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Idade Moderna (1453-1789) Mundialização dos alimentos ESPECIARIAS- Drogas “especiais” Produtos naturais de uma determinada região (Oriente) que eram desejados principalmente pelo sabor e aroma Utilizados em bebidas, óleos, perfumes, tinturas, cosméticos, remédios e alimentos Nas culturas antigas não havia separação entre alimentos e remédios. Os alimentos eram utilizados para equilibrar e recuperar o corpo doente. USO DAS ESPECIARIAS COMOTEMPERO Temperar é harmonizar o homem com o alimento e o cosmo Temperar é equilibrar (fazer corresponder de modo compensatório) os humores das coisas e do organismo humano Os temperos considerados mais eficazes e potentes eram aqueles vindos do oriente Ideia de tempero desde a antiguidade Especiarias Apesar das qualidades antissépticas, as especiarias não eram utilizadas para conservar alimentos e mascarar gosto de carne estragada As especiarias eram muito caras e havia formas mais baratas e eficazes de conservar alimentos As classes mais abastadas não tinham problemas com carnes estragadas. As especiarias culinárias conferiam sabor, aroma e cor aos alimentos. Preferência por sabores fortes. Qualidades dietéticas. Transformação dos alimentos Algumas especiarias utilizadas na cozinha europeia na Antiguidade e Idade Média Canela Cravo da Índia Gengibre Pimenta do reino Noz moscada Anis estrelado Cúrcuma Mostarda Cardamomo Com a queda de Constantinopla em 1453, que passa a ser controlada pelo Império Turco- Otomano, há um estrangulamento das rotas de comércio com o Oriente A Europa passa a buscar novas rotas de comércio por via marítima. As grandes navegações do século XV e XVI marcam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. A expansão marítima e descoberta de novos continentes foi movida pela busca de especiarias Navegações Mundialização dos alimentos As navegações transformaram o mundo a partir do século XV, XVI Descoberta de um novo continente (América) e maior comunicação com a Ásia e África Descoberta e troca de novos temperos, bebidas e alimentos, principalmente na América O preço das especiarias orientais caiu e aos poucos elas passaram a ser vistas como fora de moda ou decadentes Novos alimentos BATATA MILHO Trocas alimentares- globalização Ásia: especiarias, banana, coco, frutas cítricas, cana de açúcar, chá, etc. América: Batata, milho, tomate, cacau (chocolate), baunilha, pimenta, etc. Europa: Animais (porcos, galinhas, vaca, etc.), trigo (pão), etc. África; sorgo, inhame, quiabo, melancia, etc. MILHO “Grão parecido com o milhete, que os índios chamam de maíz. Esse grão tem um gosto muito bom quando cozido, seja assado ou moído, transformado num mingau” (Cristóvão Colombo) Além da semelhança do gosto, o milho se adaptou bem no mediterrâneo. Em 1520 já era cultivado na Espanha e Portugal e se espalhou rapidamente por toda a Europa e Ásia, substituindo alguns cereais, como o milhete. Tornou-se um dos principais alimentos mundiais no século XX BATATA Os europeus tiveram contato com a batata em 1530 no Império Inca (Peru). A batata era a base de alimentação de muitos povos na região dos Andes e também em partes da Amazônia As primeiras batatas levadas para a Europa não se adaptaram. E havia desconfianças religiosas e por causa de sua aparência. Achavam que poderia causar doenças BATATA Períodos de fome no século XVIII levaram à adoção da batata em vários países europeus, principalmente para os mais pobres. Em 1785 Parmentier conseguiu promover a batata como alimento na corte francesa, servindo a batata de várias formas. A partir disso começa a popularização da batata como alimento. Condimentos Tradicionais plantas aromáticas europeias- segurelha, tomilho, manjericão, louro, alho- usadas desde a Grécia e Roma Especiarias asiáticas: pimenta do reino, canela, cravo, noz moscada, cardamomo e gengibre. Americanas: Capsicum, espécie: malagueta, habanero, pimentões, etc. Origem nos alquimistas da Idade Média Destilação Destilados Experiências em laboratórios de alquimistas na Idade Média Desenvolvido pelos árabes para fins medicinais: aqua vitae Vaporização e condensação de líquidos para purificação e aumento do nível de álcool. Experiência com uvas Aumento da possibilidade de produção de bebidas alcoólicas destilando vários tipos de produtos: cereais, milho, uvas, etc. Bebidas coloniais Chocolate Bebida feita com o cacau (originário da América). Apreciada por vários povos pré-colombianos. Os astecas tomavam uma bebida preparada a partir dos grãos, e com vários condimentos, principalmente a pimenta Foi levada para e Europa pelos espanhóis e com algumas modificações, se tornou a bebida do clero e da aristocracia a partir do final do século XVI Café Originário da África (Etiópia), o café era utilizado há muito em forma de pasta. A partir do século XIV começou a ser utilizado como bebida feita a partir do pó do grão torrado. Chegou à Europa no século XVII via Turquia. Além da bebida, os Cafés (locais onde as pessoas tomavam a bebida) tiveram uma grande importância na vida europeia a partir do final do século XVII Café O espírito da razão do Iluminismo nos séculos XVII e XVIII teve o café como a bebida símbolo dessa era. Bebida estimulante, o café se tornou o símbolo da burguesia e da vida urbana. O contraponto ideal ao álcool Originário da África, o café se disseminaria na Europa e EUA a partir das plantações no Caribe e Brasil Chá Originário da China, era consumido em rituais na corte chinesa. O consumo de expandiu para o restante da Ásia Os portugueses foram os primeiros a tomar contato com o chá, mas foram os ingleses que difundiram o hábito na Europa Na Inglaterra o chá teve grande importância como bebida da aristocracia e posteriormente também das classes mais baixas. Ao contrário do café que era uma bebida de espaços públicos, o chá se caracterizaria como uma bebida dos espaços privados. Na Europa o chá seria acompanhado de cerimônias (chá das cinco) e todo um conjunto de utensílios para sua preparação e serviço. Açúcar Cana de açúcar – originária da região de Papua Nova Guiné, onde deve ter sido domesticada há mais de 7.000 anos. China – século IV a.C. cultivo da cana e manufatura reduzida de açúcar. Disseminação para a bacia do Mediterrâneo a partir do século X com os árabes. Especiaria: uso como ornamento culinário e fins medicinais. Os portugueses levaram a cana de açúcar para as ilhas Madeira e posteriormente para o Brasil. Para a produção em larga escala havia a necessidade de clima adequado, muita água, terra e mão de obra. Tudo isso era encontrado nas colônias americanas, em especial no Caribe e no Brasil O crescimento da produção tornou possível que o açúcar deixasse de ser uma especiaria e se tornasse um produto global. Comércio no período colonial Comércio triangular Indústria açucareira Produção em grande escala no novo mundo. Monocultura, latifúndio e trabalho escravo. Fácil de armazenar, transportar e adoça sem modificar muito o sabor da comida. Primeira commoditie da história: produto em escala global com preço definido a partir de um mercado mundial Desenvolvimento de sobremesas e bebidas adoçadas (bebidas coloniais) Utilização na destilação: rum e cachaça O gosto agridoce (obtido a partir de mel e mosto de frutas) decai na culinária europeia e é substituído pelo açúcar de cana. Consumo de açúcar: 8 milhões de toneladas no início do século XX e 160 milhões de tonelada na atualidade. Consumo médio anual de 23 kg.