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Direitos da Mulher

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POLÍTICAS PUBLICAS E PSICOLOGIA
OS DIREITOS DAS MULHERES
	
São Paulo
2018
Professora: Wanda Nascimento
Membros do grupo: 
· Caroline Felix Santos - RA: N110DF-0
· Leticia Pereira de Souza - RA: D03138-4
· Mariana da Silva Souza - RA: C9910C-0
· Monique Lisboa - RA: N923FC-1
Resumo
Este trabalho solicitado pela professora Wanda Nascimento tem como objetivo realizar uma reflexão crítica com relação aos direitos das mulheres e das Políticas Públicas que atendam as necessidades e especificidades das mulheres. Visando também definir o significado social do termo “mulher e feminino” sendo necessário entender como isso se dá quando existe a constituição do sujeito e qual o papel da sociedade nessa construção.
Introdução
Pensar nos direitos das mulheres (e neles, o direito à saúde também) implica definir o que se entende quando utilizamos os termos “mulher” e “feminino”. Para que isso aconteça, é necessário entender a diferenciação do que significa ser mulher e as especificidades da vida das mulheres e como ela se constitui como sujeito. Isso nos faz entender porque existe naturalização do trabalho doméstico e do cuidado com as crianças (além de gerá-las) como se fosse algo que pertence ao papel da mulher. 
Segundo MATOS (1994), "o processo de construção e de segmentação do público/privado carrega na sua trajetória inter-relações desenvolvidas através de um discurso legitimador que vem atrelado, desde a origem, a um ocultamento de toda uma tensão entre os sexos... "Tal discurso, que legitima a falsa universalidade entre os limites do público e do privado foram definidos e tornaram-se mais precisos na Inglaterra vitoriana do século XIX que representa o lar e a família, em termos naturais e a esfera pública como instância histórica. "Foi no contexto da herança vitoriana que se construiu o dualismo público/privado, reafirmando o privado como espaço da mulher representando-a como vítima de sua própria natureza, ao destacar a maternidade como necessidade e o espaço privado como locus de realização das potencialidades femininas" (MATOS, 1994)
Se faz importante trazer à discussão com relação aos problemas que são enfrentados para que haja efetividade da construção das políticas públicas para as mulheres, na perspectiva da igualdade e equidade para as mulheres. Quando falamos sobre as Políticas públicas, é necessário pensam em como elas se constituem.
 Elas existem baseadas na interação e diálogo entre o Estado e a sociedade civil, por meio da transformação de diretrizes e princípios norteadores em ações, regras e procedimentos que constroem e com possibilidade também de reconstruir a realidade. Sua articulação com a perspectiva de gênero é recente (Bandeira e Almeida, 2004). Historicamente, tais políticas eram desenhadas e aplicadas por grupos sociais que dominavam a sociedade – a elite política geralmente composta pelos homens brancos, heteronormativos, com alta escolaridade, concentração de renda e de forte inserção social. As vozes e experiências originadas fora dessa esfera do poder hegemônico não eram consideradas legítimas, uma vez que o Estado não as qualificava como uma questão em sua atuação. 
As mulheres não estavam presentes na política, nem na tomada de decisões, tampouco como suas destinatárias específicas. As políticas públicas traduzem, no seu processo de elaboração e implantação, formas de exercício do poder político envolvendo a distribuição e redistribuição de poder e de recursos. 
O fortalecimento do movimento feminista ocorreu no Brasil a partir dos anos 1970. Menos de uma década depois, se consolidou no Brasil um forte movimento feminista e também na área acadêmica, cujos reflexos, de imediato, se fizeram presentes na tentativa de incorporação da perspectiva de gênero nas políticas públicas e programas governamentais.
As desigualdades por sexo promovidas pelas condições estruturais e sócio econômicas em muitas situações alteram inclusive as condições de saúde, renda e a dinâmica familiar e têm forte impacto nas demandas por políticas públicas e prestação de serviços de proteção social.
1 – A Questão de Gênero
O conceito de gênero foi incorporado pelo feminismo e pela produção acadêmica sobre mulheres nos anos 1970 e, desde então, tem sido interpretado de formas distintas por diferentes correntes do feminismo. 
Segundo Marília Carvalho, o uso ainda hoje mais frequente do conceito é o proposto pelo feminismo da diferença. Este rejeitou pressupostos do feminismo da igualdade, que afirmava que as únicas diferenças efetivamente existentes entre homens e mulheres são biológicas-sexuais, e que as demais diferenças observáveis são culturais, derivadas de relações de opressão e, portanto, devem ser eliminadas para dar lugar a relações entre seres ‘iguais’. 
Para as teóricas e os teóricos da diferença, o conceito de gênero remete a traços culturais femininos (ou, no polo oposto, masculinos) construídos socialmente sobre a base biológica. Constrói-se assim uma polarização binária entre os gêneros, em que a diferença é concebida como categoria central de análise, fundamental na definição de estratégias de ação. As diferenças entre homens e mulheres são enfatizadas, estabelecendo-se uma polaridade entre masculino e feminino, produção e reprodução, e público e privado.
Para Simone de Beauvoir (1990), a emancipação da mulher não uma questão de felicidade, mas de liberdade. Liberdade para trocar a paz pela luta, e a segurança pelo questionamento. O movimento feminista, resultante de uma organização de mulheres em torno de problemas específicos de sua condição e que tenta eliminar as barreiras de discriminação a que estão sujeitas, expandiu-se no Brasil a partir da década de 60 do século XX. Nessa época, a pílula anticoncepcional é saudada como uma revolução no campo da sexualidade e a liberação das mulheres, proporcionada por ela, é acompanhada de revisões comportamentais
2 - A Violência contra a Mulher	
A Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006 pelo ex presidente Luiz Inacio Lula da Silva,a lei entrou em vigor em 22 de agosto de 2006 como Lei n.º 11.340 visa proteger a mulher da violência doméstica e familiar. A lei serve para todas as pessoas que se identificam com o sexo feminino, heterossexuais e homossexuais. Isto quer dizer que as mulheres transexuais também estão incluídas.
Igualmente, a vítima precisa estar em situação de vulnerabilidade em relação ao agressor. Este não precisa ser necessariamente o marido ou companheiro: pode ser um parente ou uma pessoa do seu convívio.
O nome “Maria da Penha” foi dado em homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, durante seis anos de casamento espancada de forma brutal e violenta pelo marido, que ainda tentou matá-la em duas oportunidades. Seu cônjuge só foi punido depois de 19 anos de tramitação processual e ficou apenas dois anos preso em regime fechado, para revolta da vítima Maria da Penha para com o Poder Público. Desde então ela se dedica ao combate à violência contra mulheres. De acordo com o art. 5.º da Lei 11.340/2006, a violência contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico e dano moral ou patrimonial.
 Os crimes são cometidos principalmente por parceiros e ex-parceiros em situação de abuso familiar, ameaças ou intimação e violência sexual. Do total de percentual das vítimas, 31% tem idade entre 20 e 29 anos, e 61% são negras. Ainda com relação aos dados do Ipea 40% dos homicídios são cometidos por parceiros íntimos, já com relação aos homens isso não ocorre, somente 6% dos assassinatos são cometidos por parceiras. Mesmo com toda a proteção que a lei dá para prevenir e reprimir a violência doméstica e familiar, é necessário que se adotem outras medidas preventivas, as mulheres ainda têm medo de denunciar os agressores e mesmo denunciando não há proteção suficiente para elas.
3 - Lei contra o Feminicídio
A Lei 13.104, sancionada em 9 de março de 2015 pela ex presidenta da republica Dilma Rousseff, a lei conhecida como a Leido Feminicídio altera o Código Penal (art.121 do Decreto Lei nº 2.848/40), incluindo o feminicídio como uma modalidade de homicídio qualificado, entrando no rol dos crimes hediondos.
A justificativa para a necessidade de uma lei especifica para os crimes relacionados ao gênero feminino, está no fato de 40% dos assassinatos de mulheres nos últimos anos serem cometidos dentro da própria casa das vítimas, muitas vezes por companheiros ou ex-companheiros.
Segundo o Código Penal Brasileiro, os crimes classificados como de homicídio qualificado são punidos com reclusão que pode variar de doze a trinta anos.
De acordo com o texto da lei do feminicídio, a pena do crime pode ser aumentada em 1/3 (um terço) até a metade caso tenha sido praticado sob algumas condições agravantes, como:
Durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto;
Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
Na presença de descendente ou ascendente da vítima;
4 – Os Direitos da Mulher no ambiente de Trabalho
 Consolidação das Leis do Trabalho – CLT - Capitulo III
· Art.377 – A adoção de medidas de proteção ao trabalho das mulheres é considerada de ordem publica, não justificando, hipótese alguma, a redução de salário. 
· O art. 7º, da constituição proíbe a “diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil” (CF. art 7º, XXX)
 Seçao V – Da proteção a maternidade 
· Art. 391 – “...Não constitui justo motivo para a recisão do contrato de trabalho da mulher o fato de haver matrimonio ou de encontrar-se em estado de gravidez.”
· Art. 392 –“... A empregada gestante tem direito a licença maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário. “
· Art. 395 – “Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá repouso remunerado de 2 (duas) semanas , ficando-lhe assegurado o direito de retornar a função que ocupava antes de seu afastamento.”
5.0 – As Redes de Atendimento Especializado para a Mulher
Existem os Centros de Referência da Mulher, que são espaços de acolhimento/atendimento psicológico e social, com orientação e encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência, que deve proporcionar o atendimento e o acolhimento necessários à superação de situação de violência, contribuindo para o fortalecimento da mulher e o resgate de sua cidadania.
5.1 - Casas-Abrigo
As Casas-Abrigo são locais seguros que oferecem moradia protegida e atendimento integral a mulheres em risco de morte iminente em razão da violência doméstica. É um serviço de caráter sigiloso e temporário, no qual as usuárias permanecem por um período determinado, durante o qual deverão reunir condições necessárias para retomar o curso de suas vidas.
 5.2 - Casas de Acolhimento Provisório
Constituem serviços de abrigamento temporário de curta duração (até 15 dias), não-sigilosos, para mulheres em situação de violência, acompanhadas ou não de seus filhos, que não correm risco iminente de morte. Vale destacar que as Casas de Acolhimento Provisório não se restringem ao atendimento de mulheres em situação de violência doméstica e familiar, devendo acolher também mulheres que sofrem outros tipos de violência, em especial vítimas do tráfico de mulheres. O abrigamento provisório deve garantir a integridade física e emocional das mulheres, bem como realizar diagnóstico da situação da mulher para encaminhamentos necessários.
5.3 -Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs)
São unidades especializadas da Polícia Civil para atendimento às mulheres em situação de violência. As atividades das DEAMs têm caráter preventivo e repressivo, devendo realizar ações de prevenção, apuração, investigação e enquadramento legal, as quais dever ser pautadas no respeito pelos direitos humanos e pelos princípios do Estado Democrático de Direito. Com a promulgação da Lei Maria da Penha, as DEAMs passam a desempenhar novas funções que incluem, por exemplo, a expedição de medidas protetivas de urgência ao juiz no prazo máximo de 48 horas.
 
 5.4- Núcleos ou Postos de Atendimento à Mulher nas Delegacias Comuns
Constituem espaços de atendimento à mulher em situação de violência (que em geral, contam com equipe própria) nas delegacias comuns.
 
5.5 - Defensorias Públicas e Defensorias da Mulher (Especializadas)
As Defensorias da Mulher têm a finalidade de dar assistência jurídica, orientar e encaminhar as mulheres em situação de violência. É órgão do Estado, responsável pela defesa das cidadãs que não possuem condições econômicas de ter advogado contratado por seus próprios meios. Possibilitam a ampliação do acesso à Justiça, bem como, a garantia às mulheres de orientação jurídica adequada e de acompanhamento de seus processos.
 
5.6 - Juizados Especializados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher são órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal que poderão ser criados pela União (no Distrito Federal e nos Territórios) e pelos Estados para o processo, julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Segundo a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), que prevê a criação dos Juizados, esses poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar a ser integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e da saúde.
 5.7 - Promotorias e Promotorias Especializadas
A Promotoria Especializada do Ministério Público promove a ação penal nos crimes de violência contra as mulheres. Atua também na fiscalização dos serviços da rede de atendimento.
 
5.8 - Casa da Mulher Brasileira
A Casa da Mulher Brasileira integra no mesmo espaço serviços especializados para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres, acolhimento e triagem, apoio psicossocial, delegacia, Juizado, Ministério Público, Defensoria Pública e promoção de autonomia econômica.
5.9 - Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher 
O NUDEM possui atuação de destaque na aplicação da Lei Maria da Penha (11.340/2006), que prevê medidas de prevenção e repressão à violência doméstica e familiar contra a mulher. O órgão coordena o atendimento a mulheres no Juizado Especial de Violência Doméstica, localizado na Capital.
6 – A Saúde da Mulher
A Declaração dos Direitos Humanos traz explícito o direito à saúde como forma de alcançar melhor padrão de vida, situando portanto como instrumento de acesso à cidadania. "Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurara si e à sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os de serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança...”
O setor da saúde se destaca tanto pela presença de programas com foco na mulher como pela existência de módulos voltados à mulher em programas de caráter mais geral. A temática da saúde se constitui em uma constante nas demandas de movimentos sociais no Brasil desde os anos 70, nos quais a mulher exerce um papel central. A agenda de gênero reflete essa prioridade, destacando ainda demandas relativas especificamente à saúde da mulher. No desenvolvimento da política de saúde, por sua vez, entre os grupos de risco focalizados, destaca-se o das mulheres gestantes e crianças em seus primeiros anos de vida. Em outros programas de Saúde da Família, no entanto, a mulher é incorporada na qualidade de gestante e como mãe, para o combate à desnutrição infantil. A incorporação da mulher como mãe não apenas indica a focalização de um grupo de risco mas também assinala uma incorporação baseada em sua ‘função’ na família. 
7 - Atuação do Psicólogo 
Segundo dados da Prefeitura de São Paulo acerca dos direitos das mulheres na rede de atendimento, o psicólogo que trabalhará com mulheres violentadas deve, a principio, estabelecer reflexões sobre a situação de violência e estar pronto para participar de um grupo interdisciplinar. O profissional deve prestaratendimentos psicológicos em grupo ou individuais, elaborar laudos e pareceres do que foi falado e realizar avaliações do caso e do psicológico da paciente. Poderá encaminhar o sujeito em questão para outros setores, se for necessário, atender o autor da violência, emitir atestados e declarações necessárias e estabelecer atividades de prevenção contra a violência na comunidade.
Considerações finais
A Liberdade da mulher como existe hoje, é dada pela quebra de convenções antigas e buscam satisfazer as necessidades estratégicas, ajudando as mulheres a conseguirem uma maior igualdade.
 As necessidades estratégicas de gênero podem incluir todo ou parte do que segue: "a abolição da divisão sexual do trabalho; o alívio da carga de trabalho doméstico e do cuidado com as crianças; a eliminação das formas institucionalizadas de discriminação tais como o direito à propriedade da terra ou o acesso ao crédito; o estabelecimento de igualdade política; liberdade de eleição sobre a maternidade e a adoção de medidas adequadas contra a violência e contra o controle masculino sobre a mulher". 
A necessidade de mais políticas públicas demonstra que a invisibilidade das mulheres e de suas necessidades e demandas. É de muita importância que o Psicólogo conheça as leis e direitos que abrangem o gênero, pois ao lidar com a diversidade social e econômica, se conhece algumas necessidades que podem ou não acarretar as Políticas Públicas voltada para as mulheres.
Bibliografia
· MATOS, M.I.S. Experiências femininas: o público, o privado e o íntimo. [Apresentado ao Encontro Enfoques Feministas e Tradições Disciplinares na Ciência e na Academia: Desafios e Perspectivas. Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 16 a 19 de agosto de 1994.]
· ALMEIDA, Tânia Mara C. de e BANDEIRA. Lourdes. Políticas públicas destinadas ao combate da violência contra as mulheres – por uma perspectiva feminista, de gênero e de direitos humanos.
· CARVALHO, Marília Pinto de. “Gênero e trabalho docente: em busca de um referencial teórico”. 
· BEAUVOIR, S. A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
· https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/acoes-contra-violencia/servicos-especializados-de-atendimento-a-mulher. 
· https://www.direitocom.com/clt-comentada/titulo-iii-das-normas-especiais-de-tutela-do-trabalho-do-artigo-224-ao-artigo-441/capitulo-iii-da-protecao-do-trabalho-da-mulher
· https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/mulheres/rede_de_atendimento/

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