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Teorias Pedagógicas da Educação Física

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FUNDAMENTOS 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Fundamentos da Educação Física Escolar – Prof.a Ms. Andreia Cristina Metzner
Olá! Meu nome é Andreia Cristina Metzner. Sou graduada em 
Educação Física e Mestre em Educação na área de Metodologia 
de Ensino pela Universidade Federal de São Carlos. Atualmente, 
sou professora de Educação Infantil da rede municipal de ensino 
da cidade de São Carlos e leciono nos cursos de Licenciatura e 
Bacharelado em Educação Física em uma Instituição privada de 
Ensino Superior. Coloco-me à disposição para contribuir com to-
dos vocês alunos do EAD para uma aprendizagem significativa.
e-mail: acmetzner@hotmail.com
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
FUNDAMENTOS 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Caderno de Referência de Conteúdo
Andreia Cristina Metzner
Batatais
Claretiano
2013
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Clare ana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
796 M556f 
 Metzner, Andreia Cristina 
 Fundamentos da educação física escolar / Andreia Cristina Metzner 
 – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 
 156 p. 
 ISBN: 978-85-67425-32-0 
 1. Estudos das teorias metodológicas em Educação Física Escolar. 2. Análise dos 
 aspectos voltados para o ensino da Educação Física no ambiente escolar, tomando 
 como base as propostas curriculares oficiais e formas adequadas de trabalho 
 didático. 3. Fundamentação teórica, princípios dos métodos e técnicas de ensino. 
 4. Elaboração de teorias pedagógicas. I. Fundamentos da educação física escolar. 
 
 
 CDD 796 
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didá co Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cá a Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Mar ns
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu 
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 11
UNIDADE 1 TEORIAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA 
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 29
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 29
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 29
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 33
5 AS PRINCIPAIS TEORIAS PEDAGÓGICAS ......................................................... 34
6 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 87
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 88
8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 89
9 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 89
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 90
UNIDADE 2 PROPOSTAS CURRICULARES OFICIAIS 
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 91
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 91
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 91
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 92
5 REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO 
INFANTIL RCN ................................................................................................. 94
6 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO 
FUNDAMENTAL PCNS ................................................................................... 100
7 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO 
MÉDIO PCNEM .............................................................................................. 107
8 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 110
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 119
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 119
11 E REFERÊNCIA .................................................................................................. 120
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 120
UNIDADE 3 PRINCÍPIOS DOS MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 123
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 123
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 123
Claretiano - Centro Universitário
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 124
5 COMPONENTES DO PROCESSO DIDÁTICO: OBJETIVOS, CONTEÚDOS, 
PROCEDIMENTOS E AVALIAÇÃO ..................................................................... 125
6 OBJETIVOS ........................................................................................................ 127
7 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 129
8 PROCEDIMENTOS DE ENSINO ......................................................................... 131
9 AVALIAÇÃO ....................................................................................................... 147
10 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 152
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 153
12 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 15413 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 155
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Estudos das teorias metodológicas em Educação Física Escolar. Análise dos as-
pectos voltados para o ensino da Educação Física no ambiente escolar, tomando 
como base as propostas curriculares ofi ciais e formas adequadas de trabalho 
didático. Fundamentação teórica, princípios dos métodos e técnicas de ensino. 
Elaboração de teorias pedagógicas. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Quais são as principais teorias metodológicas em Educação 
Física escolar? Qual a importância dessas teorias para a nossa área? 
De que forma as propostas curriculares oficiais contribuíram para 
a melhoria da prática pedagógica dos professores? A disciplina de 
Educação Física permite a utilização de metodologias variadas? Es-
tes serão os desafios que teremos pela frente no desenvolvimento 
deste Caderno de Referência de Conteúdo. 
A Educação Física tem um campo vasto de reflexão, portan-
to, discutir as principais teorias metodológicas e propostas curri-
© Fundamentos da Educação Física Escolar8
culares que fundamentam o trabalho do professor de Educação 
Física no âmbito escolar é apenas o pontapé inicial para outras 
discussões referentes a esse componente curricular. 
Neste Caderno de referência de conteúdo (CRC), o objetivo 
será justamente esse: possibilitar uma reflexão criteriosa acerca 
dos fundamentos da Educação Física escolar, no sentido de conhe-
cer, compreender e refletir sobre as diferentes abordagens e pro-
postas que são, na atualidade, as bases teóricas da Educação Física 
escolar. Nas unidades que se seguirão você terá a possibilidade 
de compreender esse universo conceitual, além dos seus desafios 
para promover um viés sistematizado da prática educativa. 
Por se tratar de um campo amplo de análise, destacamos as 
principais teorias metodológicas, as propostas curriculares oficiais 
que fundamentam a Educação Física na Educação Básica e alguns 
métodos e técnicas de ensino, que comporão o objeto deste Ca-
derno de referência de conteúdo.
 Na Unidade 1 trataremos da discussão sobre as principais 
abordagens pedagógicas em Educação Física; já na Unidade 2, 
abordaremos o Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil (RCN) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para 
os Ensinos Fundamental e Médio; e, finalmente, na Unidade 3, a 
discussão girará em torno dos métodos e técnicas de ensino.
Para uma melhor reflexão sobre os temas tratados neste Ca-
derno de referência de conteúdo, sugerimos a leitura do texto a se-
guir, no qual o autor apresenta os principais momentos históricos 
que contribuíram para o surgimento de novas propostas pedagó-
gicas para o ensino de Educação Física.
Da origem médica e militar à esportivização ––––––––––––––
A constituição da educação física, ou seja, a instalação dessa prática pedagó-
gica na instituição escolar emergente dos séculos XVIII e XIX, foi fortemente 
infl uenciada pela instituição militar e pela medicina. A instituição militar tinha a 
prática — exercícios sistematizados que foram ressignifi cados (no plano civil) 
pelo conhecimento médico. Isso vai ser feito numa perspectiva terapêutica, mas 
principalmente pedagógica. Educar o corpo para a produção signifi ca promover 
9
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
saúde e educação para a saúde (hábitos saudáveis, higiênicos). Essa saúde ou 
virilidade (força) também pode ser (e foi) ressignifi cada numa perspectiva nacio-
nalista/patriótica. Há exemplos marcantes na história desse tipo de instrumenta-
lização de formas culturais do movimentar-se, como, por exemplo, a ginástica: 
Jahn e Hitler na Alemanha, Mussolini na Itália e Getúlio Vargas e seu Estado 
Novo no Brasil. Esses movimentos são signatários do entendimento de que a 
educação da vontade e do caráter pode ser conseguida de forma mais efi ciente 
com base em uma ação sobre o corpóreo do que com base no intelecto; lá, onde 
o controle do comportamento pela consciência falha, é preciso intervir no e pelo 
corpóreo (o exemplo mais recente é o movimento carismático da Igreja Católica 
no Brasil - a aeróbica do Senhor). Normas e valores são literalmente "incorpora-
dos" pela sua vivência corporal concreta. A obediência aos superiores precisa ser 
vivenciada corporalmente para ser conseguida; é algo mais do plano do sensível 
do que do intelectual. 
O corpo é alvo de estudos nos séculos XVIII e XIX, fundamentalmente das ci-
ências biológicas. O corpo aqui é igualado a uma estrutura mecânica - a visão 
mecanicista do mundo é aplicada ao corpo e a seu funcionamento. O corpo não 
pensa, é pensado, o que é igual a analisado (literalmente, "lise") pela racionalida-
de científi ca. Ciência é controle da natureza e, portanto, da nossa natureza cor-
poral. A ciência fornece os elementos que permitirão um controle efi ciente sobre 
o corpo e um aumento de sua efi ciência mecânica.2 Melhorar o funcionamento 
dessa máquina depende do conhecimento que se tem de seu funcionamento e 
das técnicas corporais que construo com base nesse conhecimento. 
Assim, o nascimento da EF se deu, por um lado, para cumprir a função de co-
laborar na construção de corpos saudáveis e dóceis, ou melhor, com uma edu-
cação estética (da sensibilidade) que permitisse uma adequada adaptação ao 
processo produtivo ou a uma perspectiva política nacionalista, e, por outro, foi 
também legitimado pelo conhecimento médico-científi co do corpo que referenda-
va as possibilidades, a necessidade e as vantagens de tal intervenção sobre o 
corpo. Como lembra Le Breton (1995), a medicina representa, em nossas socie-
dades, um saber em alguma medida ofi cial sobre o corpo. 
Mas novamente esse entendimento vai se alterar e mais uma vez em consonân-
cia com alterações de ordem mais geral, ou seja, da forma como se produz e re-
produz a vida, portanto, de mudanças históricas. Foucault (1985) identifi ca uma 
mudança importante da ação do poder ou do envolvimento do corpo pelos/nos 
micropoderes. Paulatinamente no século XX saímos de um controle do corpo via 
racionalização, repressão, com enfoque biológico, para um controle via estimula-
ção, enaltecimento do prazer corporal, com enfoque psicológico. Muitos estudos 
citam a década de 1960 (Courtine 1996; Le Breton 1995) como o momento mais 
importante dessa infl exão. Voltaremos a isso mais adiante. 
Outro fenômeno muito importante para a política do corpo foi gestado e adqui-
riu grande signifi cação social nesse período histórico (séculos XIX e XX). Essa 
prática corporal, a esportiva, está desde cedo muito fortemente orientada pelos 
princípios da concorrência e do rendimento (Rigauer, 1969). Este último aspecto 
ou esta última característica é comum a outra técnica corporal incentivada pelos 
fi lantropos e pela medicina na Europa continental que é a ginástica. Aumento do 
rendimento atlético-esportivo, com o registro de recordes, é alcançado com uma 
intervenção científi co-racional sobre o corpo que envolve tanto aspectos ime-
diatamente biológicos, como aumento da resistência, da força etc., quanto com-
portamentais, como hábitos regrados de vida, respeito às regras e normas das 
competições etc. Treinamento esportivo e ginástica promovem a aptidão física e 
© Fundamentos da Educação Física Escolar10
suas conseqüências: a saúde e a capacidade de trabalho/rendimento individual e 
social, objetivos da política do corpo. A ginástica é parte importante do movimen-
to médico-social do higienismo, como mostrou Soares (1997). 
Interessante observar que Foucault (1985, p. 151), quando perguntado sobre 
quem coordena a ação dos agentes da política do corpo, afi rma que é "um con-
junto extremamente complexo (...). Tomemos o exemplo da fi lantropia no início 
do século XIX: pessoas que vêm se ocupar da vida dos outros, de sua saúde, 
da alimentação, da moradia...Mais tarde, dessa função confusa saíram perso-
nagens, instituições, saberes... uma higiene pública, inspetores, assistentes so-
ciais, psicólogos. E hoje assistimos a uma proliferação de categorias de trabalha-
dores sociais". Entre estes, seguramente podemos situar os professores de EF. 
Interessante observar que a adesão ao esporte na Inglaterra puritana, segundo 
Grieswelle (1978), deveu-se também ao fato de este ter incorporado o princípio 
do rendimento que o aproximou da ética do trabalho, propiciando inclusive a 
construção do conceito de "Cristandade Muscular". Courtine (1995) mostra de 
forma brilhante como o puritanismo absorve esse tipo de prática corporal nos 
Estados Unidos, conferindo-lhe um signifi cado coerente com a doutrina religiosa 
e com os valores culturais dominantes. 
"A emergência do esporte após a Guerra Civil ocorreu sobre o pano de fundo 
de um individualismo disciplinado, exigindo auto-sacrifício e devotamento a uma 
causa comum. A ética puritana do trabalho tinha se infi ltrado profundamente nas 
práticas esportivas, como se a utilidade social destas práticas devesse ser jul-
gada apenas de acordo com seu critério. Entretanto, no fi nal do século XIX, esta 
lógica de organização racional e de ordem moral já estava em declínio. Durante 
as primeiras décadas deste século, ela foi sendo progressivamente substituída 
por uma concepção um tanto diferente das fi nalidades da cultura física. O espí-
rito de competição, o desejo de vencer tinham, mais ainda que no passado, sido 
investidos pelo esporte, ao mesmo tempo em que invadiam o sentimento de que 
se podia legitimamente buscar no exercício muscular uma gratifi cação pessoal e 
um prazer do corpo. Um cuidado com o bem-estar individual aparece nas críticas 
da ética puritana formuladas desde então. Reprova-se essa ética por investir a 
totalidade da energia do indivíduo americano em fi ns puramente utilitaristas, por 
exprimir e mesmo reforçar um medo do prazer" (Courtine, 1995, p. 99). 
É claro que o esporte, assim como a ginástica, é um fenômeno polissêmico, ou 
seja, apresenta vários sentidos/signifi cados e ligações sociais. Por exemplo, o 
movimento olímpico permitiu conferir, pela categoria política da nação, um signifi -
cado mais imediatamente político aos resultados esportivos, o qual é incorporado 
à política do corpo mais geral, com as repercussões que todos conhecemos na 
educação física. Chamo aqui a atenção para a combinação de dois fatores, e 
para o fato de que o esporte passa a substituir, com vantagens, a ginástica como 
técnica corporal que corporifi ca/condensa os princípios que precisam ser incor-
porados (no duplo sentido) pelos indivíduos. 
A pedagogia da EF incorporou, sem necessidade de mudar seus princípios mais 
fundamentais, essa "nova" técnica corporal, o esporte, agregando agora, em vir-
tude das intersecções sociais (principalmente políticas) desse fenômeno, novos 
sentidos/signifi cados, como, por exemplo, preparar as novas gerações para re-
presentar o país no campo esportivo (internacional). Tal combinação de objetivos 
fi ca muito clara no conhecido Diagnóstico da Educação Física/Desportos, reali-
zado pelo governo brasileiro e publicado em 1971 (COSTA, 1971). 
11
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Como os princípios eram os mesmos e o núcleo central era a intervenção no 
corpo (máquina) com vistas ao seu melhor funcionamento orgânico (para o de-
sempenho atlético-esportivo ou desempenho produtivo), o conhecimento básico/
privilegiado que é incorporado pela EF para a realização de sua tarefa continua 
sendo o que provém das ciências naturais, mormente a biologia e suas mais 
diversas especialidades, auxiliadas pela medicina, como uma de suas aplica-
ções práticas (Fonte: Trecho do artigo de: BRACHT, Valter. A constituição das 
teorias pedagógicas da educação física. Cadernos CEDES (online). 1999, vol.19, 
n.48, pp. 69-88. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-
32621999000100005&script=sci_arttext>. Acesso em: 23 jun. 2010). 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Neste estudo conheceremos as principais contribuições de 
cada abordagem pedagógica para a área de Educação Física, os 
avanços das propostas curriculares oficiais, no caso RCN e PCNs, e 
também as questões referentes aos objetivos, conteúdos, procedi-
mentos e avaliação em Educação Física. 
Após este resumo histórico sobre a Educação Física, apre-
sentamos a seguir, no Tópico Orientações para estudo, algumas 
orientações de caráter motivacional, dicas e estratégias de apren-
dizagem que poderão facilitar o seu estudo. 
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Este tópico apresenta uma visão geral do que será estudado. 
O aprofundamento dessas questões será tratado em cada uma das 
unidades deste material. No entanto, esta abordagem geral forne-
ce o conhecimento básico necessário para que seu conhecimento 
seja construído em uma base sólida – científica e cultural – para 
que no futuro exercício de sua profissão você a exerça com ética e 
responsabilidade. 
Para essa nossa empreitada de reflexão e debate, apresen-
taremos e discutiremos as principais Teorias Pedagógicas em Edu-
cação Física Escolar. Também analisaremos as propostas curricula-
res oficiais, especialmente o Referencial Curricular Nacional para 
a Educação Infantil, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o 
© Fundamentos da Educação Física Escolar12
Ensino Fundamental e os Parâmetros Curriculares Nacionais para 
o Ensino Médio. Discutiremos, ainda, a importância dos objetivos 
e dos demais componentes do processo didático na elaboração 
das aulas de Educação Física.
Antes de adentrarmos ao conteúdo de nossa discussão, seria 
interessante, nesse momento, que fizéssemos um exercício de re-
flexão. Para isso, serão lançadas algumas questões.
A partir da década de 1980 surgiram diversas teorias peda-
gógicas em Educação Física, dentre elas: Abordagem Desenvolvi-
mentista, Abordagem Crítico-Superadora, Abordagem Antropoló-
gica, Abordagem Crítico-Emancipatória, Abordagem Construtivista 
e Abordagem dos Jogos Cooperativos. 
• Você conhece alguma dessas teorias? Com qual delas 
você mais se identifica? Por quê?
• Como a legislação brasileira trata a Educação Física esco-
lar? Quais as principais contribuições que as propostas 
curriculares oficiais trouxeram para a área de Educação 
Física?
• O professor de Educação Física, ao elaborar uma aula, 
deve se preocupar mais com os objetivos ou com os con-
teúdos? Por quê?
Enfim, são várias questões que podemos formular para que 
possamos refletir sobre os Fundamentos da Educação Física Escolar.
Nos últimos anos, a Educação Física sofreu mudanças signi-
ficativas. Podemos dizer que essas mudanças ocorreram devido à 
proposição de uma variedade de abordagens para o seu desenvol-
vimento, como citadas anteriormente. 
As contribuições trazidas por cada uma dessas teorias fo-
ram de grande importância para a compreensão de quais são as 
funções sociais e quais são as bases metodológicas do ensino de 
Educação Física.
13
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Embora a prática pedagógica ainda resista a certas mudan-
ças, ou seja, ainda hoje encontramos muitos professores de Educa-
ção Física desenvolvendo atividades relacionadas à aptidão física 
e ao treinamento esportivo, essas teorias pedagógicas desenvolvi-
das nas últimas décadas representam uma alternativa para a me-
lhoria da qualidade do ensino de Educação Física nas escolas.
Veja, a seguir, os pontos principais de cada uma dessas teorias.
O pressuposto básico da Abordagem Desenvolvimentista 
pode ser representado pela seguinte afirmação: se existe uma se-
quência normal nos processos de crescimento, de desenvolvimen-
to e de aprendizagem, isto significa que as crianças necessitam ser 
orientadas considerando-se esses processos. Ou seja, para que as 
reais necessidades das crianças sejam alcançadas, é preciso levar 
em consideraçãoos processos de mudança do comportamento 
motor dessas crianças ao longo da sua vida. 
Os conteúdos principais dessa abordagem são as habilidades 
motoras básicas: andar, correr, saltar, equilibrar etc. 
A Abordagem Desenvolvimentista procura mostrar que para 
definir os objetivos, métodos e conteúdos de ensino, é importan-
te considerar as necessidades que advém do próprio processo de 
mudanças no comportamento motor humano ao longo da vida. 
Isso significa que, para planejar uma aula, o professor deve con-
siderar a sequência normal de desenvolvimento das crianças para 
que as atividades ministradas não estejam nem muito além e nem 
muito aquém das suas reais necessidades. 
Outro ponto fundamental dessa abordagem refere-se à di-
versidade e à complexidade dos movimentos. Alguns autores acre-
ditam que nas aulas de Educação Física deve haver a interação en-
tre o aumento da diversidade e da complexidade dos movimentos 
visando proporcionar aos alunos condições para que seu compor-
tamento motor seja desenvolvido. 
A Abordagem Crítico-Superadora foi idealizada, em 1992, 
por um grupo de autores: Soares, Taffarel, Varjal, Castellani Filho, 
© Fundamentos da Educação Física Escolar14
Escobar e Bracht. O objeto de estudo dessa abordagem é a Cultura 
Corporal de Movimento. Os conteúdos básicos envolvem os temas 
que, historicamente, compõem a cultura corporal dos brasileiros, 
como, por exemplo, o jogo, a ginástica, o esporte e a dança. 
A abordagem crítico-superadora trata de uma pedagogia 
emergente que busca realizar uma reflexão pedagógica sobre as 
diferentes formas de representação do mundo que o homem tem 
produzido no decorrer da história. Todas as atividades corporais 
(pular, arremessar, jogar, dançar, saltar, lutar, etc.) foram constru-
ídas em determinadas épocas históricas com base nas necessida-
des humanas, portanto, é fundamental que a prática pedagógica 
da Educação Física tenha como base a Cultura Corporal de Movi-
mento. 
Nessa perspectiva, todos os temas envolvendo a cultura cor-
poral devem ser tratados na escola de forma crítico-superadora, 
ou seja, além de trabalhar os elementos técnicos e táticos, deve-se 
evidenciar o sentido e o significado dos valores e das normas que 
regulamentam o nosso contexto sócio-histórico, na tentativa de 
buscar uma transformação que supere as desigualdades existen-
tes em nossa sociedade.
A obra Da Cultura do Corpo, de Daólio (1995), apresenta a 
Abordagem Antropológica da Educação Física. O referencial teóri-
co desse trabalho é baseado na Antropologia Social. 
O autor propõe uma Educação Física plural, ou seja, que sai-
ba respeitar as diferenças físicas e culturais dos alunos. De acordo 
com essa teoria, não podemos mais nos preocupar com o desen-
volvimento e a eficiência do desempenho dos alunos, pois a socie-
dade atual pede o reconhecimento das diferenças – não só físicas, 
mas também culturais – expressas pelos alunos, garantindo o di-
reito de todos à sua prática.
Essa abordagem acredita que se o homem é um ser social, 
vinculado às redes de sociabilidade, ele também o é na sua vida 
profissional. Isso significa que a Abordagem Antropológica olha 
para os professores de Educação Física como um grupo constituído 
15
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
por seres sociais, buscando e fazendo de sua atuação profissional 
cotidiana o sentido para suas vidas.
O professor de Educação Física está inserido em um contexto 
cultural, portanto, as suas representações sobre o mundo, o corpo 
e a escola precisam ser valorizadas. Além disso, o ponto de partida 
nas aulas de Educação Física deve ser o repertório cultural de cada 
aluno.
Kunz (1994) foi o idealizador da Abordagem Crítico-Eman-
cipatória. O objeto de estudo dessa teoria é o esporte e as suas 
transformações sociais. O autor fundamenta-se na ação comunica-
tiva e problematizadora, visando uma interação humana respon-
sável e produtiva, bem como a emancipação dos alunos. O ensino 
na concepção crítico-emancipatória deve basear-se em uma con-
cepção crítica, ou seja, deve ser um ensino de libertação de falsas 
ilusões, de falsos interesses e desejos, criados e construídos nos 
alunos pela visão de mundo que apresentam com base no conhe-
cimento. Kunz (1994) defende o ensino crítico visando à emanci-
pação dos alunos.
Hoje, podemos dizer que os jovens são mais livres e inde-
pendentes. Porém, acreditamos que isso só acontece no plano 
físico, ou seja, os jovens vão morar fora de casa, entram no mer-
cado de trabalho bem cedo etc. Mas, no plano intelectual, sofrem 
constantes influências externas dos modernos meios de produção 
e reprodução cultural, dos meios de comunicação, da própria edu-
cação etc.
Essa influência externa pode ser vista por meio dos cortes de 
cabelos iguais aos dos jogadores famosos, o consumo de produtos 
alimentícios recomendados por atletas, a compra de tênis de acor-
do com as marcas que os atletas usam etc.
É dessa emancipação que estamos falando. Os jovens preci-
sam se libertar das condições que limitam o uso da razão crítica, 
do seu agir social, cultural e esportivo.
© Fundamentos da Educação Física Escolar16
Ao comprar um tênis, o jovem precisa avaliar os motivos que 
os levaram a comprar esse tênis: estou comprando o tênis porque 
eu gostei realmente dele ou por que é o tênis que o Pelé usa? Esse 
tênis vale realmente o preço que está sendo cobrado? etc.
Em uma concepção crítico-emancipatória, o ensino dos es-
portes nas aulas de Educação Física deverá ter um caráter teórico-
prático visando tornar o fenômeno esportivo transparente, per-
mitindo aos alunos melhor organizar a sua realidade de esporte, 
movimentos e jogos de acordo com as suas possibilidades e ne-
cessidades.
A Abordagem Construtivista foi elaborada por Freire (1997). 
O referencial teórico encontrado em sua obra Educação de Corpo 
Inteiro tem como base os estudos de Piaget. Essa abordagem en-
tende a motricidade humana como um conjunto de habilidades 
que permitem ao homem produzir conhecimento e se expressar. 
Os conteúdos básicos envolvem a cultura dos próprios alunos e 
todos participam do processo de construção do conhecimento.
Na proposta construtivista, o jogo, enquanto conteúdo/es-
tratégia, tem papel privilegiado. É considerado o principal modo 
de ensinar, é um instrumento pedagógico, um meio de ensino, 
pois, enquanto joga ou brinca, a criança aprende, sendo que este 
aprender deve ocorrer em um ambiente lúdico e prazeroso para a 
criança.
Segundo a Abordagem Construtivista, a criança precisa de 
uma educação de corpo inteiro. Mas como isso pode ser feito? De 
acordo com Freire (1997), com o máximo de respeito, reuniria tudo 
o que a criança sabe sobre amarelinha, pegador, futebol, bolinha 
de gude, casinha, comidinha, e toda aquela infinidade de saltos, 
corridas, giros, gritos, risadas, cantos e danças, e levaria para den-
tro da escola, sem discriminação, e aos poucos iria aumentando 
essas experiências tornando-as cada vez mais complexas. 
"A Abordagem dos Jogos Cooperativos surgiu da preocupa-
ção com a excessiva valorização do individualismo e da competi-
17
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
ção na cultura ocidental". O idealizador dessa abordagem é Brotto 
(1995, s/n). O principal objetivo dessa teoria é promover, por meio 
dos jogos cooperativos, a autoestima e o desenvolvimento de ha-
bilidades interpessoais positivas. 
O referencial teórico dessa teoria aponta que a vivência de situa-
ções cooperativas pode contribuir para que os alunos aprendam a 
se relacionar de forma positiva e solidária nos jogos, na escola na 
sua vida social (BROTTO, 1995, s/n). 
A Abordagem dos Jogos Cooperativos acredita que a Edu-
cação Física deve procurar desenvolver as destrezas de todos, e 
não somente dos melhores. Além disso, por meio dos jogos coo-
perativos, é possível desenvolver muito mais do que as habilidades 
motoras, técnicas e táticas. Os jogos cooperativos também promo-vem o aperfeiçoamento das habilidades humanas essenciais, tais 
como: criatividade, confiança, respeito, aceitação, paciência, bom 
humor, autoestima etc.
O foco central da Abordagem dos Jogos Cooperativos é 
aprender a jogar uns com os outros ao invés de uns contra os ou-
tros.
A partir da década de 1980 ocorreram mudanças significati-
vas na área de Educação Física. Além de todas as teorias pedagó-
gicas emergentes nessa época, também surgiram propostas cur-
riculares visando subsidiar o trabalho do professor. Dentre essas 
propostas, encontramos: o Referencial Curricular Nacional para a 
Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares Nacionais para os 
Ensinos Fundamental e Médio.
A Educação Física, pouco a pouco, está sendo mais valori-
zada dentro da escola e está conquistando a confiança de todos. 
Uma das grandes conquistas ocorreu em meados da década de 
1990, com base na implantação da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDB) nº. 9.394/96. Esse documento passou a 
considerar a Educação Física um componente curricular obrigató-
rio da Educação Básica.
© Fundamentos da Educação Física Escolar18
Portanto, atualmente, a Educação Física deve ser ministrada 
em todos os níveis de Ensino, ou seja, Educação infantil, Ensino 
Fundamental e Ensino Médio.
Na Educação Infantil, o documento denominado Referencial 
Curricular Nacional (RCN) foi elaborado em 1998 com o objetivo 
de subsidiar o trabalho dos professores que atuam em creches e 
pré-escolas.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil é 
composto por três documentos: 
1) Introdução. 
2) Formação Pessoal e Social. 
3) Conhecimento de Mundo.
O documento de introdução apresenta reflexões sobre creches e 
pré-escolas no Brasil, situando e fundamentando as concepções 
do que é ser criança, de educação, de professor e de instituição 
escolar. Com base nessas concepções, foram definidos os objetivos 
gerais da Educação Infantil.
O volume sobre a Formação Pessoal e Social prioriza os processos 
de construção da identidade e autonomia das crianças.
O volume relativo ao Conhecimento de Mundo é composto por 
seis documentos: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem 
Oral e Escrita, Natureza e Sociedade, e Matemática, referentes à 
construção das diferentes linguagens pelas crianças e as relações 
que elas estabelecem com os objetos de conhecimento (BRASIL, 
1988, s/n.).
O eixo de trabalho denominado Movimento refere-se às 
atividades relacionadas à área de Educação Física. Por enquanto, 
ainda não é obrigatória a presença de um professor de Educação 
Física para ministrar essas atividades, por isso algumas instituições 
optam por não contratarem um profissional dessa área e deixam 
responsável pelas atividades de movimento os professores forma-
dos em Pedagogia.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil: 
19
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
O movimento humano, portanto, é mais do que simples desloca-
mento do corpo no espaço: constitui-se em uma linguagem que 
permite às crianças agirem sobre o ambiente humano, mobilizando 
as pessoas por meio de seu teor expressivo.
Assim, o trabalho com o movimento na Educação Infantil deve 
contemplar a multiplicidade das funções e manifestações do ato 
motor, propiciando um amplo desenvolvimento dos aspectos espe-
cíficos da motricidade infantil abrangendo atividades voltadas para 
a ampliação da cultura corporal da criança, bem como, a reflexão 
acerca das posturas corporais presentes nas atividades cotidianas 
(BRASIL, 1988, p. 15).
Já os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados 
pelo Ministério da Educação visando auxiliar o trabalho dos pro-
fessores das diferentes disciplinas do Ensino Fundamental e Mé-
dio.
Esses Parâmetros foram produzidos no contexto das dis-
cussões pedagógicas mais atuais, e o propósito do Ministério da 
Educação, ao consolidar os PCNs, é apontar metas de qualidade 
que ajudem a formação de um aluno participativo, reflexivo, autô-
nomo e conhecedor de seus direitos e deveres. É importante res-
saltar que esses documentos são abertos e flexíveis, podendo ser 
adaptado à realidade de cada região (BRASIL, 2001).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais representam um gran-
de avanço para a área de Educação Física, pois ao contrário das 
outras disciplinas, a Educação Física nunca teve um livro didático 
para poder acompanhar e organizar os seus conteúdos. É claro que 
os PCNs não são e nem se parecem com apostilas ou livros didáti-
cos. Mesmo assim, ter um documento para poder nos basearmos 
é muito importante para os professores de Educação Física.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental 
apontam que o trabalho de Educação Física, nesse nível de ensino 
é muito importante, pois possibilita aos alunos desenvolverem ha-
bilidades corporais e de participar de atividades envolvendo, como 
por exemplo, jogos, esportes, lutas, ginástica e dança (BRASIL, 
2001, p. s/n).
© Fundamentos da Educação Física Escolar20
Os conteúdos apresentados nesse documento foram organi-
zados em três eixos temáticos: 
1) Conhecimento sobre o corpo. 
2) Esportes, jogos, lutas e ginásticas. 
3) Atividades Rítmicas e Expressivas.
O primeiro bloco de conteúdos, "conhecimento sobre o cor-
po", oferece ao aluno informações sobre o próprio corpo, sua es-
trutura física, sua interação com o meio social etc. 
O bloco referente aos "esportes, jogos, lutas e ginásticas" 
envolve a transmissão de informações relacionadas à história, à 
origem, à importância e às principais características de cada uma 
dessas práticas.
As "atividades rítmicas e expressivas", apresentadas no úl-
timo bloco de conteúdos, referem-se às manifestações que com-
binam expressões, sons, danças, rodas cantadas, mímicas etc. Por 
meio dessas atividades, os alunos caracterizam diferentes movi-
mentos expressivos, sua intensidade e duração.
No Ensino Médio, de acordo com os Parâmetros Curricula-
res Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 1998b), o professor de 
Educação Física deverá dar continuidade ao que foi desenvolvido 
no Ensino Fundamental.
O aluno do Ensino Médio após frequentar, ao menos, onze 
anos de escolarização deve possuir sólidos conhecimentos sobre a 
cultura corporal. Dessa forma, nesse nível de ensino, a Educação 
Física deve pautar-se em uma "melhor compreensão e utilização 
das formas de expressão utilizando gestos e movimentos, seus sig-
nificados, suas técnicas e táticas" (BRASIL, 1998b, p. 57).
Segundo os PCNEM, a Educação Física para o Ensino Médio 
tem como objetivo preparar o aluno como cidadão, aprimorar seus 
conhecimentos como pessoa humana, com formação ética, auto-
nomia intelectual e crítica, tendo ampla visão dos conhecimentos 
tecnológicos e os processos teóricos e práticos. Além disso, esse 
21
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
caderno deve fornecer aos alunos um parecer da importância das 
atividades físicas em seu cotidiano.
A atividade física no Ensino Médio deve chegar ao aluno com 
um objetivo e significado, tornando-se assim uma prática interes-
sante e com fundamentos, para que o aluno venha a tornar isso 
como hábito saudável, assimilando-o como parte de seu cotidiano.
Apesar de todas essas contribuições, infelizmente, as aulas 
de Educação Física são pouco valorizadas no Ensino Médio. Os alu-
nos participam das aulas com desdém e, muitas vezes, conseguem 
um atestado médico para serem dispensados das atividades.
Portanto, é necessário que os professores dessa área modi-
fiquem a mentalidade dos alunos, a fim de tornar as aulas de Edu-
cação Física de extrema relevância para os adolescentes, visando 
efetivar os reais objetivos desse componente curricular.
Para finalizar essa síntese, abordaremos a questão dos obje-
tivos da Educação Física.
Muitos professores acreditam que, ao elaborarem um plano 
de aula, o fundamental é selecionar conteúdos adequados. É claro 
que os conteúdos são importantes para o bomdesenvolvimento 
de qualquer atividade, porém, antes de qualquer coisa, é preciso 
saber definir os objetivos.
O conteúdo trabalhado nas aulas de Educação Física nada 
mais é do que o instrumento utilizado pelo professor para atingir 
os objetivos. Ou seja, não adianta selecionar os mais interessantes 
e diversificados conteúdos se o professor não souber qual é o ob-
jetivo daquelas atividades.
Os objetivos traçados pelo professor precisam estar relacio-
nados com o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. Portanto, 
antes de elaborarmos um plano de aula, é preciso conhecer e re-
fletir sobre o perfil de aluno que está descrito no PPP da escola.
© Fundamentos da Educação Física Escolar22
É importante esclarecer que o Projeto Político-pedagógico é 
construído e vivenciado por todos os envolvidos com o processo 
educativo da escola. É uma ação intencional e um compromisso 
definido, coletivamente, pela comunidade escolar (pais, professo-
res, direção e funcionários).
Podemos dizer que o Projeto Político-pedagógico de cada es-
cola é definido pelas questões políticas e pelas ações educativas. 
Isso significa que o PPP articula o compromisso social e político 
aos interesses da comunidade, bem como define ações educativas 
visando efetivar a intenção escolar que é formar cidadãos.
Por isso, o professor de Educação Física precisa definir seus 
objetivos com base no que está descrito no PPP, para que a sua 
prática pedagógica não se torne "vazia" e sem significado tanto 
para os alunos quanto para as metas presentes no contexto esco-
lar. 
Após definir os objetivos, o professor deverá se preocupar 
com os demais componentes do processo didático: conteúdos, 
procedimentos e avaliação.
Conteúdos de ensino: são o conjunto de conhecimentos, 
habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação 
social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a 
assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida. 
Os conteúdos podem ser classificados de acordo com as seguintes 
dimensões: procedimental, atitudinal e conceitual.
Procedimentos de ensino: são ações, processos ou com-
portamentos planejados pelo professor, para colocar o aluno em 
contato direto com coisas, fatos ou fenômenos que lhes possibi-
litem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos. 
Portanto, os procedimentos de ensino dizem respeito às formas 
de intervenção do professor, ou seja, os procedimentos englobam 
as ações a serem realizadas pelo professor e pelos alunos durante 
toda a aula. Ao escolher os seus procedimentos de ensino, o pro-
fessor irá traçar o caminho para atingir os seus objetivos.
23
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Avaliação: é uma tarefa didática necessária e permanente do 
trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo 
de ensino e aprendizagem. A avaliação é uma reflexão sobre o ní-
vel de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos 
alunos. Portanto, a avaliação não se resume à realização de provas 
e atribuição de notas.
Esperamos com essa síntese ampliar o conhecimento em re-
lação aos fundamentos que envolvem a Educação Física escolar, 
bem como instigar a procura por outras questões relevantes para 
a melhoria da qualidade de ensino.
O nosso estudo não termina aqui. Ele está só começando, 
especialmente, para aqueles que se colocam no papel de críticos. 
Espero que essa vontade do saber seja ferramenta essencial de 
seus estudos. Por maior que sejam as dificuldades encontradas 
pelo caminho do conhecimento, a vontade de estudar e de apren-
der supera todas as barreiras da aprendizagem.
Forte abraço a todos e bons estudos!
Glossário de conceitos
O Glossário permite a você uma consulta rápida e precisa 
das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio 
dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento 
dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo Fun-
damentos da Educação Física Escolar. Veja a seguir a definição dos 
principais conceitos:
1) Educação Básica: compreende a Educação Infantil (cre-
che e pré-escola), Ensino Fundamental e Ensino Médio 
(INEP).
2) Educação Infantil: primeira etapa da educação básica, 
tem como finalidade o desenvolvimento integral da 
criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, 
psicológico, intelectual e social, complementando a ação 
da família e da comunidade (Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20/12/96) (INEP).
© Fundamentos da Educação Física Escolar24
3) Ensino Fundamental: nível de ensino obrigatório (e gra-
tuito na escola pública), com duração mínima de oito 
anos, podendo ser organizado em séries, ciclos ou dis-
ciplinas. Tem por objetivo a formação básica do cida-
dão, mediante: (1) o desenvolvimento da capacidade de 
aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio 
da leitura, da escrita, e do cálculo; (2) a compreensão 
do ambiente natural e social, do sistema político, da tec-
nologia, das artes e dos valores em que se fundamenta 
a sociedade; (3) o desenvolvimento da capacidade de 
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conheci-
mentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; 
(4) o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de 
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que 
se assenta a vida social. O ensino fundamental é presen-
cial, sendo o ensino à distância utilizado como comple-
mentação da aprendizagem ou em situações emergen-
ciais (Lei nº 9.394, de 20/12/96) (INEP). 
4) Ensino Médio: nível de ensino com duração mínima de 
três anos. Trata-se da etapa final da educação básica. 
Tem por finalidades: (1) a consolidação e o aprofunda-
mento dos conhecimentos adquiridos no ensino funda-
mental, possibilitando o prosseguimento de estudos; 
(2) a preparação básica para o trabalho e a cidadania do 
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser 
capaz de adaptar-se com flexibilidade a novas condições 
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; (3) o apri-
moramento do educando como pessoa humana, incluin-
do a formação ética e o desenvolvimento da autonomia 
intelectual e do pensamento crítico; (4) a compreensão 
dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos 
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensi-
no de cada disciplina (INEP). 
Esquema de conceitos-chave
Além do cronograma que você deverá seguir para desenvol-
ver suas atividades e interatividades propostas pelo professor-res-
ponsável, você poderá valer-se de outros tipos de aprendizagem, 
25
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
como Aprendizagem de conceitos, de princípios (uma cadeia de 
vários conceitos) que poderão levá-lo à resolução de problemas, 
quando, mediante a combinação desses princípios, é produzido 
um novo conhecimento. Daí a importância de um Esquema de 
conceitos-chave para se ter clareza das ideias e princípios que fun-
damentam um saber científico. 
EDUCAÇÃO FÍSICA
TEORIAS 
PEDAGÓGICAS
DESENVOLVIMENTISTA
JOGOS 
COOPERATIVOS
PROPOSTAS 
CURRICULARES 
CRÍTICO-
-SUPERADORA
ANTROPOLÓGICA CRÍTICO-
-EMANCIPATÓRIA
CONSTRUTIVISTA
OBJETIVOS
RCN PCNs
ENSINO MÉDIO
CONTEÚDOS
PROCEDIMENTOS
AVALIAÇÃO
ENSINO 
FUNDAMENTAL
EDUCAÇÃO 
INFANTIL
Figura 1 - Esquema de conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo: 
Fundamentos da Educação Física escolar. 
Como você pode observar, o esquema da Figura 1 lhe apre-
senta uma visão geral dos conceitos mais importantes desse estu-
do. Seguindo este esquema, você poderá transitar entre um e ou-
tro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo 
ensino-aprendizagem. Por exemplo, ao refletirmos sobre as teorias 
pedagógicas em Educação Física, será necessário você conhecer as 
abordagens Desenvolvimentista, Antropológica, Crítico-Emancipa-
tória, Jogos Cooperativos, Crítico-Superadora e Construtivista, sem 
o domínio conceitual dessas abordagens explicitado pelo esque-
ma, pode-se ter uma visão confusa do queessas teorias represen-
tam para a qualidade de ensino em Educação Física Escolar.
Observamos que o Esquema de conceitos-chave é mais um 
dos recursos de aprendizagem que vem somar-se àqueles dispo-
níveis no ambiente virtual com suas ferramentas interativas, bem 
© Fundamentos da Educação Física Escolar26
como às atividades didático-pedagógicas realizadas presencial-
mente no polo. Lembre-se de que você, como aluno na modalida-
de a distância, pode valer-se da sua autonomia na construção de 
seu próprio conhecimento. 
Questões autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados. Responder, dis-
cutir e comentar estas questões e relacioná-las com a prática do 
ensino de Fundamentos da Educação Física Escolar pode ser uma 
forma de você medir o seu conhecimento, ter contato com ques-
tões pertinentes ao assunto tratado e de lhe ajudar na preparação 
para a prova final, que será dissertativa. Mais ainda: é uma ma-
neira privilegiada de você adquirir uma formação sólida para a sua 
prática profissional. 
Bibliografia básica
É fundamental que você use a bibliografia básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
As ilustrações neste material instrucional fazem parte inte-
grante dos conteúdos; não são meramente ilustrativas. Elas esque-
matizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe 
de observar a relação dessas figuras com os conteúdos, pois rela-
cionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte 
de uma boa formação intelectual.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a um olhar mais apurado da educa-
ção como processo de emancipação do ser humano. Procure ficar 
atento para as explicações teóricas, práticas (do senso comum) e 
27
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
científicas presentes nos meios de comunicação, e partilhe com 
seus colegas seus comentários. Ao compartilhar o que observamos 
com outras pessoas, temos a oportunidade de perceber o que nós 
e os outros ainda não sabemos, aprendendo a ver e notar o que 
não tínhamos percebido antes desenvolvendo discriminações. Ob-
servar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você como aluno do curso de Graduação na modalidade 
EAD e futuro profissional da educação necessita de uma formação 
conceitual sólida e consistente. Para isso, contará com a ajuda do 
tutor a distância, do tutor presencial e, principalmente, da intera-
ção com seus colegas. Sugerimos que organize bem o seu tempo, 
realize as atividades nas datas estipuladas. 
É importante que você anote suas reflexões em seu caderno 
ou no Bloco de Anotações, pois no futuro poderá utilizá-las na ela-
boração de sua monografia ou de produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje com o material didático, discuta a 
unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e se foram significativos para sua forma-
ção. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, estes procedi-
mentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na mo-
dalidade Educação a Distância é PARTICIPAR, ou seja, INTERAGIR, 
procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tu-
tores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com 
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
Claretiano - Centro Universitário
1
EA
D
Teorias Pedagógicas da 
Educação Física 
1. OBJETIVOS
• Compreender as principais teorias pedagógicas da Educa-
ção Física.
• Estabelecer paralelos entre as diferentes teorias.
2. CONTEÚDOS
• Abordagens da Educação Física: Desenvolvimentista, Crí-
tico-Superadora, Antropológica, Crítico-Emancipatória, 
Construtivista e Jogos Cooperativos.
• Sugestões de Atividades Práticas.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli-
citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de 
© Fundamentos da Educação Física Escolar30
conceitos-chave para o estudo de todas as unidades des-
te Caderno de referência de conteúdo (CRC). Isso poderá 
facilitar sua aprendizagem e seu desempenho.
2) Lembre-se de que apresentaremos apenas seis das 
principais abordagens pedagógicas da Educação Física. 
Pesquise em livros ou na internet as demais teorias e 
os seus respectivos autores e, se encontrar algo interes-
sante, disponibilize tal informação para seus colegas na 
Lista. Lembre-se de que você é protagonista do processo 
educativo.
3) Leia os livros da bibliografia indicada, para que você 
amplie seus horizontes teóricos. Coteje com o material 
didático e discuta a unidade com seus colegas e com o 
tutor. 
4) Antes de iniciar os estudos desta unidade pode ser in-
teressante conhecer um pouco sobre as obras que nor-
teiam nosso estudo. Para saber mais acesse os sites in-
dicados. 
Obra: Educação Física Escolar: fundamentos de uma 
abordagem desenvolvimentista (TANI et all, 2006)
Autores: Go Tani; Edison de Jesus Manoel; Eduardo 
Kokubun, José Elias de Proença.
O livro visa estabelecer uma fundamentação teórica 
para a Educação Física Escolar. Para tanto, parte de 
um pressuposto básico: se existe uma seqüência normal 
nos processos de crescimento, de desenvolvimento e de 
aprendizagem, isto signifi ca que as crianças necessitam 
ser orientadas considerando-se estes processos, pois só 
assim as suas reais necessidades e expectativas serão 
alcançadas. Em outras palavras, este trabalho procura 
mostrar que, para o estabelecimento de objetivos, métodos e conteúdos de en-
sino apropriados, é importante considerar as necessidades que advêm do pró-
prio processo de mudanças no comportamento motor humano ao longo da vida. 
Este livro destina-se a professores e estudantes de Educação Física que bus-
cam fundamentos para elaboração, execução e avaliação de programas de 
Educação Física no âmbito escolar. Imagem disponível em: <http://www.re-
lativa.com.br/livros_template.asp?codigo_produto=37945>. Acesso em: 30 
jun. 2010. Texto disponível em: <http://www.relativa.com.br/DescricaoLivro.
asp?CodigoLivro=37945>. Acesso em: 30 jun. 2010. 
31
Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Teorias Pedagógicas da Educação Física
Autores: Carmem Lúcia Soares, Celi Taffarel, Elizabeth 
Varjal, Lino Castellani Filho, Micheli Escobar e Valter Bra-
cht
Metodologia do Ensino de Educação Física (Coletivo de 
Autores).
Este livro reporta-se a questões teórico-metodológicas da 
Educação Física escolar, tomando-a como matéria curricu-
lar que trata dos jogos, da ginástica, do esporte, enquanto 
elementos constitutivos, dentre outros, do seu conteúdo. 
Carmen Lúcia Soares, Celi Taffarel, Elizabeth Varjal, Lino 
Castellani Filho, Micheli Escobar e Valter Bracht, seus au-
tores, preocuparam-se, na sua elaboração, em apresentar 
elementos básicos para a confi guração de uma teoria pedagógica da Educação 
Física materializada na sugestão de um programa específi co para cada um dos 
graus de ensino, na seleção e sistematização do conhecimento e na organiza-
ção do trabalho escolar. Pretendem, assim, fornecer fundamentos teóricos para 
a apreensão do conhecimento por parte dos professores, de modo a auxiliá-
los a pensar autonomamente. Imagem disponível em: <http://compare.buscape.
com.br/metodologia-do-ensino-de-educacao-fi sica-soares-carmen-8524904593.
html>. Acesso em: 30 jun. 2010. Texto disponível em: <http://www.livrariasolucao.
com.br/livro/metodologia-do-ensino-de-educacao-fi sica-carmen-lucia-soares-
8524904593.html>. Acesso em: 30 jun. 2010. 
Autor: Jocimar Daólio
Da Cultura do Corpo.
Utilizando um referencial próprio da antropologiasocial, 
essa obra discute a construção cultural do corpo humano. 
É com base nessa perspectiva que o autor analisa o traba-
lho do professor de Educação Física, reconstruindo o uni-
verso de representações sobre o corpo que rege e orienta 
sua prática escolar. Jocimar Daólio discorre brilhantemen-
te sobre o conceito de corpo nesse livro tomando empres-
tado os conceitos da antropologia social, apontando para 
uma defi nição do corpo e seus signos sociais. Enquanto 
trabalha o conceito de alteridade, nos mostra a possibili-
dade de uma aula de Educação Física voltada para o res-
peito das diferenças. Imagem disponível em: <http://www.relativa.com.br/livros_
template.asp?Codigo_Produto=13789&Livro=Da%20Cultura%20do%20Corpo>. 
Acesso em: 30 jun. 2010. Texto disponível em: <http://afi liados.submarino.com.
br/books_productdetails.asp?Query=ProductPage&ProdTypeId=1&ProdId=2002
6&ST=SF1139#content>. Acesso em 30 jun. 2010. 
© Fundamentos da Educação Física Escolar32
Autores: Elenor Kunz
Transformação Didático-Pedagógica do Esporte.
Este livro é uma resposta ao desafi o de fazer do espor-
te objeto de aprendizagem sistemática e formal inten-
cionada pela escola, uma linguagem complementar às 
demais e por elas complementada no inteiro sistema 
das relações em que se empenham corpos capazes da 
linguagem da ação e da ação da linguagem. Imagem 
disponível em: <http://www.mundoeducacaofi sica.com/
livros/books/1448/ >. Acesso em: 30 jun. 2010. Texto dis-
ponível em: <http://www.relativa.com.br/DescricaoLivro.
asp?CodigoLivro=86905>. Acesso em: 30 jun. 2010. 
Autores: João Batista Freire
Educação de Corpo Inteiro: teoria e prática da Educação 
Física.
A proposta desta obra é ressaltar que não só a cabeça do 
aluno deve ser matriculada na escola e receber educação, 
mas também seu corpo. Ela estabelece um elo entre o 
movimento e o desenvolvimento mental da criança.
Imagem disponível em: <http://www.jacotei.com.br/educa-
cao-de-corpo-inteiro-teoria-e-pratica-de-educacao-fi sica-
joao-batista-freire-8526214780.html>. Acesso em: 30 jun. 
2010. Texto disponível em: < http://www.scipione.com.br/
mostra_livro_paradidatico.asp?id_livro=695> Acesso em: 30 jun. 2010.
Autores: Fábio Otuzi Brotto
Jogos Cooperativos: se o importante é competir, o funda-
mental é cooperar.
É o primeiro livro de autoria de Fábio Brotto. Neste primeiro 
livro do autor, Fábio expõe de uma maneira clara e concisa 
todo o embasamento teórico dos jogos cooperativos, tra-
çando um paralelo com a competição. Inserindo o assunto em um contexto histó-
rico, desde as origens dos jogos cooperativos em diversas etnias do mundo até 
o presente momento, o autor resgata os fatores históricos-sociais que permeiam 
a cultura mundial sobre o que é a competição e o que é cooperação. Fábio Otuzi 
Brotto constrói um texto em linguagem simples e direta onde procura atrelar as 
suas observações e estudos à aspectos cotidianos, seja ele, escolar, social ou 
organizacional. Mestre em Educação Física e Bacharel em Psicologia atua como 
Focalizador do Projeto Cooperação ® e Facilitador em Jogos Cooperativos e da 
Pedagogia da Cooperação. É Docente em cursos de Pós-Graduação em diver-
sas Universidades e Institutos. Tendo sido adotado como livro-base: - Concurso 
Público para Professores de Educação Física do Estado de São Paulo, Paraná e 
diversos municípios. - Disciplina de Filosofi a e Ética na Universidade Metropoli-
tana de Santos, Faculdade de Educação Física, desde 1996. - Programa esporte 
Educacional do INDESP-MEC, em 1995. Imagem disponível em: <http://www.jo-
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Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Teorias Pedagógicas da Educação Física
goscooperativos.com.br/Livros.htm >. Acesso em: 30 jun. 2010. Texto disponível 
em: <http://200.194.222.32/produto/1/92253/jogos+cooperativos#A1>. Acesso 
em: 30 jun. 2010. 
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Antes de iniciarmos nossos estudos acerca das teorias peda-
gógicas da Educação Física, será preciso tomar consciência de que 
não existe uma teoria melhor do que a outra. O que existe são for-
mas diferentes de trabalhar a Educação Física escolar. O importan-
te é conhecer cada uma delas para que a nossa prática pedagógica 
não seja embasada no "achismo". Se na prática existem dezenas 
de excelentes professores de Educação Física, o que é ótimo, no 
aspecto teórico, isso não acontece. 
Por isso, ao embasarmos nossa prática com base em uma ou 
várias teorias, certamente, estaremos à frente daqueles profissio-
nais considerados exclusivamente "práticos".
A teoria e a prática estão extremamente ligadas. Uma de-
pende da outra. 
Portanto, a questão central desta unidade é: com qual teoria 
pedagógica eu mais me identifico?
Esse é um questionamento crucial para o desenvolvimento 
de nosso estudo. E muito interessante. Qual teoria pedagógica irá 
embasar a minha prática? A resposta apontará o caminho que o 
levará a construir uma prática pedagógica consistente, intencional 
e de qualidade. 
Essa será uma das perguntas que procuraremos discutir nes-
ta primeira unidade. 
É notável o engessamento dos professores em relação ao en-
sino de Educação Física. Muitos dos profissionais, ainda hoje, são 
conhecidos como "rola-bola", ou seja, os profissionais da área não 
abordam os conteúdos de uma forma diversificada e sistematiza-
da. É muito comum encontramos professores de Educação Física 
© Fundamentos da Educação Física Escolar34
sentados na arquibancada da quadra cronometrando uma partida 
de futebol, ou então ministrando a chamada "aula livre" (cada alu-
no escolhe o material e faz aquilo que desejar durante a aula).
Por isso, muitas vezes, os professores de Educação Física são 
tachados de "folgados" e são vítimas de certos comentários que 
mancham a sua imagem, como, por exemplo: "professor de Educa-
ção Física só tem músculo", "eu deveria ter feito Educação Física, 
pois é só jogar bola", "professor de Educação Física não precisa 
preparar aula", "professor de Educação Física só serve para enfei-
tar a escola e elaborar coreografias em datas comemorativas".
Até que ponto tudo isso é verdade? Precisamos mudar esse 
conceito sobre a Educação Física escolar e os professores que tra-
balham nos diferentes níveis de ensino.
Então, qual seria a melhor forma de reverter esse quadro? 
Acredito que para "ganharmos um lugar ao sol" e sermos reco-
nhecidos no meio escolar, precisamos, inicialmente, ter um forte 
embasamento teórico e saber relacioná-lo com a prática. 
Tal empreitada parece impossível, contudo as barreiras en-
contradas no dia a dia ficarão menores a partir dos conhecimentos 
adquiridos nesta unidade.
As possibilidades são muitas, portanto, é só arregaçar as 
mangas e ir ao trabalho!
Vamos em frente?!
5. AS PRINCIPAIS TEORIAS PEDAGÓGICAS
Nos últimos anos, a Educação Física sofreu mudanças signi-
ficativas. Podemos dizer que essas mudanças ocorreram devido à 
proposição de uma variedade de abordagens para o seu desenvol-
vimento.
As abordagens mais conhecidas são: 
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Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Teorias Pedagógicas da Educação Física
1) Psicomotricista (Le Bouch, 1982). 
2) Desenvolvimentista (Tani, Manoel, Kokubun e Proença, 
1988). 
3) Construtivista (Freire, 1989). 
4) Fenomenológica (Moreira, 1991). 
5) Sociológica (Betti, 1991). 
6) Crítico-Superadora (Soares, Taffarel, Varjal, Castellani Fi-
lho, Escobar e Bracht, 1992). 
7) Crítico-Emancipatória (Kunz, 1994). 
8) Antropológica (Daólio, 1995). 
9) Saúde Renovada (Guedes e Nahas, 1997).
10) Jogos Cooperativos (Brotto, 1995).
Abordar todas essas teorias pedagógicas, em um único ca-
derno, de uma forma não superficial, é praticamente impossível, 
por isso, selecionamos seis dessas abordagens para serem apre-
sentadas e discutidas nesta unidade. As demais teorias serão abor-
dadas no decorrer do curso.
Abordagem Desenvolvimentista
A Abordagem Desenvolvimentista foi elaborada por Go Tani, 
Edison de Jesus Manoel, Eduardo Kokubun e José Elias de Proença. 
O livro denominado Educação Física Escolar: fundamentosde uma 
abordagem desenvolvimentista foi publicado em 1988.
Essa abordagem procura mostrar que para definir os obje-
tivos, métodos e conteúdos de ensino, é importante considerar 
as necessidades que advém do próprio processo de mudanças 
no comportamento motor humano ao longo da vida (TANI et al, 
1988).
Isso significa que, para planejar uma aula, o professor deve 
considerar a sequência normal de desenvolvimento das crianças 
para que as atividades ministradas não estejam nem muito além e 
nem muito aquém das suas reais necessidades.
© Fundamentos da Educação Física Escolar36
Outro ponto fundamental dessa abordagem refere-se à di-
versidade e à complexidade dos movimentos. Os autores acredi-
tam que nas aulas de Educação Física deve haver a interação entre 
o aumento da diversidade e da complexidade dos movimentos 
visando proporcionar aos alunos condições para que seu compor-
tamento motor seja desenvolvido. Ou seja, os conteúdos devem 
obedecer a uma sequência e devem ser trabalhados do mais sim-
ples ao mais complexo.
A sequência adotada pela Abordagem Desenvolvimentista 
foi baseada no modelo de taxionomia do desenvolvimento motor 
proposta por Gallahue (1982).
Fonte: GALLAHUE (1982) 
Figura 1 – Modelo de Gallahue.
Ao observarmos a Figura 1, podemos classificar os movimen-
tos humanos em cinco fases: 
1) Movimentos Reflexos (vida intrauterina até 4 meses 
após o nascimento). 
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Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Teorias Pedagógicas da Educação Física
2) Movimentos Rudimentares (dos 4 meses até 2 anos). 
3) Movimentos Fundamentais (dos 2 aos 7 anos). 
4) Combinação de Movimentos Fundamentais (dos 7 aos 
12 anos). 
5) Movimentos Determinados Culturalmente (a partir dos 
12 anos).
Essa classificação hierárquica permite programar conteúdos 
seguindo uma ordem de habilidades, até atingir os movimentos 
determinados culturalmente que envolvem movimentos especí-
ficos, como, por exemplo, a prática dos esportes, da dança, dos 
jogos etc.
A seguir, serão apresentados alguns conceitos importantes 
que são a base da Abordagem Desenvolvimentista: domínio do 
comportamento humano e habilidades básicas.
Domínios do Comportamento Humano
Todo o comportamento humano pode ser classificado como 
sendo pertencente a um dos três domínios: cognitivo, afetivo-so-
cial e motor.
Fazem parte do domínio cognitivo as operações mentais 
como a descoberta, o armazenamento e a geração de informações 
a partir de certos dados e a tomada de decisão (MAGILL, 1980).
O domínio afetivo-social é composto pelos sentimentos e 
emoções e, do domínio motor, fazem parte os movimentos.
Apesar de um determinado comportamento ser classifica-
do em um desses três domínios, é importante esclarecer que, na 
maioria dos casos, existe a participação simultânea de todos eles. 
Ou seja, essa classificação é utilizada para destacar o domínio que 
é predominante em determinado comportamento motor.
Por exemplo: o comportamento de um indivíduo no jogo 
de xadrez é predominantemente cognitivo, embora os domínios 
motor (movimentação das peças) e afetivo-social (alegria, tristeza, 
raiva etc.) também estejam presentes.
© Fundamentos da Educação Física Escolar38
Mas você deve estar se perguntando: qual a utilidade de co-
nhecer esses três domínios?
Em termos práticos, ao conhecer os domínios do compor-
tamento humano, teremos uma visão integrada e sistêmica desse 
comportamento. Assim, o trabalho na Educação Física passará a 
desenvolver não só as qualidades físicas, mas também a afetivida-
de, a socialização e a cognição envolvidas em cada atividade mi-
nistrada.
Embora a Educação Física defenda a importância da inte-
gração entre corpo e mente, na prática, é possível observar várias 
situações nas quais ainda predomina a preocupação com o desen-
volvimento físico, dando pouco ou quase nenhuma atenção aos 
outros aspectos do desenvolvimento global das crianças.
Por isso, ao ministrar qualquer atividade nas aulas de Edu-
cação Física, o professor deve estar atento não só aos aspectos 
motores, mas também aos aspectos cognitivos e afetivo-sociais 
envolvidos durante o processo de ensino-aprendizagem.
Aquisição dos padrões fundamentais do movimento (ou 
habilidades básicas)
Tani et al (1988) afirmam que para entender os problemas 
que os indivíduos encontram para adquirir habilidades específicas 
é necessário retomar o processo pelo qual as habilidades básicas 
foram ou não adquiridas.
Isso significa que se uma pessoa tem dificuldades em jogar, 
por exemplo, futebol, deve-se ao fato de que as habilidades bási-
cas para a prática desse esporte (chutar, receber, saltar etc.) não 
foram adquiridas.
Essa definição afirma, novamente, a importância da não es-
pecialização precoce, ou seja, até os doze anos de idade, a criança 
deve se preocupar em desenvolver as habilidades básicas e não se 
especializar em um único esporte. 
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© U1 – Teorias Pedagógicas da Educação Física
Segundo Wickstrom (1977 apud TANI et al, 1988, p. 87) "en-
tende-se por habilidade básica uma atividade motora comum com 
uma meta geral, sendo ela a base para atividades motoras mais 
avançadas e altamente específicas".
Isso enfatiza a necessidade de uma atuação mais eficiente da 
Educação Física para aquisição de habilidades básicas. Muitos pro-
fessores se preocupam em ensinar as técnicas e táticas de várias 
modalidades esportivas e esquecem-se de desenvolver um traba-
lho voltado ao desenvolvimento das habilidades básicas: correr, 
saltar, rolar, arremessar, chutar, rebater etc.
Os padrões fundamentais de movimento (habilidades bási-
cas) podem ser divididos em padrões de locomoção, de manipula-
ção e de equilíbrio.
Locomoção: os padrões de movimento que as crianças apre-
sentam nesta categoria permitem a exploração do espaço. Fazem 
parte da locomoção: andar, saltar, correr, rolar, galopar e saltar no 
mesmo pé.
Manipulação: essa categoria envolve o relacionamento do 
indivíduo com um objeto. São incluídos aqui o arremessar, rece-
ber, rebater, chutar e quicar.
Equilíbrio: permite à criança manter uma postura no espaço 
e em relação à força de gravidade. Fazem parte dessa categoria: 
estar em pé, estar sentado, girar os braços, flexionar o tronco, pa-
rada de mão, rolamento, equilíbrio em um só pé e o caminhar so-
bre uma superfície de pequena amplitude.
Após a apresentação das habilidades básicas, é importante 
ressaltar que o desenvolvimento destas ocorre a partir de uma 
hierarquia. 
Qual é o primeiro padrão fundamental de movimento ou ha-
bilidade básica a se desenvolver? A resposta para essa questão é 
o andar.
© Fundamentos da Educação Física Escolar40
Com base no andar, outras habilidades básicas são desenvol-
vidas. Estudos mostram que, aproximadamente, até os 7 anos de 
idade, o desenvolvimento motor das crianças é caracterizado pela 
aquisição, estabilização e diversificação dos padrões fundamentais 
do movimento.
Após essa idade, até por volta dos doze anos, as habilidades 
são refinadas e ocorre uma combinação dessas habilidades em pa-
drões sequenciais cada vez mais complexos. Por exemplo: a habili-
dade básica correr interage com a habilidade de quicar uma bola, 
resultando em uma estrutura mais complexa denominada drible. 
Isso significa que as habilidades adquiridas nos primeiros 
anos de vida são a base para a aprendizagem de tarefas mais com-
plexas. Não observar essa sequência de desenvolvimento pode 
levar a superestimulação das crianças, levando à especialização 
precoce que é muito prejudicial ao desenvolvimento infantil.
Por isso, as crianças até os dez anos de idade devem desen-
volver ao máximo as habilidades básicas sem preocupação com as 
habilidades específicas. 
Dessa forma, a Educação Física deve proporcionar às crian-
ças o desenvolvimento hierárquico de suas habilidades. Para que 
isso aconteça, é necessário organizar atividadesdiversificadas e 
cada vez mais complexas.
Por exemplo, o professor pode propor uma atividade na qual 
as crianças irão andar pela quadra, em seguida, ele diversificará 
os movimentos, pedindo para as crianças andarem de costas e de 
lado. Para tornar essa atividade mais complexa, o professor pedirá 
para as crianças andarem de olhos fechados e em ritmos diferen-
tes. 
O professor de Educação Física, ao respeitar a sequência de 
desenvolvimento e estabelecer tarefas cada vez mais diversifica-
das e complexas, estará favorecendo os desenvolvimentos das po-
tencialidades máximas das crianças.
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© U1 – Teorias Pedagógicas da Educação Física
As atividades desenvolvidas com base na proposta dessa 
abordagem não precisam ser monótonas e repetitivas, pelo con-
trário, o professor deve selecionar e organizar conteúdos e meto-
dologias atraentes, diferenciadas e lúdicas. Veja uma sugestão de 
atividades:
Sugestões de Atividades ––––––––––––––––––––––––––––––
1) Dividi-se a turma em duas colunas. Formam-se um percurso com cones e as 
crianças deverão andar entre estes quicando uma bola, indo e voltando e 
passando a bola para a próxima criança que estiver na fi la.
2) Nunca Três: a turma fi ca dividida em duplas (sentada uma atrás da outra). 
Duas crianças serão selecionadas, uma para ser o pegador e outra par ser o 
fugitivo. O pegador tentará pegar o fugitivo enquanto este deverá fugir e sen-
tar atrás de uma das duplas. Quando sentar, o primeiro da fi la passará a ser 
o pegador e a criança que era o pegador passará a ser o fugitivo.
3) Dividi-se a turma em duas equipes. As equipes formarão duas colunas. A ati-
vidade será feita em duplas. Cada dupla deverá segurar e equilibrar a latinha 
de refrigerante com a testa (juntos). À frente terão dois cones que formarão 
um gol. Próximo ao cone estará uma bola de handebol. O objetivo é pegar a 
bola e fazer o gol, sem deixar a latinha cair no chão. Feito o gol, a dupla volta 
equilibrando a latinha na testa e passa para a próxima dupla. Vence a equipe 
que terminar primeiro.
4) A turma se dividirá em duas equipes. Cada equipe formará uma coluna e terá 
a sua frente seis arcos formando um triângulo (três na base, e no meio e um 
na ponta). O aluno terá cinco chances de arremessar a bola de handebol em 
direção aos arcos. Se a bola cair dentro dos três primeiros arcos (base) o 
aluno marcará um ponto. Se cair nos dois arcos do meio marca dois pontos e 
se o aluno conseguir fazer com que a bola caia no arco da ponta, ele marcará 
três pontos. Vence a equipe que marcar mais pontos.
5) A turma se dividirá em duas equipes. Cada equipe formará uma coluna no 
fundo da quadra. Cada aluno terá que correr controlando a bexiga até o cone 
posicionado à frente da coluna. Assim que o aluno voltar, passar a bexiga 
para o próximo e assim, sucessivamente.
6) Atividade semelhante a anterior. Agora além do aluno correr controlando a 
bexiga, terá que equilibrar o copo plástico na testa. Vence a equipe que ter-
minar primeiro. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Retomando
Para seguirmos com nosso estudo sobre as abordagens, vale 
a pena recordar o que estudamos até agora, segundo Tani et al:
A abordagem desenvolvimentista parte do posicionamento básico 
de que, se a Educação Física pretende atender às reais necessida-
des e expectativas da criança, ela necessita, antes de mais nada, 
© Fundamentos da Educação Física Escolar42
compreender as suas características em termos de crescimento, 
desenvolvimento e aprendizagem, visto que a não observância 
destas características conduz frequentemente ao estabelecimento 
de objetivos, métodos e conteúdos de ensino inapropriados (TANI 
et al, 1988, p. 135).
Um aspecto muito importante aqui abordado é que, se existe uma 
seqüência normal nos processos de crescimento, de desenvolvi-
mento e de aprendizagem motora, isto nada mais significa que as 
crianças necessitam ser orientadas especificamente com relação a 
estas características, desde que, só assim, as suas reais necessida-
des e expectativas serão alcançadas (TANI et al, 1988, p. 135).
Em outras palavras, se existe uma seqüência normal de desenvol-
vimento, isto quer dizer que as tarefas de aprendizagem a serem 
ensinadas nas aulas de Educação Física devem sempre manter cor-
respondência com esta seqüência, para que não se estabeleçam 
conteúdos nem muito além e nem muito aquém das capacidades 
reais da criança (TANI et al, 1988, p. 136).
A ausência de correspondência entre a tarefa a ser ensinada e o 
processo de desenvolvimento conduz, frequentemente, à subesti-
mulação ou superestimulação, ambas prejudiciais ao desenvolvi-
mento normal do ser humano (TANI et al, 1988, p. 136).
Os conhecimentos de desenvolvimento fisiológico, cognitivo e 
afetivo-social tornam-se muito importantes na determinação da 
metodologia de ensino a ser adotada na Educação Física. Esses 
conhecimentos fornecem subsídios para elaborar uma estratégia 
mais adequada do professor na sua atuação com os alunos. Além 
disso, serve de critério ou referencial para que se possa avaliar a 
progressão das crianças e, por conseguinte, permite acompanhá-
las melhor (TANI et al, 1988, p. 136).
Acreditamos que a Educação Física, quando estruturada com base 
nos conhecimentos abordados nesse trabalho, possibilita a pre-
paração de um ambiente de aprendizagem e de desenvolvimen-
to que favoreça a todas as crianças desenvolverem ao máximo as 
suas potencialidades de movimento e os fatores que o influenciam, 
levando-se em consideração suas características e limitações (TANI 
et al, 1988, p. 137).
Abordagem Crítico-Superadora
A Abordagem Crítico-Superadora é apresentada na obra Me-
todologia do Ensino de Educação Física, também conhecida, popu-
larmente, como Coletivo de Autores.
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Claretiano - Centro Universitário
© U1 – Teorias Pedagógicas da Educação Física
Esse livro foi publicado em 1992. Na sua elaboração, seus 
autores Carmem Lúcia Soares, Celi Taffarel, Elizabeth Varjal, Lino 
Castellani Filho, Micheli Escobar e Valter Bracht preocuparam-se 
com as condições reais do dia a dia escolar visando auxiliar os pro-
fessores no aprofundamento dos conhecimentos de Educação Fí-
sica como área de estudo e campo de trabalho.
A seguir, serão apresentados os principais conceitos aborda-
dos nessa obra.
A abordagem crítico-superadora trata de uma pedagogia 
emergente que busca refletir sobre a cultura corporal, ou seja, 
busca realizar uma reflexão pedagógica sobre as diferentes formas 
de representação do mundo que o homem tem produzido no de-
correr da história, exteriorizadas pela expressão corporal, como, 
por exemplo, jogos, lutas, danças, ginásticas, atividades circenses, 
esportes etc. (DAÓLIO, 2007).
Todas as atividades corporais (pular, arremessar, jogar, dan-
çar, saltar, lutar etc.) foram construídas em determinadas épocas 
históricas com base nas necessidades humanas, portanto, é fun-
damental que a prática pedagógica da Educação Física tenha como 
base a Cultura Corporal de Movimento. 
Nessa perspectiva, todos os temas envolvendo a cultura cor-
poral devem ser tratados na escola de forma crítico-superadora, 
ou seja, além de trabalhar os elementos técnicos e táticos, deve-se 
evidenciar o sentido e o significado dos valores e das normas que 
regulamentam o nosso contexto sócio-histórico.
Por exemplo, pode-se explicar ao aluno que um jogo de vo-
leibol só ocorre porque existe a contradição erro/acerto. Imagine 
como seria monótono e sem graça uma partida de voleibol em que 
a bola não caísse no chão.
O erro faz parte do jogo, por isso, o aluno não deve se sentir 
fracassado só porque cometeu um erro.
© Fundamentos da Educação Física Escolar44
Esse tipo de reflexão faz que o aluno dê um "salto qualita-
tivo" em todos os sentidos: nas habilidades, na coletividade, nos 
valores éticos e morais, no domínio da técnica, nas atividades cor-
porais etc.
Segundo Soares et al (1992, p. 41):
Esse tratamento não se coloca na perspectiva

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