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RITOS DA EXECUÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE Por Luana Reis da Silva Francisco CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – TEJ 1ª fase: Cumprimento Voluntário O requerimento para o cumprimento de sentença deve conter o quadro demonstrativo de débito (artigo 524 + artigo 319 ambos do CPC) O executado é intimado pessoalmente para pagar em 15 dias úteis, contados a partir do dia seguinte à intimação – artigo 523, CPC. O prazo pode ser convencionado entre as partes. O juiz não pode determinar a intimação da parte de ofício – é necessário requerimento do exeqüente. SE O EXECUTADO PAGA: Extingue-se a execução com resolução do mérito na forma do artigo 487 CPC. SE O EXECUTADO NÃO PAGA: é acrescida ao débito a multa de 10% que reverte em favor do exeqüente - incide uma única vez e é automática ao não cumprimento voluntário. Incide também honorários de 10% a favor do advogado do exeqüente – se não for o caso de gratuidade de justiça. (artigo 523, §1º). SE O EXECUTADO PAGA PARTE DO DÉBITO: a multa e os honorários de 10% são aplicados ao saldo remanescente. Esgotado o prazo de 15 dias sem total adimplemento da obrigação, inicia-se a segunda fase. 2ª fase: Cumprimento Forçado Inicia-se com a expedição do mandado de penhora e avaliação. Com o transcurso do prazo de 15 dias para o cumprimento voluntário (pagamento) inicia-se, logo em seguida, o prazo de também 15 dias úteis para o executado apresentar sua defesa que é feita através de IMPUGNAÇÃO apresentada nos próprios autos – artigo 525, CPC. A Impugnação possui natureza jurídica de defesa, sendo que da sua rejeição será proferida pelo juiz uma decisão interlocutória passível do recurso de Agravo de Instrumento. O §1º do artigo 525 traz as matérias que podem ser alegadas na Impugnação, sendo que, a depender do tipo de decisão que o juiz proferir ao acolher (sentença ou decisão interlocutória), caberá recurso de Apelação ou Agravo de Instrumento. Além das matérias elencadas no artigo 525, § 1º CPC, pode também ser alegada em Impugnação questões de ordem pública que não tenham sido objetos da preclusão. Alegação de impedimento e suspeição: feita por petição simples no prazo de 15 dias a contar do momento em que se soube da situação. (§2º, art 525) Em havendo litisconsortes assistidos por advogados de escritórios distintos o prazo para Impugnar o cumprimento de sentença será dobrado. Alegação de Excesso de Execução: obrigatoriamente o executado ao alegar excesso de execução deve anexar planilha indicando o valor devido. No caso de o Excesso de execução ser a única alegação feita pelo executado e este não anexar planilha o juiz irá rejeitar a impugnação liminarmente; se houver outra alegação além do excesso de execução a impugnação será processada normalmente Efeito Suspensivo: a Impugnação não suspende os atos executivos de forma automática (ex lege); Pode ser conferido o efeito suspensivo desde que requerido pelo executado sendo requisito essencial a garantia do juízo bem como a verificação dos requisitos da tutela provisória (Fumus boni iuris e periculum in mora). Da concessão de efeito suspensivo poderá o exeqüente recorrer por meio de Agravo de Instrumento. A lei prevê que o exeqüente, mesmo com a atribuição do efeito suspensivo, ofereça uma contra cautela para que o cumprimento de sentença prossiga. Artigo 525, § 11 – Exceção de pré-executividade: as questões ocorridas após o transcurso do prazo para defesa serão discutidas por petição simples no prazo de 15 dias, sob pena de preclusão. É possível que haja uma Rejeição Liminar da Impugnação: caso de intempestividade ou, havendo o excesso de execução como única alegação não preencher os requisitos legais (anexar a planilha, etc). Não sendo caso de rejeição liminar o juiz deve abrir prazo para que o exeqüente se manifeste por meio de uma resposta à impugnação no prazo de 5 dias, 15 dias (geralmente é aplicado) ou em prazo a ser fixado pelo juiz. AÇÃO DE EXECUÇÃO – TEE 1ª fase: Cumprimento Voluntário Inicia-se com uma Petição Inicial (artigos 319 + 798, CPC), sendo obrigatório anexar o título executivo extrajudicial e planilha de débito atualizada. Deferida a petição inicial pelo juiz o executado é CITADO para pagar o débito em 3 dias contados da citação – artigo 829, CPC; ainda no despacho o juiz fixa os honorários advocatícios de 10% a serem pagos pelo executado. Certidão comprobatória do ajuizamento da execução: o exeqüente poderá requerê-la e levá-la à averbação do registro de imóveis do exeqüente, conferindo publicidade. SE O EXECUTADO PAGA: se o pagamento for feito no prazo de 3 dias o valor dos honorários advocatícios devidos é reduzido pela metade; é extinta a Ação de Execução na forma do artigo 487, CPC. SE O EXECUTADO NÃO PAGA: inicia-se a fase de cumprimento forçado 2ª fase: Cumprimento Forçado A defesa do executado é mediante a interposição de EMBARGOS À EXECUÇÃO, no prazo de 15 dias úteis, contados a partir da juntada do AR ou do mandado de Citação. (artigo 915, CPC) Prazo: No caso de haver litisconsórcio não é aplicado o artigo 229, CPC (prazo em dobro para litisconsortes assistidos por advogados de escritórios distintos); os prazos são contados de forma independente, excetuado os cônjuges ou companheiros – artigo 915, §1º Os Embargos serão distribuídos por dependência, sendo o juiz da execução o competente para julgá-los (competência funcional absoluta), e independem de garantia de juízo, podendo ser interpostos até mesmo antes da penhora. Os Embargos à execução possuem natureza jurídica de Ação, sendo seu julgamento feito por meio de uma sentença da qual caberá recurso de Apelação. Moratória Legal: O executado, ainda no prazo para interposição de Embargos, poderá requerer que o saldo remanescente seja dividido em até 6 parcelas mensais, desde que feito o depósito de 30% do valor da dívida. O juiz poderá rejeitar liminarmente os Embargos à execução quando intempestivos, nos casos de indeferimento a petição inicial e de improcedência liminar do pedido, ou ainda quando meramente protelatórios (cabendo neste caso multa por caracterizar ato atentatório a dignidade da justiça) – artigo 918, CPC. Efeito Suspensivo: Os embargos à execução não possuem efeito suspensivo decorrente da lei, é necessário requerimento do embargante (executado), sendo requisito essencial a garantia do juízo bem como a verificação dos requisitos da tutela provisória (Fumus boni iuris e periculum in mora) – artigo 919, CPC. Além das hipóteses elencadas no artigo 917 do CPC, qualquer matéria que poderia ser alegada no processo de conhecimento pode ser alegada nos Embargos. Alegação de Excesso de Execução: obrigatoriamente o executado ao alegar excesso de execução deve anexar planilha indicando o valor devido. QUADRO COMPARATIVO IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA EMBARGOS À EXECUÇÃO DO EXECUTADO Cabível somente no cumprimento de sentença (título judicial), sem exceções; Cabível somente no processo de execução (título extrajudicial), sem exceções; Incidente processual, não gera processo autônomo; Ação de conhecimento, processada de modo incidental; Não exige garantia do juízo (art. 525) para sua admissibilidade; Não exige garantia do juízo para sua admissibilidade (art. 914); 15 dias, sucessivo ao prazo de 15 dias para pagamento (arts. 523 c/c 525); 15 dias, a contar da juntada do comprovante de citação (art. 915); Não tem efeito suspensivo automático, mas pode ser atribuído pelo juiz (art. 525, § 6º), desde que garantido o juízo, haja requerimento e os requisitos para tutela provisória; Não têm efeito suspensivo, mas podeser atribuído pelo juiz (art. 919, § 1º), desde que garantido o juízo, haja requerimento e os requisitos para tutela provisória; Será sempre processada nos meus autos do processo; Sempre serão distribuídos por dependência, autuados em apartado, sendo possível ao advogado do embargante autenticar os documentos apresentados (art. 914, § 1º); Atribuído efeito suspensivo é possível que o exequente prossiga com a execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz (art. 525, § 10); Deferido o efeito suspensivo é possível a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens (art. 919, § 5º); Rejeição ou acolhimento parcial da impugnação cabe agravo de instrumento (art. 1015, parágrafo único), porém acolhimento total, com a extinção da execução, cabe apelação; Rejeição liminar ou improcedência cabe apelação sem efeito suspensivo (art. 1.012, § 1º, V) e, na hipótese de procedência, apelação com duplo efeito; Rol taxativo de matérias alegáveis (art. 525, § 1º). Rol exemplificativo de matérias alegáveis (art. 917, VI).