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Análise do perfil, funções e habilidades do fisioterapeuta com atuação na área esportiva nas modalidades de futebol e voleibol no Brasil.

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RESENHA 
SILVA, A. A. et al. Análise do perfil, funções e habilidades do fisioterapeuta com atuação na área esportiva nas modalidades de futebol e voleibol no Brasil. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Paulo, v. 15, n. 3, p. 219-26, maio/jun. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbfis/v15n3/08.pdf. Acesso em: 14 maio 2020.
Anderson A. Silva é formado em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG). Possui especialização em Ortopedia e Esportes (2000) e mestrado em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2008; Natália F. N. Bittencourt é Doutora e Mestre em Ciências da Reabilitação pela UFMG com foco em fisioterapia esportiva. Especialista em Fisioterapia Esportiva e Ortopédica pela UFMG; 
Luciana M. Mendonça possui doutorado e mestrado em Ciências da Reabilitação (UFMG), pós-graduação em Fisioterapia Esportiva e Ortopédica pela UFMG e em Acupuntura pelo INCISA. Marcella G. Tirado possui graduação em Terapia Ocupacional pela FCMMG (1983); especialização em Ativação de Processos de Mudança pela Fundação Osvaldo Cruz (2006) e doutorado em Demografia pela UFMG em 2000. Em parceria com a Drª Rosana F. Sampaio e Dr Sérgio T. Fonseca.
O artigo foi publicado na Revista Brasileira de Fisioterapia em 2011; é dividido em 4 partes: introdução, metodologia, resultados e discussão e contém 8 ludas ao todo. O artigo analisa o perfil do fisioterapeuta que atua na área esportiva, especificamente no futebol e voleibol. Como é sua atuação na equipe esportiva, buscando entender sobre as suas responsabilidades e ações que podem ser tomadas, contribuindo assim para uma melhor organização e atendimento ao atleta. 
Como a formação dos profissionais que cuidam de lesões variam de país a país, uma pesquisa mostrou que no futebol inglês, a maioria dos fisioterapeutas não eram qualificados na área esportiva. Como a maioria era apenas técnicos em fisioterapia, eles possuíam uma certa desvantagem em relação a sua liberdade de tomar suas próprias decisões clínicas, ainda que realizasse o atendimento primário, eles dependiam da opinião médica. O que evidencia a importância de compreender o papel de cada membro da equipe de saúde inclusa no esporte. No Brasil, a atuação do fisioterapeuta é desigual, ele não tem uma definição clara sobre seu papel dentro da equipe de atendimento ao atleta, essa indefinição em sua função na equipe, pode ameaçar sua identidade e atrasar o desenvolvimento dessa área. Com introdução certa desse profissional na área esportiva, pode melhorar muito a organização de serviços e atendimento do atleta.
Quanto a metodologia, foi feita uma pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a fim de obter dados sociodemográficos sobre o ambiente de trabalho e habilidades na prática clínica dos fisioterapeutas que atuavam em clubes e seleções de futebol e voleibol. Para selecionar os participantes eles exigiram alguns critérios. Os participantes que tinham esses critérios, preencheram um questionário de forma presencial, ou posteriormente por e-mails, sobre o seu papel nos clubes/seleção em que atuavam.
Selecionado e analisados, foram um total de 49 fisioterapeutas, somente cinco atuavam tanto em seleção quanto em clubes de voleibol. A maioria do sexo masculino e apenas cinco do sexo feminino, todas em clubes/seleção de voleibol. Dos questionários analisados 10 de seleção de voleibol; 18 de clubes de voleibol e 27, de clubes de futebol.
No que é relativo aos resultados da pesquisa nota-se que a maioria dos que participaram era do sexo masculino, com 89,9%, do sexo feminino era apenas 10,9%, destacando que a presença feminina foi exclusivamente no voleibol, revelando um possível preconceito contra mulheres no futebol. A média de idade de 32,2 anos, dos participantes que atuavam nos times de futebol era 49,1%, no voleibol 50,1%. A maioria dos fisioterapeutas era contratado por indicação. Na atuação do profissional no “retorno ao esporte após a lesão”, foram registrados que 89,1% eram realizados por fisioterapeutas, e outros 10,8% asseguravam que o tratamento era feito por outro profissional. O procedimento mais utilizado como a emergencial era bandagem, com 70,9%. Dos procedimentos mais usados foram os recursos físicos, com 98% segundo os entrevistados. Sobre quem tomava a decisão final sobre o atleta voltar ao esporte após a reabilitação, 74,5% era do médico junto ao fisioterapeuta, 14,5% somente do médico e 10,9% somente do fisioterapeuta.
Os principais profissionais contratados nas equipes interdisciplinares: eram o preparador físico (94,5%), o médico (89,1%) e o nutricionista com 69,1%. Quanto a interação do fisioterapeuta com outros profissionais, observou-se que mais de 70%, afirmou interagir com médicos e com técnicos de forma constante. A autonomia do fisioterapeuta na equipe sofre restrições, pela diretoria, pelo técnico e especialmente pelo profissional médico, que é quem mais restringe a autonomia dos fisioterapeutas. Além disso, deve-se destacar que os fisioterapeutas que ou presentes no futebol são mais bem remunerados, recebendo valores superiores a dez salários-mínimos, enquanto clubes de voleibol os profissionais recebem cerca de sete a dez salários-mínimos. Fato que reflete o maior poder econômico do futebol brasileiro em comparação com o voleibol. Ainda assim, o profissional que atua no voleibol possui maior participação no atendimento emergencial do atleta e maior atuação no desenvolvimento dos programas de prevenção de lesões.
No que se refere a discussão do texto, nota-se que a atuação do fisioterapeuta é observada em todos os domínios de sua prática, sugerindo a sua participação em todas as funções possíveis de serem ocupadas. Uma área importante de atuação do fisioterapeuta no esporte é a prevenção de lesões. Os dados revelam uma boa participação do fisioterapeuta na manutenção de performance de atletas lesados, no retorno ao esperte. Isso possivelmente reflete o respeito dado ao papel do fisioterapeuta nos processos de reabilitação e retorno a competição dentro do esporte brasileiro.
O fisioterapeuta esportivo deve procurar uma delimitação concreta do que é próprio da fisioterapia, ou seja, daquilo que o caracteriza como profissional, e se estabelecer como membro integrante e distinto da equipe de saúde esportiva, visto que a sua ampla atuação em diversos papéis dentro da equipe podem produzir conflitos com diversos profissionais. No entanto, poucos aplicam testes e avaliações para determinar os resultados da prevenção. A ausência de testes padronizados para avaliar os resultados das intervenções assim como a falta de consenso nas aplicações de procedimentos de intervenção revelam a necessidade de um melhor embasamento científico para atuação desse profissional.
Os resultados deste estudo se restringem somente à caracterização do perfil de fisioterapeutas que trabalham no futebol e voleibol profissional. Assim, novos estudos que envolvam fisioterapeutas atuantes em esportes individuais e em outros ambientes de trabalho, como academias e clubes sociais, devem ser incentivados.

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