Parnasianismo na Literatura Brasileira

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Literatura Brasileira I
Sandra Salviato
Terra
Aula 10
Parnasianismo
A vertente poética do Realismo se consolida com o Parnasianismo. Sua importância deve ser medida não apenas pelas obras ou pelo valor de seus poetas, mas também pela resistência em se manter como paradigma estético, galvanizado no gosto erudito. Poetas professaram sua adesão contemporânea à efervescência dos últimos anos do século XIX, como é o caso da tríade parnasiana – Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac. 
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O movimento contou, em parte, com a simpatia de nomes expressivos da literatura do século XX, de forma que é irrefutável o valor substancial do Parnasianismo na história da literatura brasileira.
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Compreender a inserção do movimento parnasiano no período realista significa perceber que a criação artística decorre da observação e representação objetiva, ou seja, o artista valoriza o distanciamento como forma de garantir a expressão estética mais verdadeira ou mais perfeita.
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Parnasianismo no Brasil
O Parnasianismo brasileiro foi inaugurado em 1882, com a obra de Teófilo Dias intitulada Fanfarras.
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O Parnasianismo recebe tal denominação devido ao retorno à mitologia clássica grega, em que o Monte Parnaso era o local consagrado ao deus da beleza, Apolo. Surgiu na França, com o Parnaso contemporâneo, um conjunto de antologias poéticas inspiradas na cultura greco-romana clássica, retomando os deuses mitológicos e as musas inspiradoras.
Monte Parnasso (Grécia)
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Parnasianismo no Brasil
O Parnasianismo ressalta o valor da “arte pela arte”, ou seja, o fazer artístico, o ato de escrever sobrepõe-se ao conteúdo.
O mais importante é o prazer estético proporcionado pelo fazer artístico. 
Tríade parnasiana (Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac)
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Características:
	Valorização da forma
emprego do soneto;
uso de rimas raras;
vocabulário erudito;
uso de ordem indireta;
uso de figuras de linguagem;
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Parnasianismo no Brasil
	Temática universalista: os temas poderiam variar, mas notadamente não abarcavam questões sociais;
	Exotismo (ex-ótico, fora do campo de visão): há o emprego de temas exóticos como a cultura oriental e elementos asiáticos;
	Descritivismo: uso constante de descrições;
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Parnasianismo no Brasil
	Uso da mitologia clássica: a retomada dos clássicos greco-romanos serve como base para o ideal de valorização da forma e culto ao belo;
	Impessoalidade: o eu lírico recorre à impessoalização para valorizar a arte como procedimento artístico e não como expressão de sentimentos individuais.
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Observe a postura do eu lírico no poema “Profissão de fé”:
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo 
Faz de uma flor.
Quero que a estrofe cristalina, 
Dobrada ao jeito 
Do ourives, saia da oficina 
Sem um defeito:
	O eu lírico é um artífice, ou seja, é um artista da forma (como um escultor ou ourives)
	Assim como o escultor ou ourives, o eu lírico prima pela perfeição estética de seu objeto, no caso, o poema.
	
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No Brasil, o Parnasianismo teve três importantes representantes: Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.
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Parnasianismo no Brasil
O ídolo
 
Sobre um trono de mármore sombrio,
Em templo escuro, há muito abandonado,
Em seu grande silêncio, austero e frio
Um ídolo de gesso está sentado.
 
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Descrição
Parnasianismo no Brasil
E como à estranha mão, a paz silente
Quebrando em torno às funerárias urnas,
Ressoa um órgão compassadamente
Pelas amplas abóbadas soturnas.
 
Cai fora a noite - mar que se retrata
Em outro mar - dois pélagos azuis;
Num as ondas - alcíones de prata,
No outro os astros - alcíones de luz.
Alberto de Oliveira
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Vocabulário erudito
Exotismo
Impessoal
Via Láctea - Soneto XIII
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
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Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac
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Simbolismo no Brasil
O poeta simbolista assume uma atitude subjetiva, não emocional como o subjetivismo romântico, mas um subjetivismo profundo, capaz de atingir o subconsciente e o inconsciente. Desse modo, emoções e sensações não podem mais ser explicadas pela razão, pois consistiam num mundo confuso.
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Características:
poesia e música devem estar próximas, por isso usam-se muitos recursos fonéticos. Na tentativa de sugerir infinitas sensações aos leitores, os simbolistas aproximam a poesia da música;
espiritualismo: o simbolista tem uma vivência do mundo espiritual, meio fan­tasmagórico opondo-se ao materialismo.
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as coisas não devem ser nomeadas, mas sugeridas, usando a linguagem figurada, insinuando. O uso de letras maiúsculas em substantivos e adjetivos ajuda a construir a simbologia. 
a ideia deve ficar em segundo plano, e a forma, em primeiro. Usam-se muito a ambiguidade e a sinestesia, pois o que se quer é a pluralidade de interpretações.
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misticismo: é a prática, estudo e aplicação das leis que unem o homem à Natureza e a Deus. Pode ser definido como qualquer crença que admite a comunicação dos homens com a entidade divina.
- subjetivismo: o simbolista se interessa por questões individuais, particulares. Assim, o poeta busca a realidade a partir do ponto de vista do indivíduo.
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Cruz e Souza (1861-1898)
Violões que choram
Quando os sons dos violões vão soluçando,
quando os sons dos violões nas cordas gemem,
e vão dilacerando e deliciando,
rasgando as almas que nas sombras tremem.
(...)
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Sugestão de imagem, sentidos
Simbolismo no Brasil
E sons soturnos, suspiradas mágoas,
mágoas amargas e melancolias,
no sussurro monótono das águas, 
noturnamente, entre ramagens frias.
Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas,
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
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Aliteração: de sons consonantais
Assonância: repetição de sons vocálicos
Sinestesia: mistura de sentidos
Alphonsus de Guimaraens 
 (1870-1921)
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
*
	Ismália perde-se em sua loucura. 
	Há uma tentativa de ligar o material e o espiritual
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
*
Literatura Brasileira I
Sandra Salviato
Terra
Atividade 10
Atividade 10
Leia o poema de Cruz e Souza, Serpente de Cabelos, e responda as questões:
Identifique no poema características formais típicas do Simbolismo.
Comente o elemento simbólico mais evidente no poema.
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A tua trança negra e desmanchada
Por sobre o corpo nu, torso inteiriço,
Claro, radiante de esplendor e viço,
Ah! lembra a noite de astros apagada.
Luxúria deslumbrante e aveludada
Através desse mármore maciço
Da carne, o meu olhar nela espreguiço
Felinamente, nessa trance ondeada.
E fico absorto, num torpor de coma,
Na sensação narcótica do aroma,
Dentre a vertigem túrbida dos zeros.
És a origem do Mal, és a nervosa
Serpente tentadora e tenebrosa,
Tenebrosa serpente de cabelos!...
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Respostas
São características formais típicas do simbolismoa presença do soneto, métrica e rimas, demonstrando apuro formal. Também é possível identificar presença de aliterações e assonâncias (tentadora/ tenebrosa - mármore/ maciço); jogo de contrastes; metáforas; jogo sensorial (luxúria aveludada / sensação narcótica)
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O elemento simbólico mais evidente no poema é a equiparação entre a trança e a serpente. Os cabelos da mulher representada no poema em contraste com seu corpo são comparados a uma serpenta, com atributos sedutores e sensuais. A mulher e a serpente remetem à simbologia bíblica da tentação do homem e ao pecado. 
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Respostas