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100 Questões discursivas - Direito Penal - 2019

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Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
E-book comprado por Laisa De Freitas Da Silva Oliveira - CPF: 016.146.971-08 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.questoesdiscursivas.com.br 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
 
3 
 
 
 
AUTORES: 
 
FELIPE BORBA 
Delegado de Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul. Especialista 
em Direito Público pela FMP. Mestre em Direito pela UniRitter. 
Professor universitário e de cursos preparatórios para concursos. 
Coordenador da disciplina de Direito Constitucional da Academia de 
Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Membro da banca do último 
concurso para Agentes da Polícia Civil do RS. Aprovado em diversos 
concursos públicos, tendo exercido os cargos de Analista do 
Ministério Público de Minas Gerais, Advogado do CREA/RS (aprovado 
em 1º lugar), Assessor do Ministério Público do Rio Grande do Sul 
(aprovado em 1º lugar) e advogado do CREMERS (aprovado em 2º 
lugar). 
GUILHERME DE SÁ MENEGHINI 
Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais 
desde 2011, exercendo as funções como titular da 2ª Promotoria de 
Justiça da Comarca de Mariana/MG. Já atuou nas Promotorias de 
Justiça das Comarcas de Minas Novas, Diamantina, Ipanema, 
Manhumirim, Itabira e Ferros. Já foi Oficial Judicial (Tribunal de 
Justiça de Minas Gerais/TJMG - Ouro Preto/MG - 2006- 2007), 
Advogado (OAB/MG - 2007) e Delegado de Polícia Civil (PCMG - 
2008/2011). Foi professor de Direito Penal e Processo Penal no 
Centro de Ensino Superior de Itabira (CENSI - 2009), na Faculdade de 
Direito e Ciências Sociais do Leste de Minas (FADILESTE - 2012-2013) 
e na Universidade Presidente Antônio Carlos Unidade Mariana 
(FUPAC/UNIPAC - 2016). Pós-graduado em Ciências Criminais pela 
Universidade Cândido Mendes (2010). Mestre em Direito Penal pela 
Universidade Federal de Minas Gerais, com a dissertação 'Concurso 
de pessoas nos crimes de peculato e corrupção passiva: um estudo 
sobre a teoria do domínio de organização' (UFMG - 2014-2016). 
Integrante da Força-Tarefa 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
 
4 
 
 
 
constituída pelo Ministério Público de Minas Gerais para apurar as 
consequências do rompimento da barragem de Fundão, da Samarco 
Mineração S/A, em Mariana. É palestrante, abordando assuntos 
como desastres socioambientais, direitos humanos, ações coletivas e 
combate ao crime organizado. Tem experiência na área de Direito, 
com ênfase em Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito 
Administrativo, Direito Constitucional e Direitos Humanos." 
RAFAEL FARIA 
Delegado de Polícia Civil do Estado de São Paulo. Especialista em 
Direito Penal e Processo Penal com Capacitação para Docência no 
Ensino Superior pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus/SP. 
Professor de Direito Penal da Graduação em Direito do Centro 
Universitário Unifafibe, em Bebedouro/SP. 
RODRIGO DUARTE 
Advogado da União. Ex-Oficial de Justiça e Avaliador Federal no TRF 
da 2ª Região; Ex-Técnico Administrativo do Ministério Público da 
União (MPU) e Ex-Técnico de Atividade Judiciária no Tribunal de 
Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Aprovado e nomeado no concurso de 
Analista Processual do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPE/RJ). 
MIGUEL BLAJCHMAN (Organizador) 
Advogado. Fundador do site Questões Discursivas. Ex-Analista de 
Planejamento e Orçamento da Secretaria Municipal da Fazenda do 
Rio de Janeiro (SMF/RJ). Aprovado nos seguintes concursos: Analista 
de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Rio de 
Janeiro (TCE/RJ). Analista e Técnico do Ministério Público do Estado 
do Rio de Janeiro (MPE/RJ) e Advogado da Dataprev. 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
 
5 
 
 
 
SUMÁRIO: 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
 
 POLÍCIA CIVIL - PCMA - 2018 - CESPE 
 AUDITOR - TCE/SP - FCC - 2012 
 MAGISTRATURA ESTADUAL - TJRS - FAURGS - 2016 
 MAGISTRATURA ESTADUAL - TJSC - FCC - 2015 
 DELEGADO DE POLÍCIA - PCPR - UFPR - 2007 
 PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE/PR - 2014 – BANCA PRÓPRIA 
 ADVOGADO DA UNIÃO - AGU - CESPE - 2008 
 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJDFT – 2014 – CESPE 
 MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2011 - CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCMS – 2017 - FEMPEMS 
 DEFENSOR PÚBLICO - DPE/RR - 2013 - CESPE 
 DEFENSOR PÚBLICO – DPE/SE - 2012 - CESPE 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
 OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ABIN - 2018 - CESPE 
 ADVOGADO – ITEP/RN – 2018 - AOCP 
 ANALISTA DO MP - MPE/RS - FCC - 2008 
 TÉCNICO EM SEGURANÇA – TRT1 – 2018 - AOCP 
 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJRN – 2014 - CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCPE – 2016 - CESPE 
 DEFENSOR PÚBLICO – DPU – 2015 - CESPE 
 DEFENSOR PÚBLICO – DPU – 2007 - CESPE 
 DEFENSOR PÚBLICO - DPE/TO - 2012 - CESPE 
APLICAÇÃO DA PENA 
 
 DEFENSOR PÚBLICO – DPE/PE – 2018 – CESPE 
 AGENTE PENITENCIÁRIO – DEPEN – 2013 - CESPE 
 AGENTE PENITENCIÁRIO – DEPEN – 2013 - CESPE 
 PROCURADOR FEDERAL – AGU - CESPE - 2010 
CONCURSO DE PESSOAS 
 
 PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/BA – 2015 – BANCA PRÓPRIA 
 JUIZ LEIGO – TJAC – 2014 – BANCA PRÓPRIA 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
 
6 
 
 
 
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO 
 
 AUDITOR FISCAL DE ATIVIDADES URBANAS/DF – 2010 - FUNIVERSA 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
 ANALISTA JUDICIÁRIO - TJAC - CESPE - 2013 
 NOTÁRIO - TJMT - FMP - 2014 
IMPUTABILIDADE PENAL 
 PROCURADOR DO ESTADO - PGE/RR - 2004 - CESPE 
EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE 
 
 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJBA – 2012 – CESPE 
CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA 
 
 ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - CESPE - 2015 
CRIMES CONTRA A LICITAÇÃO 
 
 ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - CESPE - 2016 
 PROCURADOR FEDERAL – AGU - CESPE - 2013 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL 
 
 TÉCNICO JUDICIÁRIO - TJMT - UFMT - 2015 
CRIMES CONTRA A VIDA 
 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 - FUNDATEC 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL 
 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2017 - CESPE 
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 - FUNDATEC 
 POLICIA CIVIL - PCDF - FUNIVERSA - 2009 
 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJDFT – 2014 - CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCPE – 2016 - CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA - PCMA - 2018 - CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCES – 2010 - CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCRO – 2014 - FUNCAB 
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7 
 
 
 
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 ESCRIVÃO - PCDF - CESPE - 2013 
 ESCRIVÃO - PCES - CESPE - 2010 
 POLICIAL CIVIL - PCBA - CESPE - 2013 
 MAGISTRATURA ESTADUAL - TJSP - 2013 - VUNESP 
 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJBA – 2012 – CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 - FUNDATEC 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCMT – 2017 - CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA - PCMA - 2018 - CESPE 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 ANALISTA DO MP – MPE/PI - 2018 - CESPE 
 ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - TRT8 - CESPE - 2013 
 AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL - CESPE - 2012 
 ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - 2016 - CESPE 
 POLICIAL CIVIL - PCAC - FUNCAB - 2015 
 MAGISTRATURA FEDERAL - TRF2 - CESPE - 2011 
 PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE/SP – 2010 – BANCA PRÓPRIA 
 PROCURADOR DO MP - TCE/RO - FCC - 2008 
 ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - CESPE - 2006 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2017 - CESPE DELEGADO DE POLÍCIA – PCRJ – 2012 - FUMARC 
CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA 
 
 DELEGADO DE POLÍCIA - PCBA - 2013 - CESPE 
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA 
 
 DELEGADO DE POLICIA – PCMG – 2011 - FUNCAB 
CONTRABANDO E DESCAMINHO 
 
 POLÍCIA MILITAR – PMSC – 2018 – AOCP 
 ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL - CESPE - 2013 
 ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - TCE/TO – 2008 - CESPE 
CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS 
 
 TRIBUNAL DE CONTAS - TCE/SP - FCC - 2011 
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA 
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 ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - TCE/MG - FCC - 2007 
 ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - TCE/GO - FCC - 2009 
 PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL - ESAF - 2015 
 AUDITOR FISCAL - RECEITA FEDERAL - ESAF - 2012 
CRIMES DE RESPONSABILIDADE 
 
 ANALISTA LEGISLATIVO - CÂMARA DOS DEPUTADOS - CESPE - 2014 
CRIMES CULPOSOS 
 
 ANALISTA JUDICIÁRIO - TJDFT - CESPE - 2015 
TENTATIVA 
 
 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJDFT – 2014 - CESPE 
 MAGISTRATURA ESTADUAL - TJPE - FCC - 2015 
CRIMINOLOGIA 
 
 POLÍCIA CIVIL - PCSP – 2010 - ACADEPOL 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA 
 
 ADVOGADO - TJSP - VUNESP - 2013 
EXCLUDENTE DE ILICITUDE 
 
 ANALISTA JUDICIÁRIO - TJDFT – CESPE - 2013 
LAVAGEM DE DINHEIRO 
 
 AUDITOR - TCE/RN - CESPE - 2015 
 PROCURADOR DO BANCO CENTRAL - CESPE - 2013 
 MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2011 - CESPE 
 PROCURADOR DO ESTADO - PGE/BA - 2014 - CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 - FUNDATEC 
LEI DE DROGAS 
 
 ANALISTA DO MP - MPE/SP - IBFC - 2013 
 MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2011 – CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2017 - CESPE 
LEI MARIA DA PENHA 
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 DEFENSOR PÚBLICO – DPE/AM – FCC - 2018 
 ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - TRT3 - FCC - 2015 
 ANALISTA JUDICIÁRIO - TJDFT - CESPE - 2013 
 ANALISTA DO MP - MPE/PR - ESSP - 2014 
 DELEGADO DE POLÍCIA - PCRO - FUNCAB - 2014 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 - FUNDATEC 
 DEFENSOR PÚBLICO – DPE/ES - 2012 - CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA - PCMA - 2018 – CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA - PCSE - 2018 - CESPE 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCSP – 2018 – VUNESP 
 DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2018 – UFG 
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
 
 ANALISTA JUDICIÁRIO - TRF2 – CONSULPLAN - 2017 
 ANALISTA DO MP - MPE/RS - FCC - 2010 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJMA -2013 – CESPE 
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 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
POLÍCIA CIVIL - PCMA - 2018 - CESPE 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
Os princípios constitucionais mencionados no enunciado integram o 
capítulo dos direitos e das garantias fundamentais, estando previstos no art. 5º 
da CRFB. 
No que tange ao significado, os princípios constitucionais penais da 
reserva legal e da anterioridade da lei penal podem ser resumidos da seguinte 
forma: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal. Seu conteúdo também está previsto no art. 1º do Código Penal. 
Tais princípios estão estreitamente relacionados entre si e significam que 
nenhuma conduta pode ser considerada crime e nem qualquer pena pode ser 
cominada sem que antes de sua ocorrência (princípio da anterioridade da lei 
penal) haja lei em sentido estrito descrevendo-a taxativamente como crime 
(princípio da reserva legal); ou seja, não pode haver descrições vagas. 
Medidas provisórias, decretos e demais diplomas legislativos não podem 
estabelecer condutas criminosas e nem determinar sanções; apenas a lei em 
sentido estrito, oriunda do Poder Legislativo. O princípio da anterioridade (ou 
irretroatividade) da lei penal tem uma exceção, que ocorre no caso de edição de 
lei mais benéfica ao réu. Assim, se a conduta é descriminalizada ou a pena 
abrandada, a lei penal retroage para beneficiar o réu. 
O princípio da intranscendência da pena prevê que nenhuma pena 
passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a 
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio 
transferido. 
No que tange aos objetivos, eles relacionam-se ao valor da segurança 
jurídica e à limitação dos poderes de persecução criminal do Estado à 
conformidade com a lei, para garantia do indivíduo. Afinal, o Estado não pode 
surpreender o cidadão, criminalizando uma conduta depois de ela ter sido 
praticada. 
 
 
AUDITOR - TCE/SP - FCC - 2012 
Discorra sobre os princípios penais da reserva legal; da anterioridade da lei penal 
e da intranscendência da pena, abordando o conceito de cada um, sua natureza 
jurídica e seus objetivos. 
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11 
 
 
 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
Inicialmente, faz-se necessário tipificar a conduta de João, que praticou, 
em tese, o delito de peculato-apropriação, previsto na primeira parte do art. 312, 
caput, do Código Penal, uma vez que, na condição de funcionário público, 
apropriou-se de dinheiro de que tinha a posse em razão do cargo. 
Conforme tem decidido o STJ, o princípio da insignificância não pode ser 
aplicado para reconhecer a atipicidade da conduta de João, pois a norma penal 
não objetiva resguardar apenas o aspecto patrimonial, mas a moral 
administrativa, o que torna inviável a firmação do desinteresse estatal à sua 
repressão. Porém, em sentido oposto, o STF já reconheceu a possibilidade de 
incidência do princípio ao crime de peculato. 
O princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a 
própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime. 
Por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu, e não apenas na diminuição 
e substituição da pena ou não sua não aplicação. Para ser utilizado, faz-se 
necessária a presença de certos requisitos, tais como: (a) a mínima ofensividade 
da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o 
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a 
inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto de algo de baixo 
valor). 
Sua aplicação decorre no sentido de que o Direito Penal não deve se 
ocupar de condutas que produzam resultado cujo desvalor, por não importar em 
lesão significativa a bens jurídicos relevantes, não represente, por isso mesmo, 
prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade 
da própria ordem social. 
Por fim, a reparação do dano não conduz à exclusão do crime, podendo 
servir tão somente como causa de redução de pena, conforme previsão do art. 
16 do Código Penal (arrependimento posterior), desde que ela tenha se dado até 
o recebimento da denúncia. 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
(...)o princípio da insignificância não pode ser aplicado para reconhecer a 
atipicidade da conduta de João, uma vez que a norma penal não objetiva 
João, escrivão de uma delegacia de polícia, apropriou-se da quantia de R$ 253,00 
que havia sido apreendida em poder do indiciado no inquérito policial e estava 
sob a sua guarda para ser entregue à vítima. Instaurado outro inquérito policial 
para apurar a sua responsabilidade criminal, ressarciu a vítima, antes do 
recebimento da denúncia. Nesse caso, segundo jurisprudência dos Tribunais 
Superiores: a - o princípio da insignificância pode ser aplicado para justificar a 
atipicidade da conduta de João?; b - o ressarcimento espontâneo excluiu o crime 
em questão? Responda fundamentadamente. 
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12 
 
 
 
resguardar apenas o aspectopatrimonial, mas a moral administrativa, o que 
torna inviável a firmação do desinteresse estatal à sua repressão. STJ, REsp 
655.946/DF, rel. Min. Laurita Vaz, 5ª Turma, DJ 26/03/2007. 
HABEAS CORPUS. PECULATO PRATICADO POR MILITAR. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. CONSEQÜÊNCIAS DA AÇÃO PENAL. 
DESPROPORCIONALIDADE. 1. A circunstância de tratar-se de lesão patrimonial 
de pequena monta, que se convencionou chamar crime de bagatela, autoriza a 
aplicação do princípio da insignificância, ainda que se trate de crime militar. 2. 
Hipótese em que o paciente não devolveu à Unidade Militar um fogão avaliado 
em R$ 455,00 (quatrocentos e cinqüenta e cinco) reais. Relevante, ademais, a 
particularidade de ter sido aconselhado, pelo seu Comandante, a ficar com o 
fogão como forma de ressarcimento de benfeitorias que fizera no imóvel 
funcional. Da mesma forma, é significativo o fato de o valor correspondente ao 
bem ter sido recolhido ao erário. 3. A manutenção da ação penal gerará graves 
conseqüências ao paciente, entre elas a impossibilidade de ser promovido, 
traduzindo, no particular, desproporcionalidade entre a pretensão acusatória e 
os gravames dela decorrentes. Ordem concedida. (HC 87478, Min. EROS GRAU, 
Primeira Turma, DJ23.2.2007). 
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR. 
PACIENTE DENUNCIADO PELA INFRAÇÃO DO ART. 303, CAPUT, DO CÓDIGO 
PENAL MILITAR (PECULATO). ALEGAÇÃO DE INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FAVORÁVEL À TESE DA 
IMPETRAÇÃO: APLICAÇÃO À ESPÉCIE VERTENTE. HABEAS CORPUS DEFE‘IDO”. 
(HC 92634, Min. Cã‘MEN LÚCIá, Primeira Turma, DJ 15.2.22008). 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 
MASSON, Cleber. Direito Penal – volume 3 – Parte Especial. 6ª edição. São Paulo: 
Método, 2016, p. 608. 
GRADE DE CORREÇÃO DA BANCA EXAMINADORA: 
Abordagem esperada: De acordo com o capítulo X, item 5, do Edital de Abertura 
de Inscrições, constará da avaliação da prova escrita o domínio técnico do 
conteúdo aplicado, a precisão da linguagem jurídica , quando for o caso , a 
correção e a adequação vocabular considerados os mecanismos básicos de 
Constituição do vernáculo e os procedimentos de coesão e argumentação. a -a - 
cuida-se, na espécie, de delito de peculato doloso, posto que o funcionário público 
se apropriou de dinheiro de que tinha a posse em razão do cargo.A jurisprudência 
do Superior Tribunal de Justiça, se consolidou no sentido de que o princípio da 
insignificância é aplicável ao delito de peculato. a missão no direito penal 
moderno consiste em tutelar os bens jurídicos mais relevantes. Em decorrência 
disso, a intervenção penal deve ter o caráter fragmentário, protegendo apenas 
os bens jurídicos mais importantes em caso de lesões de maior gravidade. 
Todavia, no crime de peculato, a norma não busca resguardar apenas o aspecto 
patrimonial, mas a moral da administração e à probidade 
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13 
 
 
 
administrativa, razão pela qual, o referido princípio é inaplicável (Agrg no 
Ag.1133678/SC, Rel. Ministro Félix Fischer; REsp. 1.060.82, Rel. Min. Jorge Mussi, 
5a Turma, 28/06/2010). b - a reparação do dano, mesmo se for espontânea e 
anterior ao recebimento da denúncia pelo crime de peculato, não torna atípica a 
prática descrita na pela acusatória, podendo, apenas, influir na pena a ser 
imposta. 
 
 
MAGISTRATURA ESTADUAL - TJRS - FAURGS - 2016 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
A jurisprudência brasileira tem admitido, em larga escala, a aplicação do 
princípio da insignificância. Para tanto, em entendimento já pacificado no STF e 
no STJ, a fim de haver o reconhecimento do princípio estudado, alguns requisitos 
de ordem objetiva devem estar presentes, a saber: a) mínima ofensividade da 
conduta; b) ausência de periculosidade social da ação; c) reduzido grau de 
reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da lesão jurídica 
causada. 
O princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a 
própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime. 
Por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu, e não apenas na diminuição 
e substituição da pena ou não sua não aplicação. 
Sua aplicação decorre no sentido de que o Direito Penal não se deve 
ocupar de condutas que produzam resultado cujo desvalor, por não importar em 
lesão significativa a bens jurídicos relevantes, não represente, por isso mesmo, 
prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade 
da própria ordem social. Com base na doutrina mais abalizada, entende-se que 
os requisitos são bastante próximos entre si, sendo que o próprio STF não faz 
qualquer distinção entre eles. 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
HABEAS CORPUS. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PENAL. TIPICIDADE PENAL. JUSTIÇA 
MATERIAL. PONDERABILIDADE NO JUÍZO DE ADEQUAÇÃO TÍPICA DE CONDUTAS 
FORMALMENTE CRIMINOSAS, PORÉM MATERIALMENTE INSIGNIFICANTES. 
SIGNIFICÂNCIA PENAL. CONCEITO CONSTITUCIONAL. DIRETRIZES DE 
APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA PENAL. 
ORDEM CONCEDIDA. 1. A norma legal que descreve o delito e comina a 
respectiva pena atua por modo necessariamente binário, no sentido de que, se, 
por um lado, consubstancia o poder estatal de interferência na liberdade 
individual, também se traduz na garantia de que os eventuais arroubos 
Disserte, à luz dos conceitos da teoria geral do delito, sobre os critérios firmados 
pela jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal quanto aos 
requisitos para o reconhecimento do princípio da insignificância. 
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legislativos de irrazoabilidade e desproporcionalidade se expõem a controle 
jurisdicional. Donde a política criminal-legislativa do Estado sempre comportar 
mediação judicial, inclusive quanto ao chamado “crime de bagatela” ou 
“postulado da insignificância penal” da conduta desse ou daquele agente. Com o 
que o tema da significância penal confirma que o “devido processo legal” a que 
se reporta a Constituição Federal no inciso LIII do art. 5º é de ser interpretado 
como um devido processo legal substantivo ou material. Não meramente formal. 
2. A insignificância penal expressa um necessário juízo de razoabilidade e 
proporcionalidade de condutas que, embora formalmente encaixadas no molde 
legal-punitivo, substancialmente escapam desse encaixe. E escapam desse 
molde simplesmente formal, como exigência mesma da própria justiça material 
enquanto valor ou bem coletivo que a nossa Constituição Federal prestigia desde 
o seu principiológico preâmbulo. Justiça como valor, a se concretizar mediante 
uma certa dosagem de razoabilidade e proporcionalidade na concretização dos 
valores da liberdade, igualdade, segurança, bem-estar, desenvolvimento, etc. 
Com o que ela, justiça, somente se realiza na medida em que os outros valores 
positivos se realizem por um modo peculiarmente razoável e proporcional. 3. A 
justiça não tem como se incorporar, sozinha, à concreta situação das 
protagonizações humanas, exatamente por ser ela a própria resultante de uma 
certa cota de razoabilidade e proporcionalidade na historicização de valores 
positivos (os mencionados princípios da liberdade, da igualdade, da segurança, 
bem-estar, desenvolvimento, etc.). Daí que falar do valor da justiça é falar dos 
outros valores que dela venham a se impregnar por se dotarem de um certo 
quantum de ponderabilidade, se por este último termo (ponderabilidade) 
englobarmos a razoabilidade e a proporcionalidade no seu processo de concreta 
incidência. Assim como falar dos outros valores é reconhecê-los como justos na 
medida em que permeados desse efetivo quantum de ponderabilidade (mescla 
de razoabilidade eproporcionalidade, torna-se a dizer). Tudo enlaçado por um 
modo sinérgico, no sentido de que o juízo de ponderabilidade implica o mais 
harmonioso emprego do pensamento e do sentimento do julgador na avaliação 
da conduta do agente em face do seu subjetivado histórico de vida e da 
objetividade da sua concreta conduta alegadamente delitiva. 4. É possível extrair 
do ordenamento jurídico brasileiro a premissa de que toda conduta penalmente 
típica só é penalmente típica porque significante, de alguma forma, para a 
sociedade e para a própria vítima. Em tema de política criminal, a Constituição 
Federal pressupõe lesão significante a interesses e valores (os chamados “bens 
jurídicos”) por ela avaliados como dignos de proteção normativa. 5. Ao prever, 
por exemplo, a categoria de infrações de menor potencial ofensivo (inciso I do 
art. 98), a Constituição Federal logicamente nega a significância penal de tudo 
que ficar aquém desse potencial, de logo rotulado de “menor”; ou seja, quando 
a Constituição Federal concebe a categoria das infrações de menor potencial 
ofensivo, parece mesmo que o faz na perspectiva de uma conduta 
atenuadamente danosa para a vítima e a sociedade, é certo, mas ainda assim em 
grau suficiente de lesividade para justificar uma reação estatal punitiva. Pelo que 
estabelece um vínculo operacional direto entre o 
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efetivo dano ao bem jurídico tutelado, por menor que seja, e a necessidade de 
uma resposta punitiva do Estado. 6. A contrario sensu, o dano que subjaz à 
categoria da insignificância penal não caracteriza, materialmente, sequer lesão 
de pequena monta; ou seja, trata-se de ofensividade factualmente nula, 
porquanto abaixo até mesmo da concepção constitucional de dano menor. 
Donde sua categorização como penalmente atípica. 7. É possível listar diretrizes 
de aplicação do princípio da insignificância, a saber: a) da perspectiva do agente, 
a conduta, além de revelar uma extrema carência material, ocorre numa 
concreta ambiência de vulnerabilidade social do suposto autor do fato; b) do 
ângulo da vítima, o exame da relevância ou irrelevância penal deve atentar para 
o seu peculiarmente reduzido sentimento de perda por efeito da conduta do 
agente, a ponto de não experimentar revoltante sensação de impunidade ante a 
não-incidência da norma penal que, a princípio, lhe favorecia; c) quanto aos 
meios e modos de realização da conduta, não se pode reconhecer como 
irrelevante a ação que se manifesta mediante o emprego de violência ou ameaça 
à integridade física, ou moral, tanto da vítima quanto de terceiros. 
Reversamente, sinaliza infração de bagatela ou penalmente insignificante aquela 
que, além de não se fazer acompanhar do modus procedendi que estamos a 
denunciar como intolerável, revela um atabalhoamento ou amadorismo tal na 
sua execução que antecipa a sua própria frustração; isto é, já antecipa a sua 
marcante propensão para a forma não mais que tentada de infração penal, 
porque, no fundo, ditadas por um impulso tão episódico quanto revelador de 
extrema carência econômica; d) desnecessidade do poder punitivo do Estado, 
traduzida nas situações em que a imposição de uma pena se autoevidencie como 
tão despropositada que até mesmo a pena mínima de privação liberdade, ou sua 
conversão em restritiva de direitos, já significa um desbordamento de qualquer 
idéia de proporcionalidade; e) finalmente, o objeto material dos delitos 
patrimoniais há de exibir algum conteúdo econômico, seja para efetivamente 
desfalcar ou reduzir o patrimônio da vítima, seja para ampliar o acervo de bens 
do agente. 8. A subtração de materiais de construção – tudo avaliado em R$ 
180,00-, de local desabitado, por agente primário (agente que demonstrou, ao 
deixar, durante o dia, o local transportando dois portais de madeira em um 
carrinho de mão, até mesmo amadorismo) se amolda à ponderabilidade de todas 
as diretivas listadas. Pena de se provocar a mobilização de u’a máquina custosa, 
delicada e ao mesmo tempo complexa como é o aparato de poder em que o 
Judiciário consiste, para, afinal, não ter o que substancialmente tutelar. 9. Ordem 
concedida para cassar a condenação do paciente.(HC 109363, Relator(a): Min. 
AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 11/10/2011, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-123 DIVULG 22-06-2012 PUBLIC 25-06-2012) 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 
MASSON, Cleber. Direito Penal – volume 1 – Parte Geral. 10ª edição. São Paulo: 
Método, 2016, p 29-30. 
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16 
 
 
 
MAGISTRATURA ESTADUAL - TJSC - FCC - 2015 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
Acerca do conceito de princípio da insignificância, também conhecido 
como crime de bagatela ou princípio da intervenção mínima, trata-se de causa 
supralegal de exclusão da tipicidade. A insignificância da ofensa perpetrada tem 
o condão de afastar a tipicidade da conduta inicialmente tida como ilícita. 
Referido princípio age como instrumento de interpretação restritiva do 
tipo penal, uma vez que descabe à lei penal atuar em hipóteses desprovidas de 
significação social. Considerando o caráter fragmentário do Direito Penal, o 
princípio da intervenção mínima orienta e limita o poder incriminador do estado, 
aduzindo que a criminalização de uma conduta só é legítima se constituir meio 
necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Logo, se outras sanções 
ou outros meios de controle social forem suficientes para a tutela desse bem, a 
criminalização é inadequada e não recomendável. 
Em relação ao item “b”, o princípio da insignificância incide quando 
presentes, cumulativamente, as seguintes condições objetivas: mínima 
ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; grau 
reduzido de reprovabilidade do comportamento; e inexpressividade da lesão 
jurídica provocada. 
Por fim, no que tange ao item “c”, não merece acolhida a tese defensiva. 
Verifica-se que o acusado é reincidente e habitual na prática delituosa de crimes 
contra o patrimônio, sendo que certamente adota a referida conduta como meio 
de vida, ou seja, não preenche os requisitos subjetivos necessários à concessão 
da benesse. O reconhecimento do crime de bagatela está ligado a desvios 
mínimos isolados, e não como benesse destinada a premiar agentes sabidamente 
envolvimentos em reiteradas práticas ilícitas. 
José da Silva, brasileiro, solteiro, sem ocupação definida, com 25 anos de idade, 
reincidente específico, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas 
sanções do artigo 155, caput, do Código Penal, por haver subtraído, para proveito 
próprio, um par de tênis, avaliado em R$ 150,00, após adentrar na residência da 
vítima Pedro dos Santos. Uma vez preso em flagrante restou apreendido o bem 
objeto subtração e restituído ao proprietário. Devidamente concluída a instrução 
judicial, em sede de alegações finais escritas, o representante do Ministério 
Público postula a condenação do agente nos moldes da denúncia. Por sua vez, a 
defesa, manifesta-se pelo reconhecimento da incidência do princípio da 
insignificância na hipótese vertente e consequente decreto de absolvição do 
denunciado. diante do caso exposto: a - conceitue o princípio da insignificância; 
b - enuncie as condições objetivas necessárias ao reconhecimento do referido 
princípio; c - justifique a tese defensiva merece ser acolhida ou não. (elabore sua 
resposta definitiva em 40 linhas). 
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Não deve ser considerado unicamente o pequeno valor da res furtiva e sua 
recuperação pela vítima, mas também as circunstâncias do caso concreto, pois o 
crime de furto se consuma com o assenhoramento, ainda que momentâneo, do 
bem juridicamentetutelado aliado ao dolo do agente. O reconhecimento da 
insignificância na resente hipótese atuaria como um incentivo à prática de novos 
crimes contra o patrimônio por parte do agente. 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
HABEAS CORPUS. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PENAL. TIPICIDADE PENAL. JUSTIÇA 
MATERIAL. PONDERABILIDADE NO JUÍZO DE ADEQUAÇÃO TÍPICA DE CONDUTAS 
FORMALMENTE CRIMINOSAS, PORÉM MATERIALMENTE INSIGNIFICANTES. 
SIGNIFICÂNCIA PENAL. CONCEITO CONSTITUCIONAL. DIRETRIZES DE 
APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA PENAL. 
ORDEM CONCEDIDA. 1. A norma legal que descreve o delito e comina a 
respectiva pena atua por modo necessariamente binário, no sentido de que, se, 
por um lado, consubstancia o poder estatal de interferência na liberdade 
individual, também se traduz na garantia de que os eventuais arroubos 
legislativos de irrazoabilidade e desproporcionalidade se expõem a controle 
jurisdicional. Donde a política criminal-legislativa do Estado sempre comportar 
mediação judicial, inclusive quanto ao chamado “crime de bagatela” ou 
“postulado da insignificância penal” da conduta desse ou daquele agente. Com o 
que o tema da significância penal confirma que o “devido processo legal” a que 
se reporta a Constituição Federal no inciso LIII do art. 5º é de ser interpretado 
como um devido processo legal substantivo ou material. Não meramente formal. 
2. A insignificância penal expressa um necessário juízo de razoabilidade e 
proporcionalidade de condutas que, embora formalmente encaixadas no molde 
legal-punitivo, substancialmente escapam desse encaixe. E escapam desse 
molde simplesmente formal, como exigência mesma da própria justiça material 
enquanto valor ou bem coletivo que a nossa Constituição Federal prestigia desde 
o seu principiológico preâmbulo. Justiça como valor, a se concretizar mediante 
uma certa dosagem de razoabilidade e proporcionalidade na concretização dos 
valores da liberdade, igualdade, segurança, bem-estar, desenvolvimento, etc. 
Com o que ela, justiça, somente se realiza na medida em que os outros valores 
positivos se realizem por um modo peculiarmente razoável e proporcional. 3. A 
justiça não tem como se incorporar, sozinha, à concreta situação das 
protagonizações humanas, exatamente por ser ela a própria resultante de uma 
certa cota de razoabilidade e proporcionalidade na historicização de valores 
positivos (os mencionados princípios da liberdade, da igualdade, da segurança, 
bem-estar, desenvolvimento, etc.). Daí que falar do valor da justiça é falar dos 
outros valores que dela venham a se impregnar por se dotarem de um certo 
quantum de ponderabilidade, se por este último termo (ponderabilidade) 
englobarmos a razoabilidade e a proporcionalidade no seu processo de concreta 
incidência. Assim como falar dos outros valores é reconhecê-los como justos na 
medida em que permeados desse efetivo quantum de ponderabilidade 
(mescla de 
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razoabilidade e proporcionalidade, torna-se a dizer). Tudo enlaçado por um 
modo sinérgico, no sentido de que o juízo de ponderabilidade implica o mais 
harmonioso emprego do pensamento e do sentimento do julgador na avaliação 
da conduta do agente em face do seu subjetivado histórico de vida e da 
objetividade da sua concreta conduta alegadamente delitiva. 4. É possível extrair 
do ordenamento jurídico brasileiro a premissa de que toda conduta penalmente 
típica só é penalmente típica porque significante, de alguma forma, para a 
sociedade e para a própria vítima. Em tema de política criminal, a Constituição 
Federal pressupõe lesão significante a interesses e valores (os chamados “bens 
jurídicos”) por ela avaliados como dignos de proteção normativa. 5. Ao prever, 
por exemplo, a categoria de infrações de menor potencial ofensivo (inciso I do 
art. 98), a Constituição Federal logicamente nega a significância penal de tudo 
que ficar aquém desse potencial, de logo rotulado de “menor”; ou seja, quando 
a Constituição Federal concebe a categoria das infrações de menor potencial 
ofensivo, parece mesmo que o faz na perspectiva de uma conduta 
atenuadamente danosa para a vítima e a sociedade, é certo, mas ainda assim em 
grau suficiente de lesividade para justificar uma reação estatal punitiva. Pelo que 
estabelece um vínculo operacional direto entre o efetivo dano ao bem jurídico 
tutelado, por menor que seja, e a necessidade de uma resposta punitiva do 
Estado. 6. A contrario sensu, o dano que subjaz à categoria da insignificância 
penal não caracteriza, materialmente, sequer lesão de pequena monta; ou seja, 
trata-se de ofensividade factualmente nula, porquanto abaixo até mesmo da 
concepção constitucional de dano menor. Donde sua categorização como 
penalmente atípica. 7. É possível listar diretrizes de aplicação do princípio da 
insignificância, a saber: a) da perspectiva do agente, a conduta, além de revelar 
uma extrema carência material, ocorre numa concreta ambiência de 
vulnerabilidade social do suposto autor do fato; b) do ângulo da vítima, o exame 
da relevância ou irrelevância penal deve atentar para o seu peculiarmente 
reduzido sentimento de perda por efeito da conduta do agente, a ponto de não 
experimentar revoltante sensação de impunidade ante a não-incidência da 
norma penal que, a princípio, lhe favorecia; c) quanto aos meios e modos de 
realização da conduta, não se pode reconhecer como irrelevante a ação que s e 
manifesta mediante o emprego de violência ou ameaça à integridade física, ou 
moral, tanto da vítima quanto de terceiros. Reversamente, sinaliza infração de 
bagatela ou penalmente insignificante aquela que, além de não se fazer 
acompanhar do modus procedendi que estamos a denunciar como intolerável, 
revela um atabalhoamento ou amadorismo tal na sua execução que antecipa a 
sua própria frustração; isto é, já antecipa a sua marcante propensão para a forma 
não mais que tentada de infração penal, porque, no fundo, ditadas por um 
impulso tão episódico quanto revelador de extrema carência econômica; d) 
desnecessidade do poder punitivo do Estado, traduzida nas situações em que a 
imposição de uma pena se autoevidencie como tão despropositada que até 
mesmo a pena mínima de privação liberdade, ou sua conversão em restritiva de 
direitos, já significa um desbordamento de qualquer idéia de proporcionalidade; 
e) finalmente, o objeto material dos delitos patrimoniais há de exibir algum 
conteúdo 
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econômico, seja para efetivamente desfalcar ou reduzir o patrimônio da vítima, 
seja para ampliar o acervo de bens do agente. 8. A subtração de materiais de 
construção – tudo avaliado em R$ 180,00-, de local desabitado, por agente 
primário (agente que demonstrou, ao deixar, durante o dia, o local 
transportando dois portais de madeira em um carrinho de mão, até mesmo 
amadorismo) se amolda à ponderabilidade de todas as diretivas listadas. Pena de 
se provocar a mobilização de u’a máquina custosa, delicada e ao mesmo tempo 
complexa como é o aparato de poder em que o Judiciário consiste, para, afinal, 
não ter o que substancialmente tutelar. 9. Ordem concedida para cassar a 
condenação do paciente.(HC 109363, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda 
Turma, julgado em 11/10/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-123 DIVULG 22-06-
2012 PUBLIC 25-06-2012) 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 
MASSON, Cleber. Direito Penal – volume 1 – Parte Geral. 10ª edição. São Paulo: 
Método, 2016, p 29-30. 
 
 
DELEGADO DE POLÍCIA - PCPR - UFPR - 2007 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
Insculpido no art. 5º, XXXIX, da CRFB e no art. 1º do Código Penal, o 
princípio da legalidade dispõe que não há crime sem lei anterior que o defina, 
nem pena sem prévia cominação legal.Tem origem remota, segundo boa parte da doutrina, na Magna Carta de 
João sem Terra de 1215, documento que limitou, pela primeira vez, o poder 
absoluto dos monarcas ingleses, considerado marco inicial do Estado de Direito. 
Hodiernamente, funciona como verdadeiro limite ao poder punitivo estatal, 
exsurgindo como fundamento principal do Estado Democrático de Direito, ante a 
sua função de escudar a liberdade do cidadão. 
Inserto no rol de direitos e garantias fundamentais, pertence ao elenco 
das cláusulas pétreas da atual Constituição. Alicerça-se em dois fundamentos, 
sendo um de ordem política, que garante proteção ao cidadão contra qualquer 
investida arbitrária do Estado, só permitindo a punição de alguém pela prática 
de crime previamente definido em lei. O outro fundamento, de ordem jurídica, 
exige da lei clareza, certeza e taxatividade, ou seja, segurança jurídica. 
Não obstante legalidade e reserva legal sejam tidas como expressões 
sinônimas, há uma corrente que aduz que a legalidade é desdobrada em reserva 
legal e anterioridade. Para essa corrente, o princípio da reserva legal 
Dentre os princípios constitucionais do Direito Penal brasileiro, discorra, em no 
mínimo 20 e no máximo 30 linhas, sobre o princípio da legalidade e seus 
desdobramentos. 
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20 
 
 
 
exige que somente a lei, em seu sentido formal e material, possa definir crimes 
e cominar penas. 
Seu sentido é formal quando emanado do Congresso Nacional e obedece 
ao devido processo legislativo. Seu sentido é material quando protege bens 
juridicamente relevantes. Por seu turno, a anterioridade determina que a lei seja 
anterior ao fato, isto é, esteja em vigor quando da sua ocorrência. 
Decorre também do princípio da legalidade a proibição da analogia em 
prejuízo do réu, assim como a criação e extinção de tipos penais pelos costumes. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 
GOMES, Luiz Flávio; BIANCHINI, Alice; DAHER, Flávio. Princípios Constitucionais 
Penais. São Paulo: Ebook, 2015. 
CUNHA, Rogério Sanches. Direito Penal: parte geral. 3.ed. Salvador: Juspodivm, 
2015. 
MASSON, Cleber. Direito Penal esquematizado: parte geral. 8. ed. Rio De 
Janeiro: Método,2014. 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral. 18. Ed. São Paulo,2014. 
 
 
PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE/PR - 2014 – BANCA PRÓPRIA 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
O princípio da insignificância tem sido considerado pela doutrina 
majoritária e pela jurisprudência como causa supralegal de exclusão da 
tipicidade, estando diretamente ligado aos postulados da fragmentariedade e 
intervenção mínima do Estado em matéria penal. Ele é acolhido pelo magistério 
doutrinário e jurisprudencial dos Tribunais Superiores como causa supralegal de 
exclusão de tipicidade. Assim, uma conduta que se subsuma perfeitamente ao 
modelo abstrato previsto na legislação penal pode vir a ser considerada atípica 
por força do postulado da insignificância. 
O princípio da tipicidade pode ser entendido como a subsunção e 
adequação da conduta do agente ao modelo abstrato previsto na lei. Contudo, 
esta concepção de mero juízo formal da tipicidade não satisfaz. A tipicidade não 
se esgota na subsunção formal do fato ao tipo, pois a descrição típica deve ser 
lesiva a um bem jurídico. Afirma-se que o comportamento humano, para ser 
típico, não só deve ajustar-se formalmente a um tipo legal de delito, mas também 
ser materialmente lesivo a bens jurídicos, ou seja, deve haver a 
Discorra sobre: a) Princípio da Insignificância; b) Princípio da Fragmentariedade; 
c) Princípio da Intervenção Mínima; d) Princípio da Ofensividade. 
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21 
 
 
 
chamada tipicidade penal, na qual ocorre a conjugação da tipicidade formal e a 
material. 
Em outras palavras, a tipicidade não se restringe à mera subsunção 
formal da conduta ao modelo abstrato previsto na descrição típica. Há a 
necessidade da ocorrência de uma relevante lesão ou perigo de lesão ao bem 
protegido pela lei (tipicidade material). A tipicidade material ocupa-se da análise 
da lesão ou perigo de lesão, ocasionados pelo comportamento do agente em face 
do bem jurídico salvaguardado pela norma penal. 
Desta forma, cabe ao aplicador da lei penal especificar a área de 
abrangência dos tipos penais abstratamente previstos no ordenamento jurídico, 
de maneira a excluir da tutela penal os fatos que ocasionam insignificante lesão 
ao bem jurídico tutelado, aos quais se deve aplicar o princípio da insignificância. 
A aplicação do princípio da insignificância conduz ao afastamento da chamada 
tipicidade penal, ante a constatação da ausência da tipicidade material, uma vez 
que a conduta não se revele lesiva, ou ao menos perigosa, aos bens juridicamente 
protegidos. 
O princípio da fragmentariedade decorre dos princípios da legalidade, da 
intervenção mínima e da lesividade. Ele se baseia no fato de que somente as 
condutas mais graves e mais perigosas, intentadas contra bens jurídicos 
relevantes, necessitam da tutela do Direito Penal. Nem todas as lesões a bens 
jurídicos justificam a proteção e punição pelo Direito Penal. O Direito Penal deve, 
portanto, ser um campo descontínuo de ilícitos, albergando apenas aqueles bens 
jurídicos relevantes e punindo apenas as condutas mais lesivas. 
O princípio da intervenção mínima possui como característica a 
subsidiariedade do Direito Penal em relação aos demais ramos do Direito, 
preconizando que a seara penal só deve ser aplicada quando houver extrema 
necessidade, ou seja, mantendo-se como instrumento subsidiário (ultima ratio) e 
fragmentário no extenso campo de proteção de bens jurídicos. A intervenção do 
Direito Penal só estaria autorizada quando as barreiras dispostas nos demais 
ramos do Direito fossem ineficazes, atuando como verdadeiro último recurso 
para a proteção do bem jurídico tutelado. Logo, na hipótese de existir um recurso 
mais brando com condições de solução do conflito, descartada estaria a 
aplicação do Direito Penal. 
O princípio da ofensividade possui função dupla: político-criminal e 
interpretativa ou dogmática. A primeira dirige-se ao legislador, mais 
precisamente ao momento em que este decide pela criminalização de uma 
conduta, atuando como limitador ao direito de punir estatal. A segunda é 
destinada à interpretação e aplicação do Direito Penal ao caso concreto, 
dirigindo-se ao intérprete e ao juiz. 
Assim, sua atuação como base limitadora ao ius puniendi estatal começa 
já no momento de elaboração do comando legal penal, de forma a impedir a 
criminalização de condutas tidas como inofensivas ou que não tragam 
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22 
 
 
 
ao menos perigo real a bens jurídicos relevantes. Caso haja falhas neste filtro, 
entra em ação a segunda função do princípio da ofensividade, a qual é dirigida 
aos aplicadores do Direito Penal. A eles, incumbe a tarefa de aplicar a norma 
penal de acordo com os ditames do principio da ofensividade e da CRFB, 
impedindo que Estado exerça sua força punitiva de maneira arbitrária e contrária 
ao interesse público. 
 
 
ADVOGADO DA UNIÃO - AGU - CESPE - 2008 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA 
É ponto pacífico na jurisprudência, especialmente do STF, a possibilidade 
de aplicação do princípio da insignificância aos delitos tributários e ao de 
descaminho. Tradicionalmente, o valor que não ultrapasse dez mil reais é 
considerado insignificante, à luz do art. 10 da Lei nº 10.522/02. 
Isso ocorre porque, com base em todos os princípios que regem o Direito 
Penal, especialmente o princípio da subsidiariedade, da fragmentariedade, da 
necessidade e da intervenção mínima, é contraditório que uma conduta sejaadministrativamente irrelevante e, ao mesmo tempo, seja considerada 
criminalmente relevante e punível. A única conclusão a que se pode chegar é a 
de que não há lesão ao bem jurídico tutelado. Para que fique configurada a 
incidência do princípio da insignificância, entende-se que a conduta delituosa 
deve ter mínima ofensividade; nenhuma periculosidade social da ação; reduzido 
grau de reprovabilidade do comportamento; e inexpressividade da lesão jurídica 
provocada. 
Em sede de crime de descaminho, em que o bem jurídico tutelado é a 
ordem tributária, a irrisória lesão ao Fisco conduz à atipicidade material da 
conduta. Portanto, aceita-se o parâmetro da Lei 10.522/02 como fixação do 
princípio da insignificância. 
José foi denunciado pelo Ministério Público Federal, que requereu ao final que, 
na condenação, ele fosse considerado em curso nas penas previstas no art. 334 
do CP, visto que deixara de recolher aos cofres públicos a quantia de R$1.200,00. 
O advogado de defesa do denunciado, no entanto, requereu a aplicação do art. 
20 da Lei nº 10.522/02, que assim dispõe: ““erão arquivados, sem baixa na 
distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os 
autos das execuções fiscais de débito inscritos como Dívida Ativa da União pela 
Procuradoria – Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor 
consolidado igual ou inferior a R$10.000,00. Com referencia a situação hipotética 
acima apresentada, responda, de forma fundamentada, às seguintes questões. – 
É típica a conduta de José?; - A lei nº 10.522/02 pode ser aplicada para fins 
penais? Caso a resposta seja afirmativa, qual seria a consequência jurídica dessa 
aplicação?; - Qual é o entendimento do STF a cera de situações análogas a essa? 
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23 
 
 
 
Um ponto fundamental e que merece destaque é que o Ministério da 
Fazenda editou a Portaria nº 75, no ano de 2012, em que dispôs que o Procurador 
da Fazenda Nacional requererá o arquivamento, sem baixa na distribuição, das 
execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional cujo valor consolidado seja 
igual ou inferior a R$ 20.000,00, desde que não conste dos autos garantia, 
integral ou parcial, útil à satisfação do crédito. Portanto, a grande questão é: 
houve modificação do parâmetro para fins de atipicidade? 
A posição do STJ é a de que não houve. Referido tribunal entende assim 
por algumas razões: a) a opção da autoridade fazendária sobre o que deve ou 
não ser objeto de execução fiscal não pode ter a força de subordinar o exercício 
da jurisdição penal; e b) não é possível majorar o parâmetro previsto no art. 20 
da Lei n° 10.522/2002 por meio de uma portaria do Ministro da Fazenda. A 
portaria emanada do Poder Executivo não possui força normativa passível de 
revogar ou modificar lei em sentido estrito. 
Já a posição do STF é diferente, isto é, pela possibilidade de aplicação do 
novo limite. 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO 
PENAL. VIOLAÇÃO AO ART. 334 DO CP . OCORRÊNCIA. DESCAMINHO. 
INSIGNIFICÂNCIA. PARÂMETRO. MÍNIMO LEGAL PARA A EXECUÇÃO FISCAL. 
ARTIGO 20 DA LEI Nº 10.522 /02. REITERAÇÃO DELITIVA. SOMA DOS DÉBITOS 
CONSOLIDADOS NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS. PARÁGRAFO 4º DA NORMA. 
AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Em sede de 
crime de descaminho, em que o bem jurídico tutelado é a ordem tributária, a 
irrisória lesão ao Fisco conduz à própria atipicidade material da conduta. 2. 
Definindo o parâmetro de quantia irrisória para fins de aplicação do princípio da 
insignificância em sede de descaminho, a Terceira Seção deste Superior Tribunal 
de Justiça, no julgamento do Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº 
1.112.748/TO, pacificou o entendimento no sentido de que o valor do tributo 
elidido a ser considerado é aquele de R$ 10.000,00 (dez mil reais) previsto no 
artigo 20 da Lei nº 10.522 /02. 3. Nos casos de 'reiteração delitiva', não há como 
excluir a tipicidade material à vista do valor da evasão fiscal de cada apreensão, 
representação fiscal ou auto de infração, considerados isoladamente, devendo 
ser considerada, para os fins do parâmetro legal, a soma dos débitos 
consolidados nos últimos cinco anos, nos termos do parágrafo 4º da norma. 4. 
Em restando devidamente comprovada a existência de outros processos 
administrativo-fiscais contra o mesmo devedor, não há de se afirmar, ab initio, a 
atipicidade material da conduta com base no princípio da insignificância se, em 
virtude da reiteração, houver efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, a ordem 
tributária, considerada a soma dos débitos consolidados nos últimos cinco anos, 
superior a dez mil reais. 5. Agravo regimental improvido. AREsp 343600 PR 
2013/0179679-3 (STJ) Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA 
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“O valor de ‘$ 20 mil fixado pela Portaria MF 75/2012 – empregado como critério 
para o arquivamento, sem baixa na distribuição, das execuções fiscais de débitos 
inscritos na Dívida Ativa da União – não pode ser utilizado como parâmetro para 
fins de aplicação do princípio da insignificância aos crimes de descaminho. 
Inicialmente, importante ressaltar que o entendimento, tanto do STF quanto do 
STJ (REsp 1.112.748-TO, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, DJe 13/10/2009), 
tem sido o de que incide o princípio da insignificância no crime de descaminho 
quando o valor dos tributos iludidos não ultrapassar o montante de R$ 10 mil, 
valor este fixado pela Lei 10.522/2002 para servir como piso para arquivamento, 
sem baixa nos autos, de execuções fiscais. Mais recentemente, o Ministério da 
Fazenda editou a Portaria MF 75/2012, a qual elevou o valor de arquivamento 
para R$ 20 mil. Desde então, o STF tem, em alguns de seus julgados, empregado 
o referido patamar para reconhecer a aplicação do princípio da insignificância ao 
descaminho, quando o valor dos tributos iludidos não ultrapassar o montante de 
R$ 20 mil. Não obstante esse entendimento, importante analisar a validade 
formal da elevação do parâmetro pela Portaria MF 75/2012. Nesse passo, 
ressalte-se que, atualmente, com o advento da Lei 10.522/2002, o Ministro da 
Fazenda possui autonomia tão somente para estabelecer o cronograma, 
determinando as prioridades e as condições a serem obedecidas quando forem 
remetidos os débitos passíveis de inscrição em Dívida Ativa da União e cobrança 
judicial pela Procuradoria da Fazenda Nacional. A lei não previu a competência 
para que o Ministro da Fazenda, por meio de portaria, altere o valor fixado como 
parâmetro para arquivamento de execução fiscal, sem baixa na distribuição. Com 
isso, a alteração do valor para arquivamento de execução fiscal só pode ser 
realizada por meio de lei, não sendo a referida portaria, portanto, meio 
normativo válido para esse fim. Ademais, da leitura da aludida portaria, extrai -se 
que o valor foi estabelecido para orientar a ação em sede executivo-fiscal, com 
base apenas no custo benefício da operação; claramente, portanto, como uma 
opção de política econômico-fiscal. Em vista disso, importante ponderar: pode-
se aceitar que o Poder Judiciário se veja limitado por parâmetro definido por 
autoridade do Poder Executivo, estabelecido unicamente por critérios de 
eficiência, economicidade, praticidade e as peculiaridades regionais e/ou do 
débito? Afigura-se inusitada a compreensão de que o Ministro da Fazenda, por 
meio de portaria, ao alterar o patamar de arquivamento de execuções fiscais de 
débitos com a Fazenda Pública, determine o rumo da jurisdição criminal de outro 
Poder da República. Por fim, não há como aplicar os princípios da 
fragmentariedade e da subsidiariedade do Direito Penal ao caso analisado. O 
caráter fragmentárioorienta que o Direito Penal só pode intervir quando se trate 
de tutelar bens fundamentais e contra ofensas intoleráveis; já o caráter 
subsidiário significa que a norma penal exerce uma função meramente 
suplementar da proteção jurídica em geral, só valendo a imposição de suas 
sanções quando os demais ramos do Direito não mais se mostrem eficazes na 
defesa dos bens jurídicos. Os referidos princípios penais ganhariam relevo se o 
atuar do Direito Administrativo eliminasse a lesão ao erário, e não na situação 
ora analisada, em que, por opção decorrente da confessada ineficiência da 
Procuradoria da 
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Fazenda Nacional, queda-se inerte a Administração Pública quanto ao seu dever 
de cobrar judicialmente os tributos iludidos. REsp 1.393.317-PR, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 12/11/2014. 
“HáBEá“ CO‘PU“. DI‘EITO PENáL. DE“CáMINHO. VáLOR INFERIOR AO 
ESTIPULADO PELO ART. 20 DA LEI 10.522/2002. PORTARIAS 75 E 130/2012 DO 
MINISTÉRIO DA FAZENDA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. 
ORDEM CONCEDIDA. 1. A pertinência do princípio da insignificância deve ser 
avaliada considerando-se todos os aspectos relevantes da conduta imputada. 2. 
Para crimes de descaminho, considera-se, para a avaliação da insignificância, o 
patamar de R$ 20.000,00, previsto no art. 20 da Lei n.º 10.522/2002, atualizado 
pelas Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da Fazenda. Precedentes. 3. Na 
espécie, aplica-se o princípio da insignificância, pois o descaminho envolveu 
elisão de tributos federais que perfazem quantia inferior ao previsto no referido 
diploma legal. 4. Ordem concedida.” HC 120.617/P‘, ‘el. Min. ‘osa Weber, 
Primeira Turma, julgado em 04/02/2014, DJe 20/02/2014 
GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: 
- Grade de correção da banca: 1- Apresentação e estrutura textual (legibilidade; 
respeito às margens; paragrafação); 2- Desenvolvimento do tema; 2.1- 
Atipicidade da conduta; 2.2- Aplicação do art. 20 da Lei n.º 10.522/2002 como 
parâmetro para o princípio da insignificância; 2.3- Consequência da aplicação da 
lei: falta de justa causa para ação penal; 2.4- Entendimento do STF. 
 
 
MAGISTRATURA ESTADUAL – TJDFT – 2014 – CESPE 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 
O princípio da insignificância incide quando presentes, cumulativamente, 
as seguintes condições objetivas: (a) mínima ofensividade da conduta do agente, 
(b) nenhuma periculosidade social da ação, (c) grau reduzido de reprovabilidade 
do comportamento, e (d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
 
O STJ entende que é possível aplicar o princípio da insignificância ao ato 
infracional, ou seja, para a referida Corte, é possível a aplicação do princípio da 
insignificância ao fato cujo agente tenha praticado ato infracional equiparado a 
delito penal sem significativa repercussão social, lesão inexpressiva ao bem 
jurídico tutelado e diminuta periculosidade de seu autor. 
 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
Senhor (a) candidato (a), com respaldo no entendimento do Superior Tribunal 
Federal, discorra, de forma clara, objetiva e fundamentada, sobre a aplicação ou 
não do princípio da insignificância a ato infracional. 
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HABEAS CORPUS. ECA. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO FURTO. PRINCÍPIO 
DA INSIGNIFICÂNCIA. 1. O princípio da insignificância tem aplicação na seara 
menorista, porém as circunstâncias do caso concreto não favorecem o paciente 
— usuário de drogas, com vários atos infracionais, que utiliza os frutos da vida 
infracional para manter o vício em entorpecentes pesados —, além de se 
mostrarem ineficazes as medidas socioeducativas mais brandas anteriormente 
aplicadas. Internação fundamentada no art. 122, II, do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 2. Paciente que já obteve progressão para liberdade assistida. 3. 
Ordem denegada. (STJ - HC: 201630 RS 2011/0067155-0, Relator: Ministro 
Sebastião Reis Júnior, Data de Julgamento: 26/06/2012, T6 - Sexta Turma, Data 
de Publicação: DJe 06/08/2012) 
 
 
MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2011 - CESPE 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 
O princípio contido no enunciado perpassa pelos famosos axiomas de 
Luigi Ferrajoli, famoso defensor do que se denomina garantismo penal. Aludido 
princípio serve, junto com outros, para estatuir balizadores na esfera penal e 
processual penal, com toda uma sistemática garantista para a persecução 
criminal. Ferrajoli defende uma ideia de diminuir o poder estatal, notadamente 
no campo penal, sendo que seus axiomas contribuem para tal intento. 
 
O garantismo de Ferrajoli é abordado por três óticas. A primeira delas 
designa um modelo normativo de direito: precisamente, no que diz respeito ao 
direito penal, o modelo de “estrita legalidade”, próprio do Estado de direito, que 
sob o plano epistemológico se caracteriza como um sistema cognitivo ou de 
poder mínimo, sob o plano político se caracteriza como uma técnica de tutela 
idônea a minimizar a violência e maximizar a liberdade e, sob o plano jurídico, 
como um sistema de vínculos impostos à função punitiva do Estado em garantia 
dos direitos dos cidadãos. É, consequentemente, “garantista” todo sistema penal 
que se conforma normativamente com tal modelo e que o satisfaz efetivamente. 
 
A segunda ótica envolve designa uma teoria jurídica da “validade” e da 
“efetividade” como categorias distintas não só entre si, mas, também, pela 
“existência” ou “vigor” das normas. Neste sentido, a palavra garantismo exprime 
uma aproximação teórica que mantém separados o “ser” e o “dever ser” no 
direito; e, aliás, põe como questão teórica central, a divergência existente nos 
ordenamentos complexos entre modelos normativos (tendentemente 
garantistas) e práticas operacionais (tendente antigarantistas), interpretando-a 
com a antinomia – dentro de certos limites fisiológica e fora 
Em que consiste o princípio: nulla necessitas sine injuria, e qual a sua 
repercussão no Direito Penal? 
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destes patológica – que subsiste entre validade (e não efetividade) dos 
primeiros e efetividade (e invalidade) das segunda. 
 
Por sua vez, a terceira ótica designa uma filosófica política que requer do 
direito e do Estado o ônus da justificação externa com base nos bens e nos 
interesses dos quais a tutela ou a garantia constituem a finalidade. Neste último 
sentido, o garantismo pressupõe a doutrina laica da separação entre direito e 
moral, entre validade e justiça, entre ponto de vista interno e ponto de vista 
externo na valoração do ordenamento, ou mesmo entre o “ser” e o “dever ser” 
do direito. Equivale à assunção, para os fins da legitimação e da perda da 
legitimação ético-política do direito e do Estado, do ponto de vista 
exclusivamente externo. 
 
No campo penal, o garantismo fundamenta-se nos famosos dez axiomas 
de Ferrajoli, tendo uma deontologia de estruturar um sistema penal na dignidade 
humana. Dentre os dez axiomas, temos o que está no enunciado, que, em uma 
tradução, significar que inexiste necessidade de incidência da lei penal sem lesão, 
ou seja, abarca o princípio da lesividade como estruturador do Direito Penal. 
Assim, no momento de criação e aplicação da norma deve ser perquirida a 
lesividade, efetiva ou perigo efetivo, a um bem jurídico tido por relevante. 
 
Logo, condutas desprovidas de valor não devem ser sancionadas no 
campo penal. Como exemplo, temos a revogação do tipo penal do adultério que, 
embora possa ter reverberação na esfera cível, para fins penais apresenta nítido 
desvalor. Outro ponto importante está no fato de que aludido axioma abrange o 
importante princípio da insignificância, reiteradamenteaplicado pela 
jurisprudência, notadamente o STF e STJ. 
 
Na aplicação desse princípio, deve-se analisar a presença de alguns 
pressupostos: a ofensividade mínima da conduta do agente, a ausência de 
periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do 
comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. O princípio da 
insignificância, que tem sido acolhido pela jurisprudência do STF, deve ser 
analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção 
mínima do Estado em matéria penal. 
 
 
DELEGADO DE POLÍCIA – PCMS – 2017 - FEMPEMS 
 
“á análise garantista dos princípios fundamentais constitucionais não representa 
um favor ao sujeito que infringe um tempo legal e muito menos significa a sua 
impunidade" (Martinez li, J.P.O. De Bem, L.S. Lições Fundamentais de Direito 
Penal, 2a ed. São Paulo: Saraiva, 2017). Ao contrário dessa mistificação, "o 
garantismo exerce missão essencial no estado democrático" (STF, RÉ. 
738.214/DF DJe 03/02/2015). A partir do excerto 
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OBSERVAÇÃO: 
De modo a ter uma resposta completa, optamos por inserir os dez 
axiomas elencados pelo autor Luigi Ferrajoli. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
Luigi Ferrajoli aponta a existência de três significados de garantismo. O 
primeiro seria a designação de um modelo normativo de direito, especialmente 
no campo penal, abarcando a legalidade estrita. Isto configuraria o próprio 
Estado de Direito, já que, no viés político, seria uma técnica de tutela idônea a 
minimizar a violência e a maximizar a liberdade. Sob a ótica jurídica, seria um 
sistema de vínculos impostos à função punitiva do Estado em garantia dos 
direitos dos cidadão. 
O segundo significado seria o de uma teoria jurídica da validade e da 
efetividade como categorias distintas entre si, mas também pela existência ou 
vigor das normas. Somado a isso, o garantismo serve como uma doutrina jurídica 
de legitimação e de perda da legitimação interna do direito penal, que requer dos 
operadores jurídicos uma abordagem crítica sobre as leis vigentes. 
O terceiro significado do garantismo envolve a designação de uma 
filosofia política que requer do Direito e do Estado a incumbência de justificação 
externa com base nos bens e nos interesses dos quais a tutela ou a garantia 
constituem a finalidade. 
Os dez axiomas, propostos por Ferrajoli, são dez condições restritivas do 
arbítrio legislativo ou do erro judicial. Com isso, não se entende por adequada e 
legítima uma aplicação da pena sem a incidência de um fato exterior danoso para 
terceiro e produzido por um sujeito que seja considerado imputável; previsto 
anteriormente pela lei como delito; e sendo necessária sua proibição e punição. 
Somado aos critérios processuais, existe a imperiosidade de que sejam 
produzidas provas em processo contraditório e regular, com o julgamento de um 
juiz imparcial. 
Eis os dez axiomas: nulla poena sine crimine; nullum crimen sine lege; 
nulla Lex (poenalis) sine necessitate; nulla necessitas sine imjuria; nulla injuria 
sine actione; nulla actio sine culpa; nulla culpa sine judicio; nullum judicium sine 
accusation; nulla accustio sine probatione; e nulla probatio sine defensione. 
O primeiro axioma (nulla poena sine crimine) aduz que não há pena sem 
crime anteriormente definido, abrangendo o princípio da retributividade ou da 
consequencialidade da pena em relação ao delito. 
O segundo axioma (nullum crimen sine lege) aduz sobre não haver crime 
sem lei definidora, abrangendo o princípio da legalidade. O terceiro axioma, 
doutrinário referido e do julgado do Supremo Tribunal Federal, cite e explique 
quatro axiomas do garantismo penal. 
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nulla Lex (poenalis) sine necessitate, abrange o princípio da necessidade ou da 
economia do direito penal, reforçando o seu caráter subsidiário e fragmentário. 
O quarto axioma (nulla necessitas sine imjuria) abrange o princípio da 
lesividade ou da ofensividade do evento. O quinto axioma (nulla injuria sine 
actione) abrange o princípio da materialidade ou da exterioridade da ação. O 
sexto axioma (nulla actio sine culpa) abrange o princípio da culpabilidade ou da 
responsabilidade pessoal. 
O sétimo axioma (nulla culpa sine judicio) abrange o princípio da 
jurisdicionalidade. O oitavo axioma (nulla judicium sine accustone) abrange o 
princípio acusatório ou da separação ente o juiz e a acusação. O nono axioma 
(nulla accusatio sine probatione) abrange o princípio do ônus da prova ou da 
verificação). 
Por fim, o décimo axioma (nulla probatio sine defensione) abrange o 
princípio do contraditório ou da defesa. 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
(...)4. Não há nos autos elementos aptos a justificar a letargia do feito, a se obstar 
o reconhecimento do excesso de prazo nos casos em que se fere a 
proporcionalidade e a razoabilidade, tal como a presente hipótese, eis que vigora 
a previsão garantista da realização do processo em tempo hábil, ainda mais 
quando inexiste sequer previsão para prolação de sentença. (...) STJ - HC: 301554 
SP 2014/0202670-0, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, Data de Julgamento: 14/10/2014, T6 - SEXTA TURMA, Data de 
Publicação: DJe 30/10/2014) 
(...)1. O recolhimento do réu à prisão como condição de procedibilidade e de 
conhecimento do seu recurso de apelação fere o princípio constitucional 
garantista da ampla defesa e do duplo grau de jurisdição (Súmula 347/STJ). (...) 
STJ - REsp: 1024017 MG 2008/0011924-8, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data 
de Julgamento: 18/08/2009, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 
13/10/2009) 
(...)7. No modelo garantista hoje vigente, não se pode conceber que osprincípios 
constitucionais do contraditório e da ampla defesa, sejamobservados tão 
somente na feição formal. Ao revés, exige-se aobservância desses postulados na 
essência material, assegurando-seum processo judicial devido, justo. (...) (STJ - 
HC: 90718 GO 2007/0218557-1, Relator: Ministro OG FERNANDES, Data de 
Julgamento: 14/04/2011, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 
02/05/2011) 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 
FERRAJOLI, Luigi, Direito e Razão (Teoria do Garantismo Penal), 4 ed. – São 
Paulo, RT, 2014 
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GABARITO OFICIAL DA BANCA EXAMINADORA: 
A teoria de Luigi Ferrajoli está estruturada em axiomas, verdadeiros valores ou 
princípios, garantidores de direitos mínimos do acusado que, segundo o autor, 
devem nortear tanto o Processo quanto o Direito Penal. Desta forma, a resposta 
deveria ser redigida discorrendo, de forma fundamentada e diante dos critérios 
de valoração constantes da prova, sobre ao menos quatro dos seguintes axiomas: 
Nulla poena sine crimine (Princípio da retributividade ou da consequencialidade 
da pena em relação ao delito); Nullum crimen sine lege (Princípio da legalidade); 
Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Princípio da necessidade ou da economia do 
direito penal); Nulla necessitas sine injuria (Princípio da lesividade ou 
ofensividade do evento); Nulla injuria sine actione (Princípio da materialidade ou 
da exterioridade da ação); Nulla actio sine culpa (Princípio da culpabilidade ou da 
responsabilidade pessoal); Nulla culpa sine judicio (Princípio da 
jurisdicionalidade); Nulla judicium sine accustone (Princípio acusatório ou da 
separação ente o juiz e a acusação); Nulla accusatio sine probatione (Princípio do 
ônus da prova ou da verificação); Nulla probatio sine defensione (Princípio do 
contraditório ou da defesa). 
 
 
DEFENSOR PÚBLICO - DPE/RR - 2013 - CESPE 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
Os princípios,espécies de normas jurídicas ao lado das regras, podem ser 
definidos como “mandados de otimização”, na esteira da doutrina de Robert 
Alexy, devendo ser aplicados na maior medida possível, de acordo com as 
circunstâncias fáticas e jurídicas, resolvendo-se eventual conflito por meio da 
ponderação. 
O princípio do NE BIS IN IDEM ou NON BIS IN IDEM, especificamente, 
consiste na proibição de dupla imputação pelo mesmo fato, tendo como 
finalidade infranqueável limite ao poder punitivo do Estado. A doutrina ensina 
que o princípio em questão possui três vertentes: 1. Processual, no sentido de que 
ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime; 2. Material, uma 
vez que ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato; 
3. Execucional, já que ninguém pode ser executado duas vezes por condenações 
referentes ao mesmo fato. 
Em um enfoque material ou substancial, o princípio encontra fundamento 
nos valores da justiça e certeza das decisões, privilegiando 
Discorra sobre o princípio do NE BIS IN IDEM, ou NON BIS IN IDEM, abordando, 
necessariamente, os seguintes aspectos: 1- conceito e finalidade do princípio, 2- 
conteúdo de natureza material ou substancial do princípio, 3- distinção entre o 
referido princípio e o princípio da valoração integral do fato, ou valoração global 
do fato, no concurso de normas. 
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o status de inocência, e se manifesta através da extraterritorialidade e do 
princípio da legalidade. Quanto ao aspecto processual, o princípio se manifesta 
na garantia da coisa julgada e no instituto da litispendência. 
Sua fonte normativa encontra guarida no artigo 8º, 4, do Pacto de São 
José da Costa Rica, bem como no artigo 20 do Estatuto de Roma, ambos 
convenções internacionais ratificadas pelo Brasil. Na legislação interna, a 
temática encontra-se prevista de maneira indireta e mais ampla – visto que incide 
na aplicação da pena –, nos artigos 8º, 42 e 61 do Código Penal. 
Muito se discute a respeito da inconstitucionalidade do artigo 8º do 
Código Penal, segundo o qual a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena 
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, 
quando idênticas. Nota-se que o dispositivo sugere a duplicidade de punição, nos 
casos em que o agente já tenha cumprido pena no estrangeiro e venha a ser 
condenado no Brasil, pelo mesmo fato criminoso, por ele praticado fora do País, 
revelando-se questionável sua constitucionalidade. 
Por sua vez, o artigo 42 do Código Penal dispõe sobre a detração, que visa 
impedir que o Estado abuse de poder-dever de punir, computando-se na pena 
definitiva o período de perda da liberdade ou de internação em momento anterior 
à sentença condenatória. 
No que tange à aplicação da pena, é importante destacar que não se 
admite, por exemplo, o reconhecimento como agravante de uma circunstância 
que já funcione como elemento constitutivo, qualificadora ou causa de aumento 
do delito. A título elucidativo, não há que se falar na aplicação da agravante 
relacionada a crime praticado "contra mulher grávida" (art. 61, II, "h", CP) no 
crime de aborto, dado que a gravidez é pressuposto lógico para a própria 
possibilidade da interrupção da vida intrauterina. 
Vale esclarecer que o STJ admite que, presentes duas qualificadoras, é 
possível que o magistrado utilize uma para qualificar o delito e a outra como 
agravante, para majorar a reprimenda na segunda fase de dosimetria, como 
pode acontecer no crime de homicídio qualificado. 
Acrescente-se que o STJ editou a súmula 241, consolidando seu 
entendimento no sentido de que a reincidência penal não pode ser considerada 
como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial 
(referindo-se aos maus antecedentes do artigo 59 do Código Penal). 
No ponto, importa ressaltar que o instituto da reincidência vem sendo 
questionado à luz do princípio do “non bis in idem” pela doutrina garantista e 
debatido na jurisprudência. Parte da doutrina assevera que o agravamento da 
segunda reprimenda em função da reincidência retroalimenta os efeitos 
criminógenos da primeira, renovando intermitentemente a seletividade do poder 
punitivo, restando incompatível com o princípio em apreço, na medida em que a 
punição anterior projeta sua sequelas para a nova pena, em vez de 
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encerrá-las em si, fulminando a garantia fundamental que assegura a 
intangibilidade da coisa julgada frente à lei e aplicando o direito penal do autor 
em detrimento do direito penal do fato. 
No âmbito internacional, a Corte Interamericana dos Direitos Humanos, 
no caso Fermín Ramirez x Guatemala, sentença de 20/06/2005, entendeu que os 
dispositivos que agravam a pena em razão de ser o agente reincidente são 
contrários ao Pacto de São José da Costa Rica. No entanto, o Supremo Tribunal 
Federal, na contramão de tal posicionamento, se inclina pela constitucionalidade 
do instituto, com base no princípio da individualização da pena. 
Por fim, no concurso de normas, diferencia-se o princípio do “non bis in 
idem” do princípio da valoração integral/global do fato: enquanto este diz 
respeito à valoração penal total da conduta, aquele figura como complementar 
da valoração global, sendo certo que o princípio da valoração global tem função 
de fundamento, enquanto que o “non bis in idem” desempenha a função de 
limite. Um princípio complementa o outro, fundindo-se no postulado normativo 
da proporcionalidade, derivando deste um conceito negativo, consubstanciado 
na proibição do excesso, e um positivo, qual seja, medida justa. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
ALEXY, Robert. Teoria de los Derechos Fundamentales. Madri: Centro de Estúdios 
Políticos y Constitucionales, 2001, p.112 
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, volume 1, parte geral - arts. 
1º a 120. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. 
p.148. 
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado – Parte geral – vol. 1 / Cleber 
Masson. – 9ª edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. p. 58- 
60. 
ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Aplicação da Pena: limites, princípios e novos 
parâmetros. São Paulo: Saraiva, 2013. p.198-199. 
JURISPRUDÊNCIA APLICADA: 
“áG‘áVáNTE – REINCIDÊNCIA – CONSTITUCIONALIDADE – Surge harmônico 
com a Constituição Federal o inciso I do artigo 61 do Código Penal, no que prevê, 
como agravante, a reincidência.” “TF, ‘E 453000 / ‘“ - Relator: Min. MARCO 
AURÉLIO - Julgamento: 04/04/2013. 
“HáBEá“ CO‘PU“. CON“TITUCIONáL. PENáL. T‘ãFICO INTE‘NáCIONáL DE 
ENTORPECENTE. APLICAÇÃO DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO EM PATAMAR 
MÁXIMO. QUANTIDADE E NATUREZA DA DROGA: FIXAÇÃO DA PENA-BASE E 
DEFINIÇÃO DO PERCENTUAL DE DIMINUIÇÃO. BIS IN IDEM. SUBSTITUIÇÃO DA 
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS E DO REGIME 
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PRISIONAL. POSSIBILIDADE DE REEXAME. ORDEM CONCEDIDA. 1. A natureza e 
a quantidade do entorpecente foram utilizadas na primeira fase da dosimetria, 
para a fixação da pena-base, e na terceira fase, para a definição do patamar da 
causa de diminuição do § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 em um sexto. Bis 
in idem. Patamar de dois terços a ser observado. 2. Este Supremo Tribunal 
Federal assentou serem inconstitucionais a vedação à substituição da pena 
privativa de liberdade por restritiva de direitos e a imposição do regime fechado 
para o início do cumprimento da pena, em caso de tráfico de entorpecente. 
Precedentes. 3. Ordem concedida para determinar a redução da pena imposta 
ao Paciente, com a aplicação da causa de diminuição do art. 33, §

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