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Pensamento pós-formal Tipo de pensamento maduro que recorre: à experiência subjetiva à intuição, à lógica e dá espaço para: a ambiguidade, a incerteza, a inconsistência, a contradição, imperfeição e tolerância. O pensamento maduro é mais rico e mais complexo do que Piaget descreveu. Ele é caracterizado pela capacidade de lidar com inconsistência, contradição, imperfeição e tolerância. É de certa forma tanto um estilo de personalidade quanto um modo de pensar: as pessoas diferem no quanto se sentem confortáveis com a incerteza. Este estágio superior da cognição adulta é chamado às vezes de pensamento pós-formal, e geralmente começa no início da vida adulta, com frequência pela exposição à educação superior (Labouvie-Vief, 2006 citado por Papalia & Feldman, 2013). O pensamento pós-formal é: flexível, aberto, adaptativo e individualista. Ele recorre: à intuição e à emoção. Para ajudar as pessoas a lidarem com um mundo aparentemente caótico à lógica. Ele aplica os frutos da experiência a situações ambíguas. Como o pensamento reflexivo, ele permite aos adultos: transcenderem um único sistema lógico; Como o pensamento reflexivo, o pensamento pós-formal com frequência desenvolve-se em resposta a eventos e interações que revelam maneiras inusitadas de ver as coisas e contestam uma visão simples e polarizada do mundo. O pensamento pós-formal frequentemente opera em um contexto social e emocional. Diferentemente dos problemas que Piaget estudou, que envolvem fenômenos físicos e requerem observação e análise isentas e objetivas, os dilemas sociais são menos estruturados e frequentemente são carregados de emoção. Nesses tipos de situação é que os adultos maduros tendem a recorrer ao pensamento pós--formal (Berg e Klaczynski, 1996; Sinnott, 1996, 1998, 2003, citado por Papalia & Feldman, 2013). As pesquisas encontraram um progresso rumo ao pensamento pós- formal durante o início e a metade da vida adulta, principalmente quando emoções estão envolvidas. Os adolescentes e jovens adultos tendiam a culpar pessoas, ao passo que as pessoas de meia-idade tinham mais propensão a atribuir o comportamento à interação entre pessoas e o ambiente. Schaie: modelo de desenvolvimento cognitivo para o ciclo vital O modelo de desenvolvimento cognitivo para o ciclo de vida de K. Warner Schaie (1977-1978; Schaie e Willis, 2000) observa o desenvolvimento dos usos do intelecto dentro de um contexto social. Os sete estádios são os seguintes: Schaie: modelo de desenvolvimento cognitivo para o ciclo vital Estágio aquisitivo (infância e adolescência). As crianças e os adolescentes adquirem informação e habilidades principalmente por seu próprio valor ou como preparação para participação na sociedade. Estágio realizador (final da adolescência ou início dos 20 anos até o início dos 30). Os jovens adultos não adquirem mais o conhecimento por seu próprio valor: utilizam o que sabem para atingir metas como carreira profissional e família. Estágio responsável (final dos 30 anos até início dos 60). As pessoas de meia-idade utilizam a mente para resolver problemas práticos associados a responsabilidades com os outros, como os membros da família ou empregados. Estágio executivo (dos 30 ou 40 anos até a meia-idade). As pessoas no estádio executivo, que pode sobrepor-se aos estádios realizador e responsável, são responsáveis por sistemas sociais (organizações governamentais ou comerciais) ou movimentos sociais. Lidam com relacionamentos complexos em múltiplos níveis. Estágio reorganizativo (final da meia-idade e início da vida adulta tardia). As pessoas que entram na aposentadoria reorganizam suas vidas e energias intelectuais em torno de propósitos significativos que ocupem o lugar do trabalho remunerado. Estágio reintegrativo (vida adulta tardia). Adultos mais velhos podem estar vivenciando mudanças biológicas e cognitivas e tendem a ser mais seletivos em relação às tarefas a que dedicarão esforço. Concentram-se no propósito do que fazem e nas tarefas que têm mais significado para eles. Estágio de criação de herança (velhice avançada). Próximo do fim da vida, tão logo a reintegração tenha sido concluída (ou juntamente com ela), as pessoas muito idosas podem criar instruções para a distribuição das posses de valor, tomar providências para o funeral, contar histórias oralmente ou escrever a autobiografia como um legado para seus entes queridos. Nem todos passam por esses estádios dentro das estruturas de tempo sugeridas. Críticas Os estádios da idade adulta de Schaie podem aplicar-se menos amplamente numa era de escolhas e caminhos variados e de mudanças rápidas, quando os avanços médicos e sociais mantêm muitas pessoas ativas e envolvidas em esforços construtivos e responsáveis até a velhice, e podem não ser característicos de outras culturas. Por outro lado, pessoas expostas à guerra (Haskuka, Sunar e Alp, 2008) ou que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático como resultado de experiência de combate (Taylor, 2007) mostram uma tendência reduzida a alcançar os níveis mais altos de raciocínio moral no modelo de Kohlberg. Pouco antes de sua morte em 1987, Kohlberg propôs um sétimo estágio de raciocínio moral, que vai além das considerações de justiça. No sétimo estágio, os adultos refletem sobre a questão “Por que ser moral?” (Kohlberg e Ryncarz, 1990, p. 192). A resposta, dizia Kohlberg, reside em obter uma perspetiva cósmica: “um senso de unidade com o cosmo, com a natureza ou com Deus”, que possibilita a uma pessoa ver as questões morais “do ponto de vista do universo como um todo” (p. 191, 207). A realização de uma perspetiva desse tipo é tão rara que o próprio Kohlberg tinha dúvidas a respeito de denominá-la um estágio do desenvolvimento. Ele notou que ela correspondia ao estágio mais maduro da fé que o teólogo James Fowler (1981) identificou no qual “a pessoa experimenta uma unicidade com as condições últimas de sua vida e do seu ser” (Kohlberg e Ryncarz, 1990, p. 202). Estágio 6: Fé universalizante (velhice). Nesta categoria rara Fowler colocou líderes morais e espirituais como Mahatma Gandhi, Martin Luther King Jr. e Madre Teresa, cujas visões ou compromissos inspiram a outros profundamente. Visto que eles ameaçam a ordem estabelecida, eles podem tornar-se mártires; e embora amem a vida, eles não se apegam a ela. Este estágio corresponde ao sétimo estágio de desenvolvimento moral proposto por Kohlberg. (ver Desenvolvimento da fé ao longo da vida, p. 472 no livro da Papalia & Feldman, 2013) A teoria de Kohlberg: uma perspetiva desenvolvimentista Lawrence Kohlberg descobriu que o carácter moral se desenvolve e que ocorre de acordo com uma sequência específica de estádios, independentemente da cultura, subcultura, continente ou país. Também aqui, como para Piaget, cada estádio tem as seguintes características: - É qualitativamente diferente do estádio precedente; - Representa um sistema de organização “mental” novo e mais compreensivo; - Ocorre de acordo com uma sequência invariante; Os estádios são limitados quando aplicados a: - Mulheres, raparigas (veem a moralidade não tanto em termos de justiça e de igualdade, mas sim em termos de responsabilidade em mostrar cuidados e evitar danos); - Pessoas de culturas não ocidentais (raramente pontuam acima do estádio 4). Presta pouca atenção às influências do ambiente (ex. família). Estudos mais recentes enfatizam a contribuição dos pais nos domínios cognitivo e emocional. Ausência de uma clara relação entre o raciocínio moral e o comportamento. Regra de ouro (Kohlberg, in Sprinthall e Sprinthall, 1993, p. 188): Procede para com os outros como gostarias que procedessem para contigo; Ama o próximo como a ti mesmo. Estádios de desenvolvimento moral segundo Gillian A moralidade feminina centra-se no bem-estar individual e nas relações sociais em vez denas abstrações sociais. Uma análise recente de 113 estudos revelou que embora as mulheres sejam mais propensas a pensar em termos de cuidado, e os homens em termos de justiça, essas diferenças eram pequenas, principalmente entre estudantes universitários. É interessante, entretanto, que em estudos de mapeamento do cérebro (Harenski et al., 2008): - as mulheres mostrassem mais atividade em áreas do cérebro associadas com raciocínio baseado no cuidado (ínsula posterior, cingulada anterior e ínsula anterior); - e os homens mostrassem mais atividade em áreas do cérebro associadas com processamento baseado em justiça (sulco temporal superior). Contudo, o peso das evidências não parece apoiar nenhuma das alegações originais de Gilligan: um viés masculino na teoria de Kohlberg ou uma perspetiva feminina distinta da moralidade (Walker, 1995). Na sua própria pesquisa posterior, Gilligan descreveu o desenvolvimento moral tanto nos homens como nas mulheres como algo que evolui além do raciocínio abstrato. Em estudos usando dilemas morais reais (por exemplo, se o amante de uma mulher deve confessar seu romance ao marido dela) em vez de dilemas hipotéticos como os que Kohlberg usou, Gilligan e seus colegas descobriram que muitas pessoas em seus 20 anos de idade tornam-se insatisfeitas com uma lógica moral estreita e são mais capazes de viver com contradições morais (Gilligan, Murphy e Tappan, 1990). Parece, então, que se a pesquisa anterior de Gilligan refletia um sistema alternativo de valores, ela não se baseava no género. Simultaneamente, com a inclusão de seu sétimo estádio, o pensamento de Kohlberg evoluiu para um ponto de maior concordância com o de Gilligan. Ambas as teorias agora atribuem a responsabilidade pelos outros no nível mais elevado do pensamento moral e reconhecem a importância, para ambos os sexos, dos vínculos com outras pessoas e da compaixão e do cuidado.
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