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Do Conflito a Solução Adequada

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Essere nel Mondo
Rua Borges de Medeiros, 76
Cep: 96810-034 - Santa Cruz do Sul 
Fones: (51) 3711.3958 e 9994. 7269 
www.esserenelmondo.com.br
Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste livro poderá 
ser reproduzida ou copiada por qualquer meio impresso ou eletrônico 
ou que venha a ser criado, sem o prévio e expresso consentimento da 
Editora. A utilização de parte dos textos publicados deverá cumprir com 
as regras de referências bibliográficas editadas pela ABNT.
As ideias, conceitos e/ou comentários expressos na presente obra são 
de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), não cabendo qualquer 
responsabilidade à Editora.
D631 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, 
 jurisdição & arbitragem [recurso eletrônico] / organizadores: 
 Fabiana Marion Spengler, Theobaldo Spengler Neto – Santa 
 Cruz do Sul: Essere nel Mondo, 2015.
 177 p.
 
 Texto eletrônico.
 Modo de acesso: World Wide Web.
 1. Mediação. 2. Conciliação (Processo civil). 3. Negociação.
 4. Jurisdição. 5. Arbitragem e sentença. 6. Resolução de disputa
 (Direito). I. Spengler, Fabiana Marion. II. Spengler Neto, Theobaldo. 
 
 CDD-Dir: 341.4625 
 Prefixo Editorial: 67722
 Número ISBN: 978-85-67722-23-8
Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Revisão ortográfica: Carmen Rohr
Capa: Gabriel Gassen 
Diagramação: Marcel Ali e Helena Schuck
Catalogação: Fabiana Lorenzon Prates
CONSELHO EDITORIAL
COMITÊ EDITORIAL
Prof. Dr. Alexandre Morais da Rosa – Direito – UFSC e UNIVALI/Brasil 
Prof. Dr. Alvaro Sanchez Bravo – Direito – Universidad de Sevilla/Espanha 
Profª. Drª. Angela Condello – Direito - Roma Tre/Itália 
Prof. Dr. Carlos M. Carcova – Direito – UBA/Argentina 
Prof. Dr. Demétrio de Azeredo Soster – Ciências da Comunicação – UNISC/Brasil 
Prof. Dr. Doglas César Lucas – Direito – UNIJUI/Brasil 
Prof. Dr. Eduardo Devés – Direito e Filosofia – USACH/Chile 
Prof. Dr. Eligio Resta – Direito – Roma Tre/Itália
 Profª. Drª. Gabriela Maia Rebouças – Direito – UNIT/SE/Brasil 
Prof. Dr. Gilmar Antonio Bedin – Direito – UNIJUI/Brasil 
Prof. Dr. Giuseppe Ricotta – Sociologia – SAPIENZA Università di Roma/Itália 
Prof. Dr. Gustavo Raposo Pereira Feitosa – Direito – UNIFOR/UFC/Brasil 
Prof. Dr. Humberto Dalla Bernardina de Pinho – Direito – UERJ/UNESA/Brasil 
Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – Direito – PUCRS/Brasil 
Prof.ª Drª. Jane Lúcia Berwanger – Direito – UNISC/Brasil 
Prof. Dr. João Pedro Schmidt – Ciência Política – UNISC/Brasil 
Prof. Dr. Jose Luis Bolzan de Morais – Direito – UNISINOS/Brasil 
Profª. Drª. Kathrin Lerrer Rosenfield – Filosofia, Literatura e Artes – UFRGS/Brasil 
Profª. Drª. Katia Ballacchino – Antropologia Cultural – Università del Molise/Itália 
Profª. Drª. Lilia Maia de Morais Sales – Direito – UNIFOR/Brasil 
Prof. Dr. Luís Manuel Teles de Menezes Leitão – Direito – Universidade de Lisboa/Portugal 
Prof. Dr. Luiz Rodrigues Wambier – Direito – UNIPAR/Brasil 
Profª. Drª. Nuria Belloso Martín – Direito – Universidade de Burgos/Espanha 
Prof. Dr. Sidney César Silva Guerra – Direito – UFRJ/Brasil
Profª. Drª. Silvia Virginia Coutinho Areosa – Psicologia Social – UNISC/Brasil 
Prof. Dr. Ulises Cano-Castillo – Energia e Materiais Avançados – IIE/México
Profª. Drª. Virgínia Appleyard – Biomedicina – University of Dundee/ Escócia 
Profª. Drª. Virgínia Elizabeta Etges – Geografia – UNISC/Brasil
Profª. Drª. Fabiana Marion Spengler – Direito – UNISC e UNIJUI/Brasil 
Prof. Me. Theobaldo Spengler Neto – Direito – UNISC/Brasil
SUMÁRIO
PREFÁCIO......................................................................................................................... 6
A CONCILIAÇÃO COMO ALTERNATIVA À JURISDIÇÃO ESTATAL NA BUSCA 
POR UMA JUSTIÇA EFETIVA E CÉLERE................................................................... 9
Caroline Pessano Husek Silva, Fabiana Marion Spengler & Ismael Saenger Durante
O FÓRUM MÚLTIPLAS PORTAS E OS POSSÍVEIS CAMINHOS PARA SOLUCIONAR 
OS CONFLITOS................................................................................................................ 27
Helena Pacheco Wrasse & Guilherme Dornelles
A TRANSDISCIPLINARIDADE NA MEDIAÇÃO COMO FORMA DE SOLUÇÃO DOS 
CONFLITOS FAMILIARES............................................................................................ 46
Francisco Ribeiro Lopes & Lilian Thais Konzen
MEDIAÇÃO ENQUANTO NOVA POSSIBILIDADE FRENTE À PRISÃO DO 
DEVEDOR DE ALIMENTOS.......................................................................................... 62
Marieli Trevisan & Theobaldo Splengler Neto
A COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS NO ÂMBITO TRIBUTÁRIO COMO FORMA DE 
POLÍTICA PÚBLICA DE INCLUSÃO SOCIAL.......................................................... 78 
Charlise P. Colet Gimenez & Roberta Marcantônio
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NA ESFERA DO PODER PÚBLICO: UMA EQUAÇÃO 
(IM)POSSÍVEL?................................................................................................................ 95
Josiane Caleffi Estivalet
MEDIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL: APONTAMENTOS PARA UM FUTURO 
POSSÍVEL.......................................................................................................................... 112
Cássio Alberto Arend, Dianifer Moraes dos Santos & Luana Elisa Funck
A MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA COMO POLÍTICA PÚBLICA TRANSFORMADORA 
DA SOCIEDADE............................................................................................................... 131
Rodrigo Nunes Kops, Evelyn Caroline Jora & Ana Paula Zitzke
A MEDIAÇÃO COMO PROPOSTA DE PACIFICAÇÃO DOS CONFLITOS 
ESCOLARES..................................................................................................................... 149
Daiana Queli Knod & Vanessa Gomes Ferreira
6 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
PREFÁCIO
Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, há vinte e seis anos – recém-
-completados −, vimos presenciando, em nosso país, um verdadeiro “boom” contencioso, com 
o vertiginoso aumento do volume de litígios submetidos ao Poder Judiciário. A redemocratiza-
ção, aliada a nossa tradição de “civil law”, marcada pela cultura de judicialização dos confli-
tos, foi o fermento para o significativo crescimento do número de ações judiciais nas últimas 
décadas.
No entanto, até aqui, a ciência processual pátria não havia conseguido apresentar res-
postas eficazes para conciliar seus compromissos com a garantia do acesso à justiça, de um 
lado, – que exige solucionar todos os litígios que eclodirem em nossa sociedade, independen-
temente de suas proporções numéricas −, e a duração razoável e a efetividade, de outro lado.
A sociedade brasileira, durante essas duas décadas e meia, recrudesceu as suas exigên-
cias por Justiça, passando a ansiar que a ciência processual cumpra com os seus compromissos, 
a fim de que os litígios sejam solucionados, a um só tempo, com celeridade e efetividade. 
Portanto, foi-nos confiado equacionar a delicada situação em que o número de litígios 
se agiganta e, ao mesmo tempo, a sociedade nos cobra que a sua solução seja rápida e efetiva. 
Nesse contexto, emergem os meios alternativos de solução dos conflitos.
O Poder Judiciário encontra-se assoberbado, não logrando pôr fim ao grande volume 
de processos judiciais. O Conselho Nacional de Justiça acabou de divulgar que, atualmente, 
tramitam no Brasil 78 milhões de processos, sendo que, até 2020, estima-se que 114 milhões de 
ações estarão aguardando julgamento em nosso país. Por mais que sejam estabelecidas metas a 
serem cumpridas pelos órgãos jurisdicionais e estes se esforcem vigorosamente em seu cumpri-
mento, reconhece-se, hoje, a impossibilidadede se prestar a jurisdição de forma justa, efetiva e 
em tempo razoável a toda essa gama de litígios. 
A busca por meios adequados de solucionar controvérsias que dispensem a intervenção 
do Estado-Juiz passou a contar com o apoio do próprio Poder Judiciário, que encampou campa-
nhas e mutirões de Conciliação e, mais recentemente, vem fomentando a Mediação.
Embora o movimento em prol dos meios alternativos de solução de conflitos tenha se 
robustecido em virtude do clamor por soluções mais rápidas e que desonerassem o Judiciário 
brasileiro, a sua importância vai muito além.
Em muitos casos, a solução adjudicativa (prestação jurisdicional estatal) não se mostra 
o meio mais adequado, seja porque impõe às partes uma decisão que não foi por elas direta-
mente cunhada, seja porque exaspera as posições antagônicas, ao fixar as figuras de vencedor e 
vencido, dentre outros fatores.
Não se trata, pois, apenas de recorrer aos meios alternativos de solução de conflitos 
7Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
como forma de contornar o assoberbamento do Poder Judiciário brasileiro. Tais mecanismos, 
em verdade, têm o valioso potencial de, se bem aplicados, oferecer respostas céleres, efetivas 
e que contam com a participação direta dos interessados, contribuindo para a preservação das 
relações entre eles. Trata-se, portanto, de meios de solução de conflitos que logram equilibrar a 
difícil e atávica tensão entre celeridade e efetividade/justiça.
Passados vinte e seis anos, e com a nossa democracia mais amadurecida, a sociedade 
brasileira tem condições de se valer de mecanismos de solução de conflitos que pressuponham 
o protagonismo dos próprios interessados, como é o caso da conciliação e da mediação, suplan-
tando o modelo tradicional de solução adjudicativa estatal.
A disseminação, em nossa cultura, da utilização dos meios alternativos de solução dos 
conflitos, especialmente da conciliação e da mediação, passa, necessariamente, pela produção 
acadêmica nacional.
Iniciativas como a da presente obra, em que pesquisadores brasileiros se empenham em 
trazer à baila questões atuais sobre os meios alternativos de solução de conflitos, são de capital 
importância para mostrar aos profissionais do Direito toda a gama de possibilidades de utiliza-
ção de tais mecanismos e traçar veredas seguras pelas quais se possa caminhar daqui em diante.
Somente a partir da multiplicação de experiências frutuosas com a conciliação e a me-
diação que o jurisdicionado brasileiro logrará se desapegar de nossa tradição beligerante e tor-
nar-se um entusiasta das soluções consensuais.
A presente obra coletiva, coordenada pelos Professores Fabiana Marion Spengler e 
Theobaldo Spengler Neto, reúne trabalhos que analisam questões extremamente atuais e das 
mais variadas temáticas relacionadas à mediação e à conciliação. Oferecem estudos, com fun-
damentação teórica consistente e coerente, a questões desafiadoras como a aplicação de solu-
ções consensuais a controvérsias tributárias, a utilização da mediação em litígios que envolvam 
o Poder Público, em conflitos escolares e questões socioambientais, e, inclusive, como uma 
alternativa à prisão do devedor de alimentos.
Trata-se de uma obra de grande relevo teórico e prático, que trata, corajosamente, de 
temas de grande repercussão e que podem ampliar significativamente o espectro de aplicação 
da conciliação e da mediação em nosso país.
Merece todos os aplausos a iniciativa dos Professores Fabiana Marion Spengler e Theo-
baldo Spengler Neto, muito bem executada por todos os seus colaboradores, por ter o grande 
mérito de procurar trazer respostas embasadas aos novos e variados desafios surgidos com a 
aplicação da conciliação e da mediação no Brasil. Trata-se de um projeto que congrega gra-
duandos, Mestres e Doutores, sendo resultado dos estudos e debates realizados durante os tra-
balhos do grupo de pesquisa “Políticas Públicas no tratamento dos conflitos”, da Universidade 
de Santa Cruz do Sul – UNISC.
Iniciativas como esta são as responsáveis por traçar caminhos seguros que todos nós 
8 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
possamos trilhar rumo à desejável valorização dos meios alternativos de solução de conflitos 
em nosso país e à inauguração de uma nova cultura pacifista e de consenso entre nós.
Parabenizo os coordenadores do projeto, Professores Fabiana Marion Spengler e Theo-
baldo Spengler Neto, e os autores Caroline Pessano Husek Silva, Ismael Saenger Durante, 
Helena Pacheco Wrasse, Guilherme Dornelles, Francisco Ribeiro Lopes, Lilian Thais Konzen, 
Marieli Trevisan, Charlise P. Colet Gimenez, Roberta Marcantônio, Josiane Caleffi Estivalet, 
Cássio Alberto Arend, Dianifer Moraes dos Santos, Luana Elisa Funck, Rodrigo Nunes Kops, 
Evelyn Caroline Jora, Ana Paula Zitzke, Daiana Queli Knod e Vanessa Gomes Ferreira, pelo 
belo trabalho realizado, ao tempo em que recomendo vivamente a sua leitura.
Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2014.
Flávia Pereira Hill
Mestre e Doutora em Direito Processual pela UERJ. Professora Adjunta de Direito Processual 
Civil da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Redatora-Chefe da Revista Ele-
trônica de Direito Processual – REDP. Tabeliã.
9Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
A CONCILIAÇÃO COMO ALTERNATIVA 
À JURISDIÇÃO ESTATAL NA BUSCA POR UMA 
JUSTIÇA EFETIVA E CÉLERE1
Caroline Pessano Husek Silva
Estudante de Direito na Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, RS, Brasil. Atualmente no oitavo semestre. 
Bolsista FAPERGS vinculada ao projeto de pesquisa intitulado “Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e media-
ção: a delimitação e a busca de outras estratégias na resolução de conflitos”, integrante do Grupo de Pesquisa: 
“Políticas Públicas no Tratamento de Conflitos”, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico 
e Tecnológico – CNPq, coordenado pela Professo ra Pós-Doutora Fabiana Marion Spengler e vice-liderado pelo 
Professor Mestre Theobaldo Spengler Neto. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4618305809219082. Endereço 
eletrônico: carolinehusek@hotmail.com.
Fabiana Marion Spengler
Pós-doutora em Direito, Doutora em Direito pelo programa de Pós-Graduação stricto sensu da Universidade do 
Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS – RS, mestre em Desenvolvimento Regional, com concentração na área Polí-
tico Institucional da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC – RS, Brasil, docente dos cursos de Graduação e 
Pós-Graduação lato e stricto sensu da última instituição, Líder do Grupo de pesquisa “Políticas Públicas no Trata-
mento dos Conflitos” certificado ao CNPQ, advogada. Endereço eletrônico: fabiana@unisc.br.
Ismael Saenger Durante
Estudante de Direito na Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, RS, Brasil. Atualmente no sexto semestre. 
Bolsista CNPq vinculada ao projeto de pesquisa intitulado “Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e mediação: a 
delimitação e a busca de outras estratégias na resolução de conflitos”, integrante do Grupo de Pesquisa: “Políticas 
Públicas no Tratamento de Conflitos”, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico – CNPq, coordenado pela Professo ra Pós-Doutora Fabiana Marion Spengler e vice-liderado pelo Pro-
fessor Mestre Theobaldo Spengler Neto. Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.
do?id=K4619338A6. Endereço eletrônico: ismaeldurante@hotmail.com
INTRODUÇÃO
Dentre os três poderes, o judiciário2 é o que vem sendo o maior alvo de preocupação em 
meio a teóricos e juristas. Por muito tempo se confiou aos tribunais e aos juízes todas as mazelas 
que emergiram da sociedade, passada e contemporânea. 
1 O presente texto foi produzido mediante pesquisa junto ao projeto: “Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e 
mediação: a delimitação e a busca de outras estratégias na resolução de conflitos”,financiado pelos recursos do 
Edital FAPERGS nº 02/2011 – Programa Pesquisador Gaúcho (PqG), edição 2011 e pelos recursos do Edital 
CNPq/CAPES nº 07/2011, processo nº 400969/2011-4.
2 O que se preconiza atualmente é que o Estado não é o único – e, algumas vezes, sequer o mais adequado – ente 
vocacionado para esta função, que pode muito bem ser exercida por particulares, algumas vezes com resultados 
mais proveitosos do que aqueles obtidos no âmbito judiciário”. (ARRUDA ALVIM NETO, 2011, p. 197).
10 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Afinal, o Poder Judiciário foi concebido para tal função, tendo em vista que a Consti-
tuição Federal de 1988 estabelece preceitos fundamentais de acesso à justiça e de a mesma ser 
célere e efetiva para dirimir os problemas a ele direcionados.
Entretanto, evidente está que o Judiciário encontra-se sobrecarregado e, deste modo, 
caminha a passos lentos para dissolução dos litígios que lhe são submetidos diariamente, isto 
decorre do grande aumento do número de conflitos que se apresentam atualmente, oriundos de 
uma cultura na qual não há espaço para o diálogo entre os litigantes.
Assim, os métodos alternativos à jurisdição, tais como a conciliação, fazem-se neces-
sários para auxiliar o Poder Judiciário nesta árdua tarefa de solucionar as lides, tendo em vista 
que objetivam atingir uma solução pacífica e voluntária do litígio que proporcione um acordo 
equitativo para as partes envolvidas. Logo, estes métodos são dotados de grande celeridade, 
dinamicidade e evitam que mais demandas cheguem à jurisdição estatal.
Mas é interessante lembrar que cabe ao jurisdicionado, a sociedade, fazer uma mudança 
de conceitos que acarretem em uma mudança social generalizada. É preciso que o cidadão veja 
em si a capacidade e a maturidade de resolver seus conflitos com base no diálogo e de um enten-
dimento mútuo entre as partes. É preciso entender que o Juiz não é um super-herói onipresente, 
pelo contrário. 
O entendimento deve partir da consciência de que seu problema apenas será mais um 
entre milhares e a celeridade, que não existiria no sistema atual, pode ser alcançada por outros 
meios.
Deste modo, abordar-se-á neste trabalho a conciliação como método eficaz para dirimir 
os mais variados tipos de litígios. Assim, o presente artigo possui como escopo primordial con-
ceituar conciliação e apresentar esta alternativa como meio adequado para diminuir a demanda 
do Poder Judiciário. Além disso, objetiva apresentar números, referentes à Semana Nacional da 
Conciliação realizada no Brasil, que confirmem a eficácia da conciliação como método alterna-
tivo à jurisdição estatal.
Para que se alcance uma apropriada compreensão acerca do assunto será exposto um 
texto de forma breve para que se atinja este objetivo. Assim, inicialmente, a crise atual da 
jurisdição estatal no Brasil será abordada para que se comprovem os motivos pelos quais é 
necessária a utilização da conciliação como meio propício no tratamento dos conflitos. Logo 
em seguida, será oferecido um breve conceito acerca do método aqui trabalhado. Por fim, a 
conciliação será apresentada, através dos Números da Semana Nacional da Conciliação, como 
instrumento apropriado para solucionar os mais diversos tipos de divergências.
Para tornar plausível a elaboração do presente artigo utilizou-se o método estrutura-
lista, o qual partiu da análise de um fenômeno concreto: a conciliação, elevando-se para um 
nível abstrato de discussão acerca dos elementos constitutivos e aplicáveis ao objeto em tela, 
retornando ao final, novamente, para o mundo concreto e a aplicabilidade da conciliação como 
11Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
forma de solucionar os conflitos. A técnica de pesquisa empregada foi a bibliográfica, tendo em 
vista que para a elaboração deste trabalho foram utilizados artigos, sites e livros dos quais foram 
abstraídos conceitos e definições imprescindíveis.
1 CRISE DA JURISDIÇÃO ESTATAL
Infelizmente, nos últimos anos, instaurou-se uma cultura alarmante na comunidade bra-
sileira sobre a necessidade de que todos os problemas que surgem no convívio social devem ser 
discutidos em uma sala de audiência. O cidadão esqueceu sua própria autonomia, entregando-a 
a um sistema que não consegue lidar de imediato com miudezas. Evidente que o inciso XXXV 
do art. 5º da Constituição Federal prevê o chamado princípio da inafastabilidade do Poder Judi-
ciário. A questão a ser levantada é justamente o quão ineficaz tal princípio se encontra quando 
o mesmo vem sofrendo certo abuso daqueles que visa proteger.
Quando se vai mais a fundo e se busca um início para o problema, talvez o mesmo se 
encontre justamente no surgimento e consagração de novos princípios e normas de direitos e 
garantias que definiram limites em uma esfera mais particular. Essas garantias nascem do dese-
jo da população recém-saída de um sistema de governo, que se utilizava da Constituição para 
satisfazer suas próprias necessidades. 
O cidadão precisava se sentir amparado pela lei e pelo Estado novamente, mas isso, 
infelizmente, tornou-se um comodismo. Cabem aqui algumas considerações de Lucas:
a consagração de novos direitos e de novos atores fez com que o conflito social se 
transmutasse da zona política para a seara judicial, campo legítimo para responder 
as demandas sociais que, agora em diante, também passam a ser questões jurídicas. 
Instala-se assim uma realidade paradoxal, caracterizada, ao mesmo tempo, pela con-
sagração formal de direitos sociais, provocadora de uma explosão de litigiosidade e 
pela incapacidade da estrutura judiciária em responder a essa mesma explosão, que 
por problemas de natureza organizacional, quer por problemas advindos da crise teó-
rica do modelo liberal de Jurisdição (2005, p. 174).
O legislador transformou problemas da vida cotidiana em problemas jurídicos, mas cabe 
à própria sociedade transmutar essa “deficiência”. Só porque tal garantia (trata-se aqui de ga-
rantias normativas que invadem a esfera privada) é encoberta pela lei, necessariamente precisa-
-se fazer uso da mesma para resolver um provável surgimento de litígio?
 
1.1. Uma Justiça Mecânica 
E se o conflito surgir (e vai) será que pode ser sanado em um órgão cuja mecanicidade 
impera em contraponto da razão e emoção que são intrínsecos ao problema social que emergiu?
12 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Continua Lucas:
[...] do mesmo modo, o judiciário foi estruturado para operar por meio de uma lógica 
racional-legal que nega a complexidade, que valoriza exageradamente as formalida-
des e os procedimentos decisórios de tempo diferido e que mascara a substancialidade 
dos conflitos sociais e econômicos pela adoção de fórmulas e conceitos reducionistas 
afinados com uma cultura de conservação do projeto liberal – individualista (2005, p. 
178).
 
O sistema atual de jurisdição torna-a fria e cada vez mais distante do jurisdicionado que 
pretendia ver seus problemas (e novamente, problemas de cunho mais emocional e afetivo) se-
rem tratados de forma diferente. O Poder Judiciário e seus representantes existem para validar 
e interpretar uma norma já existente. Uma norma que nasce de um rito automatizado, sendo 
assim, como sua aplicação poderia se sobressair de forma diferente? 
Vale ressaltar mais uma observação de Lucas (2005, p. 179) “o Poder Judiciário molda-
do pelo Estado moderno estabelece um conjunto de procedimentos decisórios de base racional-
-formal que negam a política e os conteúdos valorativos das demandas sociais”. Ou seja, para o 
judiciário pouco importa (em razão de sua quantidade massiva de casos) as razões de y ter um 
desentendimento com x. Ambos farão parte de mais uma das milhares de equações engavetadas 
nos cartórios judiciais.
1.2 Os problemas da Jurisdição
Segundo uma pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça em 2009,em seu 
relatório Justiça em Números, há cerca de 8.193 processos por magistrado, é como se cada um 
deles, para dar conta da demanda, tivesse que analisar 40 processos por dia. 
Este celebríssimo sistema estatal de justiça é lento e ineficaz para lidar com a quantidade 
massiva de casos e mais casos que se arquivam em seus gabinetes. Esses casos que surgem aos 
montes, devido ao fenômeno já mencionado, chocam-se contra a grande muralha burocrática 
criada pela justiça, e lá se estagnam.
Esmiuçando um pouco mais o problema que se vem enfrentando, Spengler (2012, p. 
20) delimita a crise do judiciário brasileiro em dois momentos: uma crise de identidade e uma 
quanto à eficácia. 
Como o problema de identidade, o judiciário (não só este, mas o Estado como um todo) 
vem notando que seu espaço, como o grande mediador de conflitos, está sendo reduzido por ou-
tros centros3 de poder que se mostram mais aptos a resolver problemas da sociedade moderna.
Continua ainda Spengler:
3 Surgimentos de ONGs, parcerias econômicas, movimentos sindicais e demais associações trabalhistas conseguem 
tratar o litígio (que tem como protagonistas estes mesmos centros e seus associados) de uma forma mais direta e 
com uma visão muito mais aguçada acerca dos reais interesses de ambos os lados.
13Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
não se pode perder de vista, também, que o aparato judicial para tratar os conflitos 
atuais serve-se de instrumentos e códigos muitas vezes ultrapassados, ainda que for-
malmente em vigor, com acanhado alcance e eficácia reduzida. Tal eficácia e alcance 
muitas vezes atingem somente os conflitos interindividuais, não extrapolando o do-
mínio privado das partes, encontrando dificuldades quando instado a tratar de direitos 
coletivos ou difusos (2012, p.20).
 Já na crise de eficiência, o judiciário se vê incapacitado de lidar de forma legítima e razoável 
com a complexa malha de litígios que emanam da sociedade contemporânea. É uma regra de 
oferta e demanda (por parte da jurisdição) cada vez mais desbalanceada e frágil. Dito isso, exis-
te ainda, entre os cidadãos mais marginalizados, uma total descrença da justiça uma vez que 
estes desconhecem por completo seus símbolos, ritos e sua linguagem complexa, ora, isso sem 
falar da demora de um processo que se estende por anos, desnorteando ainda mais o cidadão 
leigo quanto aos seus reais direitos.
Desdobrando-se ainda dentro da crise de eficácia, Spengler leciona mais alguns proble-
mas. Primeiramente, quanto à estrutura, “traduzida pelas dificuldades quanto à infraestrutura de 
instalações, de pessoal, de equipamentos e de custos.” (SPENGLER, 2012, p. 21). Um segundo 
momento é a chamada crise objetiva; já vista anteriormente, este segmento trata da linguagem 
extremamente formal usada no rito do processo, o grande problema a ser apontado é que muitas 
vezes a jurisdição atual põe o rito acima da resolução eficaz do próprio problema. 
Segue-se então com a crise subjetiva ou tecnológica que encara os problemas dos ope-
radores de direito tradicionais, com seus pensamentos já engessados e a dificuldade de se adap-
tarem ao dinamismo social presente. Pode-se olhar para a origem desse problema desde as 
grades curriculares das universidades com um modelo de aprendizado “mecânico e acrítico” 
desenvolvendo uma cultura focada apenas na leitura de manuais4.
O conflito é uma engrenagem importante da máquina judiciária, ao analisar e ao tentar 
buscar uma resolução para ele é que o direito se locomove, evoluindo e expandido seus con-
ceitos e ideias, claro que sempre acompanhando o contexto histórico/social da sociedade que 
lançará tais conflitos.
Já se podem sentir algumas mudanças. O próprio direito moderno que anseia uma cele-
ridade processual definitiva buscou e já encontrou formas de resolver litígios que por vezes não 
cabem na estrutura judiciária de imediato, neste cenário, encontra-se a conciliação, analisada a 
seguir, como exemplo de via célere e alternativa à jurisdição estatal.
2 CONCILIAÇÃO
Conforme o artigo 5ª, XXXV, da Constituição Federal de 1988 “a lei não excluirá da 
4 Faculdades de Direito, em boa hora, estão incluindo em seus currículos disciplinas sobre os meios alternativos de 
solução de conflitos, o que significa o início da mudança da maneira de se fazer justiça e se resgatar a paz social. 
Não há como o profissional do Direito ser agente de mudança nesse sentido, se teve uma formação baseada única 
e exclusivamente na cultura do litígio. E o advogado que solucionar conflitos que cheguem ao seu conhecimento 
através do acordo, além de estar dando solução mais rápida, pacífica e menos onerosa, estará sendo beneficiado, 
pois receberá seus honorários com mais rapidez e menos trabalho. (SILVA, 2008, p. 29).
14 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (BRASIL, 1988) assim, todos os 
cidadãos podem acionar o Poder Judiciário para reivindicar os direitos quando estes forem le-
sados ou simplesmente ameaçados. 
Entretanto, como já mencionado, a jurisdição estatal encontra-se sobrecarregada, em 
decorrência do grande número de demandas que lhe são submetidas cotidianamente, desta for-
ma, não consegue resolver de maneira célere e eficaz as pretensões dos cidadãos, fazendo surgir 
no seio da sociedade um grande sentimento de injustiça.
Neste cenário surge a conciliação como um método mais apropriado para aqueles que 
desejam que seus litígios sejam solucionados com maior rapidez e baixo custo operacional, por 
exemplo. Pode-se, em síntese, afirmar que a conciliação é um meio através do qual um terceiro 
apresenta sugestões e opiniões relativas ao conflito, cabendo às partes aceitarem-nas ou não 
(SPENGLER; OLIVEIRA, 2013).
Segundo Calmon (2008, p. 142): 
entende-se como conciliação a atividade desenvol vida para incentivar, facilitar e au-
xiliar a essas mesmas partes a se autocomporem, adotando, porém, metodo logia que 
permite a apresentação por parte do concilia dor, preferindo-se, ainda, utilizar este 
vocábulo exclusi vamente quando está atividade é praticada diretamen te pelo juiz ou 
por pessoa que faça parte da estrutura judiciária especificamente destinada a este fim.
Assim, a conciliação apresenta-se como método alternativo à jurisdição estatal e seu 
principal escopo é a realização de um acordo, buscando, desta forma, que não haja a continua-
ção do litígio. Vale destacar que a conciliação 
pode ser utilizada em quase todos os casos: pensão alimentícia, divórcio, desapropria-
ção, inventário, partilha, guarda de menores, acidentes de trânsito, dívidas em bancos 
e financeiras e problemas de condomínio, entre vários outros. (2014, www.cnj.jus.br).
Entretanto, 
 
não existe possibilidade de utilizar a conciliação para os casos envolvendo crimes 
contra a vida (homicídios, por exemplo). E também nas situações previstas na Lei 
Maria da Penha. (Ex.: denúncia de agressões entre marido e mulher). (2014, www.
cnj.jus.br).
Percebe-se assim que a conciliação pode ser utilizada para se atingir um acordo para os 
mais variados tipos de conflitos, entretanto, este método é utilizado, geralmente, no tratamento 
de litígios em que “as partes não possuam uma relação contínua, deste modo, existe a possibili-
dade de pôr um fim ao litígio ou até mesmo ao processo judicial de forma mais rápida e direta” 
(SPENGLER; SILVA, 2013, p. 135). 
Segundo Silva,
15Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
a conciliação é, também, uma forma de resolução de controvérsias na relação de inte-
resses, administrada por um conciliador, a quem compete aproximá-las, controlar as 
negociações, aparar as arestas, sugerir e formular propostas, apontar vantagens e des-
vantagens, objetivando sempre a composição do conflito pelas partes. (2008, p. 26).
Pode-se notar que, na conciliação, existe a presença de um terceiro intermediário,de-
signado como conciliador, a tarefa deste é de suma importância e a ele cabe intervir de forma 
ativa na solução do litígio, podendo, desta forma, apresentar os pontos positivos e negativos do 
possível acordo. Importante destacar que compete ao conciliador objetivar sempre que as partes 
alcancem uma solução que coloque um fim real ao seu imbróglio. 
Assim, percebe-se que neste método não cabe jamais qualquer imposição, ou seja, cabe 
aos conciliadores a tarefa de tão somente realizar sugestões e/ou propor algum acordo que en-
cerre o litígio, entretanto, como já mencionado, são as partes que possuem o poder de aceitar ou 
não a possível solução dos seus conflitos.
Vale destacar que a conciliação apresenta-se como um método alternativo capaz de so-
lucionar tanto demandas jurídicas quanto extrajudiciais. Assim, quando já existe um processo, 
basta que um dos envolvidos no litígio demonstre a vontade de conciliar, isto é, a intenção de 
realizar um acordo. Em seguida, será marcada uma audiência e nesta as partes terão a oportu-
nidade, juntamente com o conciliador, de alcançarem uma convenção que satisfaça a todos os 
envolvidos. (2014, www.cnj.jus.br).
Entretanto, cabe também a chamada conciliação pré-processual que ocorre nos casos em 
que o conflito ainda não foi judicializado. Desta maneira, podem as partes atingir um resultado 
que coloque um fim real ao conflito em questão. (2014, www.cnj.jus.br).
Através da conciliação, busca-se que a sociedade adquira uma cultura em que os cida-
dãos entendam que o diálogo entre os litigantes é a melhor opção para que se chegue a uma 
solução satisfatória para todos os envolvidos, tendo em vista que além dos diversos aspectos 
positivos aqui demostrados, ocasiona também uma grande satisfação para as partes.
Logo, pode-se perceber que a conciliação encaixa-se no papel de auxiliar do Poder 
Judiciário, fazendo com que os mais diversos tipos de conflitos, que poderiam demorar anos 
para serem solucionados pela via tradicional, sejam positivamente solucionados. Assim, sem 
dúvida, a conciliação está a cada dia se solidificando como método alternativo eficaz, rápido e 
satisfatório para solucionar litígios das mais diversas searas5.
5 A Conciliação resolve tudo em um único ato, sem necessidade de produção de provas. Também é barata porque 
as partes evitam gastos com documentos e deslocamentos aos fóruns. E é eficaz, porque as próprias partes chegam 
à solução dos seus conflitos, sem a imposição de um terceiro (juiz). É, ainda, pacífica, por se tratar de um ato 
espontâneo, voluntário e de comum acordo entre as partes. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/programas-de-a-
a-z/acesso-a-justica/conciliacao. Acesso em: 04 jul. 2014.
16 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
2.1 Principais diferenças entre a conciliação e mediação
Como já mencionado, o Judiciário encontra-se sobrecarregado, não conseguindo satis-
fazer as pretensões dos cidadãos de maneira eficaz. Logo, a mediação e a conciliação, vistas 
como métodos alternativos, se fazem cada vez mais necessárias como trajeto alternativo ao 
Poder Judiciário. Estes meios devem servir para auxiliar a Jurisdição Estatal para que haja um 
adequado andamento das soluções dos conflitos. 
Entretanto, é indispensável diferenciar estes métodos alternativos6 para que se possa 
aplicá-los corretamente, sempre tendo em vista que estes se assemelham por se tratarem de 
meios em que as partes devem voluntariamente chegar a um acordo que venha a atender as 
necessidades de todos os litigantes. 
Tanto a mediação quanto a conciliação buscam a realização de um acordo de vontades, 
entretanto, diferenciam-se no caminho trilhado, para que seja alcançado este escopo.
A mediação é um meio de solucionar conflitos, neste método existe a figura de um ter-
ceiro, denominado mediador, o qual não está envolvido no litígio. A tarefa deste é tão somente 
facilitar o diálogo entre os litigantes e que assim estes possam estabelecer a melhor dissolução 
para seus problemas. 
Conforme o Conselho Nacional de Justiça:
a Mediação pode ser mais demorada e até não terminar em acordo, como sempre 
acontece na Conciliação. Mas, mesmo assim, as partes têm considerado a Mediação 
bastante positiva, pois, ao final dos debates, os envolvidos estão mais conscientes e 
fortalecidos. (2014, www.cnj.jus.br).
Assim, percebe-se que o principal objetivo da mediação não é chegar a um acordo, mas 
sim restabelecer o diálogo entre as partes e satisfazer os interesses e necessidades daqueles 
que estão envolvidos no conflito. Logo, a mediação, geralmente, pode ser mais demorada, se 
comparada à conciliação, e até mesmo não terminar em acordo. Entretanto, mesmo que não se 
chegue a uma convenção final, as partes saíram ganhando de algum modo.
Na mediação, os litigantes devem chegar a uma avença sem que haja a interferência 
do mediador7, assim estes devem chegar a um acordo voluntariamente e sozinhos. Percebe-se 
assim que a função deste terceiro é, como já visto, reestabelecer o diálogo entre as partes, não 
devendo, portanto, conduzir algum acordo, julgar ou aconselhar as partes, pois, deste modo, a 
mediação seria confundida com a conciliação.
6 A conciliação é conhecida e utilizada em todo o País e, a partir da “Semana da Concilia ção”, ganhou novo 
impulso e mais adeptos. Diferencia-se, pois, a mediação da conciliação pelo fato de que na segunda o tratamento 
dos conflitos é superficial, encontrando-se um resultado, muitas vezes parcialmente satisfatório. Já na primeira, 
existindo acordo, este apresenta total satisfação dos media dos. (SPENGLER, 2014, p. 42).
7 Neste sentido, conforme Spengler, “isso se dá porque a mediação é uma arte na qual o mediador não pode se 
preocupar em intervir no conflito, oferecendo às partes liberdade para tratá-lo” (2014, p. 54).
17Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Observa-se assim que a tarefa do mediador é de suma importância, pois a ele cabe a 
difícil missão de manter o equilíbrio entre as partes, detentoras da capacidade decisória. 
Tendo em vista as semelhanças existentes entre a mediação e a conciliação, estes dois 
institutos são frequentemente confundidos. Assim, é fundamental a diferenciação destes con-
ceitos. 
Expõe Spengler que
a diferença fundamental entre conciliação e mediação reside no conteúdo de cada 
institu to. Na conciliação, o objetivo é o acordo, ou seja, as partes, mesmo adversárias, 
devem chegar a um acordo para evitar o processo judicial ou para nele pôr um pon-
to final, se por ventura ele já existe. Na conciliação, o conciliador sugere, interfere, 
aconselha, e na mediação, o mediador facilita a comunica ção sem induzir as partes ao 
acordo. Na conciliação, resolve-se o conflito exposto pelas partes sem analisá-lo com 
profundidade. (2014, p. 104).
Em síntese, pode-se afirmar que “na conciliação, o conciliador sugere, interfere, acon-
selha, e na mediação, o mediador facilita a comunicação sem induzir as partes ao acordo” 
(SPENGLER, 2010, p. 36). Logo, pode-se compreender que o terceiro envolvido na concilia-
ção, denominado conciliador, poderá intervir de forma ativa no acordo, diferentemente do que 
acontece na mediação.
Desta forma, na conciliação também existe a figura de um terceiro, contudo, este poderá 
apresentar os pontos positivos e negativos da possível avença, tendo sempre como objetivo a 
solução do conflito. 
Conforme Cahali, a conciliação é mais adequada
à solução de conflitos objetivos, nos quais as partes não tiveram convivência ou vín-
culo pessoal anterior, cujo encerramento se pretende. O conflito é circunstancial, sem 
perspectiva de gerar ou restabelecer uma relação continuada envolvendo as partes. 
Exemplos usuais de situações em que a conciliação é recomendada são: acidentes de 
trânsito e responsabilidade civil em geral; divergências comerciais entre consumido 
e fornecedor do produto, entre clientes e prestadora de serviços, etc. (2011,p. 37).
Importante destacar que a mediação possui como escopo principal reconstituir o diálo-
go entre os litigantes, sem esquecer que existe entre estes uma relação anterior ao embate que 
precisa ser mantida e conservada. Por outro lado, na conciliação, via de regra, não há qualquer 
relacionamento próximo e contínuo, podendo, assim, buscar um fim imediato à divergência8. 
8 Longe de pretender apresentar distinções definitivas entre formas autocompositivas de solução de conflitos, é 
importante trazer algumas reflexões distintivas entre conciliação e mediação, a partir dos vínculos e relações entre 
as partes. A conciliação, em um dos prismas do processo civil brasileiro, é opção mais adequada para resolver si-
tuações circunstanciais, como uma indenização por acidente de veículo, em que as pessoas não se conhecem (o 
único vínculo é o objeto do incidente), e, solucionada a controvérsia, lavra-se o acordo entre as partes, que não mais 
vão manter qualquer outro relacionamento; já a mediação afigura-se recomendável para as situações de múltiplos 
vínculos, sejam eles familiares, de amizade, de vizinhança, decorrentes de relações comerciais, trabalhistas, entre 
outros. Como a mediação procura preservar as relações, o processo mediacional bem como conduzido permite a 
18 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Vale ressaltar que os acordos alcançados através da conciliação ou da mediação possuem 
validade jurídica. Assim, caso uma das partes não venha a cumprir o que foi convencionado 
através da utilização destes métodos, a parte prejudicada poderá recorrer à Jurisdição Estatal. 
Logo, é fácil perceber a eficácia da conciliação, assim, o Estado, através do Conselho 
Nacional de Justiça, lançou a campanha denominada “Semana Nacional da Conciliação” para 
que este método seja amplamente difundido na cultura jurídica brasileira e se possa pôr em 
prática a sua real celeridade.
3 EFICÁCIA DA UTILIZAÇÃO DA CONCILIAÇÃO ATRAVÉS DE RESULTADOS 
PRÁTICOS OBTIDOS NA SEMANA NACIONAL DA CONCILIAÇÃO NOS ÚLTIMOS 
TRÊS ANOS
Em decorrência da atual deficiência em que se encontra o Poder Judiciário, consequên-
cia do acúmulo de demandas, cada vez mais a sociedade clama por meios de dirimir os conflitos 
de maneira mais célere e eficaz. 
Assim, o Concelho Nacional de Justiça (CNJ) criou a “Semana da Conciliação”. Essa 
iniciativa acontece anualmente como resultado das ações do CNJ e dos tribunais que visam com 
este instituto incrementar a cultura do diálogo no país. (2014, www.cnj.jus.br).
Conforme o CNJ, a Semana Nacional da Conciliação
trata-se de campanha de mobilização, realizada anualmente, que envolve todos os 
tribunais brasileiros, os quais selecionam os processos que tenham possibilidade de 
acordo e intimam as partes envolvidas para solucionarem o conflito. A medida faz 
parte da meta de reduzir o grande estoque de processos na justiça brasileira. (2014, 
www.cnj.jus.br).
Para que um processo integre a Semana Nacional da Conciliação é necessário que os 
tribunais participantes o selecionem, vale destacar que somente serão escolhidos aqueles casos 
em que existam chances de se obter um acordo9. Entretanto, todos aqueles cidadãos que tenham 
desejo de ter seu litigio incluído na campanha podem procurar com antecedência o tribunal em 
que seu processo tramita. (2014, www.cnj.jus.br).
manutenção dos demais vínculos, que continuam a se desenvolver com naturalidade durante e depois da discussão 
da causa. (BACELLAR, 2011, p. 35-36).
9 As conciliações pretendidas durante a Semana são chamadas de processuais, ou seja, quando o caso já está na 
Justiça. No entanto, há outra forma de conciliação: a pré-processual ou informal, que ocorre antes do processo ser 
instaurado e o próprio interessado busca a solução do conflito com o auxílio de conciliadores e/ou juízes. (CNJ. 
Disponível em: http://www.cnj.jus.br/programas-de-a-a-z/acesso-a-justica/conciliacao. Acesso em: 10 jul. 2014). 
19Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
A Semana da Conciliação utilizando-se de frases de impacto, tais como: “Quem concilia 
sempre sai ganhando” e “Conciliar é Legal”, conseguiu se fortalecer e, felizmente, hoje está 
difundida em todo país.
Sua duração difere a cada ano. No ano de 2011, a campanha durou 5 dias, já em 2012, 
a duração foi de 8 dias, a maior dos últimos anos. Vale destacar que inicialmente, em 2006, a 
campanha chamava-se “Dia Nacional da Conciliação”, tendo em vista que ocorria somente em 
um único dia. 
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
A Semana da Conciliação conta com uma força de trabalho que envolve magistrados, 
juízes leigos, conciliadores e entre outros colaboradores10. O ano de 2012 foi o que contou com 
10 A Semana da Conciliação envolve um número grande de magistrados e colaboradores, o que mui tas vezes significa 
20 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
a maior força de trabalho, sendo este número expressamente superior aos outros anos. Pode-se 
perceber que este valor elevado traz impacto no número de pessoas atendidas por participante, 
como se pode observar:
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
 
gastos consideráveis e um acúmulo de processos a serem movimentados e julgados nos dias que antecedem a tal 
semana (organização e preparação), nos dias de sua realização (em função das audiências) e posteriormente (no 
momento de tabular e informar dados). O ideal seria que a conciliação fosse proposta e realizada por profissionais 
autônomos, preparados especialmente para o cargo e, tal como a previsão para os mediadores, remunerados para 
tanto. Essa alternativa evitaria o desvio da função de serventuários e especialmente magistrados, cuja principal 
incumbência é julgar. (SPENGLER, 2014, p. 37).
21Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
O maior número de pessoas atendidas na Semana da Conciliação foi constatado no ano 
de 2011, mas este índice se mantém com baixas quedas na comparação entre os anos de 2011 
e 2013.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
A cada ano o número de acordos efetivados vem crescendo. Assim, conforme o gráfico 
abaixo, observa-se que no ano de 2013 este número foi significativo:
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
A Justiça Federal é a que conta com a maior porcentagem de acordos efetivados, haven-
22 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
do inclusive um aumento significativo a cada ano. Por outro lado, a Justiça do Trabalho é a que 
possui a menor porcentagem. Essa diferença talvez ocorra pelo tipo de litígio que tramita em 
cada Justiça, tendo em vista que na Justiça Comum são menores os impedimentos legais para 
que se realize a conciliação:
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
Importante também destacar o comparativo entre o número de audiências marcadas e 
realizadas11 no decorrer destes últimos três anos, observando que houve um aumento no número 
destas, se comparado ao decréscimo do número daquelas:
11 Conforme Spengler, as audiências marcadas e não realizadas são “um entrave, uma vez que cada audiência 
marcada e não realizada significa um possível acordo não feito em outro processo que não teve oportuni dade de 
passar pela conciliação”. (2014, p. 38).
23Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
 
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
Em uma análise geral, os resultados alcançados pela Semana da Conciliação são positi-
vos e a cada ano vêm sendo obtidosporcentagens maiores. Assim, com os dados apresentados, 
percebe-se que esta campanha lançada pelo CNJ vem, ano após ano, fortalecendo-se e sendo 
difundida no país, auxiliando assim, para que os meios alternativos à jurisdição ganhem força 
na cultura, esta que, muitas vezes, influencia para que o diálogo perca lugar para o conflito. 
CONCLUSÃO
O Estado Brasileiro, através do Poder Judiciário, enfrenta, atualmente, uma crise advin-
da da sobrecarga de demandas que lhe são submetidas cotidianamente. Logo, este não consegue 
24 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
solucionar de modo eficaz todas as pretensões, fazendo surgir um sentimento de injustiça nos 
cidadãos ao verem que seus anseios não estão sendo analisados como deveriam, tendo em vista 
que a gama de direitos assegurados na legislação não é efetivamente cumprida e garantida jus-
tamente por aquele que possui como missão tal compromisso.
A busca por soluções eficazes e céleres se tornou o escopo na sociedade atual, munida 
de intensa atividade social. Neste cenário, surge a conciliação como método alternativo ao tra-
tamento de litígios. 
Quando se está diante de um conflito e se pretende solucioná-lo, via de regra, existem 
dois caminhos aptos a serem seguidos. O primeiro, e tradicional, será a busca pela jurisdição 
estatal, a qual irá julgar o embate, impondo, assim, uma decisão. Já na segunda via, encontra-se 
a autocomposição, isto é, um trajeto alternativo em que se aplicarão técnicas diversas para que 
os litígios sejam solucionados de forma célere e eficaz – como exemplo desta modalidade en-
contram-se a conciliação e a mediação. 
A diferenciação entre mediação e conciliação é significante e de suma importância. 
Assim, pode-se apresentar a conciliação como um meio alternativo em que as partes buscam 
a solução do seu litígio com o auxílio de um terceiro imparcial, denominado conciliador, que 
deve auxiliar os litigantes a chegarem a um acordo satisfatório para todos. Este método é mais 
utilizado para relações não contínuas, nas quais se pode colocar um fim imediato ao embate. 
Já na mediação, as partes devem alcançar uma avença sem a interferência direta do ter-
ceiro, denominado de mediador. Além disso, este método é mais empregado para relações con-
tínuas, em que seja imprescindível manter e conservar o relacionamento das partes. Percebe-se 
assim que o mediador não possui um papel ativo quanto à constituição do acordo.
O gradativo aumento do número de conflitos que se apresentam no cenário nacional tem 
acarretado o exaurimento do Poder Judiciário, fazendo com que a via tradicional de resolução 
de conflitos não mais acompanhe os anseios da sociedade contemporânea. 
Assim, neste panorama, a conciliação deve ser vista como aquele método que visa pro-
porcionar uma prática alternativa à jurisdição estatal. Além disso, este meio vem ganhando cada 
vez mais um papel de destaque no que tange a solução de conflitos, pois atende às pretensões 
dos cidadãos ao solucionar seus embates de forma rápida, eficaz e com baixo custo, se confron-
tado com o Poder Judiciário. 
Logo, a conciliação apresenta-se como uma via alternativa e eficaz, conforme os nú-
meros apresentados na Semana Nacional da Conciliação, para dirimir os mais diferentes tipos 
de litígios e, desta forma, adapta-se impecavelmente na função de caminho auxiliar ao Poder 
Judiciário, tendo em vista que colabora para desafogar esta função imprescindível para o bom 
desenvolvimento da sociedade atual. 
25Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
REFERÊNCIAS
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Spengler.
27Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
O FÓRUM MÚLTIPLAS PORTAS E OS POSSÍVEIS 
CAMINHOS PARA SOLUCIONAR OS CONFLITOS
Helena Pacheco Wrasse
Aluna do 10º semestre (graduanda) do curso de Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, integrante 
do Grupo de Pesquisas: Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e mediação: a delimitação e a busca de outras estra-
tégias na resolução de conflitos.
Guilherme Garibaldi Dornelles
Aluno do 8º semestre do curso de Direito da Universidade de Santa Cruzdo Sul – UNISC, integrante do Grupo 
de Pesquisas: Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e mediação: a delimitação e a busca de outras estratégias na 
resolução de conflitos.
INTRODUÇÃO 
As relações sociais são marcadas por duas situações distintas: a harmônica e a conflitiva. 
Tem-se a primeira como a regra e a segunda como a exceção. A exceção acontece quando não 
se alcança o equilíbrio social e a igualdade. Dessa forma, busca-se a ordem e a estabilidade 
através da norma jurídica e do contrato social. E, quando não ocorre o cumprimento espontâneo 
de ambos, cabe ao Estado a tarefa de solucionar os conflitos sociais.
O Estado (detentor do monopólio jurisdicional) designou o Poder Judiciário como sen-
do a tradicional instituição para resolver controvérsias. No entanto, essa instituição se encontra 
em desequilíbrio decorrente das dificuldades e perturbações enfrentadas pelo Estado.
Nesse contexto foi introduzido o Fórum Múltiplas Portas como meio eficaz de tratamen-
to de conflitos. O Fórum consiste basicamente na análise da controvérsia e no encaminhamento 
dela para a alternativa (“porta”) considerada adequada para o tratamento daquela problemática. 
São apresentadas como “portas” as seguintes alternativas: a adjudicação, a arbitragem, a media-
ção, a negociação, a conciliação, o julgamento privado, a análise neutra dos fatos através de um 
perito, o mini-trial, o ombudsman, summary jury trial e o med-arb ou arb-med.
1 CARACTERÍSTICAS E FUNCIONAMENTO
Foi em uma Conferência realizada nos Estados Unidos, em 1976, através do trabalho do 
Professor Frank Sander da Universidade de Harvard que a sistematização do Fórum Múltiplas 
Portas ocorreu. O trabalho do Professor Sander se intitulava Varieties of Dispute Processing 
28 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
(BARBOSA, 2003) e abordava a possibilidade de introduzir no Poder Judiciário americano 
“múltiplos mecanismos de resolução de conflitos por meio de métodos alternativos” (NUNES; 
SALES, 2010, p. 217). 
De uma forma básica, a estrutura do Fórum se dá da seguinte maneira: a partir do conhe-
cimento do conflito é realizada uma análise do mesmo, tentando identificar qual a forma mais 
eficaz de tratá-lo. Uma vez feita a triagem, ele é encaminhado para uma das “portas”, ou seja, 
para o mecanismo que melhor lhe convier.
A princípio, cabe ressaltar que não existe uma determinação exata quanto aos proce-
dimentos adequados a serem usados em um fórum de múltiplas portas, apenas alguns 
cuja utilização é comum dentro do sistema. Portanto, outros métodos poderiam ser 
criados e utilizados com ligeiras adaptações (BARBOSA, 2003, p. 250).
Trata-se de uma ideia aparentemente simples: encaminhar o conflito para a alternativa/
opção adequada para solucionar o problema. Contudo, é extremamente complexa a sua execu-
ção, considerando que deve ser realizada a seleção dos casos. 
De acordo com Goldberg, Sander, Rogers e Cole (2007) existem quatro procedimentos 
“primários” de resolução de conflitos, são eles: a adjudicação, a arbitragem, a mediação e a 
negociação, por outro lado, ainda que não conste nessa classificação, mais um método ampla-
mente difundido no Brasil e nos Estados Unidos é a conciliação (BARBOSA, 2003). Os autores 
também apresentam cinco modalidades denominadas “híbridas”, que resultam da combinação 
ou mescla dos sistemas primários, quais sejam: o julgamento privado, a análise neutra dos fatos 
através de um perito, o mini-trial, o ombudsman e o summary jury trial. Dentre os híbridos, 
também é defendido pelos autores o procedimento intitulado med-arb ou arb-med, resultado da 
combinação da mediação e da arbitragem.
Mesmo havendo essa distinção entre primários e híbridos, é importante destacar que 
“não há hierarquia ou prevalência entre eles, nem entre eles e o poder Judiciário. A proposta é 
que se visualize a adequação ao caso concreto, ao conflito que por se caracterizar distinto re-
quer mecanismos diversos de resolução” (NUNES; SALES, 2010, p. 218). Dessa forma, feita a 
devida triagem, o objetivo é encaminhar o conflito para a “porta” que lhe for a mais apropriada. 
No caso do conflito não se adequar a nenhuma, ele será encaminhado para o procedimento de 
adjudicação, qual seja, o Poder Judiciário.
Não existe a necessidade de se ofertar todos os mecanismos mencionados para que o 
Fórum seja denominado Múltiplas Portas: pode acontecer de um Fórum disponibilizar somente 
a mediação e a arbitragem como alternativas ao Judiciário. Tem-se a possibilidade de um Fórum 
que disponha de métodos entendidos como mais eficazes em face da realidade social e da cul-
tura da região ou país em que são aplicados ou difundidos. A ideia da criação do Fórum, apesar 
de nascida nos Estados Unidos, pode ser usada e adaptada em diversos países. 
29Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
“O fórum de múltiplas portas é talvez o mecanismo de institucionalização sistemática 
dos métodos alternativos de resolução de disputas mais abrangente no âmbito do setor público” 
(BARBOSA, 2003, p. 248). A esse respeito, acredita-se que se houvesse a implementação do 
Sistema Múltiplas Portas no Brasil, este iria aprimorar a prestação jurisdicional, tornando-a 
mais ajustada à realidade das partes e contribuindo para a construção de soluções e tratamentos 
mais céleres e eficazes. Visto que se trata de um Sistema com um funcionamento diferenciado.
A maior particularidade do Múltiplas Portas se dá em sua fase inicial, na qual os confli-
tos são analisados e distribuídos para a “porta” na qual terão maior chance de êxito no seu trata-
mento. Por exemplo, no caso de uma situação envolvendo familiares e relações continuadas, o 
encaminhamento será diverso daquele proferido em uma circunstância na qual configura como 
parte uma instituição bancária ou pessoas que nem se conheçam. Essa racionalização da solu-
ção das controvérsias é o que faz a diferença, pois visa achar o procedimento mais compatível 
com o problema, conseguindo assim ampliar as vantagens e chances de êxito e, por conseguin-
te, reduzir as desvantagens. 
Ainda nessa linha de raciocínio, é importante considerar que
o número de métodos alternativos oferecidos pelas cortes varia muito, desde um ou 
dois além do jurídico-tradicional, até uma ampla gama de procedimentos. A utilização 
de poucos procedimentos permite concentrar energias e recursos em programas de de-
senvolvimento desses processos para lograr alta qualidade nos métodos selecionados. 
[...]. A utilização de vários procedimentos permite uma maior adaptabilidade destes 
às necessidades particulares de cada controvérsia. Entretanto, cria o risco de criação 
de programas sem a qualidade necessária para contribuir para o desenvolvimento do 
Judiciário (BARBOSA, 2003, p. 256).
Entende-se que é viável a ocorrência/oferecimento de mais métodos em um único Sis-
tema, no entanto, deve-se ter mais cautela ao se lidar e administrar um Fórum Múltiplas Portas 
com essas características. Nesse sentido, cabe destacar, que os métodos alternativos de resolu-
ção de controvérsias não são estanques e também, que não se trata de um rol taxativo. A difi-
culdade e ao mesmo tempo a beleza desse Sistema é que é permitida a flexibilização no senso 
de apropriar o procedimento ao problema. Sendo assim, é muito trabalhosa a fase de triagem, 
devendo-se definir parâmetros e meios de identificar as causas do conflito, a fim de ser realizada 
a devida distribuição, além disso, muitas vezes, o verdadeiro problema, gerador da controvér-
sia, encontra-se mascarado em meio a outros. Outrossim, por permitir que sejam feitas com-
binações de procedimentos é que se diz não haver um rol taxativo. Seria o caso dos processos 
híbridos, que para melhor tratarem o verdadeiro problema, surgiram de ajustes realizados entre 
outros métodos preexistentes.
Dependendo do tribunal em que o Sistema estiver estabelecido, o encaminhamento po-
derá ser feito de diferentesmaneiras, como, por exemplo, a partir da análise dos tipos de con-
trovérsias ou levando em consideração o valor atribuído a causa. Pode acontecer das próprias 
30 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
partes quererem participar de um determinado mecanismo ou do juiz indicar um que achar ser 
apropriado ao caso. Ou ainda, da triagem ocorrer por meio de funcionários capacitados para 
tanto (BARBOSA, 2003).
Nesse propósito, dentre as “portas” utilizadas, encontram-se aquelas fundamentadas nos 
princípios da autocomposição e aquelas baseadas na heterocomposição. Ter essa noção é essen-
cial no momento de avaliar o caminho que será destinado ao conflito em questão. Basicamente, 
o que se tem na autocomposição é a tentativa das próprias partes de comporem uma solução 
para o problema. Já na heterocomposição existe a intervenção de um terceiro que auxilia na 
resolução da disputa.
Também é interessante referir quanto à voluntariedade ou compulsoriedade de partici-
pação nesses procedimentos. Alguns tribunais encaminham os casos para os métodos alternati-
vos de forma obrigatória, sendo as pessoas compelidas a participar; outros o fazem de maneira 
voluntária, ou seja, consideram a opinião das partes quanto à oposição ou à anuência em fazer 
parte daquele procedimento. Há, ainda, aqueles que defendam uma conciliação dessas duas 
correntes, tendo-se um tribunal misto, que para em certos tipos de casos se tenha a obrigatorie-
dade e para outros não. 
Nota-se que muitas são as variáveis a serem consideradas na hora de realizar o enca-
minhamento do problema à saída considerada mais justa, além do que são diversas as formas 
de funcionamento e adaptações permitidas nos tribunais para que estes desenvolvam o Fórum 
Múltiplas Portas. Por isso, muito depende do tribunal e do lugar onde esse se encontra para se-
rem estabelecidas as estratégias de administração do Fórum que ali se pretender situar.
A partir do exposto, é possível compreender o que se objetiva com a aplicação e desen-
volvimento de um Sistema como esse, cunhado na especialidade e na humanização das contro-
vérsias. Através dele cria-se uma série de alternativas, que busca satisfazer os anseios das par-
tes, tenta-se proporcionar àquele ambiente no qual a pessoa se sinta confortável para enfrentar/
lidar com o seu problema. Não se trata apenas de uma solução para desafogar o Judiciário, mas 
também, de um meio que possibilita o atendimento dos anseios sociais. 
Dessa forma, com a pretensão de explorar a aplicabilidade do Fórum Múltiplas Portas 
no cenário brasileiro é o item que segue.
2 AS “PORTAS” UTILIZADAS PARA O TRATAMENTO DOS CONFLITOS
Agora, com uma ideia geral do que trata e de como funciona o Fórum Múltiplas Portas é 
pertinente fazer uma apresentação e conceituação das “portas” que compõem essa sistemática, 
a fim de que sejam compreendidas quanto ao seu procedimento e quanto à forma de conduta 
de cada um dos seus participantes, dando um enfoque àquelas mais conhecidas e difundidas no 
Sistema de Justiça Brasileiro, quais sejam: a negociação, a mediação, a conciliação, a arbitra-
31Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
gem e a adjudicação. 
2.1 Negociação
Dessa feita, começar-se-á com a negociação, que é a forma mais comum de tratamento 
de conflitos. Ela funciona diretamente entre os interessados, não havendo a intervenção de ter-
ceiros. Sendo assim, “os envolvidos buscam a solução por eles mesmos, por meio da conversa” 
(NUNES; SALES, 2010, p. 218), classificando-se como um mecanismo autocompositivo, ba-
seado na exposição daquilo que se pensa e se quer e na escuta dos interesses do outro, preten-
dendo-se uma resolução.
Segundo Goldberg, Sander, Rogers e Cole (2007), a negociação é essencialmente vo-
luntária e havendo o consenso, confeccionar-se-á um contrato entre as partes, não existindo a 
figura de um terceiro facilitador; normalmente é informal e não há instrução, não está vincu-
lada à apresentação de provas e evidências, o que se objetiva é o acordo mútuo. Negociação é 
comunicação com um propósito persuasivo: negocia-se sobre quase tudo, desde onde sair para 
jantar com os amigos, que filme assistir no cinema e assim por diante. Muitos dos casos que 
chegam aos escritórios de advocacia seriam facilmente resolvidos por meio da negociação entre 
as partes.
Existem muitas técnicas que podem ser úteis na hora de negociar: fazer uma oferta ini-
cial maior do que a que se deseja, quando for do seu interesse deixar que a outra pessoa faça a 
primeira proposta; esclarecer desde o início as suas principais demandas; fazer com que a outra 
pessoa se comprometa primeiro e, no caso do advogado, ele deve deixar claro para o seu cliente 
o que está sendo acordado; fazer com que o adversário se sinta bem com o que está sendo tra-
tado, dentre outras. 
Na cultura do litígio,11objetiva-se ganhar1 sempre, o caso só é bom ou vantajoso para si 
se o outro perder. Esse tipo de comportamento deveria ser desincentivado na sociedade, visto 
que um bom acordo pode ser metade pra si, metade para o outro.
Dentre as características da negociação, pode-se mencionar que se trata de um méto-
do que objetiva a comunicação bilateral, valorizando assim, a importância do diálogo para 
se chegar ao acordo (flexibilidade) e, funcionando dessa forma ela possibilita a produção de 
resultados e benefícios prolongados/duradouros para os partícipes. Também é interessante, no 
momento em que se pretender uma negociação, estabelecer estratégias, como: “a) objetivos 
tangíveis; b) objetivos emocionais e simbólicos; c) resultados desejados; d) impactos esperados 
nos relacionamentos” (DANTE; ALMEIDA, 2006, p. 20). Nesse viés, tem-se o planejamento 
da negociação e, para tanto, é fundamental a observação de certos requisitos: a) separar as pes-
soas do problema; b) concentrar-se nos interesses; c) buscar alternativas de ganhos mútuos; d) 
encontrar critérios objetivos (DANTE; ALMEIDA, 2006, p. 21, 22).
1 Cultura do litígio é a cultura do conflitar, do discutir, do brigar. É o contrário de consenso.
32 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Os autores Dante e Almeida (2006) trabalham os diferentes estilos de negociador, eles 
analisam as classificações elaboradas por Jung, Gottschalk e Lifo. Sendo assim, ponderam na 
classificação de Jung os seguintes estilos: restritivo (negociadores que formulam um acordo 
quando forçados para tanto, imaginam que as pessoas somente ajem em prol dos seus interes-
ses, também visam à obtenção da vitória, que é a única solução considerada aceitável); ardiloso 
(objetivam sobreviver à negociação, bem como manter o status quo, a fim de chegar a qualquer 
resultado, acreditam que as pessoas não podem ser influenciadas por outras); amigável (trata-se 
de um negociador cooperativo, equipado com espírito esportivo que faz um exame amplo da 
situação que lhe é dada, além disso, visa à manutenção do relacionamento, mesmo que não se 
chegue a um acordo substancial) e confrontador (busca um acordo sólido, objetivando o melhor 
acordo global em conformidade com circunstâncias existentes).
Ainda com relação aos estilos de negociador, as categorizações elaboradas por Gotts-
chalk são: estilo duro (dominante, agressivo e voltado para o poder); estilo caloroso (apoiador, 
compreensivo e voltado para as pessoas); estilo dos números (analítico, conservador e orienta-
do para as questões); estilo negociador (flexível, comprometido e orientado para os resultados). 
Sobre esse aspecto, Lifo faz a divisão entre o negociador “dá e apoia”, cuja principal caracte-
rística é a receptividade; o negociador “toma e controla”, marcado como uma pessoa explora-
dora; o negociador “mantém e conserva” (acumulador) e o “adapta e negocia”, que objetiva a 
formulação de trocas. 
Percebe-se que, apesar dos diferentes nomes para os estilos, eles estão correlacionados 
de alguma forma, poispossuem características em comum, por exemplo, na classificação dada 
por Jung, está o negociador restritivo, na de Gottschalk existe o estilo duro e, por fim, na divisão 
criada por Lifo, o estilo toma e controla, todos reúnem as mesmas qualidades preponderantes, 
qual seja: maior firmeza, controle, busca pelo poder na hora de negociar.
A negociação é um instituto amplo, que pode ser definido de diversas maneiras, po-
dendo também funcionar na forma assistida, todavia, quando isso ocorrer, esse instituto se 
confunde com o da mediação, visto que o terceiro que se apresenta não pode interferir na nego-
ciação. Dessa feita, é imprescindível conhecer um pouco mais acerca da mediação e o que ela 
representa.
2.2 Mediação
De grande validade em nosso Sistema, a mediação pode ser “definida como a interferên-
cia – em uma negociação ou em um conflito – de um terceiro com poder de decisão limitado ou 
não autoritário” (MORAIS; SPENGLER, 2012, p. 131). Esse terceiro irá ajudar as partes a che-
garem de maneira voluntária em um acordo, como um meio de reestabelecer a comunicação. 
Trata-se de um método autocompositivo, uma vez que, o terceiro não interfere na decisão, esta 
é tomada pelos envolvidos. Vale ressaltar que a mediação visa atingir a satisfação dos interesses 
33Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
e das necessidades dos que estão envolvidos na disputa.
Um dos objetivos da mediação é criar um espaço informal e democrático, no qual, 
ocorre a tentativa de restaurar relacionamentos prolongados. Trata-se de uma instituição que se 
caracteriza por possuir maior rapidez e eficácia no tratamento dos conflitos, pois além de ser 
menos dispendiosa torna o processo mais célere e tende a resolver os litígios de forma mais 
rápida do que nos processos judiciais. Esse fator se deve em grande parcela à oralidade, porque 
é um espaço que propicia o debate dos problemas. Decorrente dessas características pode-se 
destacar a reaproximação dos participantes, bem como a preservação da relação entre as partes 
envolvidas. O uso da mediação proporciona o alcance ou a aproximação da tão desejada paz 
social.
Dentre as principais características da mediação estão a privacidade, a economia finan-
ceira e de tempo, a oralidade, a autonomia, o equilíbrio das relações entre as partes, a prevenção 
e o tratamento dos conflitos (MORAIS; SPENGLER, 2012). O papel do mediador é de extrema 
relevância, pois é ele que de forma neutra e imparcial tentará restabelecer a comunicação entre 
os envolvidos no conflito, ou seja, ele é quem procura aproximar os participantes, identificando 
os pontos que geram o litígio, para que se produza um acordo, deixando bem claro que o acordo 
é dos partícipes e não do mediador. Este não pode dar sugestões nem interferir no acordo.
Segundo Moore (1998), existem três grandes classes de mediadores: a) mediadores de 
rede social; b) mediadores com autoridade; e c) mediadores independentes. O mediador de rede 
social é aquele que já possui relacionamento anterior e futuro esperado com as partes, é aquela 
pessoa que atua na sua comunidade, podendo ser um vizinho, uma autoridade religiosa ou um 
colega de trabalho; ele não é necessariamente imparcial, mas é considerado por ser justo e estar 
interessado em auxiliar os conflitantes. Em geral, ele continuará a se relacionar com as partes 
após a realização da mediação e pode fazer uso da sua função social para incentivar um acordo.
Na classe dos mediadores com autoridade existe uma subdivisão, estando os mediadores 
subclassificados como benevolente, administrativo e com interesse investido. O benevolente 
pode ou não ter um relacionamento continuado com as partes, ele visa solucionar o problema de 
uma maneira satisfatória para todos os interessados. Via de regra, ele é imparcial no que tange 
à discussão central do conflito, possui autoridade para sugerir e interferir e lhe é possibilitado 
recurso para o acompanhamento do cumprimento do acordo. Já o administrativo desenvolve em 
conjunto com as partes uma solução para o problema e possui autoridade para propor o acordo. 
Por fim, o mediador com interesse investido busca a melhor satisfação dos seus interesses, po-
dendo ser coercitivo.
A terceira grande categoria defendida por Moore (1998) é a do mediador independente, 
que, por sua vez, é a classe aceita neste trabalho. Ela aborda o mediador como um ser neutro e 
imparcial, tanto com relação às partes, como em consideração aos resultados a serem objetiva-
dos, serve aos desejos das partes, é um profissional que busca uma solução conjunta aceitável, 
voluntária (não coercitiva) e elaborada pelos partícipes. Assim, não possui autoridade para im-
34 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
por um acordo, bem como pode ou não estar envolvido com a sua monitoração, posteriormente 
ao momento da mediação.
Sendo o mediador neutro diante dos fatos, existe maior possibilidade da mediação atin-
gir o seu objetivo principal: “a responsabilização dos protagonistas, capazes de elaborar, eles 
mesmos, acordos duráveis” (SILVA, 2008, p. 25); pois a grande vantagem desse procedimento 
é a restauração do diálogo, da comunicação entre as partes. O mediador aproxima as partes, ele 
facilita o acordo. Nesse sentido, Vasconcelos (2008, p. 36) defende que
na mediação os mediandos não atuam como adversários, mas como corresponsáveis 
pela solução da disputa, contando com a colaboração do mediador. Daí por que se 
dizer que a facilitação, a mediação e a conciliação são procedimentos não adversariais 
de solução de disputas, diferentemente dos processos adversariais, que são aqueles 
em que um terceiro decide quem está certo, a exemplo dos processos administrativos, 
judiciais ou arbitrais.
Nesses termos, o que se busca não é a verdade real, mas sim, a verdade para que as par-
tes satisfaçam as suas pretensões, não importando se os fatos se deram exatamente da maneira 
acordada. Objetiva-se o consenso e não descobrir um culpado pela origem do conflito. Nesses 
moldes, Spengler (2011, p. 215) destaca:
importante apreciar a forma como a busca e o culto pela verdade diferencia o trata-
mento dos litígios realizados por modelos heterocompositivos daqueles de caráter 
autocompositivo. Podemos trabalhar com a perspectiva de uma verdade consensual 
que se opõe à verdade processual, de uma responsabilidade que não desemboca em 
uma sanção, mas na possibilidade de escolha das partes, na ausência da figura do juiz, 
na presença do mediador – figura que guia as pessoas no tratamento do conflito sem, 
todavia, impor uma decisão.
Com base nesses argumentos é possível deduzir o caráter democrático do procedimento 
mediativo, porque ele rompe, “dissolve os marcos de referência da certeza determinados pelo 
conjunto normativo” (SPENGLER, 2011, p. 215). A mediação acolhe o conflito, possibilitando 
um tratamento que resulte na evolução social, apostando em uma estratégia partilhada.
Cahali (2011, p. 57), explica que 
pode soar estranho, até mesmo às partes, em um primeiro momento, submeter-se à 
mediação para, no final, consumido tempo e recursos, ainda ser necessário a solução 
adjudicada (por arbitragem ou processo judicial). Mas para os profissionais da área, e 
para aqueles que se submeteram ao procedimento, há o reconhecimento do efeito po-
sitivo da mediação, na inter-relação e na forma como o conflito será a partir de então 
conduzido. O “tratamento” gera no mínimo a conscientização das posições, a redução 
do desgaste emocional, o arrefecimento da animosidade, e o respeito às divergências. 
Dessa forma, é possível notar que a mediação não visa unicamente à estruturação de um 
acordo, cria-se uma expectativa em torno daquilo que será melhor para as partes, justificando-a 
35Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
como um processo de amadurecimento pessoal, que interfere diretamente na evolução da so-

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