Inicial ARAUJO

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO TRABALHO DA _____ VARA DO TRABALHO DE SÃO LEOPOLDO – RS.
ARAÚJO DE CASTRO, brasileiro, solteiro, portador do RG nº. 111, inscrito no CPF sob o nº. 000, CTPS nº. 333, PIS 222, residente e domiciliado à Rua Alva, 10, São Leopoldo, CEP 808, vem, por intermédio de seus procuradores firmatários (documento 01 - Instrumento de Procuração), respeitosamente, perante Vossa Excelência propor:
 
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
 
em face de TEMPORÁRIA LTDA., pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº.100/001 com nome fantasia (...), localizada à Rua Salvador, 12, CEP 909, em São Leopoldo/RS, neste ato representada pelo seu sócio-diretor (...), pelas razões de fato e fundamentos jurídicos que seguem.
1. DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
	Consoante o artigo 790, §§3° e 4º da CLT, combinado com o artigo 5, LXXIV, da CF, o Reclamante declara para os devidos fins e sob pena da Lei, ser hipossuficiente socioeconômico, percebendo mensalmente um valor muito aquém do teto máximo dos benefícios da Previdência Social, sem condições financeiras para arcar com o pagamento de custas e demais despesas processuais sem prejudicar sua subsistência, razão pela qual requer a concessão do benefício da gratuidade da justiça.
2. DOS FATOS
A partir dos documentos ora acostados, extrai-se que o reclamante laborou para a empresa TEMPORÁRIA LTDA no período de 24 de junho de 2018, sendo que em 06 de agosto de 2018, veio a ser dispensado ao ser informado que seus serviços não eram mais necessários.
Inicialmente, Araújo de Castro foi contratado para prestar serviços de manobistra na empresa supracitada, onde estacionava os veículos no pátio da empresa em que se localizavam tanques de armazenamento de inflamáveis de 400 litros. Ocorre que Araújo não recebeu valores em função de sua dispensa. 
Destaque-se o Reclamante nunca teve a sua carteira de trabalho assinada durante toda a contratualidade.
O Reclamante trabalhava com jornada entre 15h e 23h, sem que tivesse qualquer intervalo, sendo que, quando da sua demissão, Araújo recebia o salário no montante de R$ 2.000,00 (dois mil) reais.
3. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
	A narrativa dos fatos demonstra que Araujo de Castroi foi dispensado, mesmo após quase 02 meses prestando serviços à TEMPORÁRIA Ltda., diante da perseguição sofrida no âmbito da empresa, portanto, há de ser considerada que o presente caso enquadra-se na hipótese de demissão sem justa causa.
3.1 Do reconhecimento do vínculo empregatício
	A relação de emprego pressupõe a existência de vínculo jurídico entre as partes,[footnoteRef:1] caracterizada pela pessoalidade, não eventualidade, dependência e, por fim, onerosidade ou contraprestação pelos serviços. [1: CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho: de acordo com a reforma trabalhista. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018.] 
	
Como já mencionado o Reclamante foi contratado como manobrista em 24 de junho de 2016, função que exerceu até 06 de agosto de 2018, quando percebia um salário de R$ 2.000,00.
	No entanto, não obstante mantivesse junto da Reclamada uma relação de emprego, com todas as características já mencionadas, tal relação não foi reconhecida formalmente, vez que sua sua CTPS não foi assinada pela Reclamada, situação que viola expressamente os preceitos do artigo 29 da CLT. Ressalto que os anos laborados, sem o devido registro na Carteira de Trabalho, gerou ao Reclamante condição de clandestinidade e vulnerabilidade jurídica, sem, inclusive, os depósitos devidos no INSS e na conta do FGTS.
Desta forma, requer o reconhecimento do vínculo empregatício, com o pagamento dos depósitos previdenciários e fundiários referentes ao período de 24 de junho de 2018 até 06 de agosto de 2018, bem como das verbas rescisórias a seguir descritas.
3.2 Das verbas rescisórias não pagas
Trata-se de dispensa sem justa causa, logo, é devido ao Reclamante o pagamento das seguintes verbas rescisórias: aviso prévio indenizado proporcional ao tempo de serviço, nos termos da Lei 12.506/2011, no presente caso, aviso prévio de 30 dias (R$ 2.000,00); saldo de salário de 6 dias (R$ R$ 399,96); 13º salário proporcional de 8/12 avos (R$ 1.333,28); férias proporcionais de 3/12 (R$ 1.333,28); no presente caso, considerando que o Reclamado nunca realizou os depósitos fundiários devidos, sanada a omissão, cabível sua liberação do FGTS somado ao 40% de multa ou, então, indenização substitutiva; e, por fim, a liberação das guias do seguro-desemprego ou indenização compensatória, conforme Súmula 389 do TST.
4. Da multa do artigo 477, §8° da CLT
	É sabido que ocorrida a extinção contratual o empregador deverá adimplir as verbas devidas em, no máximo, dez dias contados do término do contrato. Contudo, no presente caso, a Reclamada não efetuou o pagamento como previsto no artigo 477, §6º da CLT, razão pela qual se impõe o pagamento de multa equivalente a um mês de salário revertido em favor do Reclamante, nos termos do §8º do mencionado dispositivo legal. Isto é, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil) reais.
5. Da multa do artigo 467 da CLT
	Conforme o artigo 467 da CLT, deverá a Reclamada, no ato da audiência, proceder ao pagamento de todas as verbas incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%. 
Assim, requer o pagamento de todas as parcelas incontroversas quando da primeira audiência. Ou seja, valor de R$ 2.199,94 (dois mil, cento e noventa e nove reais e noventa e quatro centavos).
6. Dos honorários de sucumbência
	Requer, nos termos do artigo 791-A, a condenação da Reclamada no pagamento dos honorários sucumbenciais no percentual de 20%. Totalizando o valor de R$ 2.349,42 (dois mil, trezentos e quarenta e nove reais e quarenta e dois centavos).
7. Das provas
	Pugna pela produção de todas as provas admitidas em direito, em especial provas documentais e testemunhais, sem prejuízo de outras que vierem a ser necessárias durante a tramitação do feito. 
8. Das férias integrais em dobro:
	Conforme mencionado anteriormente, o reclamante trabalhava sem que tivesse qualquer intervalo. Ainda, nunca gozou as férias em descanso. 
	Com fulcro no artigo 143 da CLT, é facultado ao empregado converter em abono pecuniário somente 1/3 de suas férias e não conversão integral, o que acarretaria o direito do empregado em pleitear a dobra desta. Sendo assim, é ensejo do reclamante o pagamento das dobras das férias referentes aos períodos aquisitivos, devidamente acrescidas de 1/3 Constitucional, corrigidas e acrescidas de juros na forma de Lei. 
9. Adicional noturno:
	Salienta-se que o artigo 73 da CLT aduz que a jornada de trabalho noturna terá remuneração superior à do diurno e, para este efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% sobre a hora diurna.
	O reclamante trabalhava das 15h até às 23h sem que tivesse qualquer intervalo. Fazendo jus ao pagamento dos valores suprimidos durante o período de trabalho e seus reflexos.
10. DOS PEDIDOS
Isto posto, requer:
a) o reconhecimento do vínculo empregatício com a Reclamada, como manobrista no período compreendido de 24 de junho de 2018 até 06 de agosto de 2018;
b) FGTS + 40% no valor de R$ 709,31,;
c) férias proporcionais + 1/3 de 3/12 no valor de R$ 666,64;
d) multa do artigo 477 da CLT no valor de R$ 2.000,00;
e) multa do artigo 467 da CLT no valor de R$ 2.199,94,
f) hora extra (4 horas extras semanais em semana de 44 horas), totalizando um valor de R$ 545,38;
g) 13º salário proporcional no ano base de 2018, totalizando um valor de R$ 166,66;
h) saldo de salário (6/30) no valor de R$ R$ 399,86 
i) reflexos do adicional noturno no valor de R$ 730,74;
j) reflexo nas demais verbas rescisórias.
11. DOS REQUERIMENTOS
Diante o exposto, requer:
a) O deferimento do benefício da gratuidade de justiça.
b) A notificação da Reclamada para comparecer à audiência a ser designada, para, querendo, apresentar contestação, sob as penas da Lei;
c) O julgamento, ao final, TOTALMENTE PROCEDENTE da presente Reclamação, com a declaração do vínculo de emprego existente entre as partes, condenando a Reclamadanos pagamentos devidos.
Fixa-se ao valor da causa: R$ R$ 18.012,23.
Nestes termos, pede-se
 e espera-se deferimento.
 São Leopoldo, 07 de Abril de 2020.
ASSINATURA
ADVOGADO
OAB/RS n° (...)