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Inventário e Partilha 1) Introdução: - Morte da pessoa natural, seus bens transmitem aos sucessores legítimos e testamentários. - O patrimônio do de cujus é constituído por uma universalidade jurídica de bens, devendo definir exatamente o que compõe, para individualizar o que cabe a cada um dos sucessores [quando houver mais de um sujeito nessa condição] - Dividido em duas tarefas: • Inventário: Busca identificar o patrimônio, com a indicação dos bens (móveis e imóveis), créditos, débitos e quais outros direitos de natureza patrimonial que podem compor o acervo hereditário • Partilha: Divisão do acervo entre os sucessores, estabelecendo a adjudicação dos bens e o quinhão hereditário de cada um deles. - Realizado judicialmente ou extrajudicialmente • Extrajudicial: Todos sucessores sejam capazes • Não existir testamento • Acordo quanto a divisão dos bens. - Recebimento do FGTS / PIS-Pasep, restituição de imposto de renda, tributos, saldos bancários, poupança e fundos de investimento não superior a 500 ORTN poderão ser levantados sem a necessidade de inventário 2) Inventário Negativo - Quando o de cujus não deixa patrimônio. Não haverá: 1) nada a inventariar; 2) nada a partilhar; - Interessa inventário negativo especialmente quando o de cujus deixar dívidas, mas não deixar bens, visto que os herdeiros só responderão por tais dívidas nos limites da herança; • Declarará por sentença a inexistência de bens a partilhar. 3) Competência e universalidade do foro Sucessório - Justiça brasileira é a única competente para julgar ações de inventário e partilha de bens situados em território nacional; - Sentenças estrangeiras que tenham como objeto tais bens não serão homologadas pelo STJ - Competência interna - Art. 48 do Novo CPC [domicílio do autor da herança; foro dos bens imóveis; mais de um foro, qualquer deles; não havendo bens imóveis, o foro de qualquer um dos bens] 4) Questões que dependam de prova não documental - Podem surgir questões referentes ao acervo hereditário e sua divisão - Quando isso depender de questões não documentais, não poderão ser resolvidas no processo de inventário e partilha, devendo ajuizar uma ação própria para resolver essas questões Art. 612 - Não cabe ao juízo resolver questões fundadas em provas não documentais. 5) Inventariante - Figura de um auxiliar especial do juízo - Administrará o acervo hereditário e representará o espólio em juízo e fora dele - Ex: Tarefa será o exercício de um múnus público, o qual exigi-se a prestação de um compromisso para desempenhar esse papel • Eventualmente, poderá ser nomeado inventariante dativo, que é um sujeito estranho ao acervo que o juiz entenda idôneo para ficar à frente do encargo de inventariante • Hipótese 01: Não existe nenhum dos sujeitos indicados no art. 617 do NCPC • Hipótese 02: Exista algum ou alguns dos listados no art. 617, mas não puder [por justa causa] ou tive sido nomeado, mas foi removido [art. 622] do munus público - Em que pese ter liberdade [e encargo] para representar o espólio, a atividade do inventariante é limitada, especialmente nos poderes de renunciar, reconhecer pedidos, transigir, sem o consentimento dos demais herdeiros. Portanto, atos de disposição só poderá ser realizado mediante autorização dos demais herdeiros que compõe o espólio. 6) Procedimento - Arrolamento: Procedimento simples, rápido e descomplicado, imaginado com menos formalismo e que permita resolver a demanda com maior agilidade 6.1 - Arrolamento sumário • Herdeiros capazes e existir acordo entre eles quanto à partilha. • Permitirá arrolamento sumário com incapaz quando houver acordo entre as partes e o Ministério Público anuir com a proposição realizada. • Existir tão somente um herdeiro, vez que a ele todos os bens deixados a título de herança serão adjudicados. - Prazo de dois meses: • Requerer ao juiz a nomeação do inventariante [indicado já na petição inicial] • Declarar os títulos dos herdeiros [quem efetivamente é herdeiro, discutindo a qualidade da pessoa como sucessora] e quai os bens do espólio [realizar a inventariança] • Atribuir aos bens valores para efetivar a partilha - Dívidas: • Indicar os bens destinados ao pagamento • Credor será notificado e, caso haja controvérsia sobre valor, o juiz decidirá sobre o quanto. - Avaliação dos bens será realizada de forma excepcional. 6.2 - Arrolamento comum - Poderá ser feito pela modalidade de arrolamento, ainda que haja divergência entre os herdeiros • Bens do espólio não tiverem valor superior a 1.000 salários mínimos • Apresentada as primeiras declarações, com o nome dos herdeiros, valores de bens e plano de partilha. - Após citação dos herdeiros, estes poderão concordar e será expedido formal de partilha. - Caso haja impugnação de qualquer das partes [inclusive do MP - quando atuar como fiscal da lei], o juiz nomeará perito avaliador e no prazo de 10 dias oferecerá laudo a respeito do valor dos bens que compõe o espólio. • Laudo apresentado: Audiência e esta definirá todas as questões relacionadas à demanda. • Resultado: Partilha e pagamento das dívidas do espólio. rtheluz Nota Prazo impróprio. No caso de não observância será cobrada multa. 6.3) Procedimento de Inventário - Abertura deverá se dar em dois meses [após a abertura da sucessão] - devendo terminar nos 12 meses subsequentes - Prazos são impróprios, já que se não abertos no prazo [2 meses] e finalizado no prazo [12 meses] poderá ser prorrogado de ofício ou a requerimento da parte por tantas vezes quanto forem necessário - Princípio da Economia Processual: Possibilidade de cumulação de inventário e partilha de heranças de pessoas diversas, desde que, preenchidos os requisitos • Identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; • Herança deixada pelos dois cônjuges; • Dependência de uma das partilhas em relação à outra. - Caso haja bens que não se comuniquem ou não tenham dependência, a tramitação será separada para garantir a celeridade processual e preservar o interesse das partes 6.3.1 - Legitimidade - Qualquer dos sujeitos indicados pela lei [art. 611 - posse do bem / art. 616 - legitimidade concorrente] - Deverá petição inicial ser instruída com certidão de óbito ou declaração judicial que a substitua • Após, será prestado as primeiras declarações, com posterior citação dos demais herdeiros e outros sucessores • A citação dos demais implica na formação de um litisconsórcio passivo necessário • Citação será realizada pelo correio, acompanhada de cópia das primeiras declarações - A defesa, nos termos do artigo 627 será realizada: • Alegação de erro, omissão ou sonegação - Consequência: Determinação de retificação das declarações • Reclamação contra a nomeação do inventariante - Nomeação de outro inventariante • Contestação da qualidade de quem foi incluído como herdeiro - Partes serão remetidas às vias ordinárias se a questão exigir prova não documental, com o sobrestamento do inventário. - Manifestação Fazenda Pública: • Prazo impróprio: Mesmo não havendo manifestação, poderá divergir posteriormente do valor indicado pelas partes ou obtidos em avaliação. • Juiz nomeará perito para avaliar os bens do espólio [preferencialmente ao avaliador judicial] • Mensurar corretamente o valor dos bens que compõe a herança e os quinhões cabíveis aos herdeiros - Eventualmente discussão e avaliação dos cálculos dos impostos - Últimas declarações: Servem para aditar, complementar ou emendar as primeiras declarações, indicando que estará configurado aqui, a herança a ser partilhada entre os herdeiros. 6.3.2) Colação dos bens - Colação é instituto jurídico destinado a igualar as legítimas, obrigando os descendentes e donatários a trazer ao inventário bens recebidos em doação. - Não deve existir entre os herdeiros diversidade entre os quinhões. Cumpre-seaditar o patrimônio do de cujus com os objetos doados em vida aos seus descendentes. - Realização: • Restituição dos bens ao acervo hereditário (colação in natura) • Soma do valor do bem quando já não estiver em poder do donatário ou este não quiser dele se desfazer (colação por imputação do valor) - STJ [e o art. 369, § único do CPC] - Permitiu que o valor seja atualizado no momento da colação do patrimônio. 6.3.3) Sonegação - Ocorrerá sonegação quando houver ocultação maliciosa de um bem do inventário ou colação, gerando prejuízo aos demais herdeiros. Presença de dois elementos: • Objetivo: Representado pela ocultação de bens; • Subjetivo: Representado pela intenção de prejudicar do ocultador. - Sanção: Perda do direito sucessório sobre o objeto sonegado. • Se o bem não mais estiver em seu poder, terá que pagar ao espólio o valor acrescido de perdas e danos. 6.3.4) Pagamento das dívidas - Dívidas não desaparecem com a morta, sendo transferidas para os herdeiros do devedor, que responderão por elas nos limites da herança. • Recebimento do espólio: Deverá ocorrer antes da partilha, devendo o credor peticionar no processo de inventário, comprovando a dívida por meio de prova literal [documental], sendo a petição autuada em apenso ao processo de inventário. • As dívidas podem ser vencidas ou vencíveis. Caso sejam vencíveis, deverá o pagamento ser realizado após o seu vencimento, entretanto, reservar-se-á bens suficientes para satisfazer o débito • Após a partilha, o credor só poderá cobrar de cada herdeiro individualmente, na força do quinhão hereditário. • A quantia será paga em dinheiro ou em bens suficientes para cobrir o valor do débito, devendo estes serem expropriados ou adjudicados [dependendo esta última de pedido do credor ou concordância dos credores / sucessores] 6.3.5) Herdeiro Preterido - Sucessor que tenha sido deixado de forar do rol dos herdeiros de maneira indevida - Caso o sujeito só tenha conhecimento após a partilha, poderá ingressar com ação ordinária contra os herdeiros aquinhoados e pedir a anulação da partilha [art. 657 e 658] 6.3.6) Partilha - Excepcionalmente, caso o inventário seja negativo ou haja apenas um sucessor, não haverá o evento partilha, já que é o único titular ao recebimento da herança. • Amigável: Por arrolamento sumário, administrativamente ou por acordo de vontades levado à homologação judicial • Judiccial: Resolve-se por sentença quando houver divergência entre os sucessores, cabendo ao juiz analisar o proccesso e decidir. - No judicial é cabível as partes, conforme art. 647, formular no prazo de 15 dias a indicação de quais bens lhe interessam para a individualização do quinhão. Para a divisão do quinhão, leva-se em conta três regras que regulam a partilha: • Igualdade: Não significa que os quinhões sejam idênticos, mas sim que não haja grandes disparidades entre os quinhões, como utilidade para o herdeiro, localização, perspectiva de valorização. • Comodidade: Vinculada a utilidade do bem para cada herdeiro, como por exemplo, indicar um herdeiro para ocupar imóvel já ocupado por outro. • Prevenção de Litígios: Prevenção de litígios [conflitos futuros], evitando partilhas que instituam servidões ou tornem condôminos herdeiros que estejam em situação conflituosa, perceptível diante da postura adotada durante o processo. Ex: Imóveis vizinhos que são destinados a herdeiros que demonstraram animosidade durante todo o processo. - A preferência é que se evite formação de condomínio entre os herdeiros. Por isso, os bens insuscetíveis de divisão cômoda, serão: 1) licitados entre os interessados; 2) vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado. - Expedição do formal de partilha: Título para Registro Imobiliário Observação: Sobrepartilha - Na hipótese de sobrepartilha, não haverá anulação da partilha já realizada, mas uma nova partilha, realizada no mesmo processo anterior, podendo provocar a sobrepartilha: • Bens sonegados; • Bens desconhecidos ao tempo da partilha; • Bens litigiosos ou de liquidação difícil ou morosa; • Bem situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.
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