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Material de Apoio 10 - Ação de Inventário e Partilha

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Inventário e Partilha 
1) Introdução: 
- Morte da pessoa natural, seus bens transmitem aos sucessores legítimos e testamentários. 
- O patrimônio do de cujus é constituído por uma universalidade jurídica de bens, devendo 
definir exatamente o que compõe, para individualizar o que cabe a cada um dos sucessores 
[quando houver mais de um sujeito nessa condição] 
- Dividido em duas tarefas: 
• Inventário: Busca identificar o patrimônio, com a indicação dos bens (móveis e 
imóveis), créditos, débitos e quais outros direitos de natureza patrimonial que 
podem compor o acervo hereditário 
• Partilha: Divisão do acervo entre os sucessores, estabelecendo a adjudicação dos 
bens e o quinhão hereditário de cada um deles. 
- Realizado judicialmente ou extrajudicialmente 
• Extrajudicial: Todos sucessores sejam capazes 
• Não existir testamento 
• Acordo quanto a divisão dos bens. 
- Recebimento do FGTS / PIS-Pasep, restituição de imposto de renda, tributos, saldos 
bancários, poupança e fundos de investimento não superior a 500 ORTN poderão ser 
levantados sem a necessidade de inventário 
2) Inventário Negativo 
- Quando o de cujus não deixa patrimônio. Não haverá: 1) nada a inventariar; 2) nada a 
partilhar; 
- Interessa inventário negativo especialmente quando o de cujus deixar dívidas, mas não 
deixar bens, visto que os herdeiros só responderão por tais dívidas nos limites da herança; 
• Declarará por sentença a inexistência de bens a partilhar. 
 
3) Competência e universalidade do foro Sucessório 
- Justiça brasileira é a única competente para julgar ações de inventário e partilha de bens 
situados em território nacional; 
- Sentenças estrangeiras que tenham como objeto tais bens não serão homologadas pelo 
STJ 
- Competência interna - Art. 48 do Novo CPC [domicílio do autor da herança; foro dos 
bens imóveis; mais de um foro, qualquer deles; não havendo bens imóveis, o foro de 
qualquer um dos bens] 
4) Questões que dependam de prova não documental 
- Podem surgir questões referentes ao acervo hereditário e sua divisão 
- Quando isso depender de questões não documentais, não poderão ser resolvidas no 
processo de inventário e partilha, devendo ajuizar uma ação própria para resolver essas 
questões 
Art. 612 - Não cabe ao juízo resolver questões fundadas em provas não documentais. 
5) Inventariante 
- Figura de um auxiliar especial do juízo 
- Administrará o acervo hereditário e representará o espólio em juízo e fora dele - Ex: 
Tarefa será o exercício de um múnus público, o qual exigi-se a prestação de um 
compromisso para desempenhar esse papel 
• Eventualmente, poderá ser nomeado inventariante dativo, que é um sujeito estranho 
ao acervo que o juiz entenda idôneo para ficar à frente do encargo de inventariante 
• Hipótese 01: Não existe nenhum dos sujeitos indicados no art. 617 do NCPC 
• Hipótese 02: Exista algum ou alguns dos listados no art. 617, mas não puder [por 
justa causa] ou tive sido nomeado, mas foi removido [art. 622] do munus público 
- Em que pese ter liberdade [e encargo] para representar o espólio, a atividade do 
inventariante é limitada, especialmente nos poderes de renunciar, reconhecer pedidos, 
transigir, sem o consentimento dos demais herdeiros. Portanto, atos de disposição só poderá 
ser realizado mediante autorização dos demais herdeiros que compõe o espólio. 
6) Procedimento 
- Arrolamento: Procedimento simples, rápido e descomplicado, imaginado com menos 
formalismo e que permita resolver a demanda com maior agilidade 
6.1 - Arrolamento sumário 
• Herdeiros capazes e existir acordo entre eles quanto à partilha. 
• Permitirá arrolamento sumário com incapaz quando houver acordo entre as partes e 
o Ministério Público anuir com a proposição realizada. 
• Existir tão somente um herdeiro, vez que a ele todos os bens deixados a título de 
herança serão adjudicados. 
- Prazo de dois meses: 
• Requerer ao juiz a nomeação do inventariante [indicado já na petição inicial] 
• Declarar os títulos dos herdeiros [quem efetivamente é herdeiro, discutindo a 
qualidade da pessoa como sucessora] e quai os bens do espólio [realizar a 
inventariança] 
• Atribuir aos bens valores para efetivar a partilha 
- Dívidas: 
• Indicar os bens destinados ao pagamento 
• Credor será notificado e, caso haja controvérsia sobre valor, o juiz decidirá sobre o 
quanto. 
- Avaliação dos bens será realizada de forma excepcional. 
6.2 - Arrolamento comum 
- Poderá ser feito pela modalidade de arrolamento, ainda que haja divergência entre os 
herdeiros 
• Bens do espólio não tiverem valor superior a 1.000 salários mínimos 
• Apresentada as primeiras declarações, com o nome dos herdeiros, valores de bens e 
plano de partilha. 
- Após citação dos herdeiros, estes poderão concordar e será expedido formal de partilha. 
- Caso haja impugnação de qualquer das partes [inclusive do MP - quando atuar como 
fiscal da lei], o juiz nomeará perito avaliador e no prazo de 10 dias oferecerá laudo a 
respeito do valor dos bens que compõe o espólio. 
• Laudo apresentado: Audiência e esta definirá todas as questões relacionadas à 
demanda. 
• Resultado: Partilha e pagamento das dívidas do espólio. 
 
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Nota
Prazo impróprio. No caso de não observância será cobrada multa.
6.3) Procedimento de Inventário 
- Abertura deverá se dar em dois meses [após a abertura da sucessão] - devendo terminar 
nos 12 meses subsequentes 
- Prazos são impróprios, já que se não abertos no prazo [2 meses] e finalizado no prazo [12 
meses] poderá ser prorrogado de ofício ou a requerimento da parte por tantas vezes quanto 
forem necessário 
- Princípio da Economia Processual: Possibilidade de cumulação de inventário e partilha de 
heranças de pessoas diversas, desde que, preenchidos os requisitos 
• Identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; 
• Herança deixada pelos dois cônjuges; 
• Dependência de uma das partilhas em relação à outra. 
- Caso haja bens que não se comuniquem ou não tenham dependência, a tramitação será 
separada para garantir a celeridade processual e preservar o interesse das partes 
6.3.1 - Legitimidade 
- Qualquer dos sujeitos indicados pela lei [art. 611 - posse do bem / art. 616 - legitimidade 
concorrente] 
- Deverá petição inicial ser instruída com certidão de óbito ou declaração judicial que a 
substitua 
• Após, será prestado as primeiras declarações, com posterior citação dos demais 
herdeiros e outros sucessores 
• A citação dos demais implica na formação de um litisconsórcio passivo necessário 
• Citação será realizada pelo correio, acompanhada de cópia das primeiras 
declarações 
- A defesa, nos termos do artigo 627 será realizada: 
• Alegação de erro, omissão ou sonegação - Consequência: Determinação de 
retificação das declarações 
• Reclamação contra a nomeação do inventariante - Nomeação de outro inventariante 
• Contestação da qualidade de quem foi incluído como herdeiro - Partes serão 
remetidas às vias ordinárias se a questão exigir prova não documental, com o 
sobrestamento do inventário. 
- Manifestação Fazenda Pública: 
• Prazo impróprio: Mesmo não havendo manifestação, poderá divergir posteriormente 
do valor indicado pelas partes ou obtidos em avaliação. 
• Juiz nomeará perito para avaliar os bens do espólio [preferencialmente ao avaliador 
judicial] 
• Mensurar corretamente o valor dos bens que compõe a herança e os quinhões 
cabíveis aos herdeiros - Eventualmente discussão e avaliação dos cálculos dos 
impostos 
- Últimas declarações: Servem para aditar, complementar ou emendar as primeiras 
declarações, indicando que estará configurado aqui, a herança a ser partilhada entre os 
herdeiros. 
6.3.2) Colação dos bens 
- Colação é instituto jurídico destinado a igualar as legítimas, obrigando os descendentes e 
donatários a trazer ao inventário bens recebidos em doação. 
- Não deve existir entre os herdeiros diversidade entre os quinhões. Cumpre-seaditar o 
patrimônio do de cujus com os objetos doados em vida aos seus descendentes. 
- Realização: 
• Restituição dos bens ao acervo hereditário (colação in natura) 
• Soma do valor do bem quando já não estiver em poder do donatário ou este não 
quiser dele se desfazer (colação por imputação do valor) 
- STJ [e o art. 369, § único do CPC] - Permitiu que o valor seja atualizado no momento da 
colação do patrimônio. 
6.3.3) Sonegação 
- Ocorrerá sonegação quando houver ocultação maliciosa de um bem do inventário ou 
colação, gerando prejuízo aos demais herdeiros. Presença de dois elementos: 
• Objetivo: Representado pela ocultação de bens; 
• Subjetivo: Representado pela intenção de prejudicar do ocultador. 
- Sanção: Perda do direito sucessório sobre o objeto sonegado. 
• Se o bem não mais estiver em seu poder, terá que pagar ao espólio o valor acrescido 
de perdas e danos. 
6.3.4) Pagamento das dívidas 
- Dívidas não desaparecem com a morta, sendo transferidas para os herdeiros do devedor, 
que responderão por elas nos limites da herança. 
• Recebimento do espólio: Deverá ocorrer antes da partilha, devendo o credor 
peticionar no processo de inventário, comprovando a dívida por meio de prova 
literal [documental], sendo a petição autuada em apenso ao processo de inventário. 
• As dívidas podem ser vencidas ou vencíveis. Caso sejam vencíveis, deverá o 
pagamento ser realizado após o seu vencimento, entretanto, reservar-se-á bens 
suficientes para satisfazer o débito 
• Após a partilha, o credor só poderá cobrar de cada herdeiro individualmente, na 
força do quinhão hereditário. 
• A quantia será paga em dinheiro ou em bens suficientes para cobrir o valor do 
débito, devendo estes serem expropriados ou adjudicados [dependendo esta última 
de pedido do credor ou concordância dos credores / sucessores] 
6.3.5) Herdeiro Preterido 
- Sucessor que tenha sido deixado de forar do rol dos herdeiros de maneira indevida 
- Caso o sujeito só tenha conhecimento após a partilha, poderá ingressar com ação ordinária 
contra os herdeiros aquinhoados e pedir a anulação da partilha [art. 657 e 658] 
6.3.6) Partilha 
- Excepcionalmente, caso o inventário seja negativo ou haja apenas um sucessor, não 
haverá o evento partilha, já que é o único titular ao recebimento da herança. 
• Amigável: Por arrolamento sumário, administrativamente ou por acordo de 
vontades levado à homologação judicial 
• Judiccial: Resolve-se por sentença quando houver divergência entre os sucessores, 
cabendo ao juiz analisar o proccesso e decidir. 
- No judicial é cabível as partes, conforme art. 647, formular no prazo de 15 dias a 
indicação de quais bens lhe interessam para a individualização do quinhão. Para a divisão 
do quinhão, leva-se em conta três regras que regulam a partilha: 
• Igualdade: Não significa que os quinhões sejam idênticos, mas sim que não haja 
grandes disparidades entre os quinhões, como utilidade para o herdeiro, localização, 
perspectiva de valorização. 
• Comodidade: Vinculada a utilidade do bem para cada herdeiro, como por exemplo, 
indicar um herdeiro para ocupar imóvel já ocupado por outro. 
• Prevenção de Litígios: Prevenção de litígios [conflitos futuros], evitando partilhas 
que instituam servidões ou tornem condôminos herdeiros que estejam em situação 
conflituosa, perceptível diante da postura adotada durante o processo. Ex: Imóveis 
vizinhos que são destinados a herdeiros que demonstraram animosidade durante 
todo o processo. 
- A preferência é que se evite formação de condomínio entre os herdeiros. Por isso, os bens 
insuscetíveis de divisão cômoda, serão: 1) licitados entre os interessados; 2) vendidos 
judicialmente, partilhando-se o valor apurado. 
- Expedição do formal de partilha: Título para Registro Imobiliário 
Observação: Sobrepartilha 
- Na hipótese de sobrepartilha, não haverá anulação da partilha já realizada, mas uma nova 
partilha, realizada no mesmo processo anterior, podendo provocar a sobrepartilha: 
• Bens sonegados; 
• Bens desconhecidos ao tempo da partilha; 
• Bens litigiosos ou de liquidação difícil ou morosa; 
• Bem situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.

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