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12 1. INTRODUÇÃO Substâncias sólidas raramente são puras quando obtidas a partir de uma reação. Consequentemente, desde a época dos primeiros alquimistas, substâncias sólidas têm sido purificadas por recristalização, a partir de um solvente adequado. Hoje, sem dúvida alguma, a recristalização continua sendo o método mais útil para a purificação de substâncias sólidas. A purificação através de recristalização baseia-se nas diferenças de solubilidade em diferentes solventes e no fato de que a maioria das substâncias sólidas é mais solúvel em solventes quentes do que em frios. O processo de recristalização consiste na dissolução do sólido a ser purificado em um solvente quente ou até mesmo em ebulição (se necessário, a mistura quente é filtrada para remoção de quaisquer impurezas insolúveis) e, posteriormente, na sua recristalização, à medida que a solução resfria. O sólido cristalino pode ser separado do solvente por filtração e depois secado. Na seleção de um solvente adequado para o processo de recristalização, são feitos testes preliminares com vários solventes para escolher aquele capaz de solubilizar pouco o soluto a frio e solubilizá-lo muito bem a quente. Na escolha dos solventes, deve-se também levar em consideração a toxicidade dos mesmos. Princípio da técnica Para que um composto se cristalize é necessária a utilização de um solvente no qual ele seja pouco solúvel na temperatura ambiente e muito solúvel em temperaturas elevadas, em geral próximas ao ponto de ebulição do solvente. Ao se dissolver o composto a quente utiliza-se a mínima quantidade de solvente necessária, preparando desta forma uma solução saturada. Quando a solução resfria, torna-se supersaturada o que leva a precipitação do excesso de material sólido. Tomemos como exemplo a sulfanilamida em etanol: a solubilidade dela a 20ºC é de 20 mg/mL e a 78ºC é de 200 mg/mL. Em 100 mL de etanol na temperatura de ebulição (78ºC) é possível dissolver 20g de sulfanilamida, entretanto, ao resfriarmos a solução para 20ºC apenas 2g poderão ser dissolvidos, os 18g restantes irão precipitar. Se o resfriamento for lento o suficiente a sulfanilamida precipitará em forma de cristais. Os cristais se formam pela ação de forças intermoleculares tais como forças de Van der Walls, dipolo-dipolo e ligações de hidrogênio, e crescem lentamente, camada 13 por camada, aumentando aos poucos a sua estrutura cristalina. Quanto mais lento for o resfriamento, maiores serão os cristais e mais perfeita será a sua rede cristalina. Uma rede cristalina perfeita não permite interstícios (espaços) que poderiam aprisionar parte da solução contendo as impurezas. Caso o resfriamento fosse brusco, não ocorreria uma cristalização e sim uma precipitação do material de forma amorfa, o que contribui para o acumulo de impurezas no interior do sólido. As impurezas não cristalizam ou precipitam porque se encontram em menor concentração, ou seja, abaixo de seu ponto de saturação. Ao atingir a temperatura ambiente, todo o sistema e filtrado a vácuo para eliminar a água-mãe, solução restante contendo as impurezas dissolvidas em conjunto com pequena quantidade do produto. Para eliminar os resquícios da água-mãe da superfície dos cristais formados é feita também uma lavagem destes com pequenas quantidades do solvente gelado, ainda no sistema de filtração a vácuo. Escolha do solvente Para um solvente ser utilizado para a recristalização algumas características são necessárias: o solvente deve dissolver pouco o soluto a temperatura ambiente e deve dissolver todo o soluto em seu ponto de ebulição. Além disso, o ponto de ebulição do solvente não deve exceder o ponto de fusão do soluto, ou caso exceda o solvente não deve ser aquecido acima do ponto de fusão do soluto, sob pena de se recuperar um material amorfo e não cristalino após o resfriamento. 14 Figura 1 - Gráfico de solubilidade versus temperatura Fonte: PAVIA, D. L., LAMPMAN, G. M., KRIZ, G. S., ENGEL, R. G. Química Orgânica Experimental: Técnicas em escala pequena. 2ª. Ed. Bookman, 2009, pg. 579 Além das características necessárias, existem algumas características que são desejáveis de um bom solvente para recristalização: ser inerte (não reagir com o soluto), não inflamável, pouco tóxico (ou atóxico), facilmente eliminado após a recristalização (volátil) e barato. Para a maioria dos compostos conhecidos o solvente apropriado para a recristalização pode ser encontrado no CRC Handbook, ou no Merck Index, ou ao menos a forma do cristal e a sua solubilidade. Ex1: para o ácido benzóico no handbook encontramos: mcl (monoclínico) lf (folhas) ou nd (Agulhas) que é a forma que o cristal assume. Na solubilidade encontramos: sl (pouco solúvel) H2O; vs (muito solúvel) EtOH, eth (éter); s (solúvel) ace (Acetona), bz (benzeno), chl (clorofórmio). Lembre-se que essa solubilidade é à temperatura ambiente. Poderíamos então descartar o etanol e o éter, pois o ácido benzóico é muito solúvel neles à temperatura ambiente. Já água é um solvente promissor, pois o ácido benzóico é pouco solúvel a frio, sendo necessário testar a sua solubilidade a quente. Ex2: para o ácido ftálico no handbook encontramos: pl (w) lâminas em água, ou seja, já é dado o solvente utilizado para a recristalização. Na solubilidade encontramos: sl H2O, eth; i (insolúvel) chl; s EtOH. Ou seja, a princípio poderíamos testar a água ou o éter como solvente para a recristalização, mas como o ponto de ebulição do éter é muito baixo 34,5ºC a diferença 15 entre sua solubilidade no ponto de ebulição e a temperatura ambiente não deve ser muito elevada, o que nos deixa apenas a água. Para compostos desconhecidos, ou compostos cujos dados sobre solubilidade não estejam disponíveis devemos utilizar o senso comum: “semelhante dissolve semelhante”. Partindo deste princípio podemos testar a solubilidade da substância em pequena escala, fazendo uso de tubos de ensaio. A princípio testa-se 0,1g de amostra (a ponta de uma espátula) e 1,0 mL do solvente. Caso a substância seja solúvel a temperatura ambiente este não é um bom solvente para recristalizá-la. Em caso contrário aquece-se o tubo numa placa de aquecimento até a ebulição. Se a substância dissolver totalmente a quente então o solvente pode ser utilizado na recristalização. Caso não dissolva pode-se completar o volume para 3,0 mL e aquecer novamente, se não dissolver significa que o solvente não é bom para a recristalização, pois seria necessário o uso de grande quantidade do solvente para a completa dissolução, e consequentemente haveria grande perda do material sólido. 16 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Realizar a recristalização do ácido benzoico e do enxofre em uma mistura dos dois componentes. 2.2. Objetivos Específicos Observar os efeitos da mudança de temperatura na solubilização dos compostos orgânicos; Analisar as características do enxofre e do ácido benzoico após o aquecimento; Observar os efeitos do resfriamento na substância filtrada. 17 3. METODOLOGIA A fim de se purificar uma amostra de ácido benzóico, pesou-se aproximadamente 0,5g do composto em um béquer de 100 mL. Em seguida, adicionou-se aproximadamente 15 mL de água (que foi usada como solvente) e aqueceu-se o sistema até a ebulição. Para garantir a total dissolução da substância, mantendo a ebulição e a agitação, acrescentou-se um pouco mais de água. (Repetir esses passos, usando enxofre ao invés de ácido benzóico). Fez-se uma pesagem (1:1) de uma mistura de enxofre + ácido benzóico (0,6g de cada componente) em um vidro de relógio e transferiu para um béquer de 250 mL. Em seguida, adicionou-se 100 mL de água destiladafria e aqueceu-se a mistura usando o bico de Bunsen agitando-a de quando em quando com um bastão de vidro, até completa dissolução. Dando continuidade ao experimento, foi fixado um aro metálico no suporte universal e adaptou-se no mesmo um funil com papel pregueado. Feito isso, filtrou-se a solução ainda quente para evitar a solidificação da mesma e, então, recolheu-se o filtrado em um béquer de 250 mL. Observar que substância ficou retida no papel de filtro. Após a filtração se completar, deixar o béquer com o filtrado em repouso (cerca de 10 minutos), observar o que acontece quando a solução vai se esfriando, (para acelerar o resfriamento colocar na geladeira). Preparar a montagem para uma nova filtração, desta vez uma filtração simples, em funil com haste e sem usar o papel de filtro pregueado. Pesar antes o papel de filtro. Filtrar a mistura com os cristais formados. Lavar com pequena quantidade de água fria. Nota: o experimento não pode ser concluído, tanto pela falta de tempo como por não ter havido a possibilidade de uma nova filtração, desta forma foi dada a continuidade filtrando a amostra em que foi diluído apenas o ácido benzóico. 18 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO No aquecimento do ácido benzóico houve diluição completa, ou seja, foi possível fazer a purificação do mesmo, logo após o resfriamento pode-se observar a formação de cristais; com a solução do enxofre não foi possível obter o mesmo resultado, no enxofre, mesmo dobrando a quantidade de água, não foi possível dilui-lo completamente, no entanto após resfriamento houve formação de cristais. A solução levada a refrigeração depois de 10 minutos foi retirada e foram observados alguns cristais muito pequenos, porém sem possibilidade de filtração e recuperação. Portanto a filtração foi feita com a solução preparada de ácido benzóico que houve maior formação de cristais. Dados obtidos no final do experimento, conforme tabela 1: Tabela 1 – Análise do ácido benzoico Massa inicial do ác. Benzóico 0,54g Massa cristais recuperados + papel 5,265g Massa do papel filtro molhado 3,290g Fonte: Autor (2020). Calculo da recuperação dos cristais: Mcristais = mcp - mp Onde: Mcristais = massa de cristais recuperados mcp = massa de cristais retidos no papel mp = massa do papel filtro molhado Mcristais = 5,265g - 3,290g Mcristais = 1,975g Calculo da porcentagem do Ácido Benzóico recuperado: 0,540g ------- 100% 1,975g ------- x X = 1,975*100 / 0,540 X = 365,74% 19 5. CONCLUSÕES Os dados experimentais mostram que não houve sucesso no procedimento, uma vez que o percentual máximo possível é de 100%, sendo assim pode-se concluir que a falta de tempo para a conclusão do procedimento levou a conclusões precipitadas pois era de extrema importância que os cristais fossem secados em estufa, para se obter o real peso dos cristais recuperados. 20 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO, ANDREY EDUARDO MARQUES; PELEGRINI, HENRIQUE DE. Processo de separação: Recristalização. Disponível em: <https://www.docsity.com/pt/relatorio-recristalizacao-de-acido-benzoico/4740525/>. Acesso em: 28 mar. 2020. BOLZAN, JULIANA APARECIDA; SANDRI, MARILEI CASTURINA MENDES; GOMES, SANDRA INÊS ADAMS ANGNES. Química Orgânica Experimental - Aplicação de Métricas Holísticas de Verdura: Estrela Verde e Matriz Verde. Curitiba, Editora IFPR, 2018. Recristalização ácido benzóico. Disponível em: <https://www.slideshare.net/MicheleNetseb1/recristalizao-acido-benzoico>. Acesso em: 28 mar. 2020. POZZA, BÁRBARA; ROCHA, MILENA; MARTINS, NATASHA; RIBEIRO, PEDRO; CALDEIRA, VIVIAN. Técnica de purificação: recristalização. Disponível em: <https://www.academia.edu/13633444/Relat%C3%B3rio_- _Recristaliza%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 28 mar. 2020. https://www.slideshare.net/MicheleNetseb1/recristalizao-acido-benzoico
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