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Instituto Federal do Espírito Santo Campus Vila Velha Curso Técnico em Química Análise de Alimentos Mahyne Bonifácio Santos Matheus Ferreira Demarque Riad Silva ÍNDICE DE PERÓXIDO EM LIPÍDIOS Relatório elaborado para a disciplina de Análise de alimentos sob a orientação do Prof. Renan Soares como requisito parcial para a avaliação da matéria. Vila Velha 2019 1. INTRODUÇÃO Os lipídios, também conhecido como gordura, são constituídas do que chamamos de ácidos graxos, que são as cadeias carbônicas longas (acima de 15 carbonos). Elas podem ser saturadas ou, insaturadas (dependendo da existência de duplas ligações) sendo esse segundo caso, mais propenso à oxidação. Com isso, uma de suas características estudadas é a de peroxidação, que é uma reação em cadeia que se inicia e propaga com a presença de radicais livres. As moléculas de gordura, quando em contato com o oxigênio, formam os peróxidos que, por sua vez, induzem a formação de mais peróxidos e radicais livres no meio. A terminação desta oxidação apenas ocorre quando há um rompimento das moléculas contendo o radical livre para formarem outras de peso molecular mais leve (tais como aldeídos, cetonas, álcoois e ésteres), os quais são voláteis e são associados aos odores da rancificação. Em resumo, a peroxidação é um processo autocatalítico, o que faz com que tenha uma aceleração constante deste processo, quando é iniciado. Existem também alguns fatores que podem influenciar na formação de radicais livres, tais como a temperatura, pressão, umidade, enzimas, luz, íons metálicos (Fe, Co, Cu, Mn). 2. OBJETIVOS Determinar o índice de peróxido no óleo vegetal novo e usado. 3. MATERIAIS E REAGENTES ● Erlenmeyer de 125 ml; ● Proveta de 20 ml; ● Balança analítica; ● Bureta de 25 ml; ● Ácido acético-clorofórmio (3:2); ● Óleo vegetal novo e usado; ● Solução saturada de KI; ● Solução de Na2S2O3 0,02 N; ● Solução de Amido (0,1%); 4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 4.1 Pesou-se cerca de 5 g da amostra de óleo novo em erlenmeyer de 125 mL. 4.2 Adicionou-se 30 mL da solução de ácido acético-clorofórmio (3:2), agitando até a completa dissolução. 4.3 Adicionou-se 0,5 mL de solução saturada de KI. Deixou-se em repouso por exatamente 1 minuto. 4.4 Adicionou-se 30 mL de água e titulou-se com solução de tiossulfato de sódio aproximadamente 0,02 N , com agitação. 4.5 Adicionou-se 0,5 mL de solução de amido a 1% e começou-se a titulação até o ponto final, quando todo iodo fora liberado da camada de clorofórmio. Adicionou-se, gota a gota, a solução de tiossulfato de sódio aproximadamente 0,02 N, até que a coloração azul tenha desaparecido. 4.6 Repetiu-se o procedimentos anteriores, todavia, utilizando-se um amostra do óleo velho. 4.7 Preparou-se uma análise do branco. Subtraiu-se o volume de titulante gasto com o branco do volume de titulante gasto com as amostras. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 5.1 abaixo, relaciona os resultados de todos os grupos da turma quanto às massas de óleo novo e velho com os volumes de titulante gasto e sua concentração, respectivamente. Os valores dos volumes gastos na titulação do branco, já foram subtraídos dos valores referentes às amostras.O volume gasto na titulação do branco foi aproximadamente, 0,00 ml de tiossulfato de sódio, ou seja, desprezível. Tabela 5.1 - Dados utilizados na determinação do índice de peróxido (IP) Grupo Massa de óleo novo Massa de óleo velho Volume de titulante (óleo novo) Volume de titulante (óleo velho) Normalidad e do titulante 1 5,0183 g 5,0112 g 13,4 ml 75,4 ml 0,02 N 2 5,0013 g 5,014 g 14,7 ml 65,5 ml 0,02 N 3 4,9991 g 5,0129 g 38,9 ml 75,5 ml 0,052 N 4 5,2666 g 5,1741 g 27,7 ml 9,9 ml 0,052 N 5 5,0460 g 5,0322 g 24,0 ml 64,0 ml 0,02 N 6 5,0259 g 5,0219 g 4,1 ml 4,5 ml 0,02 N Fonte: Autoria própria Para efetuar os cálculos de determinação de índice de peróxidos utiliza-se a equação 5.1 abaixo: Equação 5.1 - Determinação de índice de peróxidos em meq.kg-1 IP = PA (S−B). N . 1000 onde: S - mL de tiossulfato de sódio gasto para titulação da amostra; B - mL de tiossulfato de sódio gasto para titulação do branco; N - normalidade do tiossulfato de sódio; PA - Peso da amostra (g) Abaixo pode-se observar os cálculos efetuados para cada um dos valores obtidos por cada grupo e seus respectivos índices de peróxidos: Grupo 1 Óleo novo P I = 5,0183 (13,4 − 0) . 0,02 . 1000 = 53,41 mEq.kg-1PI Óleo usado P I = 5,0112 (75,4 − 0) . 0,02 . 1000 = 300,93 mEq.kg-1PI Grupo 2 Óleo novo P I = 5,0013 (14,7 − 0) . 0,02 . 1000 = 58,78 mEq.kg-1PI Óleo usado P I = 5,0140 (65,5 − 0) . 0,02 . 1000 = 261,27 mEq.kg-1PI Grupo 3 Óleo novo P I = 4,9991 (38,9 − 0) . 0,052 . 1000 = 404,63 mEq.kg-1PI Óleo usado P I = 5,0129 (75,5 − 0) . 0,052 . 1000 = 783,18 mEq.kg-1PI Grupo 4 Óleo novo P I = 5,2666 (27,7 − 0) . 0,02 . 1000 = 105,19 mEq.kg-1PI Óleo usado P I = 5,1741 (9,9− 0) . 0,052 . 1000 = 99,50 mEq.kg-1PI Grupo 5 Óleo novo P I = 5,0460 (24,0 − 0) . 0,02 . 1000 = 95,13 mEq.kg-1PI Óleo usado P I = 5,0322 (64,0 − 0) . 0,02 . 1000 = 254,36 mEq.kg-1PI Grupo 6 Óleo novo P I = 5,0259 (4,1 − 0) . 0,02 . 1000 = 16,32 mEq.kg-1PI Óleo usado P I = 5,0219 (4,5 − 0) . 0,02 . 1000 = 17,92 mEq.kg-1PI Uma hipótese plausível para a discrepância dos resultados é o fato de alguns grupos não terem esperado 1 minuto após adição do iodeto de potássio, visto que, por exemplo, o grupo 6 que obteve os menores valores na titulação deixou suas soluções em repouso no tempo devido. Deve-se levar em consideração também que o preparo das soluções foi feita por pessoas diferentes o que acarreta em acúmulo de erros contribuindo para resultados diversos. Além disso, alguns grupos utilizaram solução de tiossulfato de sódio com normalidade diferente devido ter acabado o reagente já preparado à 0,02 N, preparando-se então uma nova solução desta vez à 0,052 N. De certa forma, analisando esta última proposição, vê-se mais uma inconsistência nos resultados, uma vez que utilizando solução mais concentrada o certo seria demandar-se de menos volume para chegar ao ponto final da titulação, o que não ocorreu. Analisando os resultados obtidos vê-se tamanha discrepância dos mesmos, por isso aplica-se o teste Q a fim de saber se o valor mais distante dos demais pode ser rejeitado ou não. Utiliza-se a equação 5.2 abaixo: Equação 5.2 - Teste Q Qcalc= R X2 − X1 onde: X2 - valor duvidoso X1 - vizinho mais próximo do valor duvidoso R - amplitude total (R) dos dados. Primeiro, organiza-se todos os resultados de óleo novo em ordem crescente: 16,32; 53,41; 58,78; 95,13; 105,19; 404,63. A amplitude total dos dados é calculado através da diferença entre o maior valor e o menor valor, assim a amplitude dos resultados de óleo novo é 388,31. Os valores mais discrepantes são 16,32 e 404,63 e por isso eles serão os valores duvidosos. Aplicando na equação 5.2 têm-se: Qcalc= 388,31 16,32 − 53,41 Qcalc= como não se considera valores negativos, QCalc, igual a 0,096, 96− 0 0 Considerando nível de confiança de 95%, o número de dados sendo 6, a partir da tabela de teste Q, têm-se o Qtab igual a 0,625. (VIDE ANEXO) ComoQcalc é menor que o Qtab o resultado duvidoso não será rejeitado com o nível de confiança previamente estabelecido. Repetindo os cálculos, agora com 404,63 têm-se: Qcalc= 388,31 404,63 − 105,63 Qcalc= 0,770 Como Qcalc é maior que o Qtab o resultado duvidoso será rejeitado com o nível de confiança previamente estabelecido. Novamente coloca-se os resultados em ordem crescente, entretanto desta vez os valores para o óleo usado: 17,92; 99,50; 254,36; 261,27; 300,93; 783,18. Os valores mais discrepantes são 17,92 e 783,18 e por isso eles serão os valores duvidosos. Aplicando na equação 5.2 têm-se: Qcalc= 765,26 17,32 − 99,50 Qcalc= - 0,107 como não se considera valores negativos, QCalc, igual a 0,107. Como Qcalc é menor que o Qtab o resultado duvidoso não será rejeitado com o nível de confiança previamente estabelecido. Repetindo os cálculos, agora com 783,18 têm-se: Qcalc= 765,26 783,18 − 300,93 Qcalc= 0,630 Como Qcalc é maior que o Qtab o resultado duvidoso será rejeitado com o nível de confiança previamente estabelecido. Sendo assim, os resultados do grupo 3 foram rejeitados. Para expressar os resultados finais utiliza-se o intervalo de confiança de acordo com a equação 5.3 abaixo: Equação 5.3 - Intervalo de confiança IC = ± X √n t . S onde: - Média amostral dos dados;X t - ttab de acordo com tabela em anexo; S - desvio padrão amostral; n - número de elementos. Sendo assim, têm-se como média amostral dos resultados de óleo novo 65,77, ttab considerando 95% como nível de confiança e graus de liberdade como sendo 4 igual a 2,78, desvio padrão amostral 35,58 e número de elementos 5. Aplicando na equação 5.3 obtem-se o presente resultado: 65,77 mEq.kg-1 45, 8 ± 4 Já o óleo usado, considerando média amostral como sendo 186,80, ttab considerando 95% como nível de confiança e graus de liberdade como sendo 4 igual a 2,78, desvio padrão amostral 121,73 e número de elementos 5. Aplicando na equação 5.3 obtem-se o presente resultado: 186,80 151,34 mEq.kg-1 ± De acordo com a Resolução - RDC Nº 270, DE 22 de setembro de 2005 da ANVISA o índice máximo de peróxidos em óleos refinados permitido é de 10 mEq.kg-1, e considerando os resultados obtidos as amostras podem ser consideradas fora dos padrões da legislação e, caso fosse à título de qualificação e desqualificação esses óleos novo e usado estariam desqualificados, reprovados. Para isso, o correto seria apenas uma pessoa executar o experimento, no mínimo em triplicata, com máximo de acurácia possível. Todavia o presente experimento foi realizado apenas para fins didáticos. 6. CONCLUSÃO Apesar dos valores disponibilizados pelos grupos terem sido discrepantes, foi possível observar e aprender o método e cálculos para quantificação de peróxidos em lipídios. As amostras analisadas no experimento foram consideradas fora dos padrões da legislação, e além disso, resultados do grupo 3 foram descartados por intermédio do teste Q por estarem muito distantes dos demais. 7. REFERÊNCIAS ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Aprova O "REGULAMENTO TÉCNICO PARA ÓLEOS VEGETAIS, GORDURAS VEGETAIS E CREME VEGETAL". Resolução RDC nº 27 0, de 22 de setembro de 2005. D.O.U. - Diário Oficial da União ; Poder Executivo, de 23 de setembro de 2005. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2005/rdc0270_22_09_2005.html. Acesso em 12 de nov. 2019 BELLAVER, Cláudio. Peroxidação de lipídios e índice de peróxidos. 2009. MORETTO, E ; FETT, R . Tecnologia de óleos Vegetais e Gorduras Vegetais na Indústria de Alimentos. São Paulo: Varela, 1998 8. ANEXOS Fonte: Apostila Estatística aplicada à Metrologia Química disponibilizada pelo docente José Augusto Brunoro Fonte: Material de apoio de Metrologia Química disponibilizada pelo docente Renan Barroso Soares
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