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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
DISCIPLINA: Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
TÍTULO: Observação da criança no ambiente escolar e suas características de desenvolvimento
ALUNA: Anna suely Rabello 
MATRÍCULA:
Cabo Frio -RJ
3 de maio de 2020.
 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
Trabalho apresentado ao curso EAD de Formação Pedagógica em História da Universidade Estácio de Sá, para prática como componente curricular na disciplina de psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem 
Objetivos
	O presente trabalho tem como objetivo Identificar as características do desenvolvimento físico-motor, afetivo-emocional, intelectual, moral ou social de uma criança de 5 anos do sexo masculino.
	Pretende também através da observação desta criança por alguns dias em período escolar e na sua rotina em casa desenvolver um relatório para entender como essas características influenciam o desenvolvimento da aprendizagem nesses sujeitos.
	Relacionar teoria e prática para entender os fenômenos observados.
Introdução
 A psicologia do desenvolvimento é uma área de extrema importância para os docentes, uma vez que através da compreensão da criança podemos entender melhor o seu mundo, compreendendo assim a melhor forma de ajudá-las em suas vidas acadêmicas e até mesmo detectar alguns distúrbios de aprendizagem. 
 Em cada etapa de suas vidas as crianças mudam suas características físicas, cognitivas, emocionais e até sociais, sendo assim, existem algumas teorias conceituadas acerca do desenvolvimento infantil e das etapas que a criança passa ao se desenvolver. 
 O objetivo do presente trabalho é apresentar as observações feitas por mim durante alguns dias das características de uma criança de 5 anos, no estagio pré operatório segundo Piaget, e compreender através da pesquisa o desenvolvimento infantil e suas etapas, visando identificar as características fisico-motor, afetivo-emocional, intelectual e social da respectiva criança. Assim aperfeiçoando o conhecimento adquirido em sala de aula na disciplina de psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem.
Procedimentos metodológicos
 Este relatório trata-se de um estudo de caso, por meio da observação da rotina diária de uma criança de 5 anos do sexo masculino. O estudo foi desenvolvido na casa da criança em questão, sendo esta observada durante 3 dias por algumas horas. Foi observada sua rotina matinal, seus hábitos alimentares, suas brincadeiras, sua vestimenta e sua rotina de estudos. 
 Para comparação dos resultados, foi realizada uma busca de artigos e livros da área para possibilitar um aprofundamento e atualização dos conhecimentos sobre o tema. 
Relatório de observação 
Nome: Arthur 
Idade: 5 anos
Datas: 23/4, 24/4, 25/4
Primeiro dia de observação
 Dei início ao projeto às 7:00 horas quando Arthur ainda encontrava-se dormindo. Às 7:15 foi acordado pela mãe, Arthur já levantou correndo e querendo brincar de super herói. Tomou seu café da manhã sem reclamar, porém ele que decidiu o que comeria. Na hora de se vestir Arthur negou as escolhas da mãe, não aceitou nem ao menos o sapato que ela havia escolhido, fez suas escolhas sozinho e optou por uma roupa do homem-aranha. O dia passou com muitas brincadeiras, na grande maioria de faz de contas e bastante desordenadas, onde ele era o herói e salvava todo mundo dos grandes vilões, também foi policial e bombeiro. Na hora que foi chamado para estudar mostrou bastante impaciência, não queria ficar sentado na cadeira, não queria se concentrar e nem realizar os exercícios propostos pela mãe. 
Segundo dia de observação
 Iniciei o dia às 8:30, com Arthur já acordado e com muita disposição. Sua mãe sugeriu uma brincadeira de Banco imobiliário, onde Arthur seguiu as regras do jogo muito bem, porém no fim do jogo quando percebeu que perderia inventou novas regras para o jogo, favorecendo-se e se dizendo o vencedor. Arthur mostra preferência pelas brincadeiras que envolvem corrida e atividades físicas, mas consegue se distrair bem com jogos que envolvem construção. Após um dia inteiro de brincadeiras a mãe de Arthur disse que era hora de parar e se concentrar em outra coisa, porém este não aceitou muito e ficou vários minutos contra argumentando e dando motivos pelos quais deveriam continuar a brincar. No fim do dia Arthur encontrou um álbum de fotos do casamento de sua mãe com seu pai e chorou copiosamente ao entender que sua mãe e seu pai eram casados, disse que pretendia casar com a mãe quando estivesse crescido e que não era justo ela já ser casada. Arthur defende seus argumentos com bastante eloquência e tem um vocabulário bem extenso. 
Terceiro dia de observação
 Iniciei a observação as 7:15 e reparei que Arthur ainda estava bastante magoado com sua mãe. Após algumas horas seus dois primos com idades respectivas de 8 e 9 anos ambos do sexo masculino chegaram para brincar. Todos brincaram em grupo por horas onde a cada momento um sugeria uma brincadeira diferente onde era alegremente acatado pelos demais. Arthur brinca muito bem em grupo, foi seu momento de maior felicidade nesses dias de observação. As brincadeiras foram bastante variadas, iniciando com lego e terminando com pega-pega. Quando seus primos foram embora Arthur protestou bastante e ficou de mau humor. 
Apresentação e Análise dos resultados 
 Em cada idade a criança apresenta características emocionais, físicas, sociais e intelectuais diferentes. Segundo Jean Piaget a criança nos 5 anos de idade está passando pelo estagio pré operatório, onde já faz uso do símbolo e tem um vocabulário um pouco mais extenso, podendo utilizar frases completas. Ao observar Arthur pude notar o quanto seu vocabulário é extenso e como ele é capaz de defender seus argumentos e pontos de vista sem nenhum problema, correspondendo assim com as pesquisas quanto a sua faixa etária. Para Bock, teixeira e Furtado nesta idade o aperfeiçoamento da linguagem é demasiadamente importante, uma vez que acarretaria modificações nos aspectos intelectuais, afetivos e sociais da criança. 
 No que tange o desenvolvimento cognitivo da criança nesta idade é pautado que seu raciocínio apresenta grande egocentrismo, animismo e irreversibilidade. A criança apenas pensa em seus próprios desejos, suas próprias vontades e enxerga tudo ao seu redor considerando apenas o seu ponto de vista, sendo incapaz de entender os argumentos alheios. Nesta idade eles acreditam que seus sentimentos são também os sentimentos de todos ao seu redor então não conseguem compreender qualquer opinião contrária à sua. Nos dias passados com Arthur pude perceber o quanto sua vontade era soberana em seu lar, para ele não era compreensível que sua mãe estava cansada e não queria mais se juntar a ele para brincadeiras, apenas seus desejos importavam. Esse egocentrismo se dá porque a criança nessa idade não tem a capacidade de pensar operacionalmente, sendo assim ela enxerga o mundo apenas sob sua perspectiva. 
 Em relação ao desenvolvimento emocional da criança é sugerido por Helen Bee que nessa idade ela já tem seus próprios gostos, suas aversões, suas próprias ideias, etc. Nessa fase a criança já possui noções de identidade, autoestima e até mesmo de autoconceito. A criança já tem uma síntese pessoal sobre si mesmo, já entende seu sexo, sua cor e o que os outros falam sobre ela. Apesar de já ter uma identidade esta é instável, uma vez que a criança não consegue separar perfeitamente o real do imaginário, como por exemplo, heróis podem ser extremamente reais para elas. Maria Aparecida Cória-Sabini acredita que nessa fase é comum a criança opor-se a interferências e opiniões de terceiros, pois ela quer validar a sua identidade e qualquer interferência pode colocá-la em risco. Nas minhas observações percebi que Arthur raramente aceitava a opinião de sua mãe sobre suas roupas, penteados e calçados e sentia a necessidade de dar sua opinião até mesmo no que comeria, demonstrando assim constante autoafirmação.Nessa idade inicia-se a formação da consciência moral, o que para Freud seria o superego. Freud dividiu a personalidade em três partes. A primeira é denominada o ID, que é uma parte inconsciente da nossa personalidade que já nasce com a pessoa. A segunda é o ego, uma parte mais consciente da nossa personalidade adquirida entre os dois e cinco anos de idade. A última é o superego, parte superconsciente da nossa personalidade que representa as normas e os valores sociais, adquirida antes da idade escolar. Assim como Freud, Erik Erikson também defende a existência de um ego sendo este o foco de seus estudos. Para ele o ego passa por vários estágios, se desenvolvendo ao longo de nossa vida. Para Erikson na idade de 5 anos a criança estaria no estágio de iniciativa versus culpa, onde ela se torna mais positiva e agressiva. De acordo com seus estudos nessa idade pode se desenvolver o complexo de édipo, onde a criança percebe que entre ela e a mãe existe o pai o que gera conflito com o progenitor do mesmo sexo, levando assim a sensação de culpa. Observei o complexo de édipo bastante desenvolvido no Arthur, uma vez que este ficou extremamente chateado ao perceber que sua mãe estava casada com seu pai não podendo assim casar-se com ela futuramente. Me pareceu mais um sentimento de posse, de querer ter a mãe apenas para si, deixando assim um pouco seu pai de lado. De acordo com Erikson o complexo de édipo some assim que se desenvolve o superego e a criança percebe que não é correto este sentimento. 
 A respeito do desenvolvimento social sabemos que a família e a escola é onde a criança tem o primeiro contato com a socialização. Ambos são de suma importância na vida da criança, pois é assim que ela vai adquirindo conceitos morais e aprendendo a conviver com personalidades diferentes, ampliando seu conceito de mundo. Cória-Sabini afirma que as crianças nessa idade preferem socializar com grupos de crianças mais velhas e acabam por diversas vezes não sendo aceitas , por não possuir a destreza destas. Nas atividades lúdicas a fantasia predomina, indo do surgimento de heróis e vilões até trabalhos comuns do dia a dia. Notei que durante a maior parte do dia as brincadeiras do Arthur eram fantasiosas, onde ele sempre era o herói e conseguia derrotar os bandidos nas mais diversas situações. Nessa idade a criança já é capaz de socializar bem em grupos e brincar com jogos interativos onde precisa respeitar regras comuns. No geral elas aceitam bem as regras do jogo mas se consideram sempre vencedoras, sendo muito inovadoras quando necessário. No meu segundo dia de observação consegui presenciar um desses jogos onde Arthur demonstrou uma grande maturidade no início, seguindo as regras e respeitando a vez de cada jogador, porém ao perceber que não seria o vencedor resolveu mudar completamente as regras do jogo favorecendo-se e autodeclarando-se o vencedor. Nessa idade é importante que os pais e educadores expliquem bem para as crianças o porque existem regras e como devemos seguir, para que estes conceitos fiquem claros e suas mentes.
Conclusão
 A partir do estudo realizado é possível afirmar que o desenvolvimento de uma criança de 5 anos está em constante mudança e aperfeiçoamento. Em relação às atitudes destas crianças tornou-se claro que podem ser egocêntricas e um pouco apáticas aos sentimentos alheios, vivendo em um mundo lúdico de muitos jogos e brincadeiras.
 Entende-se que a família é de extrema importância nessa fase da vida, ensinando conceitos morais, regras e como viver em sociedade da melhor forma possível. Há um grande salto qualitativo nos aspectos físicos, cognitivos, emocionais e sociais da criança nessa etapa, que fará uma grande diferença em outras etapas de sua vida e o aprendizado adquirido estará para sempre enraizado em suas mentes. 
 Assim, entende-se que esse estudo cumpriu os objetivos de revelar os fatores que influenciam na aprendizagem da criança, demonstrando todos os aspectos e fases que estas passam ao longo de seu crescimento. 
Referências Bibliográficas
BEE, Helen. O ciclo vital. Tradução Regina Garcez. Porto Alegre: Artmed, 1997.
ERIKSON, Erik. Infancia e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1976. 
ROSSI CARRARO, Patricia. Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. Rio de Janeiro: Seses, 2015.
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/teoria-de-desenvolvimento-de-sigmund-freud/42372
https://psicologado.com.br/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/o-periodo-sensorio-motor-de-piaget

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