Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS E ACIDOBASICOS NO POS-OPERATORIO RAUL COIMBRA GUSTAVO PEREIRA FRAGA |||I|I| Raul Coimbra - Chefe da Divisao de Trauma, Terapia Intensiva e Queimados da Universidade da California, San Diego (UCSD). Diretordo Programa de Fellowship de Cirurgia e Cuidados Intensivos da UCSD Gustavo Pereira Fraga - Professor Assistente Doutor da Disciplina de Cirurgia do Trauma do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciencias Medicas da Universidade de Campinas (UNICAMP) INTRODUQAO 0 manejo dos Ifquidos organicos e eletrolitos e de importance vital para manter a ho- meostasia do organismo. Da mesma forma, a manutengao do equilibrio acidobasico e fun- damental para evitar a ocorrencia de complicagoes. A alteragao da homeostasia, frequente apos cirurgias, traumas, processos inflamatorios e infecciosos, exige diagnostico e tratamento precoces a fim de prevenir danos e morte celular. 0 deficit de Ifquidos e o disturbio mais comum no pos-operatorio. A homeostasia e mantida atraves de complexas interagoes entre os sistemas cardiovascular, renal, pulmonar, gastrintestinal, hepatico e neurologico e, quando comprometida, desencadeia uma serie de reagoes fisiologicas que deve ser de conhecimento do medico que esta tratando o paciente. Reconhecer as situagoes em que a hemostasia e comprometida e imprescindivel para reduzir a ocorrencia de complicagoes e a mortalidade no pos-operatorio. PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROLITICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO o OBJETIVOS IEste capitulo abordara, de maneira pratica, varios assuntos relacionados a fisiologia do orga- m nismo visandoa: descrever o equilibrio da homeostasia no pos-operatorio; possibilitar ao medico (cirurgiao, clinico, intensivista ou outro especialista) o reconhecimento precoce da ocorrencia disturbios hidreletroliticos e acidobasicos e o estabelecimento de estra- tegias adequadas de tratamento. Para que essas metas sejam atingidas, o texto divide-se nos seguintes topicos: compartimentos e distribuigao dos liquidos no organismo; composigao dos liquidos e concentragao dos eletrolitos; diagnostico dos disturbios hidreletroliticos; tratamento dos disturbios eletroliticos; equilibrio acidobasico; diagnostico dos disturbios acidobasicos; tratamento dos disturbios acidobasicos. Serao discutidos ainda alguns casos clinicos de situagoes frequentes no pos-operatorio. |ESQUEMA CONCEITUAL Composigao dos liquidos e concentragao dos eletrolitos Disturbios hidreletroliticos e acidobasicos no pos-operatorio Compartimentos e distribuigao dos liquidos no organismo Equilibrio acidobasico Casos clinicos Conclusao Diagnostico dos disturbios hidreletroliticos Tratamento dos disturbios eletroliticos Diagnostico dos disturbios acidobasicos Tratamento dos disturbios acidobasicos Desidratagao e hipovolemia Hiperidratagao e intoxicagao hidrica Hiponatremia Hipernatremia Hipopotassemia (ou hipocalemia) Hiperpotassemia (ou hipercalemia) Hipocalcemia Hipercalcemia Hipomagnesemia Hipermagnesemia 11 COMPARTIMENTOS E DISTRIBUIQAOIDOS LIQUIDOS NO ORGANISMO A distribuigao de liquidos nos compartimentos do organismo varia conforme idade, sexo e massa corporea. Aproximadamente 80% do peso corporeo de um recem-nascido a termo e agua - essa composigao diminui com o passar dos anos - e, no adulto, a distribuigao de agua e de, aproxima- damente, 55% no sexo feminino e 60% no sexo masculino. A agua do compartimento intracelular esta concentrada principalmente no musculo esqueletico, por isso ela se encontra em menor por- centagem nas mulheres, que tern menor massa muscular em comparagao aos homens. No paciente obeso, a porcentagem de agua e ainda menor, em torno de 35%. A agua esta distribulda no organismo em tres compartimentos funcionais: intracelular, extracelular intersticial e extracelular intravascular, como ilustrado na Figura 1. Peso corporeo nao-agua Intersticio 40% 40%15% 5% Intravascular Agua intracelular Agua extracelular (20%) Figura 1 - Distribuigao de agua nos diferentes comparti- mentos do organismo com base no peso corporeo (adulto jovem, masculino) Fonte: Modificado de Williams (1996).' Atroca de liquidos entre os tres compartimentos e comandada principalmente por alteragoes no volume e na osmolaridade do conteudo intravascular. A distribuigao de liquido entre os comparti- mentos intra e extracelular e determinada por caracteristicas intrinsecas da membrana celular. Essa membrana estabelece um gradiente eletroquimico pelo transporte ativo de solutos dependente de energia proveniente do ATP (trifosfato de adenosina) . Ha tambem um gradiente osmotico inde- pendente de energia criado pela passagem de partlculas com base no tamanho e na carga eletrica das mesmas. A agua passa livremente entre os compartimentos intra e extracelulares, mantendo o equilibrio osmotico. O numero de particulas osmoticamente ativas nos diferentes compartimentos varia de 290 a 310mOsm/L. Aatividade dos eletrolitos nos diferentes compartimentos depende: PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROLITICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO do numero de particulas presentes por unidade de volume (mmol/L);do numero da carga eletrica por unidade de volume (mEq/L);do numero de particulas osmoticamente ativas ou Ions por unidade de volume (mOsm/L). A pressao osmotica reflete o gradiente de substancias que passam pela membrana celular. Adife- renga entre as pressoes intra e extracelular e alterada proporcionalmente a concentragao de subs- tancias que nao passam livremente pela membrana. Como a membrana e totalmente permeavel a agua, qualquer condigao que altere a pressao osmotica no compartimento intra ou extracelular ira resultar em redistribuigao de agua. As proteinas dissolvidas no plasma sao responsaveis pelo efeito osmotico de pressao entre o compartimento intravascular e o intersticio, conhecido como efeito coloidosmotico de pressao. Para fazer referenda a disturbios hidreletroliticos, os termos como osmol e miliosmol nao sao muito utilizados, ao contrario de equivalente ou miliquivalente. LEMBRAR 0 equivalente de urn ion e o seu peso atomico, expresso em gramas, dividido pela sua Valencia. Os ions univalentes tern 1mEq igual a 1mMol; ja nos ions divalentes, 1mMol e igual a 2mEq. Diferengas na composigao de ions entre os fluidos intra e extracelular sao mantidas pela parede da celula, que funciona como uma membrana semipermeavel. 0 sodio, principal cation do liquido extracelular, responde pelo maior contingente do gradiente de pressao osmotica do liquido inters- ticial. A importance do sodio esta relacionada ao controle que ele exerce sobre a distribuigao de agua em todo o organismo. Se o sodio e perdido, a agua e excretada para manter a osmolalidade normal; se o sodio e retido, a agua tambem e retida para dilui-lo. 0 numero de moleculas de sodio por unidade de agua determina a osmolalidade do liquido extracelular. Urn adulto higido deve consumir de 1.500 a 2.500mL de agua por dia na forma de liquidos e alimentos solidos. 0 metabolismo oxidativo e uma fonte endogena de agua e contribui com aproximadamente 250mL por dia. As perdas de agua geralmente sao classificadas como sensiveis ou insensi'veis. As perdas de agua sensiveis podem ser mensuradas e incluem urina (800 a 1.500mLpor dia), fezes (150 a 250mL por dia) e sudorese (200 a 1.OOOrnL diariamente).As perdas insensiveis nao sao mensuraveis e incluem a evaporagao de agua pelos pulmoes e a difusao de agua pela pele.Aperda de agua atraves da pele e do sistema respiratorio deve ser calculada como estando entre 8 e 12mL/kg/dia. A perda de agua e ainda maior em alguns pacientes, como aqueles em ventilagao respiratoria mecanica, com febre ou peritoniostomia. Informagoes sobre essas condigoes sao importantes para calcular o balango hidrico (BH) diario do paciente, que representa uma estimativa dos ganhos e perdas de liquido. No pos-operatorio, frequentemente quase todo o aporte de agua e venoso, sendo facilmente medido. As perdas sao calculadas pela diurese, pela evacuagao (pode naoestar presente devido ao jejum) e pelas perdas insensiveis. Estas ultimas devem ser corrigidas em situagoes como as ja citadas. 13 A identificagao de alguns sinais e sintomas e o exame clinico sao fundamentals para a detecgao de alteragoes no volume de llquidos do organismo. A avaliagao do sistema cardiovascular e o controle da diurese sao bons indicadores. Em casos especificos, pode-se adicionar o controle da pressao venosa central (PVC), que exige urn acesso venoso profundo. 0 1. Qual o volume estimado de agua corporea de urn jovem de 25 anos com 75kg? A) 4 litros. B) 45 litros. C) 20 litros. D) 30 litros. Resposta no final do capitulo 2. Qual definigao voce pode dar aos seguintes conceitos? A) Gradiente eletroqulmico - B) Gradiente osmotico - C) Pressao osmotica - D) Efeito coloidosmotico de pressao - 3. Qual e a importance do sodio no controle da distribuigao de agua no organismo? 4. A perda de agua atraves da pele e do sistema respiratorio no adulto higido deve ser calculada como estando entre: A) 3 e 6mL/kg/dia. B) 7 e 9mL/kg/dia. C) 8 e 12mL/kg/dia. D) 10 e 15mL/kg/dia. Resposta no final do capitulo PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 5. Quais os fatores podem influenciar na estimativa do balango hidrico de pacientes nopos-operatorio? COMPOSIQAO DOS LIQUIDOS E CONCENTRAQAO DOS ELETROLITOS A composigao dos liquidos no organismo e determinada pelas propriedades intrinsecas da mem- brana celular, que mantem as concentragoes necessarias para o metabolismo normal das celulas. A Figura 2 ilustra a composigao dos liquidos dos diferentes compartimentos. 154mEq/L 154mEq/L 153mEq/L 153mEq/L 200mEq/L 200mEq/L Cations Anions Cations Anions Cations Anions Na+ 142 Cl- 103 Na+ 144 Cl- 114 K+ 150 I150PO1' J HCO3- 27 HCO3- 30 K+ 4 S04~ 1 3 K+ 4 so4 - . 3 + 0 HCO - 10 PO43- J c?0. Ca++ 5 Ca++ 3 Acidos Acidos Mg++ 3 Organicos 5 Mgf+ 2 Organicos 5 Na+ 10 Proteinas 40 Proteinas 16 Proteinas 1 Liquido intravascular Liquido intersticial Liquido intracelular Figura 2 - Composigao dos liquidos nos diferentes compartimentos do organismo Fonte: Modificado de Zee e Lowry (2002) } LEMBRAR | 0 fluldo extracelular e composto principalmente pelo cation sodio e pelos anions cloro e bicarbonato. As diferengas de composigao dos liquidos intravascular e intersticial sao minimas; porem, ha uma diferenga na concentragao de proteinas entre eles. 0 transporte de proteinas gera uma carga negativa, compensada por alteragoes no fluxo de cloro e bicarbonato. Para haver urn equilibrio na composigao dos eletrolitos, e necessario que ocorra urn balango entre as ingestas e as perdas. Os rins, os pulmoes e a pele, alem de outros orgaos, atuam continuamente a fim de manter esse equilibrio. 0 Quadra 1 mostra os valores normais de diferentes eletrolitos, as im- plicagoes da alteragao dos mesmos e algumas situagoes clinicas que podem levar as alteragoes. Quadro 1 15 VALORES NORMAIS DOS ELETROLITOS, ALTERAQOES E SUAS CAUSAS FREQUENTES Eletrolito Valores Implicagoes Causas comuns Sodio 135 a 145mEq/L < 135mEq/L > 145mEq/L Normal Hiponatremia Hipernatremia Desidratagao, sindrome de secregao inapropriada de ADH Diabetes insipido Potassio 3,5 a 5mEq/L < 3,5mEq/L > 5mEq/L Normal Hipopotassemia Hiperpotassemia Diarreia e fistulas intestinais Insuficiencia renal, esmagamento e grandes queimaduras Calcio total 8,9 a 10,1mEq/L < 8,9mg/dL > 10,1mg/dL Normal Hipocalcemia Hipercalcemia Pos-operatorio de tireoidectomia e pancreatite aguda Hiperparatireoidismo Calcio ionizado 4,5 a 5,1mEq/L < 4,5mg/dL > 5,1mg/dL Normal Hipocalcemia Hipercalcemia Hemotransfusao maciga Acidose Magnesio 1,5 a 2,5mEq/L < 1,5mEq/L > 2,5mEq/L Normal Hipomagnesemia Hipermagnesemia Desnutrigao e diarreia Insuficiencia renal Fosfato 1,8 a 2,6mEq/L < 1,8mEq/L > 2,6mEq/L Normal Hipofosfatemia Hiperfosfatemia Cetoacidose diabetica Insuficiencia renal Cloro 96 a 106 mEq/L < 96mEq/L > 106mEq/L Normal Hipocloremia Hipercloremia Vomitos persistentes Hipernatremia LEMBRAR 0 rim e o orgao primariamente responsavel por manter o equilibrio hidreletrolitico. Atraves da taxa de filtragao glomerular, o rim e capaz de responder rapidamente as mudangas de volume, de concentragao de solutos e de composigao dos fluidos do organismo. 0 funcionamento normal do rim resulta em uma filtragao de aproximada- mente 180L de plasma por dia. 0 sodio e reabsorvido preferencialmente nos tubulos proximais, juntamente com o bicarbonato e outros cations. Na alga de Henle ocorre predominantemente a reabsorgao de agua, alem de sodio e cloro. No tubulo distal, o transporte ativo de sodio e associado a excregao de potassio e Ion hidrogenio sob a agao do hormonio aldosterona. No ducto coletor, pela agao de hormonio antidiuretico (ADH), a agua e reabsorvida, e a urina, concentrada. As alteragoes no balango hidreletrolitico e na atividade renal ocorrem continuamente, conforme a variagao na ingesta e na excregao de cada componente. PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO ^ 0 volume circulante e controlado por barorreceptores arteriais e renais, alem de receptores no atrio. Estes ultimos irao ativar o sistema neuroendocrino, com secregao de hormonio adenocortico- trofico (ACTH) pela hipofise, aumentando a secregao de renina e catecolaminas atraves do sistema nervoso autonomo. Isso levara ao aumento na formagao de angiotensina pela renina, estimulando a secregao de aldosterona. A aldosterona e secretada na zona glomerular da adrenal sob estlmulo de ACTH, angiotensina II e elevagao do potassio serico, aumentando a reabsorgao de sodio e cloro no tubulo distal renal e a excregao de potassio. A secregao de renina e estimulada por celulas mioepiteliais localizadas no glomerulo. A renina converte, no flgado, o angiotensinogenio em angiotensina I. Esta, por sua vez, e convertida, sob a agao da enzima conversora de angiotensina (ECA), no pulmao, em angiotensina II. Alem de ser urn potente vasoconstritor e estimulador do miocardio, a angiotensina II estimula a liberagao de aldosterona e ADH. 0 ADH liberado pela hipofise quando ha diminuigao do volume circulante ira aumentar a osmolaridade plasmatica e estimular a reabsorgao de agua, aumentando a permeabi- lidade tubular no ducto coletor renal. Os efeitos e a resposta dos sistemas neuroendocrino e renina-angiotensina-aldosterona devem ser conhecidos pelo medico que atende o paciente no pos-operatorio. Entretanto, nao e o objetivo deste capltulo esgotar o assunto. Ja o conhecimento das necessidades basais de llquidos e ele- trolitos no pos-operatorio desses pacientes e de extrema importance, pois muitos permanecem em jejum, alem de sofrerem o trauma cirurgico. ATabela 1 mostra as necessidades basais de urn paciente no pos-operatorio. Para fazer a reposi- gao diaria, e preciso saber o conteudo dos fluidos e soros habitualmente disponiveis no mercado, dados apresentados na Tabela 2. Tabela 1 NECESSIDADES BASAIS DE LIQUIDOS E DE ELETROLITOS Componente Necessidade diaria Liquidos de 0 a 10kg 100mL/kg de 10 a 20kg 50mL/kg CDoCMA 20mL/kg Adulto (70kg) 2.500mL Sodio de 60 a 100mEq ou 1mEq/kg Potassio de 30 a 60mEq ou 0,5mEq/kg Calcio de 1 a 3g Magnesio de 220 a 250mg ou de 10 a 30mEq COMPOSigAO DE ELETROLITOS E GLICOSE EM DIFERENTES FLUIDOS DE REPOSIQAO Solugao Na+ ci- K+ Ca++ Outros Soro fisiologico (SF) 154 154 0 0 - Ringer lactato (RL) 130 109 4 3 Lactato: 28mEq/L Soro glicosado a 5% 0 0 0 0 Glicose: 5g/100mL Soro glicosado a 10% 0 0 0 0 Glicose: 10g/1OOmL Fonte: Modificado de Davis e Gamelli (2002).3 O 6. Associe os seguintes disturbios eletroliticos as suas causas mais comuns (podehaver mais de um disturbio associado a cada causa). (1) Hiponatremia (2) Hipernatremia (3) Hipopotassemia (4) Hiperpotassemia (5) Hipocalcemia (calcio total) (6) Hipercalcemia (calcio total) (7) Hipocalcemia (calcio ionizado) (8) Hipercalcemia (calcio ionizado) (9) Hipomagnesemia (10) Hipermagnesemia (11) Hipofosfatemia (12) Hiperfosfatemia(13) Hipocloremia (14) Hipercloremia Resposta ao final do capitulo ( ) Desidratagao, sindrome de secregao inapropriada de ADH ( ) Pos-operatorio de tireoidectomia e pancreatite aguda ( ) Hemotransfusao ( ) Esmagamento e grandes queimaduras ( ) Vomitos persistentes ( ) Diabetes /ns/p/das ( ) Cetoacidose diabetica maciga ( ) Diarreia ( ) Desnutrigao ( ) Insuficiencia renal ( ) Hipernatremia ( ) Hiperparatireoidismo ( ) Fistulas intestinais ( ) Acidose 7. Elabore um diagrama que mostre o sistema renina-angiotensina-aldosterona e a sua fungao na manutengao do equilibrio eletrolitico. PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO » o 8. Em relagao ao metabolismo do calcio, qual afirmagao e verdadeira? A) A maioria do calcio ingerido e excretada na urina. B) 0 calcio nao-ionico e a porgao do calcio serico responsavel pela estabilidade neuromuscular. C) A reposigao de calcio frequentemente e necessaria em pacientes no pos-opera- torio. D) A necessidade diaria de calcio e de 1 a 3g. Resposta no final do capitulo DIAGNOSTIC*) DOS DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS Os disturbios hidreletrollticos podem ser classificados em: alteragoes no volume (desidratagao, hipovolemia e intoxicagao hidrica); alteragoes na concentragao (hiponatremia e hipernatremia); alteragoes na composigao (hipopotassemia, hiperpotassemia, hipocalcemia, hipercalcemia, hi- pomagnesemia e hipermagnesemia). Desidratagao e hipovolemia Define-se “alteragao no volume” como uma diminuigao na quantidade total de agua corporea com hiper, iso ou hipotonicidade dos fluidos do organismo. A perda subita de urn liquido isotonico, por exemplo, atraves de secregao intestinal, resulta em uma di- minuigao aguda do liquido extracelular sem alterar o volume de liquido intracelular. Enquanto a osmolaridade dos dois compartimentos mantiverem-se identicas, nao havera movimento de liquido do intra para o extracelular. Isso e diferente da perda subita de volume sangulneo que ocorre em hemorragias, desencadeando o movimento de llquidos e protelnas do interstlcio para o intravascular a fim de tentar manter a pressao oncotica plasmatica. Outra situagao que pode ocorrer e a desidratagao por sequestra interno de liquido, na qual o li- quido extracelular vai acumular-se em uma area lesada (queimaduras, trauma, cirurgia, infecgao, obstrugao intestinal), formando urn “terceiro” espago liquido anormal. Isso causa hemoconcentra- gao e hipovolemia. 0 deficit de volume e uma alteragao muito frequente no paciente cirurgico. Podem ser citados co- mo etiologia: vomitos, diarreia, alto debito de secregao pela sonda gastrica, fistula gastrintestinal, peritoniostomia, reposigao inadequada de liquidos, poliuria, diabetes e sequestra de liquidos no “terceiro” espago. 19 Os sinais e sintomas de alteragoes de volume hldrico sao variaveis, podendo incluir: sede; mucosas ressecadas; pele sem elasticidade e sem turgor; alteragao do nlvel de consciencia; taquicardia; hipotensao; hipotermia; oliguria. Os exames de laboratory mostram hematocrito e hemoglobina elevados (exceto quando ha gra- ve hemorragia), creatinina, ureia, protelnas e densidade da urina elevadas e sodio urinario baixo (desde que o paciente nao tenha nefropatia). O A manutengao da diurese em 50mL/hora no adulto ou de 1 a 2mL/kg/hora e fundamentalpara a prevengao de disturbios hidricos. 0 tratamento deve ser feito com a corregaodo disturbio primario e hidratagao do paciente com solugoes eletroliticas, na tentativa de otimizar a diurese do paciente. Hiperidratagao e intoxicagao hi'drica LEMBRAR 0excesso de volume no pos-operatorio pode ser iatrogenico ou secundario a doengas cronicas, como insuficiencia renal ou hepatica, insuficiencia cardiaca congestiva ou cancer. Tanto o volume plasmatico quanto o intersticial estao aumentados. A causa mais frequente e a hidratagao excessiva. 0 quadro clfnico do excesso de volume e caracterizado por nauseas, astenia, oliguria, convulsao e coma, alem de edema pulmonar e periferico. Os exames de laboratory revelam hiponatremia e diminuigao da osmolalidade plasmatica. 0 tratamento e feito com restrigao hidrica, reposigao lenta de sodio, eventualmente com uso de diuretico osmotico (manitol), e administragao lenta de glicose hipertonica. Hiponatremia A hiponatremia decorre de excesso de agua no organismo ou de deficiency corporea de sodio. E importante reconhecer se ha insuficiencia renal associada. No paciente cirurgico, a hiponatre- mia geralmente e iatrogenica. No paciente com trauma craniencefalico, a hiponatremia pode ser decorrente da sindrome de secregao inapropriada de ADH. PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 20 Os sinais e sintomas da hiponatremia sao: alteragao do nivel de conscience (letargia, confusao mental e ate coma); nauseas; cefaleia; oliguria. Alem da diminuigao do sodio serico, os exames podem mostrar diminuigao da osmolalidade serica, elevagao do hematocrito e das proteinas plasmaticas e diminuigao da densidade urinaria. Hipernatremia A hipernatremia ocorre devido a uma perda excessiva de liquido. Essa perda pode ser de ori- gem renal ou extra-renal. A causa extra-renal e resultante de urn aumento no metabolismo, como, por exemplo, no paciente com febre. Pacientes tambem perdem liquido por evaporagao, princi- palmente aqueles com peritoniostomia, em hiperventilagao ou com traqueostomia, podendo ficar desidratados. A perda do estimulo central de secregao de ADH, que ocorre em alguns traumas craniencefalicos graves (diabetes insipido), prejudica a reabsorgao renal de agua. Adiurese osmotica, secundaria a descompensagao do diabetes com glicosuria, as dietas ricas em proteinas e o uso incorreto de manitol, alem de nefropatias, tambem podem ser causas de hipernatremia. 0 diagnostic cllnico na hipernatremia pode ser diflcil, diferentemente do que ocorre na desidra- tagao hiponatremica. Os sinais e sintomas da hipernatremia sao: sede; fraqueza muscular; caibras; tremores; memoria alterada; confusao mental; coma. Alem do aumento do sodio serico, os exames podem mostrar aumento da densidade urinaria e da osmolalidade serica. Hipopotassemia (ou hipocalemia) Ahipopotassemia e urn dos disturbios eletroliticos mais frequentes no pos-operatorio. Pode decor- rer de varias causas, como secregao renal excessiva, administragao prolongada de solugoes sem potassio ou perdas gastrintestinais excessivas (vomitos, diarreia ou fistulas). 0 potassio tambem e importante no equillbrio acidobasico, uma vez que e trocado com o Ion hidrogenio; na alcalose metabolica grave, pode ocorrer piora da hipopotassemia. 21 Os sinais e sintomas da hipopotassemia incluem: fraqueza muscular; nauseas; Neo paralitico; irritabilidade; letargia; arritmia cardlaca. Hiperpotassemia (ou hipercalemia) A hiperpotassemia raramente e encontrada em pacientes com fungao renal normal. Geralmente ocorre em pacientes com insuficiencia renal, alem de em pacientes com hemotransfusao maciga e lesoes musculares por esmagamento. Os sinais e sintomas da hiperpotassemia incluem: nauseas; vomitos; fraqueza muscular; arritmias cardiacas (geralmente quando o potassio e maior do que 7mEq/L). 0 eletrocardiograma (ECG) pode mostrar onda T apiculada e complexos QRS alargados, e o pa- ciente pode evoluir com parada cardlaca em diastole. Hipocalcemia As causas mais frequentes de hipocalcemia sao perda de tecido da paratireoide apos tireoidecto- mia, hemotransfusao volumosa, pancreatite aguda, insuficiencia renal (raramente sintomatica) e hipoparatireoidismo idiopatico. Os sintomas de hipocalcemia sao: parestesia perioral e nas extremidades; miastenia; caibras; tetania; convulsoes; arritmias cardiacas. 0 paciente pode apresentar os sinais de Chvostek (contragao do musculo facial apos leve estimu- lo na frente da orelha) e Trousseau (espasmo carpopedal apos insuflagao de manguito no brago acima da pressao sistolica). PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 22 Hipercalcemia A etiologiada hipercalcemia frequentemente nao e diagnosticada no pos-operatorio. A hipercal- cemia pode decorrer de hiperparatireoidismo, neoplasias (mieloma multiplo, metastases osseas), intoxicagao por vitaminas A e D, uso de diureticos (tiazidicos) e acidose tubular renal. Os sintomas da hipercalcemia sao: fraqueza; nauseas; vomitos; sonolencia; estupor; coma. 0 ECG pode mostrar supranivelamento no intervalo QT (com encurtamento desse segmento na hipercalcemia moderada e alargamento na grave) e segmento ST, alem de arritmias. Hipomagnesemia Como o magnesio nao costuma ser incluido entre os exames de pos-operatorio, a hipomagnesemia frequentemente passa despercebida. Pacientes que ficam uma semana sem ingesta ou reposigao podem apresentar esse disturbio. Outras causas da hipomagnesemia sao: hemodiluigao, diarreia, fistula gastrintestinal, lleo prolongado, cetoacidose diabetica e perda excessiva secundaria a uso de quimioterapico (principalmente cisplatina). Os sintomas sao: hiperexcitabilidade neuromuscular; hipertensao; arritmias. Hipermagnesemia A hipermagnesemia e urn disturbio raro, encontrado apenas em pacientes com insuficiencia renal. Os sintomas sao: sonolencia, letargia, nauseas e vomitos. Quando os niveis de magnesio estao muito elevados, podem surgir hiporreflexia, arritmia, hipotensao e paradas respiratoria e cardiaca. TRATAMENTO DOS DISTURBIOS ELETROUTICOS 0 Quadra 2 apresenta urn roteiro para tratar os principals disturbios eletroliticos diagnosticados no pos-operatorio. Contudo, antes do encaminhamento terapeutico, ao suspeitar desses disturbios, o medico deve: 23 obter uma anamnese detalhada; realizar um exame flsico completo para direcionar o diagnostico; checar os liquidos que vem sendo repostos, bem como o BH diario. © Acoleta de exames, como eletrolitos sericos, hemograma, glicemia, gasometria arterial,fungao renal e hepatica e exame de urina (solicitar conforme a gravidade de cada caso) aju-dara a estabelecer o diagnostico. 0 ECG deve ser realizado em casos selecionados. Uma vez diagnosticado o disturbio hidreletrolitico, o medico deve avaliar a necessidade de corrigir o disturbio e a urgencia com que isso deve ser feito. E importante diagnosticar a etiologia do pro- cesso, bem como trata-lo, para que as medidas terapeuticas sejam eficientes. Quadro 2 TRATAMENTO DOS PRINCIPAL DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS Disturbio Medidas iniciais Variaveis Conduta Hiponatremia suspeitarde insuficiencia renal e disturbio hidreletrolitico avaliagaoda volemia monitorizagao* Hipovolemia Hipervolemia Sintomas leves Sintomas graves administrar SF a 0,9% se alcalose administrar RL se acidose considerar uso de diureticos restrigao hidrica administrar solugao salina a 3% nao aumentar sodio mais do que 12mEq/L nas 24 horas iniciais descontinuar infusao quando melhorarem os sintomas Hipernatremia avaliagaoda volemia monitorizagao* Hipovolemia Hipervolemia administrar SF a 0,9% ou RL reposigao hidrica gradual no diabetes insipido: administrar vasopressina uso de diureticos descontinuar infusao quando melhorarem os sintomas Hipopotassemia suspeitar de disturbio acidobasico e suspender diureticos monitorizagao* Sintomas leves ou K+ > 3,0mEq/L Sintomas graves ou K+ < 2,5mEq/L reposigao via oral com cloreto de potassio a 6% reposigao de KCIIV, 40mEq K+/hora, diluido em SF a 0,9% (continua) PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROLITICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 24 Disturbio Medidas iniciais Variaveis Conduta Hiperpotassemia suspeitar de insuficiencia renal avaliagaoda volemia monitorizagao (uso de ECG continuamente)* SEM insuficiencia renal ECG normal ECG alterado COM insuficiencia renal resina de troca ionica via oral ou retal resina de troca ionica via oral ou retal gluconato de calcio a 10% IV, de 10 a 20ml_, em 3 minutos + acidose: administrar bicarbonato de sodio a 8,4% IV, de 40 a 80mEq, em 5 minutos se persistir ECG alterado: solugao polarizada (glicose + insulina), com SG a 50% lOOmLe 10 unidades de insulina (relagao 5:1), 10 minutos se hipervolemico: furosemida IV dialise renal Hipocalcemia tentar identificar a causa Sintomas leves Sintomas graves reposigao via oral com carbonato de calcio (de 3 a 4g/dia) gluconato de calcio a 10% IV, de 10 a 20mL, em 15 a 30 minutos Hipercalcemia tentar identificar a causa (checar niveis de cloro, fosfato e hormonios paratireoidianos) Sintomas leves Sintomas graves hidratagao com SF a 0,9% furosemida, de 0,5 a 1,0mg/ kg IV calcitonina, 4 a 6 U/kg, SC ou IM pamidronato, de 60 a 90mg IV em infusao continua, em 24 horas considerar uso de corticoides quando associado a malignidade (hidrocortisona, 3 a 4mg/kg por dia, durante 3 a 5 dias) Hipomagnesemia checar niveis de calcio e potassio Sintomas leves Sintomas graves reposigao via oral com oxido de magnesio, de 250 a 500mg, 4x/dia sulfato de magnesio a 50%, de 4 a 8mL diluido em SF a 0,9%, IV, em 5 a 10 minutos Hipermagnesemia suspeitar de insuficiencia renal SEM insuficiencia renal COM insuficiencia renal gluconato de calcio a 10% IV, de 10 a 20mL, em 15 a 30 minutos dialise renal Monitorizagao cardiovascular, renal e neurologica 25 9. Quais as situagoes em que pode haver alteragoes do volume e qual a sua relagao na hipovolemia? A) Perda subita do volume sanguineo - B) Desidratagao - C) Deficit de volume - 10. Quais sao os princlpios de tratamento dos disturbios hidreletrollticos? 11. Quais sao os disturbios hidreletrollticos mais frequentes no pos-operatorio em urn paciente com vomitos? A) Desidratagao e hipopotassemia. B) Hipernatremia e hipocalcemia. C) Hiperidratagao e hipomagnesemia. D) Desidratagao e hiponatremia. 12. Deve-se desconfiar de insuficiencia renal quando ha suspeita, em disturbios hidroeletroliticos, de: A) hipermagnesemia, hipernatremia, hiperpotassemia. B) hiperpotassemia, hipomagnesemia, hipercalcemia. C) hipernatremia, hipocalcemia, hiperpotassemia. D) hiperpotassemia, hipermagnesemia, hiponatremia. 13.0(s) principal(is) indicador(es) de medidas efetivas de tratamento em urn paciente grande queimado e (sao): A) pressao venosa central. B) pressao arterial e frequencia cardiaca. C) diurese. D) nivel de conscience e peso corporeo. Respostas no final do capitulo PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 26 O 14.0 emprego de hidrocortisona, de 3 a 4mg/kg por dia durante 3 a 5 dias, para casosgraves associados a malignidade e indicado para qual disturbio eletrolitico? A) Hipercalcemia. B) Hiperpotassemia. C) Hipernatremia. D) Hipermagnesemia. 15. 0 disturbio eletrolitico mais comumente associado a ileo paralitico e fraqueza muscular e: A) hiponatremia. B) hipopotassemia. C) hipernatremia. D) hipocalcemia. 16. Urn fator que frequentemente estimula o sistema renina-angiotensina-aldoste- rona e: A) hipotermia. B) hipocloremia. C) hipotensao. D) taquicardia. Respostas no final do capitulo 17. Complete o quadra com dados sobre caracterizagao, sinais clinicos e exames e tratamento dos disturbios hidreletroliticos. Disturbios Caracteristicas Sinais clinicose exames Tratamento Hiponatremia Hipernatremia Hipopotassemia Hiperpotassemia Hipocalcemia Hipercalcemia Hipomagnesemia Hipermagnesemia 27 EQUILIBRIO ACIDOBASICO 0 equilibrio acidobasico e mantido por complexas interagoes entre os sistemas cardiovas- m j cular, renal, pulmonar, gastrintestinal e hepatico. Perturbagoes em um desses sistemas resultam em diferentes alteragoes do metabolismo acidobasico. 0 metabolismo normal produz acidos continuamente. Quando uma condigao patologica causa um disturbio ano- malo na concentragao de ions hidrogenio, surge acidose ou alcalose. Existem tres sistemas primarios que regulam a concentragao do ion hidrogenio nos liquidos cor- porais para evitar a evolugao para acidose ou alcalose: os sistemas quimicos de tampoes; o centra respiratorio, que controla a remogao de C02 (e, portanto, de H2C03) do liquido extra- celular; os rins, que podem excretar urina acida ou alcalina, reajustando a concentragaode ions hidro- genio do liquido extracelular. LEMBRAR Para manter o pH em limites de normalidade compativeis com os processos vitais, o organismo utiliza os mecanismos bioquimicos conhecidos como sistemas tampoes. Os sistemas tampoes diminuem o efeito de acidos ou bases adicionados aos liqui- dos corporeos, tendo uma atuagao em fragao de segundos. Os sistemas tampoes do organismo sao: bicarbonato/acido carbonico e proteinas plasmaticas, com atuagao principalmente no espago extracelular; fosfatos e hemoglobina, que agem primordialmente no espago intracelular. Os sistemas tampoes fazem com que o pH mantenha-se estavel pela adigao ou subtragao de ions hidrogenio. 0 sistema tampao bicarbonato e o mais importante e e composto por: C02+ H20 H2C03^ H+ + HCO3- A concentragao de bicarbonato serico pode ser mensurada diretamente ou calculada atraves da reagao de Henderson-Hasselbalch, na qual: pH = pKa + log HC03- H2C03 A proporgao de HC03- para acido carbonico e de aproximadamente 20 para 1. Usando esse valor e o pK de acido carbonico de 6,1, obtem-se o pH de 7,4. Pode-se observar que a manu- tengao do pH depende principalmente da fungao renal (numerador da equagao) e da fungao respiratoria (denominador). PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROLITICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 28 O Disturbios primariamente metabolicos dependem de uma compensagao respiratoria(agao dos pulmoes de minutos a horas), enquanto alteragoes primariamente respirato-rias exigem uma compensagao metabolica com agao dos rins (atuagao mais lenta, em horas ou dias). Aacidose metabolica, caracterizada pela diminuigao do bicarbonato serico, desencadeia uma hi- perventilagao compensators com o intuito de diminuir a pC02. Aexcregao pulmonar de hidrogenio e indireta, pois o hidrogenio nao e volatil, mas e excretado nos rins, com participagao das bases tampoes. Ja a acidose respiratoria, caracterizada pelo aumento da pC02, desencadeia uma com- pensagao renal, com aumento da concentragao serica de bicarbonato. O E importante definir o conceito de base excess (excesso de base, ou BE), uma reser- va alcalina. 0 BE avalia o parametro metabolico: BE negativo significa que o paciente encontra-se em acidose, e BE positivo indica que ele se encontra em alcalose. Os valores normais de BE variam de -3,5 a +4,5mEq/L. No plasma, a soma de cargas negativas dos anions deve ser igual a soma de cargas positivas dos cations, sendo que o sodio corresponde a maior parte dos equivalentes cationicos. Portanto, o bicarbonato e o elo entre o equilibrio acidobasico e o equilibrio hidreletrolitico. Para manter a eletroneutralidade, quando ocorre uma queda do bicarbonato, ocorre urn aumento do cloreto, e vice-versa. LEMBRAR T A diferenga de anions (DA), conhecida como anion gap, reflete a diferenga entre as concentragoes totais de soro anionico ( ions bicarbonato e cloreto, incluindo os anions nao-medidos) e cationico (cations de sodio e potassio, incluindo cations nao-medi- dos). A DAe util na detecgao de alteragoes eletroliticas e acidobasicas, como acidose metabolica hiper e normocloremica e disturbios acidobasicos mistos. Na acidose metabolica normocloremica, a DAe alta devido ao deficit de bicarbonato nao-com- pensado pelo cloreto, ja que os anions de acido permanecem no liquido extracelular. A uremia, a cetoacidose diabetica e a acidose lactica sao enquadradas nesses disturbios. Na acidose metabo- lica hipercloremica, a DA e considerada normal devido a compensagao do bicarbonato perdido no tamponamento pelo cloreto no liquido extracelular. ATabela 3 mostra os valores normais de um exame de gasometria arterial. Tabela 3 VALORES NORMAIS DA GASOMETRIA ARTERIAL pH de 7,35 a 7,45 p02 de 70 a 90mmHg pC02 de 35 a 45mmHg HCO3 - de 22 a 26mEq/L BE de -3,5 a +4,5mEq/L Saturagao 02 de 95 a 97% DIAGNOSTICO DOS DISTURBIOS ACIDOBASICOS © 0 diagnostics das alteragoes do equilibrio acidobasico e feito pela analise dos valoresobtidos pela gasometria sangulnea. Preferencialmente, deve ser utilizado sangue arterial,pois no sangue venoso nao e possivel considerar os valores da pC02, impedindo a analise da fungao respiratoria. A analise da p02 venosa, porem, tem utilidade cllnica. Se compararmos a p02 venosa com a arterial, calculando a diferenga arteriovenosa (DAV), e pos- sivel analisar indiretamente o debito cardiaco. Quando a DAV e grande, com p02 venoso baixo, ha baixo debito cardiaco, com os tecidos extraindo muito oxigenio da hemoglobina devido ao fluxo lento. Ja uma DAV pequena, com aumento progressive da p02 venosa, aponta para um shunt sis- temico, com piora das trocas teciduais. Q LEMBRAR Pela gasometria arterial, e possivel diagnosticar desvios do componente respiratorio (02 = oxigenagao; pC02 = ventilagao) e metabolico (BE e bicarbonato). Para a coleta do exame, alguns detalhes devem ser lembrados, pois podem influenciar no resultado: a heparina usada na diluigao do sangue e acida, podendo alterar os valores de pH, pC02 e p02; a pungao, devido a ansiedade em pacientes conscientes, pode ocasionar hiper- ventilagao; a demora para levar o sangue coletado para a realizagao do exame reduz a P^2 >o resfriamento da amostra aumenta o pH e diminui a p02. Os disturbios acidobasicos sao classificados de acordo com a alteragao primaria, ou seja, bicarbo- nato e pC02, e com a maneira como essa condigao foi compensada. PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROLITICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 30 As alteragoes decorrentes de mudangas na concentragao de bicarbonato sao denominadas meta- bolicas, enquanto as decorrentes de alteragoes na pC02 sao chamadas de respiratorias. As alte- ragoes associadas ou mistas tambem sao encontradas com frequencia e precisam ser distinguidas dos mecanismos normals de compensagao de restauragao da homeostasia. ATabela 4 descreve os mecanismos de compensagao dos disturbios acidobasicos. As causas mais frequentes de disturbios acidobasicos estao listadas no Quadro 3. Tabela 4 MECANISMOS DE COMPENSAQAO DOS DISTURBIOS ACIDOBASICOS ACIDOSE ALCALOSE pH pC02 HCO3- pH pC02 HCO3- Respiratoria, aguda, sem compensagao 44 Ttt normal TT 4 4 4 normal Respiratoria, cronica, com compensagao 4 TT T T 44 4 Metabolica, aguda, sem compensagao 4 4 4 normal 44 Ttt normal TT Metabolica, cronica, com compensagao 4 4 4 T T T Fonte: Modificado de Napolitano e Meyer (2002).4 Quadro 3 CAUSAS DE DISTURBIOS ACIDOBASICOS Disturbio Doengas agudas Doengas cronicas Acidose respiratoria Obstrugao das vias aereas Pneumo ou hemotorax Atelectasia e pneumonia Comprometimento do SNC Asma Insuficiencia respiratoria cronica Alcalose respiratoria Dor e ansiedade Hiperventilagao iatrogenica Atelectasia e pneumopatias agudas Comprometimento do SNC Insuficiencia hepatica Hipertireoidismo Acidose metabolica Choque hipovolemico Cetoacidose diabetica Rabdomiolise Diarreia Fistula intestinal Insuficiencia renal cronica Alcalose metabolica Vomitos Infusao iatrogenica de bicarbonato Diarreia cronica Uso de corticoides TRATAMENTO DOS DISTURBIOS ACIDOBASICOS 31 0 tratamento dos disturbios acidobasicos deve ter base na anamnese do paciente (em pacientes em terapia intensiva, inconscientes, informagoes da evolugao diaria sao fundamentais na avalia- gao), no exame fisico e na interpretagao dos valores do exame de gasometria. E importante res- saltar que a gasometria e apenas um exame complementar e deve ser interpretada em conjunto com o quadra clinico do paciente. Portanto, nao se deve confiar exclusivamente em um resultado isolado do exame de laboratory. Inicialmente, o volume sanguineo e a perfusao tecidual devem ser restaurados. As alteragoes nao devem ser corrigidas subitamente e sao necessarias dosagens seriadas dos gases sanguineos. 0 Quadra 4 mostra os principios para o tratamento dos disturbios acidobasicos. Quadro 4 TRATAMENTO DOS PRINCIPAL DISTURBIOS ACIDOBASICOS Disturbio Tratamento Acidose respiratoria Manter as vias aereas desobstruidas Oxigenagao (corregao da hipoxia, ventilagao mecanica sin ) Corregao da hipercapnia (ventilagaomecanica s/n) Tratamento de infecgoes Alcalose respiratoria Oxigenagao e corregao da hipocapnia (ventilagao mecanica) Acidose metabolica Oxigenagao Reposigao volemica Se pH < 7,2, fazer reposigao de bicarbonato de sodio, 2mEq/kg, ou usar a formula: Deficit fmEa/L) = oeso (ka) x BE . reoor metade raoidamente 4 e a outra metade em 12 horas. Alcalose metabolica Reposigao de cloretos Considerar o uso de acetazolamida, de 250 a 500mg IV 18. Quais sao as orientagoes para firmar o diagnostic dos disturbios acidobasicos e quais fatores podem influenciar no resultado? PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 32 O 19. Em relagao a gasometria arterial, e correto afirmar que: A) um pH de 7,36 ja e indicative de acidose. B) um paciente com p02 abaixo de 60mmHg necessita de ventilagao mecanica. C) o BE nao tern nenhum valor para a avaliagao de estados de choque. D) ela permite diagnosticar desvios do componente metabolico e respiratorio. 20. Qual dos disturbios abaixo esta associado a hiperpotassemia? A) Hipomagnesemia. B) Administragao de insulina. C) Alcalose metabolica. D) Acidose metabolica. Respostas no final do capitulo 21. Complete o quadra com os sinais locais e sistemicos e orientagoes terapeuticas mais importantes para o tratamento dos disturbios acidobasicos indicados. Disturbio Sinais locais Sinais sistemicos Orientagoesterapeuticas Acidose respiratoria Alcalose respiratoria Acidose metabolica Alcalose metabolica CASOS CUNICOS CASO CLINIC01 Um paciente de 72 anos e submetido a uma gastrectomia parcial devido a uma neopla- L J sia maligna. No 3° dia do pos-operatorio, na enfermaria, ele se queixa de falta de ar. A pressao arterial e de 130 x 70mmHg, a frequencia cardiaca e de 80bpm e frequencia respiratoria e de 34ipm. 33 O 22. Quais sao as hipoteses diagnosticas para este caso? Resposta no final do capitulo Um exame fisico completo foi realizado no paciente do caso clinico 1. Na propedeutica L J pulmonar, a ausculta era de estertores crepitantes em bases. Foram solicitados, inicial- mente, os seguintes exames: RX de torax, que mostrou congestao peri-hilar e aumento da trama vascular; ECG: normal; gasometria com pH = 7,47; saturagao de 80%; p02de 51mmHg; pC02 de 32mmHg; BE = +0,5. 23. Com base nas informagoes do caso 1 apresentadas, como encaminhar a conduta terapeutica? Resposta no final do capitulo CASO CLINICO 2 Um jovem foi submetido a uma herniorrafia inguinal e apresentava a seguinte gasometria no pos-operatorio: pH = 7,30; saturagao de 96%; p02 de 86mmHg; pC02 de 39mmHg; BEde -7,5. PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROUTICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 34 o 24. Responds as seguintes questoes: A) Como interpretar o exame descrito no caso clinico 2? B) Qual a provavel causa desse disturbio? Como trata-lo? Respostas no final do capitulo CASO CLINICO 3 No pos-operatorio imediato de uma laparotomia para tratamento de lesao de figado e bago C J apos trauma fechado, em que foi necessaria a reposigao de 5 litros de Ringer lactato, urn jovem de 20 anos e 60kg apresenta a seguinte gasometria: pH = 7,10; saturagao de 92%; p02de 71mmHg; pC02 de 32mmHg; BE de -16. O 25. Responds as seguintes questoes: A) Que disturbio o paciente apresenta? B) Como tratar esse paciente? C) Deve-se realizar reposigao de bicarbonato? Em caso afirmativo, quanto de bicar- bonato deve ser reposto? Respostas no final do capitulo CASO CLINICO 4 35 Um paciente de 68 anos em pos-operatorio de cirurgia abdominal queixa-se de caibras L J e fraqueza. No exame clinico, observam-se abalos musculares e drenagem elevada de secregao pela sonda gastrica (2.200mL/24horas). Gasometria arterial: pH = 7,62; p02 = 80mmHg; pC02 = 40mmHg; BE= +8,0. O 26. Responda as seguintes questoes: A) Qual(is) o(s) disturbio(s) acidobasico(s) apresentado(s)? B) Qual a provavel causa desse(s) disturbio(s)? C) E preciso solicitar mais exames? Como tratar o(s) disturbio(s)? Respostas no final do capitulo CONCLUSAO 0 conhecimento da fisiologia do organismo e dos mecanismos de manutengao da homeostase deve ser de dominio do medico que assiste os pacientes no pos-operatorio. 0 diagnostic precoce das alteragoes e dos disturbios eletroliticos e acidobasicos, as indicagoes de tratamento imediato ou nao e a prevengao de iatrogenias sao fundamentals para a pronta recuperagao do paciente sub- metido a uma cirurgia. 0 entendimento e a corregao desses processos, junto a uma boa tecnica cirurgica, sao fatores prognostics importantes na evolugao dos pacientes. PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROLITICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 36 |RESPOSTAS AS ATIVIDADES E COMENTARIOS Atividade 1 Resposta: B Comentario: No sexo masculino, a composigao de agua no organismo e de aproximadamente 60% do peso corporeo. No idoso e na mulher, as porcentagens sao menores, de 50 a 55%. Atividade 4 Resposta: C Comentario: A perda de agua atraves da pele e do sistema respiratorio no adulto higido deve ser calculada entre 8 e 12mL/kg/dia. Atividade 6 Chave de respostas: 1; 5; 7; 4; 12; 2; 11; 3 e 9; 9; 4, 10 e 12; 13; 16; 3; 8. Atividade 8 Resposta: D Comentario: 0 calcio e excretado basicamente pelo trato gastrintestinal. A estabilidade neuro- muscular e determinada pelo calcio ionico. A indicagao rotineira de calcio no pos-operatorio nao e recomendada. Atividade 11 Resposta: A Comentario: No pos-operatorio, a desidratagao e urn disturbio frequente, principalmente em pa- cientes em jejum que nao tern o balango hidrico reavaliado diariamente. E agravada por vomitos, que tambem causam hipopotassemia. Atividade 12 Resposta: D Comentario: Deve-se investigar a presenga de insuficiencia renal quando ha suspeita de hiperpo- tassemia, hipermagnesemia e hiponatremia. Atividade 13 Resposta: C Comentario: 0 melhor indicador e a diurese, que deve ser controlada a cada hora, muitas vezes sendo necessario cateterismo vesical para o controle adequado do debito urinario. Atividade 14 Resposta: A Comentario: Segundo o Quadro 2, o emprego de hidrocortisona, de 3 a 4mg/kg por dia durante 3 a 5 dias, para casos graves associado a malignidade e indicado em casos de hipercalcemia. Atividade 15 Resposta: B Comentario: A hipopotassemia frequentemente causa esses sintomas, alem de nauseas, letargia e ate arritmias. 37 Atividade 16 Resposta: C Comentario: Na hipotensao, ha um desencadeamento de compensagao fisiologica desse sistema a fim de reter mais liquido. A taquicardia e conseqiiencia do processo. Atividade 19 Resposta: D Comentario: A gasometria e um exame laboratorial complementar que avalia parametros metabo- licos e respiratorios. A historia do paciente e o exame cllnico sao fundamentais para o diagnostico e para a conduta. 0 valor de pH normal e de 7,35 a 7,45, e o BE e um dos parametros laboratoriais para a avaliagao de choque. Atividade 20 Resposta: D Comentario: A hipomagnesemia frequentemente esta associada a hipopotassemia. Quando a hipo- potassemia e refrataria ao tratamento, os niveis de magnesio devem ser mensurados e repostos, caso necessario. A insulina direciona potassio para dentro das celulas e causa hipopotassemia. A alcalose metabolica frequentemente esta associada a hipopotassemia. Na acidose metabolica ocorre o contrario, havendo passagem de potassio do intra para o extracelular, causando hiper- potassemia. Atividade 22 Resposta: Inicialmente, temos de pensar em algumas hipoteses diagnosticas: edema pulmonar secundario a hiperidratagao, infarto do miocardio, atelectasia/pneumonia ou embolia pulmonar. Atividade 23 Resposta: Optou-se por empregar, inicialmente, oxigenagao, administragao de diuretico (furosemida 40mg IV) e considerar monitorizagao em terapia intensiva. A passagem de cateter venoso central talvez seja necessaria para controle de pressao venosa. Atividade 24 Respostas: A) 0 paciente tern uma acidose metabolica leve sem alteragoes respiratorias. B) Esse disturbio pode ser decorrente do jejum para cirurgia ou de discreta hipovolemia. Acidose com BE de indice deate 7 a 8 geralmente nao precisa ser tratada, e, no caso de um jovem, ha reserva fisiologica para compensar o disturbio. Atividade 25 Respostas: A) Trata-se de uma acidose metabolica com resposta respiratoria para compensa-la. B) Foi preconizado emprego de oxigenagao e avaliagao de necessidade de transfusao de concen- trado de hemacias. C) Ha necessidade de reposigao de bicarbonato, pois o pH e inferior a 7,2. Para saber quanto de bicarbonato deve ser reposto, toma-se o peso (kg) x BE/4, ou seja: 60 x 16/4 = 240mEq, que deve ser reposto com solugao de bicarbonato de sodio 8,4% (1mL = 1mEq), sendo 120mL de imediato e 120ml_ nas 12 horas seguintes. PROACI SEMCAD DISTURBIOS HIDRELETROLITICOS E ACIDOBASICOS NO POS- OPERATORIO 38 Atividade 26 Respostas: A) 0 pH maior do que 7,45 indica alcalose, e a PC02 normal exclui componente respiratorio. B) A drenagem alta pela sonda gastrica causa perda de acido, potassio e cloreto, componentes do suco gastrico. Ocorre alcalose metabolica por perda de acido fixo, elevagao do bicarbonato se- cundaria a perda de cloreto (para manter a eletroneutralidade) e perda de potassio, causando dor muscular. A alcalose reduz os nlveis de calcio ionizado, ocasionando contraturas musculares. C) Deve-se colher o potassio, o cloro e o calcio ionizado no sangue. A conduta e aumentar a repo- sigao de potassio e cloreto sob a forma de solugao salina a 0,9%, com cloreto de potassio, alem de determinar a causa da drenagem excessiva. Em geral, nao e preciso repor calcio. |REFERENCES 1 Williams JG, Carrico CJ. Disordes of fluid and electrolyte balance. In: Maull R. Complications in trauma and critical care. Philadelphia: W.B. Saunders; 1996. p. 3. 2 Zee KV, Lowry SF.Life-threatening electrolyte abnormalities. In: Wilmore DW, Cheung LY, Harken H,Holcroft JW, Meakins JL, Soper NJ. ACS Surgery - principles & practice. New York: WebMD; 2002. p. 91. 3 Davis KA, Gamelli RL. Fluids and electrolytes. In:Bland Kl (ed.). The practice of General Surgery.Philadelphia: W.B. Saunders; 2002. p.11. 4 Napolitano LM, Meyer AA. Life-threatening acid-base disorders. In; Wilmore DW, Cheung LY, Harken H, Holcroft JW, Meakins JL, Soper NJ. ACS Surgery - principles & practice. New York: WebMD; 2002. p.107. REFERENCES RECOMENDADAS Drucker RP, Drucker WR. Fluid and electrolyte therapy. In: Cameron JL (ed). Current surgical therapy. 3 ed. Toronto: BC Decker; 1989. p. 766. Neumayer L, Kaiser S, Antonenko D. Fluids and electrolytes. In: Lawrence PF, Bell RM, Dayton MT. Essentials of General Surgery. 3 ed. Philadelphia: Willians & Wilkins; 2000. p. 30. Shires GT, Canizaro PC. Fluid and electrolyte management of the surgical patient. In: Sabiston DC Jr (ed). Textbook of Surgery. 13 ed. Philadelphia: W.B. Saunders; 1981. p. 64. Shires GT, Canizaro PC, Shires III GT, Lowry SF. Fluid, electrolyte and nutritional management of the surgical patient. In: Schwartz (ed). Principles of Surgery. 5 ed. New York: McGraw-Hill; 1989. p. 69. Sladen A. Acid-base balance. In: McIntyre L . Textbook of Advanced Cardiac Life Support. Dallas: American Heart Association; 1994. Screenshot_2017-06-23-12-23-05 Screenshot_2017-06-23-12-23-07 Screenshot_2017-06-23-12-23-11 Screenshot_2017-06-23-12-23-15 Screenshot_2017-06-23-12-23-19 Screenshot_2017-06-23-12-23-23 Screenshot_2017-06-23-12-23-27 Screenshot_2017-06-23-12-23-31 Screenshot_2017-06-23-12-23-35 Screenshot_2017-06-23-12-23-39 Screenshot_2017-06-23-12-23-43 Screenshot_2017-06-23-12-23-47 Screenshot_2017-06-23-12-23-51 Screenshot_2017-06-23-12-23-55 Screenshot_2017-06-23-12-23-59 Screenshot_2017-06-23-12-24-04 Screenshot_2017-06-23-12-24-08 Screenshot_2017-06-23-12-24-12 Screenshot_2017-06-23-12-24-16 Screenshot_2017-06-23-12-24-20 Screenshot_2017-06-23-12-24-24 Screenshot_2017-06-23-12-24-28 Screenshot_2017-06-23-12-24-32 Screenshot_2017-06-23-12-24-36 Screenshot_2017-06-23-12-24-40 Screenshot_2017-06-23-12-24-44 Screenshot_2017-06-23-12-24-48 Screenshot_2017-06-23-12-24-52 Screenshot_2017-06-23-12-24-56 Screenshot_2017-06-23-12-25-00
Compartilhar