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Paulo Leminski: vida e obra

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MATERIAL DE LITERATURA – PROF. VIVIAN MORENO
Paulo Leminski (1944-1989)
· Filho de um militar polonês e de uma africana;
· Estudou num colégio interno dos jesuítas;
· Sua primeira grande influência vem do concretismo brasileiro;
· Nas décadas de 1960 e 1970 absorve a marca da poesia marginal;
· Transita pela MPB, pelo tropicalismo;
· Ironia e humor são suas marcas;
· Foi grande leitor do poeta japonês, Bashô, considerado o pai do haicai;
· Ele se intitulou ‘cachorro louco’; os críticos o chamavam de ‘samurai malandro’, ‘caipira cabotino’, ‘polilíngue paroquiano cósmico’, ‘caboclo polaco paranaense’, ‘beatnik caboclo;
· Equilibrou-se entre o erudito, o pop, o formal e o prosaico;
· Foi professor de História, tradutor, diretor de criação em agência de publicidade, crítico literário, músico, compositor;
· Sua poesia revela uma síntese entre a coloquialidade e o rigor da construção formal;
· Recebe influência melódica da canção popular, dos recursos visuais da publicidade, dos provérbios e trocadilhos da cultura popular e da extrema concisão da poesia japonesa;
· A gíria, o palavrão e a dicção urbana também são frequentes em sua obra assim como elementos formais assimilados da vanguarda, como a eliminação da pontuação, o uso exclusivo de letras minúsculas, a disposição geométrica das palavras na página, o emprego de neologismos e de palavras-valise, que multiplicam as possibilidades de significação do texto;
contranarciso
em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas
o outro
que há em mim
é você
você
e você
assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós [1]
O NÁUFRAGO NÁUGRAFO
 a letra A a
funda no A
 tlântico
e pacífico com
 templo a luta
entre a rápida letra
 e o oceano
lento
 assim
fundo e me afundo
 de todos os náufragos
náugrafo
 o náufrago
mais
 profundo 
INVERNÁCULO
 Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
 Quando o sentido caminha,
a palavra permanece.
 Quem sabe mal digo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
 Assim me falo, eu mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
 Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
 uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
 O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
 eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

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