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Direito Internacional 
Público e Privado
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Personalidade de Direito Internacional 
• Introdução
• O Estado
• Organização Internacional
 · Conhecer os dois mais destacados sujeitos de Direito Internacional 
Público, os estados e as organizações internacionais. Em relação aos 
estados, ver quais são seus elementos constitutivos e como eles são 
reconhecidos. Já em relação às organizações internacionais, conhe-
cer as suas características para, em seguida, conhecer duas das mais 
destacadas delas: a Organização das Nações Unidas e o Mecorsul.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Personalidade de Direito Internacional 
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Introdução
Tradicionalmente, os estados figuram como os únicos detentores de personalidade 
internacional, ou seja, podem ser titulares de direitos e obrigações estipuladas pelas 
fontes do Direito Internacional.
Porém, após a segunda metade do último século, passou-se a entender que as 
organizações internacionais também possuem esse mesmo qualificativo, ficando 
isso extremamente evidente com a entrada em vigor da Convenção de Viena 
sobre o Direito dos Tratados de 1986, que expressamente menciona que essas 
organizações podem ser signatárias de tratados.
Nesse particular, ensina Rezek (2000, p. 145):
A personalidade jurídica do Estado, em direito das gentes, diz-se originária, 
enquanto derivada a das organizações. O Estado, com efeito, não tem 
apenas precedência histórica: ele é antes de tudo, uma realidade física, um 
espaço territorial sobre o qual vive uma comunidade de seres humanos. 
A organização internacional carece dessa dupla dimensão material. Ela 
é produto exclusivo de uma elaboração jurídica resultante da vontade 
conjugada de certo número de Estados.
Muito embora haja uma importante divergência doutrinária a respeito de um 
terceiro sujeito do Direito Internacional, o indivíduo, o foco de nossa aula está 
naqueles primeiros sujeitos, ou seja, os estados e as organizações internacionais 
sob a ótica do Direito Internacional.
O Estado
Como vimos, inicialmente o Direito Internacional estava voltado para a relação 
entre estados e, somente nas últimas décadas, ocorreu um alargamento para 
reconhecer a personalidade das organizações internacionais.
O estado é, antes de mais nada, uma realidade política e social, cabendo ao 
Direito Internacional estudar quais são seus elementos constitutivos e a forma 
como se dá o seu reconhecimento. 
Elementos constitutivos
Se verificarmos os diversos autores, não encontraremos unanimidade na 
identificação dos elementos constitutivos do Estado. Com essa observação, deve 
ser destacado o ensinamento de Rezek (2000, p. 153):
8
9
O Estado, sujeito originário de direito internacional público, ostenta três 
elementos conjugados: uma base territorial, uma comunidade humana 
estabelecida sobre essa área e uma forma de governo não subordinado a 
qualquer autoridade exterior.
Contudo, na Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados1 firmada 
por ocasião da Sétima Conferência Internacional Pan-americana, realizada em 
Montevidéu em 1938, estabeleceu-se que:
Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados
Artigo 1
O Estado como pessoa de Direito Internacional deve reunir os seguintes 
requisitos.
I. População permanente.
II. Território determinado.
III. Governo.
IV. Capacidade de entrar em relações com os demais Estados.
Seguindo o disposto nessa convenção, analisaremos cada um desses elementos 
constitutivos.
População permanente
É o elemento humano do Estado.
População é o conjunto de pessoas residentes em caráter permanente no território 
do Estado, abrangendo em sua maioria os nacionais e uma minoria de estrangeiros.
Embora na linguagem comum muitas vezes a palavra povo acabe sendo 
empregada como equivalente à população, elas não se confundem.
A palavra povo “tem sentido sobretudo social, ou seja, povo em oposição a 
governo, ou parte da coletividade determinada pelo aspecto social” (ACCIOLY, 
2014, p. 248).
Decorre da análise desse elemento a necessidade de sabermos o que é a 
nacionalidade.
Nacionalidade é um vínculo político entre o Estado soberano e o indivíduo, 
que faz deste um membro da comunidade constitutiva da dimensão pessoal 
do Estado (REZEK 2000, p. 153).
1 Esta convenção foi ratificada em nosso país por meio do Decreto n. 1.570/37. Disponível em:
<https://goo.gl/j3nLSv>.
9
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Embora tenha importantes reflexos no Direito Internacional, cabe a cada Estado 
estipular em seu Direito Interno as regras que adotará para estabelecer o vínculo 
de nacionalidade.
Território
É o espaço onde o Estado exerce sua soberania, ou seja, espaço em cujos limites 
ocorre o exercício do poder estatal. Nele, o Estado soberano exerce uma jurisdição 
geral e exclusiva.
A generalidade da jurisdição significa que o Estado exerce no seu domínio 
territorial todas as competências de ordem legislativa, administrativa 
e jurisdicional. A exclusividade significa que, no exercício de tais 
competências, o Estado local não enfrenta concorrência de qualquer outra 
soberania. Só ele pode, assim, tomar medidas restritivas contra pessoas, 
detentor que é do monopólio do uso legítimo da força pública (REZEK, 
2000, p. 154).
Governo e a capacidade de manter relações com os demais estados
Esses requisitos se referem à capacidade do Estado de tomar decisões sobre a 
sua gestão interna e suas relações internacionais de forma livre de interferências.
Para ser reconhecido como tal, o Governo não pode sofrer interferências dos de-
mais estados, seja no âmbito interno (gestão interna do país), seja nas suas relações 
com outros atores do direito internacional, ou seja, o Governo deve ter soberania.
A soberania significa independência sem qualquer tipo de subordinaçãode suas 
decisões a qualquer tipo de autoridade ou ordem externa. Sem a sua presença, não 
podemos identificar um governo e, em decorrência, um Estado que possa manter 
relações em igualdade com os demais.
Identificamos o Estado quando seu governo [...] não se subordina a 
qualquer autoridade que lhe seja superior, não reconhece, em última 
análise, nenhum poder maior que dependa a definição e o exercício de 
suas competências (REZEK 2000, p. 216).
Para manter relações com outros sujeitos de direito internacional, é necessário 
que um Estado seja reconhecido como tal por esses sujeitos.
Reconhecimento de Estado
O reconhecimento de um Estado é uma manifestação de direito internacional 
diretamente relacionada à sua soberania.
O reconhecimento do Estado é a manifestação unilateral e discricionária 
de outros Estados ou Organizações Internacionais no sentido de aceitar a 
criação de um novo sujeito de direito internacional, portanto, com direitos 
e obrigações (VARELLA, 2012, p. 246).
10
11
Sendo assim, formado um Estado, surge a necessidade do seu reconhecimento 
internacional. Trata-se de ato discricionário, unilateral, irrevogável e incondicional, 
por meio do qual o surgimento de um novo sujeito de direito internacional é 
atestado pelos demais estados. Esse reconhecimento pode ser expresso ou tácito.
O reconhecimento expresso ocorre, por exemplo, em declarações conjuntas 
de reconhecimento e na confecção de tratados bilaterais. 
Já no reconhecimento implícito, não há atos formais, mas apenas o tratamento 
de questões comuns que demonstram esse reconhecimento mútuo. É o que ocorre, 
por exemplo, quando um Chefe de Estado em visita oficial é recebido por outro 
e esses passam a discutir questões internacionais comuns ou que se refiram ao 
relacionamento de seus estados.
Para que haja o reconhecimento, é preciso que o governo seja independente e 
tenha o controle de forma efetiva de seu território, bem como cumpra as obrigações 
internacionais. Duas observações se fazem necessárias:
• Não cabe à Organização das Nações Unidas decidir sobre a existência e o 
reconhecimento de um determinado Estado. Cada Estado, no uso da sua 
soberania e de acordo com seus interesses e conveniências, deve decidir se 
realiza esse reconhecimento de outro Estado;
• Quando o Estado participa da elaboração ou adere a um tratado multilateral, 
ele não está reconhecendo outros estados que também se comprometeram 
nesse instrumento.
Deve ficar claro que o reconhecimento mútuo da personalidade 
internacional só configura pressuposto necessário da celebração de 
tratados bilaterais. No plano da multilateralidade, a situação sempre foi 
diversa. Ninguém discute a certeza deste princípio costumeiro: o fato de 
certo Estado negociar em conferência, assinar ou ratificar um tratado 
coletivo, ou de a ele aderir, não implica, por sua parte, o reconhecimento 
de todos os demais pactuantes (REZEK, 2000, p. 219).
Reconhecimento de Governo 
O reconhecimento de governo não se confunde com o reconhecimento do Estado. 
O reconhecimento de um novo governo dá-se quando a comunidade internacional 
vislumbra, em um Estado anteriormente já reconhecido, a alteração de sua direção. 
Em geral, quando não há uma ruptura da linha política interna, esse 
reconhecimento se dá sem maiores problemas. Tanto é assim que, normalmente, os 
países que mantêm relações diplomáticas com aquele Estado enviam representantes 
para a posse do novo mandatário.
Contudo, a instalação de um novo governo em um Estado a partir da desconsi-
deração do ordenamento jurídico vigente, tal como em casos de golpes de Estado 
e revoluções, acarreta a necessidade de que essa nova direção do Estado tenha que 
passar por um claro reconhecimento que, muitas vezes, chega a ser expresso.
11
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Extinção e sucessão de estados
O desaparecimento de qualquer dos elementos constitutivos do Estado ocasiona 
a sua extinção total ou parcial. Será total, quando decorrente da fusão, anexação 
total ou desaparecimento do território, e parcial, quando estiver caracterizada, de 
qualquer forma, a restrição de sua soberania.
A Convenção de Viena sobre Sucessão de Estados em Matéria de Tratados 
(1978) dispõe que a “sucessão de estados significa a substituição de um Estado 
por outro na responsabilidade das relações internacionais de um território”, 
ou seja, há uma transferência de direitos e obrigações do Estado extinto para outro 
Estado – anteriormente existente ou formado nesse ato.
As principais modalidades de sucessão de estados são: 
• Emancipação: é a aquisição da independência de uma colônia em relação ao 
estado controlador. Ex.: Brasil, em relação a Portugal; 
• Fusão: é a união de dois ou mais Estados para formar um terceiro, com nova 
personalidade jurídica internacional. Ex.: Unificações alemã e italiana;
• Anexação total: ocorre quando um Estado é absorvido (anexado) plenamente 
por outro, extinguindo-se a personalidade internacional do primeiro. Ex.: 
Etiópia, quando anexada à Itália de Mussolini;
• Anexação parcial: ocorre quando um Estado perde parcela de seu território em 
favor de outro. Ex.: transferências de territórios depois das guerras mundiais.
Organização Internacional
As primeiras organizações internacionais surgiram com a finalidade de criar 
condições para a cooperação e solução de problemas bastante específicos, tais 
como garantir a liberdade de navegação em determinados rios. Na verdade, 
o escopo da organização é conjugar forças, recursos e interesses em torno de 
objetivos transnacionais comuns. 
A primeira grande experiência de organização internacional de âmbito mundial 
foi a Liga das Nações. As organizações internacionais (ou intergovernamentais) 
são pessoas jurídicas de direito internacional que se caracterizam por possuir ordens 
jurídicas próprias que não se confundem com as dos estados que as integram.
Como elas resultam da manifestação de vontade de sujeitos de direito 
internacional público, ou seja, de Estados ou de outras organizações 
internacionais, não são aceitos, em suas composições, sujeitos de 
direito interno, tais como indivíduos, empresas e organizações não 
governamentais (VARELLA, 2012, p. 285).
12
13
Podemos dizer que uma organização internacional é a associação voluntária 
de sujeitos de direito internacional (estados e outras organizações internacionais) 
constituída mediante ato internacional (um tratado), de caráter relativamente 
permanente, dotada de regulamento e de órgãos de direção próprios, cuja finalidade 
é a de atingir os objetivos comuns determinados por seus membros constituintes.
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1986 buscou dis-
ciplinar as normas de direito internacional aplicáveis ao poder convencional das 
organizações internacionais. Essas organizações intergovernamentais, uma vez 
constituídas, adquirem personalidade internacional independente da de seus mem-
bros constituintes, podendo, portanto, adquirir direitos e contrair obrigações em 
seu nome próprio – inclusive por intermédio da celebração de tratados com outras 
organizações internacionais e com estados, nos termos do seu ato constitutivo. 
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1986
ARTIGO 6º – Capacidade das organizações internacionais para concluir 
tratados
A capacidade de uma organização internacional para concluir tratados é 
regida pelas regras da organização.
Vamos então conhecer a Organização das Nações Unidas e o Mercosul, duas 
das organizações mais importantes para o nosso Direito.
Organização das Nações Unidas – ONU
Antecedentes históricos
É comum imaginar que somente no século XX os estados passaram a se preocupar 
em criar organizações internacionais mais estruturadas para a solução de problemas 
comuns, que necessitavam de uma coordenação deesforços para que fossem solucionados; contudo, não 
é essa a realidade. No século XIX, surgiram algumas 
iniciativas desse tipo, as quais redundaram na criação 
das mais antigas organizações internacionais, as quais 
ainda estão em plena atividade:
• A União Internacional de Telecomunicações 
(International Telecommunication Union – ITU2) foi 
fundada em 1865 em Paris, tendo o nome inicial de 
International Telegraph Union;
2 O site da ITU na internet é <https://goo.gl/lsZEm>. Desde 1947, essa organização é uma agência especializada da ONU.
Figura 1 − Símbolo da União 
Internacional de Telecomunicações
13
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
• A União Postal Universal (Universal Postal Union – UPU3) foi fundada 
em 1874. 
Figura 2 − Símbolo da União Postal Universal
Também deve ser destacada a Conferência de Paz em Haia de 1899 (Países 
Baixos), que estabeleceu mecanismos para a criação de tribunais arbitrais para 
resolver conflitos e disputas que envolvessem estados. Fazia parte desses mecanismos 
a criação de um escritório permanente localizado em Haia para registro judicial e 
secretariado dos tribunais quando fossem criados. Esse escritório acabou sendo 
denominado de Corte Permanente de Arbitragem (The Permanent Court of 
Arbitration), sendo estabelecido em 1900 e iniciado seus trabalhos em 1902. Essa 
corte é a predecessora da Corte Internacional de Justiça4 da ONU.
Outro ponto histórico marcante é a criação da Liga das Nações (ou Sociedade 
das Nações), que foi instituída em 28 de junho de 1919, pelo Tratado de Versailles, 
durante a conferência organizada em razão do final da Primeira Guerra Mundial 
(1914-1918). 
Antes mesmo do final da guerra, o presidente dos Estados Unidos, Woodrow 
Wilson, já havia apresentado uma proposta de criação dessa organização. Contudo, 
apesar desse entusiasmo, o Senado de seu país não ratificou o tratado, razão pela 
qual não houve a adesão daquele país àquela Liga.
O grande propósito da Liga das Nações era o de estabelecer mecanismos para a 
manutenção da paz, evitando a ocorrência de um grande, conflito como a Primeira 
Guerra Mundial.
Tratado de Versailles
Art.11. Fica expressamente declarado que toda guerra ou ameaça de 
guerra, quer afete diretamente ou não um dos Membros da Sociedade, 
interessará à Sociedade inteira e esta deverá tomar as medidas apropriadas 
para salvaguardar eficazmente a paz das Nações. Em semelhante caso, 
o Secretário Geral convocará imediatamente o Conselho a pedido de 
qualquer Membro da Sociedade.
3 O site da UPU na internet é <http://www.upu.int/en.html>, sendo essa organização uma agência especializada da 
ONU.
4 O site da Corte Internacional de Justiça na internet é <http://www.icj-cij.org/en>.
14
15
Além disso, fica declarado que todo Membro da Sociedade tem o direito 
de, a título amigável, chamar a atenção da Assembleia ou do Conselho 
sobre qualquer circunstância de natureza a afetar as relações internacionais 
e que ameace, consequentemente, perturbar a paz ou o bom acordo entre 
as Nações, do qual depende a paz.
Em razão do disposto no artigo 14 do Tratado de Versailles5, a Liga das Nações 
realizou a criação de um Tribunal a ela vinculado que tinha a função de resolver 
conflitos e de emitir pareceres consultivos em disputas que envolvessem estados 
que faziam parte da Liga.
Tratado de Versailles
Art. 14. O Conselho será encarregado de preparar um projeto de Tribunal 
permanente de justiça internacional e de submetê-lo aos Membros da 
Sociedade. Esse Tribunal tomará conhecimento de todos os litígios de 
caráter internacional que as Partes lhe submetam. Dará também pareceres 
consultivos sobre toda pendência ou todo ponto que lhe submeta o 
Conselho ou a Assembleia.
Esse tribunal, denominado Corte Permanente de Justiça Internacional (The 
Permanent Court of International Justice), foi instalado em Haia em 1922, 
dividindo o mesmo edifício da Corte Permanente de Arbitragem – o Palácio 
da Paz.
Também decorrente do Tratado de Versailles se deu a criação da Organização 
Internacional do Trabalho6 (International Labour Organization – ILO), que 
também se vinculava à Liga das Nações.
Apesar dos avanços, a Liga das Nações acabou sendo extinta em 1946. Entre 
outros fatores, isso se deu em razão de sua incapacidade de evitar a ocorrência de 
grandes conflitos, como a Segunda Guerra Mundial. Em consequência, foi realizada 
a criação da Organização das Nações Unidas – ONU (United Nations – UN7).
Figura 3 − Palácio da Paz – Haia
Fonte: Wikimedia Commons
5 Disponível em: <https://goo.gl/gH4EK7>.
6 O site da ILO na internet é <https://goo.gl/BeSYV>.
7 O site da ONU na internet é <https://goo.gl/RBr4VZ>.
15
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Criação
A Organização das Nações Unidas foi fundada 
oficialmente em 24 de outubro de 1945, em São 
Francisco, Estados Unidos, por 51 países, logo 
após o fim da Segunda Guerra Mundial, sendo que 
a sua primeira Assembleia Geral foi realizada em 10 
de janeiro de 1946 no Westminster Central Hall, 
localizado em Londres. 
Em 1952, foi inaugurada a sua atual sede, na ci-
dade de Nova York, devendo ser destacado que entre 
as pessoas envolvidas na elaboração do projeto de 
suas instalações estava o brasileiro Oscar Niemayer.
Seu principal documento de regência é a Carta das Nações Unidas8 que, 
dentre outros vários assuntos, indica seus propósitos.
Carta das Nações Unidas
Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são:
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, 
coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os 
atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios 
pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito 
internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que 
possam levar a uma perturbação da paz;
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito 
ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, 
e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas 
internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e 
para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades 
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a 
consecução desses objetivos comuns.
Em razão de suas características, a Organização das Nações Unidas tem como 
línguas oficiais as seguintes: chinês, francês, russo, inglês e espanhol.
8 Esse documento foi elaborado por ocasião da Conferencia de Organização Internacional da Nações Unidas, em São 
Francisco (Estados Unidos), sendo assinada em 26 de junho de 1945. Em nosso país, essa Carta foi ratificada pela 
Decreto n. 19.841/45 – disponível em: <https://goo.gl/FV9xHj>.
Figura 4 − Símbolo da ONU
16
17
Membros
Atualmente9 a ONU é composta por 193 estados-membros, que participaram 
de sua criação ou que, posteriormente, solicitaram a sua filiação nos termos do 
artigo 4 da Carta.
Carta das Nações Unidas
Artigo 4. 
1. A admissão como Membro das Nações Unidas fica aberta a todos os 
Estados amantes da paz que aceitarem as obrigações contidas na presente 
Carta e que, a juízo da Organização, estiverem aptos e dispostos a cumprir 
tais obrigações.
2. A admissão de qualquer desses Estados como Membros das Nações 
Unidas será efetuada por decisão da Assembleia Geral, mediante 
recomendação do Conselho de Segurança.
Para ser admitido na ONU, um Estado deve, inicialmente, apresentar um pedido 
para o Secretário Geral atestando que se compromete com os princípios da Carta e 
solicita a sua admissão. Essa solicitação é encaminhada ao Conselho de Segurança(CS), onde precisa ser aprovado. Em seguida, esse requerimento é remetido para a 
Assembleia Geral (AG), na qual, novamente, precisa obter a aprovação.
Estrutura
Os principais órgãos da estrutura da ONU são:
• Assembleia Geral;
• Conselho de Segurança;
• Conselho Econômico e Social;
• Secretariado;
• Conselho de Tutela;
• Corte Internacional de Justiça.
Carta das Nações Unidas
Artigo 7
1. Ficam estabelecidos como órgãos principais das Nações Unidas: uma 
Assembleia Geral, um Conselho de Segurança, um Conselho Econômico 
e Social, um conselho de Tutela, uma Corte Internacional de Justiça e
um Secretariado.
9 Em agosto de 2017.
17
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Assembleia Geral
É o mais importante órgão deliberativo da ONU, sendo constituído por todos 
os membros dessa organização que se reúnem em sessões anuais (iniciadas em 
setembro de cada ano). Nela, cada membro tem um voto e não existe, tal como 
ocorre no Conselho de Segurança, o direito a veto.
Figura 5 − Salão de Reuniões da Assembleia Geral
Fonte: iStock/Getty Images
Em cada sessão, é eleito um presidente desse órgão. Além das sessões anuais 
regulares, podem ocorrer sessões especiais, as quais podem ser convocadas, nos 
termos do artigo 20 da Carta da ONU, a pedido:
• do Secretário Geral; 
• do Conselho de Segurança;
• da maioria dos Membros das Nações Unidas.
Há duas formas de os assuntos serem decididos:
• Nas chamadas questões importantes, a decisão se dá pela maioria de dois 
terços dos membros presentes e votantes. As questões importantes são as 
seguintes: recomendações relativas à manutenção da paz e da segurança 
internacionais; eleição dos Membros não permanentes do Conselho de 
Segurança; eleição dos membros do Conselho Econômico e Social; eleição 
dos Membros do Conselho de Tutela; admissão de novos Membros das 
Nações Unidas; suspensão dos direitos e privilégios de Membros; expulsão 
dos Membros; questões referentes ao funcionamento do sistema de tutela e 
questões orçamentárias;
• Nas demais questões apreciadas pela Assembleia Geral, a decisão se dá por 
maioria de votos dos países presentes e votantes.
18
19
Muito embora tenha sido estabelecido o quórum de aprovação das suas 
deliberações, o costume desse órgão é que se busque, ao máximo, a formação de 
consenso para as questões de sua competência, assim sempre se persegue o ideal 
de que as decisões sejam unânimes, muito embora nem sempre isso seja possível.
No que concerne às suas funções, a Assembleia deve discutir e fazer recomen-
dações sobre temas relacionados às competências da ONU; discutir e fazer reco-
mendações relativas sobre desarmamento e regulamentação de armamentos; 
considerar os princípios gerais de cooperação na manutenção da paz e da 
segurança internacionais” e fazer recomendações relativas a tais princípios 
(artigo 11); fazer estudos e recomendações sobre cooperação internacional, nos 
diferentes domínios econômicos, culturais e sociais, codificação e desenvolvimento 
do Direito Internacional e fazer recomendações para a solução pacífica de qualquer 
situação internacional. 
Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança (CS) é órgão permanente da ONU, vale dizer, e 
permanece em funcionamento ao longo do ano. Não obstante, embora se reuna 
ordinariamente na sede da ONU, em Nova Iorque, nada impede que o Conselho 
realize encontros em outras localidades.
Figura 6 − Salão do Conselho de Segurança
Fonte: Wikimedia Commons
É formado por quinze membros, sendo:
• Cinco Membros Permanentes:
 » China;
 » Estados Unidos;
 » Rússia;
 » França; e 
 » Reino Unido.
19
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
• Dez Membros Não Permanentes: que são escolhidos pela Assembleia Geral 
(AG) para um mandato de dois anos.
Os Cinco Membros Permanentes ou Cinco Grandes são os cinco Grandes 
Vitoriosos da Segunda Guerra Mundial que, nessa qualidade de protagonistas, 
angariaram privilégios e poderes diferenciados dos demais estados. Vale ressaltar 
que os membros permanentes possuem o poder de veto. 
Na eleição dos Dez Membros Não Permanentes, devem ser considerados os 
seguintes elementos descritos no artigo 23.1 da Carta da ONU: 
• a contribuição dos Membros das Nações Unidas para a manutenção da paz e 
da segurança internacionais e para os outros propósitos da Organização;
• a distribuição geográfica equitativa.
Os membros do Conselho de Segurança (permanentes e não permanentes) 
se alternam na presidência desse órgão, sendo que a troca ocorre mensalmente, 
considerando para tanto a ordem alfabética (em inglês) do nome dos estados que 
fazem parte dele.
Dentre as funções do Conselho de Segurança, devem ser destacadas as 
mencionadas no artigo 24 da Carta da ONU:
Carta da ONU
Artigo 24
1. A fim de assegurar pronta e eficaz ação por parte das Nações 
Unidas, seus Membros conferem ao Conselho de Segurança a principal 
responsabilidade na manutenção da paz e da segurança internacionais 
e concordam em que, no cumprimento dos deveres impostos por essa 
responsabilidade, o Conselho de Segurança aja em nome deles.
Ao fazer suas recomendações, o Conselho de Segurança deve levar em 
consideração que as controvérsias de caráter jurídico devem, em regra geral, 
serem submetidas pelas partes à Corte Internacional de Justiça. Ao lado disso, o 
Conselho de Segurança ostenta atribuições outras, como a participação na escolha 
dos membros da Corte Internacional de Justiça.
Pautando-se pelos princípios orientadores da ONU, o Conselho de Segurança 
deve buscar, precipuamente, uma solução pacífica para conflitos. Em casos 
extremos, ele pode impor as seguintes sanções: 
• A interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de co-
municação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, telegráficos, radiofônicos, ou 
de qualquer outra espécie e o rompimento das relações diplomáticas (art. 41);
• Se infrutíferas as sanções do art. 41, poderá levar a efeito, por meio de forças 
aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou 
restabelecer a paz e a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender 
demonstrações, bloqueios e outras operações por parte das forças aéreas, 
navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas (art. 42).
20
21
Na verdade, a imposição das sanções pelo Conselho de Segurança ou outro 
órgão da ONU representa uma forma de trazer o Estado em litígio para negociação, 
buscando prevenir a eclosão de conflitos armados ou a sua interrupção.
Forças de Paz
Embora o processo de manutenção da paz não seja especificamente mencionado 
na Carta das Nações Unidas, essa norma confere ao Conselho de Segurança 
responsabilidade primária pela manutenção da paz e da segurança internacionais. 
Para desempenhar essa sua missão, o Conselho, em muitos casos, cria missões 
de manutenção da paz. Isso é feito por meio da estipulação de um mandato – 
uma descrição das tarefas e dos objetivos que devem ser perseguidos pela Missão 
de Paz. Além disso, os países membros da ONU e que não tenham ligação com 
o conflito são convidados a participar da formação dessa missão, sendo que eles 
devem disponibilizar pessoal e equipamentos para a sua realização.
A Força de Paz apresenta periodicamente ao Conselho de Segurança relatórios 
sobre as dificuldades e as tarefas desempenhadas, para que esse acompanhe essas 
medidas e, se for o caso, realize outras deliberações para que os objetivos que 
motivaram a sua criação sejam atingidos. Muito embora deva haver a aceitação do 
Estado onde a Força de Paz atuará, ela não se subordina ou se reporta a autoridades 
locais, sendo que somente há vinculação de suas ações ao Conselho de Segurança.
Processo decisório do Conselho de Segurança
Para que uma matéria seja aprovada pelo Conselho de Segurança, deve havera 
concordância de, pelo menos, nove de seus quinze membros. Nesse particular, os vo-
tos dos Membros Permanentes e dos Membros Não Permanentes se equivalem.
Contudo, para a aprovação, também é necessário que nenhum dos Membros 
Permanentes se utilize do poder de veto. Se algum ou alguns deles apresentar veto 
para a questão, não se considera aprovada a deliberação, muito embora tenham 
sido colhidos nove ou mais votos dos demais membros.
Também é possível que um Membro Permanente se abstenha de participar 
da deliberação, situação em que não haverá qualquer prejuízo para a aprovação
da questão em votação, sendo somente necessário que se atinja o quórum mínimo 
de deliberação – nove votos10.
Secretariado
É um órgão permanente composto pelo Secretário Geral e pelo pessoal 
necessário à gestão administrativa da Organização. Nos termos do artigo 97 da 
Carta da ONU, o Secretário Geral é o principal funcionário administrativo da 
Organização, sendo que nessa qualidade atuará em todas as reuniões da Assembleia 
Geral, do Conselho de Segurança e do Conselho Econômico e Social.
10 Membros Não Permanentes também podem se abster de participar de votações.
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UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
O Secretário Geral, no desempenho de suas funções, poderá chamar a atenção 
do Conselho de Segurança para qualquer assunto que, em sua opinião, possa 
ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais. Além disso, fazem 
parte de suas atribuições: 
• exercer tarefas conferidas pela Assembleia Geral, Conselho de Segurança, de 
Tutela, Econômico e Social; 
• fazer relatórios à Assembleia Geral sobre os trabalhos da Organização; 
• nomear os demais integrantes do Secretariado, seguindo o regramento 
estabelecido pela Assembleia Geral; 
• atuar na fase inicial de ameaças à paz. 
No desempenho de suas funções, o Secretário Geral e os demais membros do 
Secretariado devem estrito respeito ao disposto no artigo 100.1 da Carta:
Carta da ONU
Artigo 100. 
1. No desempenho de seus deveres, o Secretário-Geral e o pessoal 
do Secretariado não solicitarão nem receberão instruções de qualquer 
governo ou de qualquer autoridade estranha à organização. Abster-se-ão 
de qualquer ação que seja incompatível com a sua posição de funcionários 
internacionais responsáveis somente perante a Organização.
O Secretário Geral é eleito pela Assembleia Geral após prévia aprovação pelo 
Conselho de Segurança para um mandato de cinco anos, podendo ser reeleito. 
O Secretário Geral também é Presidente do Conselho de Coordenação dos 
Chefes Executivos do Sistema das Nações Unidas (CEB), que reúne os Chefes 
Executivos de todos os fundos, programas e agências especializadas das Nações 
Unidas duas vezes por ano a fim de promover a coordenação e a cooperação de 
todos eles em questões de maior relevância e para a gestão de desafios enfrentados 
pelo Sistema das Nações Unidas.
Também é no secretariado que os tratados internacionais são registrados e 
depositados após a ratificação pelos estados que participaram de sua formação 
ou após a adesão de outros que, mesmo não participando de sua formação, 
concordaram expressamente com suas disposições.
Conselho Econômico e Social
O Conselho Econômico e Social (ECOSOC) é composto por cinquenta e quatro 
Membros das Nações Unidas eleitos pela Assembleia Geral, sendo que anualmente 
há uma renovação de um terço deles (18 Membros) em novas eleições.
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Figura 7 − Salão do Conselho Econômico e Social
Fonte: Wikimedia Commons
Suas atribuições estão descritas nos artigos de 62 a 66 da Carta da ONU, 
podendo ser destacadas as seguintes:
• Realizar estudos e relatórios a respeito de assuntos internacionais de caráter 
econômico, social, cultural, educacional, sanitário e conexos, podendo fazer 
recomendações a respeito deles para a Assembleia Geral, para os Membros 
das Nações Unidas e para as entidades especializadas interessadas;
• Fazer recomendações destinadas a promover o respeito e a observância dos 
direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos;
• Preparar projetos de convenções a serem submetidos à Assembleia Geral 
sobre assuntos de sua competência;
• Poderá convocar, de acordo com as regras estipuladas pelas Nações Unidas, 
conferências internacionais sobre assuntos de sua competência;
• Estabelecer acordos com qualquer organização internacional, a fim de 
determinar as condições em que ela poderá se vincular à ONU, devendo esses 
atos serem submetidos à aprovação da Assembleia Geral;
• Coordenar as atividades das entidades especializadas;
• Pode fornecer informações ao Conselho de Segurança e, a pedido desse, 
prestar a ele assistência.
Por meio do Conselho Econômico e Social há a integração de diversas 
organizações internacionais à Organização das Nações Unidas, sendo que essas 
formam as chamadas agências especializadas. Elas também são chamadas de 
integrantes da família das Nações Unidas.
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UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Apesar de laços formais com as Nações Unidas, as organizações 
especializadas não podem ser consideradas como sendo seus órgãos, 
tanto especiais quanto subsidiários. Elas conservam uma independência 
jurídica e de conteúdo. Assim, por exemplo, países que não fazem 
parte das Nações Unidas podem integrar os organismos especializados 
(SEITENFUS, 2003, p. 149-150).
Como vimos, algumas das agências especializadas foram criadas antes da 
Organização das Nações Unidas, sendo que, posteriormente, vincularam-se a ela. 
As agências especializadas podem participar das reuniões da Assembleia Geral e 
nelas apresentar manifestações; contudo, não possuem direito de voto.
Como exemplos de agências especializadas que fazem parte da família das 
Nações Unidas, temos as seguintes:
• FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) – 
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura;
• ICAO (International Civil Aviation Organization) – Organização da Aviação 
Civil Internacional;
• IFAD (International Fund for Agricultural Development) – Fundo 
Internacional de Desenvolvimento Agrícola;
• ILO (International Labour Organization) – Organização Internacional 
do Trabalho;
• IMF (International Monetary Fund) – Fundo Monetário Internacional;
• IMO (International Maritime Organization) – Organização Marítima 
Internacional;
• ITU (International Telecommunication Union) – União Internacional de 
Telecomunicações;
• UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organiza-
tion) – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura;
• UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) – Organização 
das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial;
• UNWTO (World Tourism Organization) – Organização Mundial de Turismo;
• UPU (Universal Postal Union) – União Postal Universal;
• WHO (World Health Organization) – Organização Mundial da Saúde;
• WIPO (World Intellectual Property Organization) – Organização Mundial da 
Propriedade Intelectual;
• WMO (World Meteorological Organization) – Organização Meteorológica 
Mundial;
• WORLD BANK GROUP – Banco Mundial;
• WTO (World Trade Organization) – Organização Mundial do Comércio.
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• As agências especializadas se ligam ao Conselho Econômico e Social e à 
Assembleia Geral. Há, contudo, duas agências que reportam suas atividades 
para o Conselho de Segurança e para a Assembleia Geral, são elas:
• IAEA (International Atomic Energy Agency) - Agência Internacional de 
Energia Atómica;
• OPCW (Organization for the Prohibition of Chemical Weapons) – 
Organização para a Proibição de Armas Químicas.
Conselho de Tutela
Ao final da Segunda Guerra Mundial ainda existiam no mundo onze territórios 
aos quais a Carta das Nações Unidas se referia como: territórios cujos povosnão 
tenham atingido a plena capacidade de se governarem a si mesmos (artigo 
73). Eles eram constituídos, em geral, de ex-colônias de estados europeus.
Figura 8 − Salão do Conselho de Tutela
Fonte: Wikimedia Commons
Para resolver a essa situação, a ONU estabeleceu o sistema de tutela, com 
o objetivo de dar aos povos desses territórios condições estruturais para que 
pudessem criar novos estados. Para tanto, foram designados sete estados-membros 
para que, nos termos do Capítulo XII da Carta da ONU, realizassem juntamente 
com o Conselho de Tutela essa transição.
Todos esses territórios adquiriram a sua independência ou se juntaram a outros 
estados já constituídos, sendo que o último deles foi República de Palau (na Oceania), 
em 1994.
Atingido o seu objetivo, o Conselho de Tutela suspendeu suas atividades em 
novembro de 1994, mas poderá se reunir quando necessário:
• por decisão de seu Presidente;
• a pedido da maioria de seus membros;
• por decisão da Assembleia Geral ou do Conselho de Segurança.
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UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Parte de suas competências, contudo, foi destinada ao Quarto Comitê da 
Assembleia Geral, que foi encarregado de tratar da política de descolonização das 
Nações Unidas.
Corte Internacional de Justiça
Como parte dos esforços pela paz que resultaram na criação da Organização das 
Nações Unidas, também houve a criação da Corte Internacional de Justiça (CIJ).
Figura 9 − Brasão da Corte Internacional de Justiça
Fonte: icj-cij.org
Trata-se de um órgão permanente da ONU, dotado de dupla função jurisdicional:
• Consultiva;
• Contenciosa – em matéria não penal.
Esse órgão jurisdicional, cuja sede está instalada no Palácio da Paz, em Haia, 
foi criado na mesma Convenção de São Francisco que finalizou as tratativas para 
a criação da Organização das Nações Unidas, razão pela qual seu Estatuto (seu 
principal instrumento normativo) encontra-se anexado à Carta das Nações Unidas.
O Estatuto da CIJ só admite a jurisdição de estados, dessa forma, indivíduos 
e organizações internacionais não têm legitimidade para apresentar seus litígios 
junto a esse órgão.
Estatuto da Corte Internacional de Justiça
Artigo 34
1. Só os Estados poderão ser partes em questões perante a Corte.
Todos os membros da ONU podem apresentar questões a serem submetidas à 
CIJ, contudo, excepcionalmente, esse órgão também estará aberto a questões que 
envolvam estados que não fazem parte das Nações Unidas.
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27
Estatuto da Corte Internacional de Justiça
Artigo 35. 
1. A Corte estará aberta aos Estados que são parte no presente Estatuto.
2. As condições pelas quais a Corte estará aberta a outros Estados serão 
determinadas pelo Conselho de Segurança, ressalvadas as disposições 
especiais dos tratados vigentes; em nenhum caso, porém, tais condições 
colocarão as partes em posição de desigualdade perante a Corte.
Uma característica dos litígios apresentados na CIJ é que os estados-parte não 
precisam firmar qualquer compromisso prévio de reconhecimento da jurisdição 
desse órgão. Também deve ser destacado que a apresentação do litígio por um 
Estado não precisa contar com a prévia concordância do outro Estado litigante.
Os juízes têm mandatos de nove anos, sendo franqueada a recondução. 
Sobre a composição desse órgão, estabelece seu estatuto que:
Estatuto da CIJ
Artigo 2. A Corte será composta de um corpo de juízes independentes, 
eleitos sem atenção à sua nacionalidade, entre pessoas que gozem de alta 
consideração moral e possuam as condições exigidas em seus respectivos 
países para o desempenho das mais altas funções judiciárias, ou que sejam 
jurisconsultos de reconhecida competência em direito internacional.
Artigo 3. 1. A corte será composta de quinze membros, não podendo 
configurar entre eles dois nacionais do mesmo Estado.
O processo de escolha dos juízes da CIJ envolve três etapas:
• Escolha realizada pela Corte Permanente de Arbitragem;
• Eleição pelo Conselho de Segurança da ONU;
• Eleição pela Assembleia Geral da ONU.
Estatuto da Corte Internacional de Justiça
Artigo 8. A Assembleia Geral e o Conselho de Segurança procederão, 
independentemente um do outro, à eleição dos membros da Corte.
[...]
Artigo 10. 
1. 0s candidatos que obtiverem maioria absoluta de votos na Assembleia 
Geral e no Conselho de Segurança serão considerados eleitos.
2. Nas votações do Conselho de Segurança, quer para a eleição dos 
juízes quer para a nomeação dos membros da comissão prevista no artigo 
12, não haverá qualquer distinção entre membros permanentes e não 
permanentes do Conselho de Segurança.
27
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Há toda uma preocupação para que não haja qualquer alegação que a 
nacionalidade dos juízes possa influenciar na decisão da CIJ; dessa forma, seu 
estatuto estabelece uma forma de equilibrar essa situação.
Estatuto da CIJ
Artigo 31
1. Os juízes da mesma nacionalidade de qualquer das partes conservam o 
direito de funcionar numa questão julgada pela Corte.
2. Se a Corte incluir entre os seus membros um juiz de nacionalidade de 
uma das partes, qualquer outra parte poderá escolher uma pessoa para 
funcionar como juiz. Essa pessoa deverá, de preferência, ser escolhida 
dentre os que figuram entre os candidatos a que se referem os Artigos 4 
e 5.
3. Se a Corte não incluir entre os seus membros nenhum juiz de 
nacionalidade das partes, cada uma destas poderá proceder à escolha de 
um juiz, de conformidade com o parágrafo 2 deste Artigo.
4. As disposições deste Artigo serão aplicadas aos casos previstos nos 
Artigos 26 e 29. Em tais casos, o Presidente solicitará a um ou, se 
necessário, a dois dos membros da Corte integrantes da Câmara que 
cedam seu lugar aos membros da Corte de nacionalidade das partes 
interessadas e, na falta ou impedimento destes, aos juízes especialmente 
escolhidos pelas partes.
5. No caso de haver diversas partes interessadas na mesma questão, elas 
serão, para os fins das disposições precedentes, consideradas como uma 
só parte. Qualquer dúvida sobre este ponto será resolvida por decisão da 
Corte. 
6. Os juízes escolhidos de conformidade com os parágrafos 2, 3 e 4 deste 
Artigo deverão preencher as condições exigidas pelos Artigos 2 e 17 
(parágrafo 2), 20 e 24 do presente Estatuto e tomarão parte nas decisões 
em condições de completa igualdade com seus colegas.
Como dispõe o dispositivo acima, podem ser convocados juízes ad hoc (não 
permanentes) para atuarem em um determinado litígio.
Por exemplo, em 2013, a CIJ iniciou o processamento de um litígio que envolvia 
a Bolívia e o Chile. Alegava a Bolívia que o Chile deveria restituir-lhe um território 
que anteriormente lhe pertencia e que lhe garantiria acesso ao Oceano Pacífico. 
Nesse processo, aturam dois juízes ad hoc, um indicado por cada Estado-Parte, 
nos termos do artigo 31.3 do Estatuto.
Dentro da competência da CIJ firmada no artigo 36 de seu Estatuto, devem ser 
destacadas as seguintes matérias:
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• qualquer ponto de direito internacional; 
• a existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria violação de um 
compromisso internacional;
• a natureza ou extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso 
internacional. 
Mercado Comum do Sul – Mercosul
O Mercosul foi formatado a partir dos seguintes tratados: 
• Tratado de Assunção – 26/03/91 – Carta Constitutiva do Mercosul; 
• Protocolo de Brasília – 17/12/91 – Regulamentou a resolução de controvérsias 
no âmbito do Mercosul e instaurou procedimentos de negociação, conciliação 
e arbitragem;
• Protocolo de Ouro Preto – 16/12/94 – Conferiu ao bloco personalidade 
jurídica internacional, elegeu fontes e estruturou os órgãos;
• Protocolo de Olivos – 18/02/02 – Criou o Tribunal Arbitral Permanente 
de Revisãodo Mercosul. Objetivou solucionar e minimizar conflitos entre os 
países-membros.
O Mercosul foi concebido com o objetivo de consolidar a integração política, eco-
nômica e social entre os países que o integram com vistas a criar um mercado comum.
Seus membros originários são: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. 
Seu principal marco regulatório é o Tratado de Assunção, concluído na cidade 
de Assunção, no Paraguai, em 26 de março de 1991. 
A bandeira do Mercosul é formada pelo Cruzeiro do Sul e o horizonte do qual 
emerge. O Cruzeiro do Sul foi escolhido porque representa o principal elemento 
de orientação do Hemisfério Sul e, para o Mercosul, simboliza o rumo otimista de 
integração regional que se pretende dar aos países membros. Os idiomas oficiais 
são o português e o espanhol. 
Figura 10 − Bandeira do Mercosul
29
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
O Mercosul tem personalidade jurídica internacional e funciona como uma união 
aduaneira. Ainda como propósitos do Mercosul, podemos apontar: a adoção de 
uma política comercial comum em relação a terceiros estados; a coordenação de 
políticas setoriais e macroeconômicas e a harmonização legislativa. 
Outra função atribuída ao Mercosul cinge-se à mediação de conflitos entre seus 
membros, razão pela qual essa organização internacional possui instrumentos para 
dirimir controvérsias afetas às suas competências. 
Em 2012, a Venezuela passou a integrar o Mercosul como membro efetivo.
Desde de 2012, a Bolívia está em processo de adesão.
Os demais estados da América do Sul (Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana 
e Suriname) são Estados Associados ao Mercosul.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados, Ratificada por meio do Decreto n. 1.570/37
https://goo.gl/j3nLSv
União Internacional de Telecomunicações
https://goo.gl/lsZEm
União Postal Universal
https://goo.gl/EaAkLI
Corte Internacional de Justiça
https://goo.gl/nyeoMA
ONU
https://goo.gl/RBr4VZ
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UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Referências
ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G. E. do Nascimento; CASELLA, Paulo Borba. 
Manual de direito internacional público. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
ARAÚJO, Luis Ivani de Amorim. Curso de direito internacional público. 10. ed. 
Rio de Janeiro: Forense, 2002.
HUSEK, Carlos Roberto. Curso de Direito Internacional Público. 14. ed. São 
Paulo: LTr, 2017.
REZEK, J. F. Direito internacional público. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações internacionais. 3. ed. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público. 4. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012.
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