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EXMO SR. DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1° VARA CIVEL DA COMARCA Y Processo n° SORAIA, já qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de seu advogado, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, tendo em vista, com fulcro no art. 1009, CPC, interpor o RECURSO DE APELAÇÂO, por não se conformar com a respeitável decisão nas fls. X. Nestes termos, pede deferimento. Rio de Janeiro 11/04/2020. Advogado. OAB/RJ. RAZÕES DE APELAÇAO DOUTO PROCURADOR, COLENDA CAMARA. A decisão de fl. X, não traz aos autos a correta e eficaz aplicação da Justiça, conforme será demonstrado nos fatos e fundamentos a seguir mencionados: DOS FATOS: Em junho de 2009, Soraia, 13 anos, absolutamente incapaz, perdeu a visão do olho direito após explosão do aparelho de televisão, que superaqueceu após 24 horas ligado ininterruptamente. A TV fora comprada dois meses antes pela mãe da vítima. Há exato 7 anos, em junho de 2016, a autora ingressou com uma ação de indenização por danos morais e estéticos em face da fabricante da televisão, atraindo a responsabilidade pelo fato do produto. Razão pela qual quer indenização de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a título de danos morais, bem como, requer R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a título de danos estéticos sofrido com a explosão. No mais, realizou a juntada de todas as provas documentais que pretende produzir, inclusive laudo pericial elaborado na época, apontando o defeito do produto, destacando, desde já, a desnecessidade de dilação probatória. Após a contestação, o magistrado proferiu julgamento antecipado, decretando improcedente os pedidos requeridos pela autora. DO DIREITO: Preliminarmente, cabe salientar que a autora do pedido é consumidora, independentemente de não ter relação no contrato de compra e venda da televisão, entre sua mãe e a ré. Visto que o artigo 2° do CDC define em seu texto que “consumidor é toda pessoa que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”, o que caracteriza Soraia como consumidora do produto, ainda assim, conforme transcrito no art. 17 do CDC, é vítima toda pessoa que sofre algum dano causado pelo produto/evento. Assim, a jurisprudência versa sobre a teoria do consumidor final: EMENTA: APELAÇÃO- AÇÃO DE INDENIZAÇÃO- EXPLOSÃO DO FOGÃO- DEFEITO NO PRODUTO- CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO- LEGITIMIDADE ATIVA. Aquele que utilizou o produto defeituoso, ainda que adquirido por terceiros, tem legitimidade ativa para pleitear em juízo a reparação pelos danos morais decorrentes dos supostos defeitos apresentados no produto - Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento causado por defeito do produto. Ditames do art. 17 do CDC.(TJ-MG - AC: 10388150016565001 MG, Relator: Tiago Pinto, Data de Julgamento: 13/12/2018, Data de Publicação: 25/01/2019). Referente ao dano, no qual foi juntado provas contundentes de que o produto obtinha defeitos em sua originalidade, provas estas que foram incluídas nos autos do processo, no qual o laudo pericial indicou o defeito no produto, eximindo a responsabilidade da autora, portanto, a ré deverá responder pelos danos causados. Perante a aplicação da prescrição, não deve prosperar pois não corre prescrição contra incapazes, (Soraia, 13 anos no fato), vide art. 198, inciso I, CC. O que diverge da decisão proferida pelo juízo, que decretou a prescrição da 3 anos, conforme art. 206, parágrafo 3° do CC. O prazo prescricional para a autora (vítima), deverá ser contado a partir de 2012, no qual ela completou 16 anos, pois anteriormente não correria nenhum prazo, pela autora ser absolutamente incapaz, após tornar-se relativamente incapaz, o curso do prazo começa a ser contado para atingir a prescrição. Tendo a mesma ocorrido apenas em 2017, vide art. 27 do CDC. DOS PEDIDOS: Por todo exposto, que seja reformada a sentença e, que o pedido seja procedente, tendo em vista que foi configurado a relação de consumo, bem como, o afastamento da prescrição, julgando o mérito a favor da autora. Termos em que, pede deferimento. Rio de Janeiro 11 de abril de 2020. Advogado. OAB/RJ.
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