor, não faça isso; e, se o fizer, 
peça auxílio, peça ajuda a outros profissionais, porque essa responsabilidade não pode ficar só 
sobre as suas costas. 
 
O professor de uma classe poderá ter que trabalhar um plano de ensino básico para a 
classe toda e construir versões modificadas desse plano de ensino destinadas a atender as 
necessidades de alunos específicos. Isso significa que temos conteúdos que devemos trabalhar 
com a classe toda, e o estudante com TGD/TEA está incluído nessa sala e também precisa ver 
esse conteúdo. Às vezes a maneira como vamos cobrar esse conteúdo é que vai ser diferente. 
Vejamos um exemplo. Estávamos trabalhando com o sistema respiratório, e o estudante autista 
estava na fase de alfabetização. Ele não tinha condições de entender qual era o funcionamento 
do sistema respiratório, mas ele assistiu à aula. Inclusive foi uma aula em que foram realizadas 
experiências, foram usados balões enchendoe esvaziando para que os alunos pudessem ver 
como era o funcionamento do sistema respiratório, ou seja, foram usados materiais e 
experimentos para facilitar para esse estudante, e os demais estudantes também gostaram da 
experiência, cada um com seu balão fazendo a experiência. Foi útil para todo mundo. Na hora 
em que esse conteúdo foi avaliado, foi desenhado o corpo humano, com o sistema respiratório 
com setinhas para que os alunos colocassem o nome de cada aparelho do sistema respiratório. 
Essa era a avaliação que a turma tinha que fazer. O aluno com TGD/TEA não tinha condições de 
fazer isso naquele momento, e então foi solicitado que ele escrevesse os nomes das partes do 
corpo humano. Em vez de ele escrever boca, traqueia, pulmão, ele escreveu cabeça, tronco e 
membros. Ele também foi perguntado sobre o que estudamos, e ele respondeu: “O pulmão”. A 
única coisa que ele gravou foi “pulmão”. Então foi solicitado que ele escrevesse “pulmão”. Por 
quê? Porque ele estava em nível de alfabetização, mas participou de toda a aula com os colegas. 
Na hora de demonstrar o conhecimento ou na hora de aprender, fomos ao nível em que ele 
conseguia aprender. Então o professor precisa ter a consciência de que não pode, nesse caso do 
sistema respiratório, isolar o aluno em um canto e dar um jogo para ele fazer, um jogo que não 
47 
 
tem nenhuma relação com o que está sendo estudado e que ele já está cansado de fazer, que 
não vai acrescentar nada, porque ele já o faz tão automaticamente, que não vai fazer a diferença 
na vida dele, não vai ser desafiador para a sua aprendizagem. Até podemos dar um jogo depois 
da aula explanatória, mas relacionado ao conteúdo que estamos estudando. 
 
As adaptações do método de ensino e da organização didática têm a ver com a decisão 
político-administrativa sobre o número máximo de alunos em sala de aula. Isso cabe ao sistema 
político-administrativo. Quando estamos em uma escola pública, por exemplo, a secretaria da 
educação já faz o cálculo por metro quadrado: em uma sala com X metros quadrados, cabem Y 
de alunos. É assim que funciona. Às vezes os professores reclamam do excesso de alunos. Essa 
é uma realidade das nossas escolas brasileiras. Realmente nós temos excesso de alunos nas salas 
de aula de uma forma geral, mas quem define a quantidade é o poder político-administrativo. 
 
Hoje nós temos professores especialistas em educação especial. Esses professores 
devem trabalhar em conjunto com os professores da educação regular. É uma forma de 
compartilhar conhecimentos. Então o professor que tem uma especialização em uma 
determinada área vai contribuir com aquele professor que às vezes tem o conhecimento da 
disciplina dele, do conteúdo que ele precisa trabalhar, mas não tem o conhecimento sobre como 
vai se dar essa articulação com os alunos que precisam de um ensino mais diferenciado. Nós não 
48 
 
podemos deixar que se estabeleça uma concorrência, uma briga entre o professor do ensino 
regular e o professor da educação especial. Eles não são concorrentes, não são inimigos; eles 
são professores e têm que ser parceiros, têm que andar de mãos dadas. Um professor 
especialista tem mais conhecimento técnico em determinada deficiência, com determinado tipo 
de aluno, e vai dar a sua contribuição ao professor que não tem esse conhecimento específico e 
vice-versa, porque o outro professor também poderá ter algum conhecimento que possa ser 
compartilhado, e os dois têm que se articular para que ambos possam contribuir na efetiva 
inclusão desse estudante. Não pode haver aí questões pessoais. Os professores precisam se 
valorizar. Muitas vezes a sociedade não dá o devido valor ao professor porque os próprios 
professores se desvalorizam. Todos os profissionais passam pelas mãos dos professores e, sendo 
assim, o poder público deveria valorizá-los mais, porque são os professores que dão origem às 
outras profissões, no sentido de repassar, não só o conhecimento, mas toda a técnica, a 
estrutura que uma determinada profissão precisa e merece. 
 
Os professores do ensino regular e os professores da educação especial não deveriam 
nem ser classificados com essa diferenciação, porque são todos professores. Ambos devem 
participar desde a constituição da equipe de apoio até o processo de inclusão, e cada caso deve 
ser estudado conjuntamente, devendo ser decididas as adaptações de grande porte, bem como 
a sua implementação para atender às necessidades. Então não é o professor sozinho que vai 
decidir; é toda a equipe que vai corroborar, vai auxiliar e apoiar esse professor, de acordo com 
as necessidades do estudante naquele momento, necessidades que podem não ser eternas. 
Então amanhã as adequações já vão ser outras, já podem ser diminuídas, até o momento em 
que, eventualmente, não vão mais ser necessárias. 
49 
 
 
As adaptações significativas na avaliação estão vinculadas às alterações nos objetivos e 
nos conteúdos. Se os objetivos e os conteúdos foram alterados, é necessário que também seja 
modificado o sistema de avaliação. O plano de ensino precisa ser alterado de acordo com as 
adequações que foram feitas nos objetivos e nos conteúdos. Desse modo eles influenciam o 
resultado. Se avaliarmos de maneira coerente com os objetivos e conteúdos que selecionamos, 
nos direcionamos para um resultado satisfatório. Mas se a avaliação for muito discrepante, pode 
causar a retenção e a reprovação do estudante sem necessidade. Então o professor precisa estar 
atento para que a avaliação ande paralelamente com os objetivos e os conteúdos. 
 
Com a decisão administrativa de se garantir a homogeneidade etária das turmas, o 
poder público de uma forma geral tenta garantir que principalmente as crianças até a 
adolescência estudem no mesmo ambiente em que os demais alunos da mesma faixa etária 
estudam, para que não haja discrepâncias; por exemplo, para que não haja estudantes de 
quatorze ou quinze anos estudando com alunos de seis. Então, o poder público tem essa 
preocupação com a questão da idade, para que tenhamos um limite de diferença de idade 
aceitável. Porém, as adaptações no sistema de avaliação não podem ser tomadas como uma 
brecha para a aprovação indiscriminada. Por exemplo, não é razoável facilitar as avaliações dos 
50 
 
alunos com TGD/TEA para que todos sejam aprovados; e, ao contrário, não podemos dificultar 
para que esse aluno seja retido. A avaliação deve estar em consonância com os objetivos e 
conteúdos selecionados. 
 
As adaptações na temporalidade (nas adaptações de grande porte) definem os ajustes 
de tempo de permanência de um aluno em determinada série, determinado ano, desde que não 
se distancie do critério que diz respeito à faixa etária dos alunos. Então não pode haver uma 
discrepância muito grande entre as faixas etárias. Não podemos ter uma criança junto com um 
jovem ou um adulto estudando na mesma classe. Por exemplo, em uma festa de Páscoa na 
escola, temos a turminha de seis anos, todos cantando a música do coelhinho da Páscoa, 
juntamente com rapazes e moças de quatorze, quinze, dezesseis anos cantando a mesma música 
do coelhinho da páscoa, com máscaras de coelhinho da páscoa. Eles são adolescentes, não 
podemos infantilizá-los. 
 
Temos que ter esse cuidado. Pode-se também constituir ajustes na caminhada de uma 
série para outra, ainda que não esgotado o plano de ensino. Ou seja, o aluno pode ir para a série 
seguinte, com algum conteúdo ainda da série anterior, e isso deve estar registrado na 
adequação curricular, para que o próximo professor possa dar continuidade à aprendizagem, 
partindo do ponto em que esse aluno parou. Os alunos com deficiência ou altas habilidades, 
bem como aqueles que têm necessidades educacionais especiais requerem uma efetivação na 
51 
 
adaptação do currículo proposto, e isso deve constar no plano de ensino do professor, registrado 
e desdobrado em um atendimento educacional queele necessita de acordo com as suas 
potencialidades, as suas capacidades e as suas necessidades.

Continue navegando