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Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 1 Questões 9 e 10 Questão 9.1 O desenvolvimento motor harmonioso da criança depende de uma série de fatores, dentre os quais se destacam as oportunidades para a prática, o encorajamento e o ensino em ambiente propício ao aprendizado. Embora relacionadas à idade, há numerosas variações entre as crianças e entre os padrões de movimento no desempenho de tarefas fundamentais. Considerando o texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A sequência de progressão no desenvolvimento motor ao longo dos estágios inicial, elementar e maduro é a mesma para a maioria das crianças, embora o ritmo varie, dependendo de fatores ambientais e hereditários. PORQUE II. Crianças na mesma faixa etária podem estar no estágio inicial em algumas tarefas motoras e, em outras, no estágio elementar ou no estágio maduro. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. B. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II não é uma justificativa correta da I. C. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. D. A asserção I é uma proposição falsa e a II uma proposição verdadeira. E. As asserções I e II são proposições falsas. Questão 10.2 O desenvolvimento humano tem sido objeto de grande interesse para estudiosos e educadores há muitos anos. O conhecimento dos processos de desenvolvimento situa-se no âmago da educação, seja na sala de aula, no ginásio ou no campo de esportes. Salienta-se que, sem um profundo conhecimento dos aspectos do desenvolvimento do comportamento humano, os educadores somente podem supor as técnicas educacionais apropriadas e os procedimentos de interferência. Os educadores que, em seu ensino, se baseiam no modo desenvolvimentista, incorporam experiências de aprendizagem que são apropriadas não somente às idades cronológicas, mas, também, de maneira mais importante, aos níveis de desenvolvimento dos indivíduos que estão sendo ensinados. GALLAHUE, D.; OZMUN, J. Compreendendo o desenvolvimento motor. São Paulo: Phorte, 2003 (com adaptações). 1Questão 27 – Enade 2014. 2Questão discursiva 3 – Enade 2014. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 2 Considerando o texto apresentado, faça o que se pede nos itens a seguir. a) Relacione duas características do desenvolvimento humano de crianças de 3 a 7 anos com o processo de aprendizagem. b) Cite as respectivas interações necessárias para que o desenvolvimento motor seja contínuo ao longo do ciclo da vida. 1. Introdução teórica 1.1. Desenvolvimento motor O desenvolvimento motor é a mudança contínua do comportamento motor ao longo da vida e é o resultado da interação entre as exigências da tarefa motora, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente. O processo de desenvolvimento motor ocorre por meio de mudanças no comportamento dos movimentos ao longo do tempo. Bebês, crianças, adolescentes e adultos estão envolvidos no processo de aprender como movimentar-se em resposta às mudanças do ambiente. Desse modo, o movimento pode ser agrupado em categorias: as tarefas de movimento de estabilidade, de locomoção e de manipulação ou a combinação dessas três tarefas. O movimento de estabilidade exige certo grau de equilíbrio ou postura e abrange movimentos como torcer, virar, puxar e empurrar. Locomoção é o movimento que envolve mudança na localização do corpo em relação a um ponto fixo e como se movimenta do ponto A ao B (caminhando, correndo, pulando ou saltitando). A categoria de manipulação refere-se à manipulação motora ampla e fina. A manipulação motora ampla envolve lançar, pegar, chutar e rebater um objeto. A manipulação motora fina inclui costurar, cortar com tesouras e digitar. Há um grande número de movimentos que envolvem a combinação de categorias, como pular corda (pular: locomoção; rodar a corda: manipulação; manter o equilíbrio: estabilidade) e jogar futebol (correr e pular: locomoção; driblar, passar, chutar e cabecear: manipulação; esquivar, alcançar, virar, girar: estabilidade). Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 3 Um dos modos de estudar o processo do desenvolvimento motor é observar a progressão sequencial das habilidades ao longo da vida. Gallahue et al. (2013) propõem o modelo da ampulheta triangulada do desenvolvimento motor, conforme figura 1. Figura 1. Fases e estágios do desenvolvimento motor. GALLAHUE et al., 2013. Segundo a ampulheta triangulada de Gallahue (2013), na fase do movimento reflexo, os movimentos são involuntários e formam a base das fases do desenvolvimento motor. As reações do bebê ao toque, à luz, ao som e à mudança de pressão disparam a atividade do movimento involuntário e, por meio da atividade reflexa, o bebê consegue obter informações sobre o ambiente. Na fase do movimento rudimentar, os movimentos são as primeiras formas de movimento voluntário. Envolvem movimentos de estabilidade (adquirir controle sobre a cabeça e o pescoço), manipulação (alcançar, pegar e soltar) e locomoção (arrastar-se, engatinhar e caminhar). São determinados pela maturação e caracterizados por uma sequência de surgimento previsível. Porém o surgimento dessas capacidades depende de fatores ambientais, biológicos e de tarefa. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 4 Na fase do movimento fundamental, as habilidades desse movimento são frutos da fase de movimento rudimentar, em que a criança explora e experimenta o potencial de movimentos de estabilidade, locomoção e manipulação. As crianças aprendem como responder com controle motor e com competência de movimento a uma variedade de estímulos. Na infância, a criança deve desenvolver uma mecânica corporal eficiente em vários movimentos. Os padrões do movimento fundamental são padrões de comportamento básicos observáveis. São exemplos de movimentos fundamentais as atividades locomotoras (correr e pular), manipulativas (arremessar e pegar) e estabilizadoras (caminhar sobre uma barra e equilibrar-se em um pé), que podem ser desenvolvidas nos primeiros anos da infância. Essas habilidades são influenciadas pela maturação e pela demanda de tarefa e fatores ambientais (oportunidades de prática, incentivo, instrução e contexto). Os movimentos fundamentais são subdivididos em estágio inicial, estágio elementar e estágio maduro. No estágio inicial, em geral, estão os movimentos de locomoção, manipulação e estabilidade de crianças dos 2 aos 3 anos. Os movimentos no estágio inicial são caracterizados pela ausência de determinadas partes ou pela sequência inapropriada de movimento, pelo uso restrito ou exagerado do corpo, pela má coordenação e pelo fluxo rítmico. A integração espacial e temporal do movimento é insatisfatória. No estágio elementar, os movimentos envolvem a aquisição de maior controle motor e coordenação rítmica. Há melhora na sincronização dos elementos temporais e espaciais do movimento, porém os padrões de movimentos ainda são restritos ou exagerados. Crianças de 3 a 5 anos apresentam habilidades de movimento fundamental em vários estágios elementares. Tanto adultos quanto crianças não conseguem avançar além desses estágios elementares em uma ou mais habilidades de movimento fundamental. No estágio maduro ou proficiente, os movimentos caracterizam-se por performances mecanicamente eficientes, coordenadas e controladas. Com oportunidades contínuas de prática, estímulo e instrução, é possível melhorar os componentes de distância, rapidez, quantidade e precisão. As crianças podem e devem estar no estágio proficiente aos 5 ou 6 anos na maioria das habilidades fundamentais. Esse estágio pode ser alcançado pormeio de oportunidades de prática, incentivo e instrução em um ambiente que promova o aprendizado. Quando as oportunidades de prática não são oferecidas, torna-se extremamente difícil para o indivíduo alcançar a proficiência nas habilidades de movimento fundamental e seu desenvolvimento posterior (fase do movimento especializado). Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 5 Na fase do movimento especializado, o progresso das habilidades depende do desenvolvimento dos movimentos fundamentais. As habilidades de estabilidade, locomoção e manipulação são refinadas, combinadas e reelaboradas para usos em diversas situações. Os movimentos fundamentais de pular e saltar podem ser aplicados em atividades de pular corda e de realizar danças folclóricas. O desenvolvimento das habilidades na fase do movimento especializado depende da tarefa, do indivíduo e do ambiente. Alguns fatores condicionantes são o tempo de reação e a velocidade do movimento, a coordenação, o tipo de corpo, a altura e o peso, os costumes, a cultura e a constituição emocional. Os limites etários de cada fase do desenvolvimento motor são orientações gerais que ilustram o conceito de adequação da idade. Porém, com frequência, o desenvolvimento dos indivíduos nas diferentes fases depende das experiências e da constituição genética de cada um. Por exemplo, para um menino de 10 anos, as atividades de estabilidade em movimentos de ginástica podem estar na fase do movimento especializado; já as habilidades de manipulação e locomoção, como arremessar, pegar ou correr, podem estar no estágio elementar da fase de movimento fundamental. Indicação bibliográfica • GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J.; GOODWAY, J. D. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. Questão 11.3 Esporte, após a sua revolução conceitual, a partir do pressuposto de direito de todos à prática esportiva, passou a ser compreendido por meio das três manifestações esportivas, que na verdade são as formas de exercício deste direito e constituem-se nas efetivas dimensões do esporte: a) o esporte-educação; b) o esporte-participação ou esporte popular; c) esporte-performance ou de rendimento. É evidente que estas dimensões sociais do esporte, explicadas pelo argumento do seu conceito, por sua vez, compreendem uma série de situações sociais específicas, que fazem os seus contornos. O aprofundamento de qualquer destas dimensões será o resultado da abordagem nas suas situações sociais intrínsecas. TUBINO, M.J. Dimensões sociais do esporte. São Paulo: Cortez, 1992 (com adaptações). Considerando o texto e o conteúdo correlato, avalie as afirmações a seguir. I. Quando o esporte é analisado fora das suas dimensões sociais, incorre-se no erro do reducionismo quanto à sua visão e às perspectivas como fenômeno social. 3Questão 14 – Enade 2014. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 6 II. O principal equívoco histórico do entendimento do esporte-educação é a sua percepção como um ramo do esporte-performance ou do rendimento. III. O esporte-participação é a dimensão social do esporte referenciado como o princípio do prazer lúdico, que tem como finalidade o bem-estar social dos seus participantes. IV. O esporte-performance ou de rendimento é, também, a dimensão social que propicia os espetáculos esportivos, em que uma série de possibilidades sociais positivas e negativas podem acontecer. É correto o que se afirma em A. II, apenas. B. I e III, apenas. C. I e IV, apenas. D. II, III e IV, apenas. E. I, II, III e IV. 1. Introdução teórica Dimensões sociais do esporte Atualmente, o esporte é visto como um fenômeno sociocultural. Além do rendimento, os aspectos educativos e de bem-estar social do esporte passaram a ser levados em conta. O esporte apresenta relevância social, pois é um meio de socialização, favorece o desenvolvimento de consciência comunitária, é uma atividade prazerosa e exerce função de coesão social. O esporte está vinculado à área da educação. Ele estimula a participação de pessoas comuns e é visto como um direito de todos. De acordo com Tubino (2001), as dimensões sociais do esporte são: • esporte-educação; • esporte-participação ou esporte popular; • esporte-performance ou esporte de rendimento. Essas dimensões são descritas a seguir. 1.1. Esporte-educação Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 7 O esporte-educação deve apresentar um conteúdo fundamentalmente educativo, vinculado a três áreas de atuação pedagógica: • integração social; • desenvolvimento psicomotor; • atividades físicas educativas. A área de integração social deve assegurar a participação autêntica e oferecer aos alunos oportunidades de decidir a organização das atividades e de intervir nas atividades esportivas extraescolares. Na área de desenvolvimento psicomotor, devem ser oferecidas atividades que atendam às necessidades de movimento e que permitam a análise crítica e a autoavaliação. A área de atividades físicas educativas deve proporcionar o desenvolvimento das aptidões e capacidades. O esporte-educação também é importante na formação para a cidadania. 1.2. Esporte-participação O esporte-participação apresenta a finalidade do bem-estar social e do prazer lúdico dos participantes e está relacionado ao lazer e ao tempo livre. Seu propósito é a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e o aprimoramento das relações entre as pessoas. 1.3. Esporte-performance O esporte-performance caracteriza-se como uma atividade competitiva e apresenta regras pré-estabelecidas por organismos internacionais (como, por exemplo, a Federação Internacional de Futebol). A dimensão social propicia os espetáculos esportivos e várias possibilidades sociais positivas e negativas. O esporte, como efeito negativo, pode ser utilizado como meio de exclusão, de reprodução de violência presente no cenário esportivo e de incentivo ao consumo exacerbado de produtos esportivos e à violência entre torcidas. Em relação aos efeitos positivos, vemos que o esporte de competição é reconhecido como atividade cultural que pode: • ser um meio de progresso nacional e de intercâmbio internacional; • promover envolvimento de vários profissionais qualificados (especialistas esportivos); Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 8 • favorecer o crescimento de mão de obra especializada; • gerar turismo; • exercer influência no esporte popular pelo efeito de imitação. Indicação bibliográfica • TUBINO, M. J. G. Dimensões sociais do esporte. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001. Questão 12.4 Considere que um estudante de educação física realiza seu estágio obrigatório com a supervisão de dois professores e percebe que a organização das aulas de cada um era fundamentada em determinadas abordagens pedagógicas. Durante as aulas aplicadas pelo Professor X, os estudantes de 1º e 2º anos do ensino fundamental executaram tarefas motoras diversificadas, cuja finalidade era exercitar a combinação de habilidades motoras básicas. Esse professor desenvolvia atividades que possibilitassem grande tempo de atividade motora e acompanhava atentamente a execução dos estudantes, identificando erros cometidos e fornecendo informações para seu aperfeiçoamento. O Professor Y, por sua vez, organiza suas aulas de outro modo. Seu objetivo é preparar os alunos de 8º e 9º anos para compreender, avaliar criticamente e transformar sua realidade social. Durante as aulas, os estudantes vivenciaram algumas formas de lutas, como o Karatê, o Judô e o Muay Thai. Participaram também de práticas esportivas não tradicionais, como o futebol americano e o beisebol. O planejamento do semestre foi construído com a participaçãodos próprios estudantes, que também foram responsáveis pela preparação de algumas atividades realizadas. A partir da vivência, esse professor discutiu a origem e as características básicas de cada prática cultural, além de analisar com os estudantes as implicações motoras, sociais e afetivas decorrentes delas. Considerando as descrições apresentadas, avalie as afirmações a seguir. I. As aulas do Professor X apresentam características da abordagem desenvolvimentista, por priorizarem a aprendizagem de habilidades motoras e a consequente contribuição para o processo e o desenvolvimento motor da criança. 4Questão 9 – Enade 2014. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 9 II. As aulas do Professor Y apresentam características da abordagem psicomotora, pois estimulam o comportamento crítico e autônomo dos estudantes, que participam ativamente da organização das aulas. III. As influências da abordagem crítico-emancipatória podem ser percebidas nas aulas do Professor X, quando ele seleciona temas da cultura do movimento. IV. Os pressupostos da abordagem construtivista-interacionista podem ser percebidos na intervenção pedagógica de ambos os professores, ao procurarem respeitar as características motoras, físicas e afetivo-sociais dos estudantes. É correto apenas o que se afirma em A. I. B. III. C. I e IV. D. II e III. E. II e IV. 1. Introdução teórica Abordagens pedagógicas As abordagens pedagógicas em educação física visam à renovação teórico-prática de campos de conhecimento específicos dessa área. Algumas abordagens são descritas a seguir. 1.1. Abordagem construtivista-interacionista As propostas construtivistas para a educação física são baseadas nas ideias de Piaget. Para esse pensador, a aprendizagem acontece a partir das sucessivas elaborações que favorecem a espontaneidade da criança. No Brasil, o livro Educação de corpo inteiro, do professor João Batista Freire, lançado em 1989, foi fundamental para divulgar as ideias construtivistas relativas à educação física (DARIDO, 2004). O objetivo da abordagem construtivista-interacionista é construir o conhecimento por meio da interação do aluno com o mundo, pois a aquisição do conhecimento é um processo Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 10 edificado pelo indivíduo durante sua vida. Deve-se respeitar o universo cultural dos alunos e considerar o conhecimento que a criança já apresenta (RONCHI, 2010). As atividades lúdicas podem ser realizadas das mais simples até as mais complexas. Essa proposta valoriza as experiências e a cultura dos alunos e propõe alternativas aos métodos já consolidados na educação física (RONCHI, 2010). O jogo é a atividade lúdica mais aplicada no ensino de educação física. Ele é um instrumento pedagógico e uma das principais maneiras de ensinar, pois a criança aprende enquanto joga. Desse modo, deve existir o resgate da cultura de jogos e brincadeiras (brincadeiras de rua, jogos com regras, rodas cantadas que compõem o universo cultural dos alunos) envolvidos no processo de ensino aprendizagem (DARIDO, 2004). 1.2. Abordagem desenvolvimentista A proposta da abordagem desenvolvimentista é caracterizar a progressão do crescimento físico e o desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo na aprendizagem motora (DARIDO, 2004). Os principais teóricos dessa abordagem no Brasil são Go Tani e Edson de Jesus Manoel. Para os desenvolvimentistas, o objetivo principal da educação física é o movimento. Essa abordagem prioriza a aprendizagem do movimento ao proporcionar ao aluno condições para desenvolver seu comportamento motor por meio da diversidade e da complexidade dos movimentos. As atividades devem estar de acordo com o estágio de crescimento dos alunos para que as habilidades motoras sejam desenvolvidas adequadamente (RONCHI, 2010). O modelo conceitual dessa abordagem relaciona-se com o conceito de desenvolvimento motor, que abarca as habilidades que mudam ao longo da vida do indivíduo, e de aprendizagem motora (BRASIL, 1998). 1.3. Abordagem psicomotora A abordagem psicomotora busca valorizar o processo de aprendizagem do aluno, porque ela abandona a utilização dos pressupostos do esporte na educação física escolar (execução de gestos técnicos). O ensino de educação física está relacionado à formação integral da criança, por meio do desenvolvimento dos processos cognitivos, afetivos e psicomotores (DARIDO, 2012). Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 11 Seu principal pesquisador é Jean Le Boulch. Para o autor, a atividade motora está relacionada aos aspectos psicológicos (emocionais e cognitivos) do indivíduo. A educação psicomotora deve assegurar o desenvolvimento funcional da criança (DARIDO, 2012). A abordagem psicomotora utiliza atividades lúdicas para estimular o processo de aprendizagem, que deve ser significativo, espontâneo e exploratório. Além disso, busca analisar e interpretar o jogo infantil e os seus significados (RONCHI, 2010). 1.4. Abordagem crítico-emancipatória A abordagem crítico-emancipatória é baseada na pedagogia de Paulo Freire e seu principal teórico é o professor Elenor Kunz (RONCHI, 2010). Essa abordagem preconiza a transformação didático-pedagógica do esporte, com o objetivo de transformar o ensino escolar ao priorizar situações didáticas que beneficiem a construção da autonomia e que proporcionem aos alunos oportunidades para refletir sobre seus reais interesses. O conceito crítico, do termo “crítico-emancipatória”, é a capacidade de questionar e analisar as condições e a complexidade de diferentes realidades. A capacidade do professor de questionar e de analisar permite a constante autoavaliação do envolvimento objetivo e subjetivo do aluno. A emancipação é um processo contínuo de libertação do aluno das condições limitantes de suas capacidades críticas e o seu modo de agir no contexto sociocultural e esportivo. Para que a transformação didático-pedagógica do esporte ocorra, é necessário compreender o esporte, a fim de que se possa agir com liberdade e autonomia. Essa transformação também requer a interação social e comunicativa voltada ao estudo do esporte. A reflexão crítica do esporte não deve afastar os alunos, mas transformar esse contato e permitir a preservação do significado e a vivência de sucesso nas atividades esportivas. Somente a experiência prática das atividades não promove a compreensão do sentido do esporte: é necessário oportunizar reflexões e diálogos sobre essas práticas. O professor de educação física pode auxiliar o aluno a compreender o fenômeno esportivo, além de avaliar e entender as mudanças históricas (RONCHI, 2010). Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 12 1.5. Resumo das abordagens O quadro 1 apresenta um resumo das abordagens pedagógicas. Quadro 1. Principais características das abordagens pedagógicas. Psicomotora Desenvolvimentista Construtivista Crítico-emancipatória Principais autores Bouch, J. Tani, G. Manoel, E.J. Freire, J. B. Kunz, E. Livros de referência Educação pelo movimento Educação física escolar: uma abordagem desenvolvimentista Educação de corpo inteiro Transformações didático- pedagógicas do esporte Áreas de base Psicologia Psicologia Psicologia Filosofia, sociologia e política Autores de base Wallon, H. Piaget, J. Gallahue, D. Connoly, J. Piaget, J. Habermas, J. Finalidades Reeducação psicomotora Adaptação Construção do conhecimento Reflexão crítica e emancipatória dos alunos Temáticas principais Consciência corporal. Lateralidade e coordenação. Exercícios. Habilidades. Aprendizagem e desenvolvimento motor. A cultura popular, o jogo e o lúdico. Transcendência de limites.Conhecimento. Conteúdos Atividades de autotestagem. Habilidades básicas. Habilidades específicas. Jogo, esporte e dança. Brincadeiras populares. Jogo simbólico. Jogo de regras. Esportes. Metodologias Várias. Variabilidade e solução de problemas. Resgate do conhecimento do aluno. Solução de problemas. Reflexão sobre a prática esportiva. Darido, 2004. Indicações bibliográficas • BRANDL-NETO, I. Propostas para o ensino da educação física. Cadernos de educação física e esporte, Unioeste, v. 2, n. 1, 2000. • BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. Secretaria de educação fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. • DARIDO, S. C. Dimensões pedagógicas do esporte. Comissão de especialistas de educação física, Ministério do esporte. Brasília: Universidade de Brasília/CEAD, 2004. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 13 • DARIDO, S. C. Educação física na escola: conteúdos, suas dimensões e significados. In: Caderno de formação: formação de professores. Bloco 2 - didática dos conteúdos. Org. DARIDO, S. C. Universidade Estadual Paulista, São Paulo: Cultura acadêmica, 2012. • KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. 6. ed. Ijuí: Unijuí, 2004. • MANOEL, E. J. Desenvolvimento motor: implicações para a Educação física escolar I. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, n. 8, v. 1, 1994. • RONCHI, A. M. A transformação didático-pedagógica do esporte na Educação física escolar. Especialização em educação física escolar. Universidade do extremo sul catarinense (UNESC). Criciúma, 2010. • TANI, G. et al. Educação física escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU/EDUSP, 1988. Questões 13, 14 e 15 Questão 13.5 Para valorizar a prática pedagógica em educação física, não basta apenas apontar as falhas ocorridas, é interessante que se proponham soluções. Dentro dessa perspectiva, Freire (2002) sugere algumas atividades, como o jogo Boca de Forno, descrito a seguir. “- Boca de forno – forno – darei um bolo – bolo – fareis de tudo o que o rei mandar? – faremos. - Então corram até [...]” (e aí vai uma ordem para o cumprimento da tarefa) Em algumas regiões se utiliza as falas: “abacaxi – xi – maracujá – já – fareis tudo o que o rei mandar?”. De forma geral, nesse jogo, uma criança comanda e as demais cumprem as tarefas e/ou o professor comanda a atividade e solicita que tragam objetos de uma certa cor, de um certo peso, tamanho e assim sucessivamente. FREIRE, J.B. Educação de corpo inteiro: teorias e práticas da Educação física. 4. ed. São Paulo: Scipione, 2002 (com adaptações). Considerando o enunciado e o jogo descrito, avalie as afirmativas a seguir. I. O jogo proposto é uma atividade interdisciplinar, pois, além de promover a cultura do jogo tradicional, também estimula o conhecimento lógico que se forma a partir da classificação e seriação. II. O jogo proposto desenvolve a atenção, o raciocínio e as habilidades motoras básicas, sendo esses alguns dos objetivos específicos da educação física escolar. III. O jogo proposto tem embasamento na abordagem pedagógica desenvolvimentista, pois propõe uma taxionomia para o desenvolvimento motor, ou seja, uma classificação hierárquica dos movimentos dos seres humanos. 5Questão 17 – Enade 2014. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 14 É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. III, apenas. C. I e II, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. Questão 14.6 O jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta, enquanto componentes culturais da Educação física, têm como características comuns a ludicidade e a função educativa, nas quais cada manifestação corporal vivida no interior da escola possibilita a formação e o desenvolvimento humano em sua totalidade. Assim, a Educação física contempla conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento, com finalidade de lazer, manutenção da saúde, expressão da afetividade e da cidadania. Com base no texto, e considerando o papel do professor ao planejar, participar e avaliar projetos pedagógicos, educacionais e da gestão escolar, avalie as afirmações a seguir. I. Deve-se valorizar a rotina da aula e a improvisação, o que estimulará a renovação do conhecimento, que deve ser diariamente produzido pelo professor e por seus alunos. II. É recomendável que o aluno desenvolva sua bagagem cultural através de jogos e brincadeiras, considerando sua criatividade e seu poder de imaginação. III. É preciso considerar o espaço físico onde as brincadeiras devem ser realizadas, pois este deve transmitir a sensação de conforto, de segurança e de confiança. IV. É importante promover a formação integral dos alunos, visando às finalidades educacionais, com a intenção de proporcionar o bem-estar e o desenvolvimento corporal em suas diferentes dimensões. É correto apenas o que se afirma em A. I e II. B. I e III. C. III e IV. D. I, II e IV. E. II, III e IV. Questão 15.7 6Questão 18 – Enade 2014. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 15 A meta 2 do Plano Nacional de Educação (PNE) de 2000-2010 foi de ampliar a escolarização no ensino fundamental de oito para nove anos, com a inclusão de crianças de seis anos de idade no primeiro ano desse nível. A meta 5 do ensino fundamental do PNE de 2014-2024 determina a alfabetização até a idade de oito anos das crianças do ciclo composto pelo primeiro, segundo e terceiro anos escolares. A inclusão das crianças de seis anos nesse universo demanda a necessidade de respeitar suas características peculiares da idade e valorizar a condição da infância e o brincar, para que essas metas de qualificação do ensino sejam efetivamente alcançadas. A educação física como componente curricular, tal qual as outras componentes, tem que ajustar a prática pedagógica às características dessas crianças, a fim de contribuir para as finalidades educacionais previstas para esse nível de ensino. Sobre a prática de ensino com crianças de seis anos, avalie as afirmações a seguir. I. Deve-se favorecer o brincar como recurso pedagógico para estimular o aprender a conhecer o mundo, bem como a aquisição e a estabilização dos movimentos, estimulando o faz de conta, a imaginação e a curiosidade que distinguem essas crianças das demais nesse nível de ensino. II. Deve-se privilegiar o brincar como recurso lúdico, de forma livre e espontânea, o que é possibilitado nas aulas, nas horas do recreio e no “dia do brinquedo” adotado pelas escolas no ensino fundamental e na pré-escola. III. Deve-se propiciar o brincar coletivo, entendendo que a escola é um dos lugares e espaços de sociabilização importante para melhorar a noção egocentrada da criança. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. II, apenas. C. I e III, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. 1. Introdução teórica 1.1. Educação de corpo inteiro 7Questão 29 – Enade 2014. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 16 Como disciplina curricular, a educação física deve propiciar ao aluno o exercício da cidadania e buscar a formação do aluno autônomo, por meio do conhecimento do movimento. A prática pedagógica corporal é importante, principalmente para as turmas das séries iniciais (base para a estruturação corporal posterior), por incluir os aspectos sociais e afetivos (CRUZ, 2015). O principal representante da abordagem construtivista-interacionista é o professor João Batista Freire, que defende que a escola não deve considerar apenas as capacidades cognitivas da criança, mas, também, o corpo como um todo. Sua proposta, Educação de corpo inteiro, busca construir o conhecimento, respeitar o universo cultural dos alunos, explorar as possibilidades educativas deatividades lúdicas espontâneas e valorizar as experiências e a cultura dos alunos (CRUZ, 2015). Para o autor, a educação física deve estimular o desenvolvimento das habilidades motoras por meio de jogos e de brincadeiras, em que o lúdico é o meio principal da construção de saberes (DARIDO, 2012). O conhecimento do mundo da criança depende das relações que ela estabelece com os outros e com o objeto. Porém a aprendizagem deve ser significativa para a criança, não o que os adultos pensam que deve ser. Assim, quando situações fora da realidade da criança são propostas, essas situações não apresentam significado. Desse modo, as brincadeiras que existem no mundo da criança devem ser aproveitadas e trazidas para a aula de educação física (BRANDL-NETO, 2000). 1.2. O jogo e a educação Um dos objetivos da educação é promover o crescimento humano do grupo social ao qual a criança pertence. Segundo Kishimoto (1997), os grupos sociais auxiliam seus membros a assimilarem a experiência culturalmente organizada e a converterem-se em membros ativos e em agentes de criação cultural. Na escola, o projeto pedagógico aponta as concepções sobre homem, sociedade e educação. A construção do projeto pedagógico para a educação infantil inclui a escolha de brinquedos e a organização de espaços para estimular brincadeiras. O espaço físico da escola deve facilitar a livre circulação, a visibilidade e a privacidade de acordo com os interesses da criança. Um salão amplo, destinado às brincadeiras de construção, com blocos maiores, escadas, colchonetes, cordas, pernas de pau, instrumentos musicais, equipamento de som e televisores, deve ser garantido. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 17 Por meio das brincadeiras, a criança socializa, aprende a explorar, integra-se a grupos sociais diferentes, desenvolve novas formas de linguagem e mantém a saúde mental e física. Uma proposta de educação que valorize a ação da criança necessita de planejamento dos espaços, de seleção de materiais e conteúdo. 1.3. O brincar e o brinquedo Brincar é a ação intencional e motivada que surge quando a criança expressa suas necessidades e busca concretizar intenções, por influência do ambiente físico e cultural. O brincar é aprendido por meio do processo de comunicação entre seres humanos e subsidiado pelas ações motoras, pela imitação e pelo simbolismo infantil. Um ambiente rico de interações favorece o desenvolvimento infantil e fundamenta o desenvolvimento das relações humanas. O brincar é importante, pois a criança aprende a simbolizar, ao assumir papéis e ao utilizar objetos com outras finalidades para expressar significações. Quando brinca de fazer compras no supermercado, por exemplo, a criança desenvolve a linguagem verbal e o processo de simbolização. O brincar deve ocorrer de forma que amplie a experiência infantil: contos, festas populares, brincadeiras folclóricas, histórias, livros infantis e interações cotidianas são elementos sociais e culturais que constituem o imaginário infantil. O brinquedo é o suporte do brincar. Qualquer objeto industrializado, sucata e a própria imaginação da criança podem ser transformados em brinquedo no imaginário infantil. A brincadeira é resultado de ações conduzidas por princípios e características do lúdico, tais como apresentar regras, envolver a imaginação e dispor de flexibilidade de conduta. 1.3.1. Brincadeiras Deve-se priorizar a brincadeira livre, com a oferta de múltiplos materiais para uso individual ou coletivo e adequados à faixa etária das crianças. A resistência corporal e o desenvolvimento de habilidades físicas, como a velocidade e a agilidade, são adquiridos nas brincadeiras. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 18 A brincadeira desenvolve a moralidade da criança. Por meio dos jogos, a criança aprende os valores assumidos pelo grupo e aprende a respeitar o outro. Ganhar e perder são dimensões importantes, porque aprender a superar a frustração ocorre a partir da interação com o outro, tendo a consciência da necessidade de melhorar seu desempenho. A justiça, o respeito às etnias e à dignidade do ser humano e a perseverança são princípios para a formação moral da criança. A criança pode exercitar a linguagem ao brincar coletivamente com o professor e com os companheiros. Contar histórias e lendas, cantar, dançar, aprender brincadeiras e produzir objetos enriquecem o repertório das linguagens verbal, corporal, auditiva, visual e gráfica. Ao selecionar os brinquedos, é necessário: • pensar no contexto em que a criança vive, sem fazer distinções de gênero, classe social ou etnia; • analisar que tipo de experiência a criança pode adquirir a partir da interação entre ela e o objeto; • oferecer opções de brincadeiras coletivas e individuais que representem a diversidade da cultura do país. 1.3.2. Faixas etárias Aos 3 anos, a criança assume papéis sociais, pois consegue discriminar o seu próprio eu dos outros e estruturar brincadeiras de faz-de-conta. Crianças de 5 anos têm mais experiência e mais domínio da linguagem, portanto são mais aptas para desempenhar papéis complexos, em parceria. Atividades que estimulem a criança a buscar soluções, observar diferenças e semelhanças e proporcionar o crescimento da função simbólica são recomendadas. Na faixa dos 6 anos, crianças começam a entrar no mundo da realidade. As brincadeiras não contemplam o imaginário, mas sim as características do ambiente. Assim, estimular a observação do ambiente, iniciar processos de classificação de coleções (pedras, insetos e plantas) e pesquisar as diferentes formas de vida, de composição étnica da população e de identidade social podem ser recursos interessantes para a interação entre a criança e o ambiente. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 19 Indicações bibliográficas • BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. Secretaria de Educação fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. • BRANDL-NETO, I. Propostas para o ensino da educação física. Cadernos de educação física e esporte, Unioeste, v. 2, n. 1, 2000. • CRUZ, R. W. S. “Educação de corpo inteiro” nas aulas de educação física: uma experiência pedagógica. Coleção pesquisa em educação física, v. 14, n. 4, 2015. • DARIDO, S. C. Educação física na escola: conteúdos, suas dimensões e significados. In: Caderno de formação: formação de professores. Bloco 2 - didática dos conteúdos. Org. DARIDO, S. C. Universidade Estadual Paulista, São Paulo: Cultura acadêmica, 2012. • KISHIMOTO, T. M. Construir brinquedos e organizar espaços de brincadeiras como parte integrante do projeto pedagógico. São Paulo, LABRIMP/FEUSP/FUND.ORSA, 1997. Disponível em <http://www.labrimp.fe.usp.br/Arquivos/Galeria/Arquivos/4/7.pdf>. Acesso em 29 mar. 2017. Questões 16 e 17 Questão 16.8 Considere que uma cidade com cerca de 1 milhão de habitantes foi escolhida para sediar os Jogos Regionais de seu estado. Diante disso, um professor de educação física que lecionava em turmas do 9º ano do ensino fundamental solicitou aos estudantes que trouxessem, para as aulas, reportagens de jornais da cidade a respeito do evento. Uma das reportagens mencionava que a prefeitura da cidade havia identificado a necessidade de construir um ginásio poliesportivo. Assim, uma equipe de engenheiros foi contratada e selecionou uma área para a construção do ginásio. Todavia, a área selecionada possuía um fragmento florestal, onde havia muitas árvores e vegetação que deveriam ser derrubadas. Considerando o contexto apresentado e a recomendação presente na literatura sobre como aproximar materiais midiáticos dos conteúdos da Educação física escolar, na perspectiva didático-pedagógica, o professor de educação física deve A. criticaros aspectos técnicos que os engenheiros da prefeitura levaram em conta para selecionar o local para a construção do ginásio. 8Questão 12 – Enade 2014. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 20 B. questionar os aspectos políticos utilizados para selecionar a cidade com sede dos Jogos e que levaram à necessidade de construir o ginásio. C. solicitar aos professores de outras disciplinas que debatam questões ambientais com os estudantes, relacionando as práticas corporais com a qualidade de vida das pessoas afetadas pela construção do ginásio. D. organizar e coordenar o debate da reportagem entre os estudantes, relacionando as práticas corporais com aspectos ambientais e com a qualidade de vida das pessoas afetadas pela construção do ginásio. E. discutir as modalidades esportivas a serem disputadas no ginásio que será construído, incumbindo os professores de outras disciplinas de debater com os estudantes os aspectos econômicos e ambientais relacionados com a situação. Questão 17.9 É preciso considerar que as mídias privilegiam a forma do espetáculo e do entretenimento, quase sempre distante das preocupações educativas-escolares. O que as mídias proporcionam é um grande mosaico sem estrutura lógica aparente, composto de informações desconexas, em geral descontextualizadas e recebidas individualmente, sem instaurar, portanto, um verdadeiro processo de comunicação. BETTI, M. Educação física e mídia: novos olhares, outras práticas. São Paulo: Hucitec, 2003 (com adaptações). Em uma escola, o projeto político-pedagógico (PPP) prevê a discussão da questão étnico- racial em todas as disciplinas curriculares. Para atender a esse PPP, o professor de educação física escolar pediu que os alunos prestassem atenção ao que os comentaristas de jogos de futebol falam sobre os jogadores, com atenção a possíveis comentários que diferenciem jogadores brancos, negros ou de origem asiática. Avalie as afirmações a seguir, que descrevem as atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula com base nos relatos da pesquisa realizada pelos estudantes. I. Mediação entre o discurso televisivo e os discursos presentes em outros tipos de mídia, demonstrando como informações tendenciosas e preconceitos étnicos-raciais estão enraizados na sociedade e podem ocorrer em situações de jogo nas aulas de Educação física. II. Mediação entre o discurso midiático e os objetivos da Educação física escolar, discutindo situações em que se evidenciaram informações tendenciosas e preconceitos em relação às diferentes identidades. 9Questão 15 – Enade 2014. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 21 III. Discussão e reflexão sobre questões étnico-raciais, frequentemente presentes em redes sociais, apesar de não estarem previstas nas diretrizes curriculares nacionais da Educação Básica. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. III, apenas. C. I e II, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. Introdução teórica 1.1. Mídia e cultura corporal A mídia transmite informações, cria um imaginário e constrói um entendimento de mundo, mas, ao mesmo tempo, propicia informações descontextualizadas. Na mídia, o esporte pode estar presente em noticiários, em transmissão de eventos ao vivo, em novelas, filmes, seriados, desenhos animados e em programas especificamente esportivos. Em relação à cultura corporal de movimento, cresce a atuação da mídia na elaboração de novas modalidades de entretenimento e consumo. O esporte, a ginástica, a dança e as artes marciais tornaram-se produtos de consumo amplamente divulgados ao público. A cultura corporal de movimento é socialmente partilhada, por meio da prática ativa ou pela simples informação. Os jornais, as revistas, os jogos de videogames, o rádio, a televisão e a internet difundem informações sobre a cultura corporal de movimento. Os indivíduos são, em sua maioria, consumidores potenciais do esporte-espetáculo como torcedores presenciais ou como espectadores de televisão. A televisão ilude o espectador ao proporcionar a falsa sensação de contato direto com a realidade. Há uma distância entre a prática real do esporte e o que é visto na televisão, pois há um processo de seleção e edição de fatos e imagens, devido à própria especificidade da linguagem televisiva e, também, devido aos interesses econômicos envolvidos. Desse modo, há fragmentação e descontextualização do fenômeno esportivo, que pode afastar o espectador de praticar as modalidades esportivas ativamente. Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 22 1.2. Educação física escolar e mídia Na área educativa, a educação física deve preparar o aluno para ser um praticante ativo que incorpore o esporte, o jogo, a dança e a ginástica em sua vida. É necessário preparar o aluno para ser um consumidor do esporte-espetáculo, com uma visão crítica do sistema esportivo, e apresentar elementos conceituais e perceptivos para apreciar a estética e a técnica do esporte. Para Betti (1997), a principal tarefa da educação física escolar é introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando-o para usufruir do jogo, do esporte, da dança e das ginásticas em benefício de sua qualidade de vida. A escola deve educar para a reflexão crítica. O aluno deve compreender o sentido explícito e o sentido implícito das informações e estabelecer relações coerentes entre o que aparece na tela e a realidade do mundo. Assim, os estudantes devem desenvolver a capacidade de associar e analisar as informações desconexas. Por isso, o professor deve exercer um papel de mediador entre as mídias e os alunos e deve recusar o que é superficial ou manipulador, sem abrir mão da qualidade da aula. Desse modo, a educação física deve realizar um diálogo crítico com a mídia e deve ser uma fonte relacionada à cultura corporal de movimento. 1.3. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica O documento referente às Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações étnico-raciais, incluído nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (2013), procura combater o racismo e a discriminação. Assim, ele propõe divulgar e produzir conhecimentos e gerar o sentimento de satisfação de acordo com suas características étnico-raciais (descendentes de africanos, europeus, asiáticos e indígenas). Segundo esse documento, a escola tem papel preponderante para a eliminação das discriminações e para a emancipação dos grupos discriminados, ao proporcionar acesso aos Material Específico – Educação Física (uso no 1º sem/2020) – CQA/UNIP 23 conhecimentos científicos, aos registros culturais diferenciados, à conquista de racionalidade que rege as relações sociais e raciais, (...) indispensáveis para a consolidação das nações como espaços democráticos e igualitários (BRASIL, 2013). Indicações bibliográficas • BETTI, M. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Tese de doutorado. Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 1997. • BETTI, M. Mídias: aliadas ou inimigas da educação física escolar? Motriz, v. 7, n. 2, 2001. Disponível em <http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/07n2/Betti.pdf>. Acesso em 15 fev. 2017. • BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de educação básica. Diretrizes curriculares nacionais gerais da educação básica. Brasília: MEC, SEB, 2013. • BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.