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Aula 1 - Cariologia

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Dentística I
• Cariologia
Cárie é de origem externa, ou seja, o seu dente não nasce com cárie, precisa vir de fora. Ela se inicia depois da erupção dentária, então o dente não pode ter cárie dentro da gengiva, ele precisa romper. Cárie é determinada pelo amolecimento do tecido duro do dente, que é o esmalte e a dentina, e evolui até a formação da cavidade.
Quando falamos em cárie é necessário diferenciar isso em duas situações: Quando se fala que acha que não tem, o pensamento é em doença ou cavidade? Existe uma diferença em doença cárie e lesão cariosa. 
Quando se pergunte se alguém tem cárie, não foi perguntado se você tem lesão cariosa ou você tem doença cárie, só foi perguntado se você tem cárie. Então aqui a maioria pensa em lesão e não pensou na doença, porque se a gente pensar na doença a gente precisa pensar na causa da doença. 
E quais são as causas da doença? Alimentação (dieta rica em carboidratos), hospedeiro suscetível (dente) e microrganismo (acúmulo de biofilme).
Biofilme ou Placa Bacteriana:
Todo mundo possui bactérias na boca, quando a gente estuda a doença cárie dá uma aparente sensação de que microrganismos só vai ter na boca se tiver doença. Só que esse microrganismo é importante na nossa cavidade, ele faz parte do meio ecológico, consequentemente há um equilíbrio ecológico. Então na clínica é necessário trabalhar com o paciente: 
Falar de Streptococcus Mutans? Lactobacilos? A gente precisa falar de hábitos. Então se vocês estão no seu consultório, precisam focar em hábitos. Se ficarmos focando muito em microrganismo, é igual a eu dando aula para vocês aqui: vocês vão pegar 10% do que eu falar hoje, se estudarem em casa chega em 50%, se estudarem só no dia da prova pega uns 30% apenas. Por que essa é a dinâmica do cérebro, a gente não consegue pegar tudo e se a gente não conseguir entender e encaixar, a gente não consegue depois raciocinar em cima disso. Por que se eu for trabalhar na clínica e eu sou um dentista que vai impedir que a cárie desenvolva nos meus pacientes e instrui-los, eu tenho que trabalhar hábitos. Então vamos trabalhar hábitos, qual é a propaganda que a gente mais vê na televisão? Fio dental, enxaguante bucal ou pasta de dente? Pasta de dente! Então o que o dentista tem que fazer? Falar sobre fio dental. Eu não falo sobre escova de dente, não falo sobre pasta de dente, não falo de enxaguante bucal, só falo de fio dental. Como eu falo de fio dental? Eu falo de fio dental na festa junina (bandeirinha de fio dental, pescaria de fio dental), no natal, todo lugar eu falo e coloco sobre fio dental. Porque se eu quero educar meu paciente, ele já recebe muita informação de escova e pasta. Microrganismo para gente, nós temos que estudar microrganismo com relação a causa de doença cárie, temos que estudar muito porque faz parte do processo, mas quando a gente trabalha sobre a cariologia com o paciente, temos que trabalhar sobre hábitos, isso é muito importante. 
Com relação a exame radiográfico, eu só vejo lesão cariosa entre molares e pré-molares, que são dentes que tem área de contato, por exemplo: O pré-molar com o canino seria ponto de contato, agora quando pega o molar com o pré-molar seria uma área de contato. Então dente posteriores eu não consigo saber se possui cárie. Precisa de exame radiográfico. 
E se vocês começarem a estudar, a tese de pós doutorado da USP do professor que mais pesquisa cariologia no Brasil, é exatamente não fazer radiografia pra evidenciação de cárie, então é uma outra história que eu não vou nem entrar para não atrapalhar vocês.
Então o foco da clínica é radiografar, tem que radiografar porque a gente não consegue ver. É um desastre um paciente que está com você faz tantos anos, fazer um canal no pré-molar porque você não radiografava o dente dele, e ele ia de 6 em 6 meses pra ver se tinha algo e você falava que não tinha cárie, ai de repente quebrou o dente dele e foi remover e tem que fazer canal, como você vai explicar isso pra ele? Sendo que você falava que ele não tinha cárie, então a radiografia é fundamental. 
E com relação ao fio dental, aonde acumula mais biofilme? Quando eu falo de hospedeiro suscetível, o que é suscetível? Por exemplo o formato do dente: Onde que acumula mais biofilme? Dente posterior. Em que lugar do dente posterior? Entre os dentes, nas proximais e nos sulcos fissuras. E se não usar fio dental? O que adianta você escovar os dentes 3x ao dia, faz aquela escovação excelente, mas não usa o fio dental. Você está a quando tempo tendo desmineralização entre os dentes? Então você tem ali mancha branca no mínimo ou então se não tem mancha branca, já tem um início de descalcificação que são as lesões vistas por microscópio. 
Então se eu for fazer um planejamento, eu tenho: hospedeiro, dieta e microorganismos. Ai eu terei que montar um planejamento para entender o que meu paciente precisa no tratamento da doença cárie.
Vamos ver item por item, começando pelo microorganismos:
· Microorganismo: Sempre pensa da seguinte maneira: Todo mundo tem microrganismo na cavidade, ele é importante na doença cárie.
Os microrganismos mais encontrados:
· Streptococcus Mutans: É o mais comentado, causador primário. Por que ele é o primeiro a promover a lesão? Ele tem que produzir ácido (viver no meio ph ácido), ele produz enzima adesina que facilita a aderência dele – coisa que outros não tem. O que significa produzir e viver em meio ácido? É ter menos ou mais resistência? MAIS. Então ele tem essa característica acidogênica e acidúrica, de produzir e viver em meio ácido. 
· Lactobacilos: Depois que ele se instala no processo da lesão (início) aí vem um aproveitador que são os lactobacilos, precisa já ter a lesão para eles começarem a proliferar. Eles são os invasores secundários, são oportunistas.... Se aproveitam da situação para se proliferar e nessa proliferação produção de ácido e desmineralização.
· Actinomyces: Mais presente em determinado ponto do dente, numa região.
Que parte seria essa? O dente é formado por quais parte anatômica dele? Coroa e raiz. Na coroa eu tenho que tipo de tecido duro? Esmalte e dentina. E na raiz? Cemento e dentina. O cemento e a dentina vem de qual origem embrionária? Vem do mesoderma, odontoblastos e cementoblastos. Então entre o esmalte da coroa e a raiz tem diferença no tecido? Sim, mas que tipo de diferença vocês acham que acarreta? Na mineralização, mas o que tem de diferente na mineralização? O esmalte tem primas e na dentina tem tubérculos e glóbulos interdentinários, tem colágeno. O esmalte quase possui 100% de mineral, chega a 96%. A Dentina possui cerca de 70% quando ela está amadurecida. Quem é mais fácil de descalcificar? A dentina, ela é mais “macia”.
Numa clínica, onde eu posso encontrar lesão cariosa ou perigo de lesão cariosa na raiz? Que tipo de paciente? Paciente com retração gengival. Quando você fala paciente com retração gengival, você fala que é uma coisa normal ou anormal? Anormal. 
Agora existe um aparecimento de raiz numa situação normal? Um paciente idoso, paciente adulto indo para a terceira idade, quanto mais velho o paciente, maior a possibilidade de existir exposição. Por que o paciente idoso tem uma retração da gengiva? Porque ele tem essa retração óssea? Quando um dente erupciona, um incisivo, o que ele tem? Os lóbulos, quando o paciente vai ficar adulto, vai se desgastando. Se vocês hoje (jovens) medirem da base do nariz ao mento vocês vão ter supor que 3,5cm, daqui a 30 anos se vocês medirem novamente vão ter 3,5cm. Se continua o mesmo tamanho e tem desgaste natural do dente, como é que mantém essa dimensão vertical natural? O que tem que acontecer dentro da boca? O dente tem que erupcionar, por isso o dente nunca termina sua erupção, só quando a gente morre. Essa erupção ela vai acompanhando o desgaste natural do dente. 
Então nós vamos encontrar exame de cárie com actinomyces mais em paciente idoso.
PROVA: Um paciente de 60 anos tem uma microbiota actinomyces, fale um sobre o porquê dele possuí-la ou qual microbiota ele possui e tal tal: ACTINOMYCES é o principalse for nessa região. 
Uma outra coisa interessante, quando falou do desgaste, é um desgaste para funcional ou funcional? Funcional, normal. Tem uma coisa que as pessoas fazem muito que é um desgaste para funcional: Bruxismo, um hábito que muita gente tem é o chiclete. Então pode mascar chiclete sem açúcar (pela aula ser de cariologia)? Não, por causa do desgaste para funcional.
Quantos minutos tocamos os dentes em um dia? 5 minutos em 24h. E quem mastiga chiclete vai ter muito mais desgaste, o chiclete oferece um envelhecimento do sistema estomatognático. Então pode ser que mais tarde quem masca muito chiclete fique com uma espuminha branca no canto da boca, que é perda da dimensão vertical. Encontra muito em quem tem bruxismo e quem usa prótese total, porque prótese total não tem erupção fisiológica, então vai gastando e diminuindo a dimensão vertical. Fora o problema na ATM. 
Então olha só falando de actinomyces que é mais em idoso, uma situação fisiológica a gente chega também na questão da dieta se o chiclete ser sem açúcar ou não, pois ele causa problema. E quando o chiclete é interessante? Quando você tem uma parestesia, ai você precisa fazer uma fisioterapia... Ai não é nem um chiclete, você vai na farmácia e compra uma goma de parafina que estimula a salivação, que não atrapalha nem o sistema neuromuscular para incentivar você a sentir aquele azedinho gostoso do chiclete, que depois acaba perdendo a vontade de comer verdura, frutas e legumes, de tanta vontade que você tem de sentir aquele azedinho do açúcar do chiclete. Então quando for orientar, não seja um incentivador de chiclete mesmo que sem açúcar. 
· Dieta: Duas coisas são importantes: Eu preciso saber qual é a dieta 
cariogênica, qual é a dieta protetora e uma coisa fundamental nós NÃO somos nutricionistas. Se você não é nutricionista, você tem que tomar muito cuidado ao passar uma dieta para o paciente, você pode dar sugestões em relação a alimentação não cariogênica, JAMAIS prescrever para o paciente um diário para o paciente seguir direitinho.
· Dieta cariogênica: Para explicar para seus pacientes, vocês lembram de que 
relacionado a dieta cariogênica? Carboidratos (alto poder cariogênico), sacarose, polissacarídeo, frutose... Além disso mais algumas coisas sobre dieta: falta de alimentos fibrosos (limpeza – maçã). Alimentos ácidos (laranja, limão) e os alimentos industrializados, que além de carboidratos pode ter muita acidez também. Eu estava assistindo uma palestra esses dias sobre cariologia em relação aos refrigerantes, além do açúcar tem um alto índice de acidez, abaixa bastante o ph muito rápido e demora muito para voltar ao nível normal. Nós falamos mais de tipos de dieta, mas muito importante também é a FREQUÊNCIA. Duas coisas que eu aprendi com vocês alunos, um foi sobre o café: Ele dificulta a adesão do Streptococcus Mutans na superfície, agora o café com o açúcar já era. E sobre o gergelim: que eu pesquisei e aprendi que é o alimento com maior quantidade de cálcio entre todos, mais do que folhas verdes escuras. 
Quase todos os alimentos que a gente consome são ácidos e todo alimento que você ingerir você vai provocar a acidez na boca, isso é uma coisa que eu te falo com toda certeza: acidez na boca é normal, depois que você se alimenta vai ficar com a boca ácida faz parte do processo de des-remineralização, depois de 40 minutos vai voltar ao normal. Mas se você toma um café e ele tem uma característica de impedir a adesão da Mutans já uma vantagem, mas vai ficar ácida sua boca? Vai ficar, depois de 40 minutos o ph vai voltar ao normal, é isso que vai acontecer. 
Thereza: Mas por exemplo se você toma um café com açúcar, aqui na faculdade mesmo se deixar eu tomo toda hora... Aí você vai ter uma frequência durante o dia do café com açúcar, ai já é um outro caso. A probabilidade de você ter cárie é muito maior. 
Então por isso você não pode chegar e falar o que o paciente tem que comer ou deixar de comer, por exemplo falar para seu paciente tomar café e se ele tiver uma gastrite? Se ele te fizer algumas perguntas e você não souber responder, você pesquisa e responde: com relação a cárie isso é bom ou ruim, não apenas dizer se pode ou não comer por ser bom ou ruim.
· Frequência: Qual a relação da frequência? Então a frequência é contra a 
quantidade, é melhor você comer muito do que ficar comendo frequentemente. Você acha que isso funciona para nosso paciente que já possui a doença cárie? Não tem como falar para ele comer uma caixa de bombom uma vez só. Então você tem que explicar direitinho essa relação da frequência para ele, senão vai achar que pode comer um saco de bala. Esse negócio de ficar chupando pirulito durante a aula igual eu vi as meninas aqui na sala fazendo, cuidado! Vocês vão escovar os dentes só que horas? 
Porquê que a maçã é um alimento bom? Protetor? E outros não, como por exemplo como a maria mole ou um doce de leite? O que tem a ver relação da adstringência? O que é a adstringência? Facilita o deslize e outros que dificultam a adesão. O que facilita mais a adesão num tipo de alimento? São os alimentos PEGAJOSOS.
· Alimentos pegajosos: Quanto mais macio, mais grudento pior é. Tem um 
trabalho interessante em relação aos biscoitos recheados, os recheios ficam muito tempo aderidos aos sulcos e fissuras, assim como bolos. 
Mas também existe os tipos de alimentos protetores. 
· Dieta protetora: São alimentos que possuem cálcio – que ajuda na 
remineralização, acha o cálcio em leites e queijos; que possuem fosfatos –ajudam no tamponamento, outro tamponante é o bicarbonato e também os que possuem lipídeos –bacon, picanha gordurosa. Mas como seria a nossa recomendação para o paciente com relação aos alimentos protetores? Coma bacon? (risadas) Essa orientação a gente não faz diretamente. 
O que você tem que fazer na dieta do seu paciente? Se você conseguir fazer um diário da dieta não pode conter só o sábado e domingo, tem que conter de segunda até domingo, tem que ter os dias da semana, tudo que ele ingerir vai colocar no diário e você vai conversar com ele sobre o diário, sobre alguns itens que são positivos e negativos para a cárie dentária. Ai com isso você vai indicar uma nutricionista pra ele e ela vai preparar uma dieta adequada para ele.
Se nós somos dentistas que vamos tratar da doença cárie, a gente precisa ter um cronograma. A cárie é a segunda maior doença que afeta o Brasil, tem como evitar uma gripe que é a primeira doença? É mais complicado, já a cárie tem como evitar mais ou menos, pois a nossa parte da para fazer já a parte do paciente é com ele. E a nossa parte tem que ser em hábitos, se a gente não trabalhar hábitos é complicado. 
· Hospedeiro: Aquele que vai hospedar a lesão. Quem é que vai hospedar? O 
dente e saliva. 
OBS: A gente pede de vez em quando para vocês fazerem um trabalho sobre a doença cárie, então vocês vão falar sobre os itens. Em relação ao hospedeiro todo mundo fala bastante sobre o dente e esquece da saliva com relação a cárie, falam muito bem sobre o dente e nada sobre a saliva. Para falar do dente tem 5 itens, vocês geralmente falam de 2 ai só ganha 0,4 de 2,0. Então tem que prestar atenção. 
· Saliva: Ph normal é 6,8, quando a gente ingere algum alimento mais ou menos
em 5 minutos ele abaixa para o Ph crítico (5,5) que começa a ter a desmineralização ai em torno de 40/45 minutos depois ele volta ao normal e começa a ter a remineralização. Como eu vou medir o ph do meu paciente pensando em clínica? Eu vou pegar uma fitinha, essa fitinha que vou medir o ph. Onde sai a saliva? Das glândulas através dos ductos, então eu vou colocar a fitinha no ducto parotídeo ai espera de acordo com o fabricante e vou ver o ph? Se ele tiver se alimentado qual vai ser o ph dele? 6,8 porque o ph que sai do ducto vai ser sempre normal. O ph ácido que a gente fala fica na superfície do dente, na região do biofilme. Então tem que colocar a fitinha próximo ao dente, ai consegue saber.
 Então por isso que está ligado à hábitos, quem consegue remover todo o biofilme? É impossível.
Com relaçãoao fluxo na clínica. Como eu vou falar do fluxo com meu paciente? Eu vou falar com ele sobre boca seca. Quando eu falo de boca seca, qual a parte do dia que a gente fica com a boca seca? Durante o sono. O termo certo para boca seca é xerostomia (sensação da boca seca), hiposalivação é a diminuição da saliva. Qual a relação disso com a dieta e alimentação próxima ao sono? Nunca ir dormir sem escovar os dentes. 
PROVA: A questão da gestante, sente muitos desejos e acorda a noite para comer. Vai acontecer um processo de desmineralização muito maior do que o de remineralização porque durante o sono há uma diminuição da saliva e ela perde o poder tamponante. Por isso é importante conversar com o paciente, principalmente gestante para saber sobre a alimentação. (paciente) E se eu usar flúor que eu vejo nas propagandas? Ele vai no máximo amenizar, mas você vai ter a doença cárie do mesmo jeito.
Agora didaticamente falando, como eu posso mostrar para meu paciente o fluxo dele? Ele tem que cuspir. O processo é mastigar parafina durante uns 5 minutos, estimulando a salivação e depois cuspir em um potinho com medidor durante 1 minuto, vai ter que ter 0,25 ml que é um fluxo normal. Para fins didáticos. Não precisa fazer em todos os pacientes, precisa analisar.. Se o paciente abre a boca e a mucosa está hidratada direitinho não tem necessidade. 
Com relação ao fluxo também, tem a saliva que é mais pegajosa, mais viscosa. Qual a saliva é melhor? A mais viscosa ou a mais fluida? A mais fluida. Quanto mais viscosa mais capacidade de grudar o acumulo. 
E em relação à sua capacidade tamponante, tem a ver com a sua composição que possui: fósforo, cálcio, fosfato, bicarbonato que auxiliam na capacidade tampão. O que é essa capacidade tampão? É quando você começa a ter perda de minerais no processo de desmineralização, ai a saliva entra depois e tampona através dos componentes e ai impende com que você continue perdendo tanto os minerais dos dentes tanto os minerais das reservas. Porque quando você faz aplicação de flúor você forma fluorapatita no dente e forma fluoreto de cálcio ao redor do dente e esse fluoreto de cálcio fica com uma camadinha de fosfato protegendo, quando você tem a desmineralização rompe essa camadinha, vai perdendo esse fluoreto de cálcio ai quando chega ao ph normal vai repondo de novo, ai vai ficando essas reservas e vai impedindo que aja tanta desmineralização e formação de cárie. Por isso que a saliva é muito importante.
Existem paciente que tem falta de saliva, paciente com tumores/câncer, pacientes que tem alguma doença nas glândulas, pacientes que fazem quimioterapia/radioterapia, pacientes com doenças autoimunes, várias doenças que levam a hiposalivação. Quem toma roacutan também, que leva até uma gengivite. Vocês sabem todas as causas que levam a hiposalivação? Não, então como é que a gente vai fazer na nossa clínica? ANAMNESE. Anamnese está tudo normal? Coloco tudo em azul, alergia? Coloca grande e vermelho para se destacar. O que está alterado tem que anotar mesmo que o paciente fale que não é nada demais. 
Com relação a saliva, tem diminuição da saliva e agora o que eu faço? Qual o caminho a seguir? Mascar parafina –para estimular a produção da saliva, pode ser através de alimentos como a pipoca, maçã, amendoim, alimentos mais ácidos como um limão ou uma laranja também ajuda na estimulação. Agora se você não conseguiu estimular a salivação o que tem fazer? Saliva artificial, você prescreve para o paciente e ele compra na farmácia. Encaminhar para um médico? Sempre, porque se tem hiposalivação tem a ver com as glândulas estão, pode ser um tumor ou algo do tipo. Tem que fazer a estimulação antes de prescrever a saliva artificial.
· Dente: Relacionado à cariologia. O que eu posso pensar no dente que pode 
facilitar uma lesão cariosa? Dente recém erupcionado. O que é um dente recém erupcionado? É um dente que acabou de nascer. Por que ele é um dente que tem a facilidade de ter lesão de cárie? Quando um dente recém erupciona parte dele fica para fora e parte para dentro da gengiva, então fica um capuz gengival: ele facilita o acumulo de placa (alimentos e microrganismo). Esmalte e dentina, eu falei aqui para vocês uma coisa, quanto de mineral tem no esmalte? 96% e a dentina tem 70%. O dente recém erupcionado o esmalte dele fica em torno de 70% de mineral, ele é mais poroso ou menos poroso do que um dente maduro? Mais poroso, mais bolinhas, mais fácil de penetrar bactérias, mais rugoso e mais fácil de aderir biofilme e alimentos. Ele ter menos mineral é o segundo fator do dente recém erupcionado. Esse dente que está erupcionando ele fica abaixo da linha de oclusão de outros dentes, se ele esse dente não está na linha de oclusão dos outros dentes é mais difícil da escova chegar até ele para fazer a limpeza, então os alimentos vão se acumulando. Então dificulta a higiene. 
PROVA: Os fatores que levam o dente recém erupcionado a ser mais fácil de possuir uma lesão cariosa.
Morfologia. Quais as áreas mais fáceis de ter lesão de cárie num dente? As proximais e sulcos e fissuras. Então a gente precisa ter cuidados com a morfologia.
PROVA: Em relação a morfologia cite três condutas que previnam a lesão cariosa para a superfície: passar o fio dental, escovar os dentes, selante com flúor (CIV).
Processo Desmineralização: Perde de minerais do dente no momento em que houver uma queda do PH do meio.
Processo Remineralização: É a reposição desses minerais quando houver neutralização desse PH ácido. 
Esses dois processos acontecem na superfície do esmalte, ali que acontece o ph da saliva, a perde de minerais, a formação da remineralização. Por que sempre na superfície? Porque quando a saliva sai do ducto ela é saudável, quando ela entra em contato com o biofilme que ela se torna ácida.
Qual é a primeira visão de lesão de cárie na boca? Mancha branca. Se vocês observam mancha branca, ela já teve duas outras lesões que dá pra ver por microscópio ou ela é ultra estrutural. 
Destruição parcial ou total 
Formação da cavidade 
Mancha branca
Microscópio 
Ultra estrutural
Então a primeira manifestação clínica (eu abrir e olhar a boca) é a mancha branca pra cima. Então eu abrir a boca do paciente e não ver mancha branca, mas eu sei que sua alimentação é cariogênica eu posso dizer que o paciente é com a doença cárie. Ainda não tem uma lesão visível clinicamente. Então se eu fiz a ficha do paciente toda e não vi lesão ele tem risco, mas não está em atividade, se eu vi lesão ele está em atividade e o risco dele fatalmente já é alto.
Então invisível é a lesão subclínica (microscópica e ultra estrutural), da lesão mancha branca para cima é uma lesão visível. E o que é reversível? É da mancha branca para baixo. Quando fala reversível o que um dentista quer dizer com isso? Trato com remineralização, que pode ser o flúor.
Quem tem fluorose, a mancha branca dá para diferenciar bem? Sim! Mancha branca está relacionado a cárie, então quando eu tenho uma mancha branca aconteceu o processo de desmineralização mais do que remineralização. Onde que acumula mais biofilme? Na cervical do dente e nos sulcos e fissuras. Então se você vê apenas em sulco e fissuras mancha branca de cárie, se você vê na cervical mancha branca de cárie. 
A mancha branca ela tem uma característica, como é na cervical que acumula mais o formato dela vai ser de meia lua na face livre. Agora o que é a fluorose? O excesso de flúor ingerido durante a formação do dente, então depende da idade que a criança ingeriu e como estava a formação do dente, então pode ser em qualquer área do dente, não respeita o formato de meia lua igual a mancha branca.
Então lembre-se: o paciente não tem mancha branca, mas ele tem hábitos de não passar fio dental, não escova os dentes direito, comer muito doce... Não é porque não possui mancha branca que você não vai tomar cuidado com ele, é um paciente doente porém não tem ainda uma lesão clínica.
Características da atividade cárie:
· Sem cavitação:Mancha branca. Só que pode ser ativa e inativa.
Mancha Branca Ativa (MBA): Opaca e rugosa –porque está tendo mais desmineralização. Em locais de difícil limpeza.
Mancha Branca Inativa (MBI): Lisa, polida e brilhante –remineraliza (com flúor ou passou a ter hábitos saudáveis). Pigmentada ou com coloração. E porque ela fica escurecida? Ele não era um dente poroso entra pigmento ali.
· Com cavitação: Lesão. É um buraco mesmo que forma no dente, ele também 
pode estar ativo ou inativo. 
Cavidade Ativa (CA): Coloração clara, fundo amolecido (dentina), bordas com mancha branca ativa.
Cavidade Inativa (CI): Coloração escurecida, fundo endurecido e margens definidas (MBI).
Profundidade da cavidade:
· SUPERFICÍAL: JED
· RASA: 0,5 a 1,0 mm da JED
· MÉDIA: 1 a 2mm da JED
· PROFUNDA: 0,5 de dentina remanescente.
· BASTANTE PROFUNDA: <0,5mm da polpa.
Para saber a profundidade precisa de uma radiografia interproximal, lesão de cárie só essa radiografia porque a periapical ela distorce. 
Vocês já ouviram falar que quando estão trabalhando na cavidade existe uma zona infectada, uma zona afetada e uma zona de hipermineralização?
Seu paciente chegou para ser tratado, então você está cuidando da parte clínica, parte restauradora. Em cima da polpa nós temos a dentina que tem a formação estrutural de prolongamentos odontoblásticos, túbulos dentinários. Os túbulos dentinários eles são mais largos/diâmetro maior na parte oclusal ou perto da polpa? Perto da polpa. Quem é que vai defender contra invasão de bactérias? É o sangue através dos nossos glóbulos brancos? Não. São as águas que a dentina solta e quem é que estimula a produção da dentina? É a polpa, então ela vai mandar o processo de mineralização fazendo com que o túbulo fique cada vez mais fininho. É uma zona de reação hipermineralizada. Onde vocês acham que tem mais infecção, mais perto da superfície ou mais perto da polpa? Mais perto da superfície, onde o início já está todo meloso, todo acabado, os colágenos já se foram, as estruturas interglobulares, mais perto da superfície tem bactéria para dar e vender, fica tudo mole parecendo um caldo.
Essa zona mais perto da superfície é uma zona infectada, não serve para mais nada e a do meio é a afetada. A palavra afetada quer dizer que ela está intacta? Não, ela foi afetada por bactérias, pelo processo da cárie. Então o que é o processo da cárie de desmineralização. Então tem uma área que é afetada, mas ela ainda tem colágeno, tem ainda estrutura da dentina, ela é passível de ser mineralizada. E agora o que eu faço com isso na clínica? Temos que cuidar dessa lesão cariosa. Precisa remover a área infectada porque já não serve mais para nada, ela não consegue mais ser remineralizada. Ai sobrou a área afetada, só que essa área está saindo em lasca, se passar a baixa rotação vai sair uma poeira, começa a ficar durinha porém não é totalmente dura. Mas da para restaurar em cima? O que tem dentro? Tem ainda microrganismos, a dentina está afetada e agora? Tira ou não a zona afetada? Não precisa tirar essa área pois ela vai ser remineralizada. O que você faz na área: Você coloca uma restauração. 
*No raio X a gente tem uma imagem escura e uma imagem clara. A escura se chama radiolúcida e a branca radiopaca. Quando o dente está saudável fica radiopaca, perda de mineral deixa radiolúcido. 
Se você restaura um dente igual nós estávamos falando, o seu colega tira uma radiografia periapical a zona afetada vai ficar como? Radiolúcida (escura) e na zona onde tem material restaurador vai ficar radiopaca já que é cheia de mineral. A nossa polpa no raio x é escura porque ela é oca (dentro tem vaso sanguíneo, inervação, tecido mole), a dentina é mais cinza e o esmalte é bem branquinho (que é mais mineral). 
Se seu colega vê sua radiografia com a zona afetada escura, vai achar que você fez a restauração errada. Quando você faz isso com seu paciente, você tem que explicar o que você está fazendo, porque não é todo mundo que sabe fazer isso não, isso é especialização. O dentista vai achar que você está com cárie embaixo da restauração, mas na verdade você fez uma intervenção minimamente invasiva.
Então se você fizer um raio x depois de 2 anos pode estar remineralizando ainda, principalmente perto da polpa, vai ficando mais radiopaco (quer dizer que está funcionando). Depois de 2 anos, você pode tirar o que não mineralizou e restaurar de novo. Mas por que não tira tudo de uma vez? Para não perder material saudável, quanto mais fundo o dentista vai chegando mais perto chega da polpa e como é o canalículo perto da polpa? Mais largo, então é maior facilidade de chegar a bactéria perto da polpa. Então vamos para a ciência agora, o que o professor fez: tirou a cárie inteirinha, tirou tudo que estava mole, deixou igual vidro (bem dura), pegou um papel estéril encheu a cavidade, você remove tudo ao olho nu, bactéria lá fica lotado. 
Coloca clorexidina, lava tudo e coloca outro papel estéril, redução de 70% de bactérias mas ainda ficou 30% mesmo com todo cuidado. 
Tem uma outra coisa que chama TPD (terapia foto dinâmica) você coloca o laser na cavidade, só que o laser vermelho você tem que colocar o corante azul e fotopolimerizador que é azul tem que colocar o corante vermelho, esse teste eu ainda não li direito sobre isso. Reduz quase que totalmente as bactérias da cavidade, mas tudo não. Mas o futuro seria a clorexidina mais o TPD.
Um dos fatores para não remover tudo é para você não chegar tão perto da polpa, porque mesmo com todos os detalhes, todos os cuidados ficam bactéria. Então quanto mais fundo você tirar mais chance de dar canal. 
E o que o professor fez? Pegou 200 pacientes, 100 fez o tratamento minimamente invasivo e 100 o tratamento de remover tudo. Quando ele tirou tudo teve mais lesão de canal, mais dor de dente, porque quanto mais você invade mais chance de dar problema.
Você tem que vedar tudo para dar certo, se deixar dar uma infiltraçãozinha, ai vai entrar bactéria naquela zona infectada e vai ficar pior. Não são todas as cavidades que dão certo, na oclusal da certo, na proximal é muito difícil fazer uma restauração perfeita ali e se o paciente não usa fio dental fica mais complicado ainda.

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