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A inclusão deve ser praticada no currículo escolar não somente por alunos com deficiência ou com algum transtorno

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A inclusão deve ser praticada no currículo escolar não somente por alunos com deficiência ou com algum transtorno, mas é dever da escola buscar e criar um currículo adequado para qualquer aluno que apresente dificuldades particulares, ou seja todos tem direito a inclusão. Nas escolas inclusivas as pessoas se apoiam mutuamente e suas necessidades específicas são atendidas por seus pares, sejam colegas de classe, de escola ou profissionais de áreas. A pretensão dessas escolas é a superação de todos os obstáculos que as Impedem de avançar no sentido de garantir um ensino de qualidade (MADER,1997). o direito do aluno com necessidades educativas especiais e de todos os cidadãos à educação é um direito constitucional. A garantia de uma educação de qualidade para todos implica, dentre outros fatores, um redimensionamento da escola no que consiste não somente na aceitação, mas também na valorização das diferenças. Esta valorização se efetua pelo resgate dos valores culturais, os que fortalecem identidade individual e coletiva, bem como pelo respeito ao ato de aprender e de construir. A família contribui sobremaneira para o aprendizado das crianças, quando participa ativamente das atividades escolares, quando se inteira da vida escolar do filho, enfim, quando ela exerce o seu papel. 
É preciso também estabelecer uma aliança forte entre escola, família e terapeutas para que juntos todos possam ajudar a criança a desenvolver suas capacidades, conhecer seus limites e dificuldades e também lidar com eles da melhor forma possível. A comunicação entre família e escola deve ser diária e direta O envolvimento da família no processo educacional da criança é uma necessidade e de muita importância. A família deve ser orientada e motivada a colaborar e participar do programa educacional, promovendo desta forma uma interação maior com a criança. Também é fundamental que a família incentive a pratica de tudo que a criança assimila. O autismo é um problema psiquiátrico que costuma ser identificado na infância, entre 1 ano e meio e 3 anos, embora os sinais iniciais às vezes apareçam já nos primeiros meses de vida. O distúrbio afeta a comunicação e capacidade de aprendizado e adaptação da criança. O autismo atinge ambos os sexos e todas as etnias, porém o número de ocorrências é maior entre o sexo masculino (cerca 4,5 vezes). Cerca de 1% da população é autista, e a maior incidência se dá em meninos. Também se estima que 60-75% dos casos podem estar associados à condição de retardo mental. Essa porcentagem representa, no Brasil, aproximadamente 2 milhões de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Por isso, é importante se informar sobre esta síndrome, a fim de diminuir os julgamentos e entender as necessidades dessa parcela da população. Trata-se de uma realidade pouco conhecida, permeada por dúvidas e preconceitos.  Muitas vezes, apenas percebida quando o caso está próximo. os principais níveis do autismo?
Além dos diferentes tipos de autismo, também existem variações em relação aos níveis de gravidade. Eles são:
I. Nível 1 (Leve)
As crianças apresentam dificuldades para iniciar a relação social com outras pessoas e podem ter pouco interesse em interagir com os demais, apresentando respostas atípicas ou insucesso a aberturas sociais. Em geral, apresentam dificuldades para trocar de atividades e problemas de planejamento e organização.
II. Nível 2 (Médio)
As crianças podem apresentar um nível um pouco mais grave de deficiência nas relações sociais e na comunicação verbal e não verbal. Têm limitações em iniciar interações sociais e prejuízos sociais aparentes mesmo com a presença de apoio.
Além disso, são mais inflexíveis nos seus comportamentos, apresentam dificuldades com a mudança ou com os comportamentos repetitivos e sofrem para modificar o foco das suas ações.
III. Nível 3 (Grave)
Nesse nível, existem déficits bem mais graves em relação a comunicação verbal e não verbal, além de dificuldades notórias para iniciar uma interação social, com graves prejuízos de funcionamento.
Também apresentam dificuldade extrema em lidar com a mudança e com comportamentos repetitivos – o que interfere de forma mais acentuada no seu funcionamento. Ainda contam com grande sofrimento para mudar o foco das suas ações.
 O autismo é apenas um dos transtornos que integram o quadro de Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA foi definido pela última edição do DSM-V como uma série de quadros (que podem variar quanto à intensidade dos sintomas e prejuízo gerando na rotina do indivíduo).
Que fique claro: os autistas apresentam o desenvolvimento físico normal. Mas eles têm grande dificuldade para firmar relações sociais ou afetivas e dão mostras de viver em um mundo isolado.
Anteriormente o problema era dividido em cinco categorias, entre elas a síndrome de Asperger. Hoje, ele uma única classificação, com diferentes graus de funcionalidade e sob o nome técnico de transtorno do espectro do autismo. O jeito de lidar com cada um varia.
Na forma qualificada como de baixa funcionalidade, a criança praticamente não interage, vive repetindo movimentos e apresenta atraso mental. O quadro provavelmente vai exigir tratamento pela vida toda. Já na alta funcionalidade, esses mesmos prejuízos são mais leves, e os portadores conseguem estudar, trabalhar e constituir uma família com menos empecilhos. O autismo não possui causas totalmente conhecidas, porém há evidências de que haja predisposição genética para ele. Muitos comportamentos inadequados ocorrem na escola com a função de fuga de demanda, ou seja, frente a demandas que estão muito além das capacidades da criança ou que são pouco motivadoras, a criança emite comportamentos de birra, agressão, auto lesão e estereotipias para fugir destas demandas. Por isso, uma forma de prevenir tais crises é produzir um currículo adaptado individualizado a partir das necessidades, capacidades e interesses de cada aluno e, com base neste currículo, produzir materiais adaptados para cada disciplina, que favoreçam a compreensão e a execução das tarefas propostas com motivação. Evita contato visual e prefere ficar sozinho; alguns sinais importantes:
· Luta com a compreensão dos sentimentos de outras pessoas;
· Permanece não verbal ou atrasou o desenvolvimento da linguagem;
· Repete palavras e frases mais e mais (ecolalia);
· Obtém perturbado por pequenas alterações na rotina ou arredores;
· Tem interesses muito restritos;
· Realiza comportamentos repetitivos como bater, balançar ou girar;
· Tem reações incomuns e muitas vezes intensas a sons, odores, sabores, texturas, luzes e / ou cores.
O planejamento e a organização das estratégias para aprendizagem podem variar de acordo com o estilo do professor. Contudo, é preciso que o planejamento tenha flexibilidade na abordagem do conteúdo, na promoção de múltiplas formas de participação nas atividades educacionais e na recepção dos diversos modos de expressão dos alunos.
O educador deverá considerar no planejamento tempo e estratégias para conhecer seus alunos - em especial aqueles que poderão requerer apoios específicos. Para fornecer boa compreensão sobre os alunos e suas condições de aprendizagem, a observação precisa utilizar diferentes estratégias e ser feita em diversos momentos da aula. Os critérios de observação devem ser selecionados com base no currículo e nas habilidades que o professor considerou no planejamento.
Miguel é autista. Mas é evidente que Alice encontrará desafios para inserir na rotina. Apesar das dificuldades necessita incluir Miguel de forma que proporcione oportunidades da mesma maneira dos demais. E para que a criança seja aceita pela turma e pela sociedade. É preciso que o pedagogo ou psicopedagogo da equipe de intervenção avalie em que nível a criança em cada disciplina, que conteúdo ela já adquiriu e quais ainda não aprendeu. Com base nesta avaliação, a escola, em parceria com a equipe de intervenção, deve decidir se aquele aluno seguirá um currículo igual ao da turma só que com menos exigências (tirando alguns conteúdos que não têmfunção para o aluno); ou seguirá o mesmo currículo da turma, mas em outro ritmo (tendo mais tempo no mesmo conteúdo); ou, ainda, se o aluno precisará de um currículo totalmente individualizado e paralelo ao da turma.
Depois da decisão sobre o tipo do currículo a ser seguido, a equipe deve planejar a produção do material individualizado. Visando prevenir comportamentos inadequados com função de fuga de demanda, deve-se fragmentar as tarefas complexas em pequenos passos, intercalando a execução de cada etapa com atividades lúdicas e reforçadoras. O ensino deve ocorrer do mais simples para o mais complexo, avaliando continuamente o desempenho a cada passo e, assim, garantindo a aquisição de pré-requisitos.
Crianças com desenvolvimento atípico nem sempre ficam sob controle de reforçadores naturais e sociais nas atividades acadêmicas, por isso, é fundamental programar o uso de reforçadores positivos arbitrários que devem ser liberados imediatamente após os acertos. Visando um comportamento futuro mantido por reforçamento natural, é preciso garantir a passagem gradual do reforço arbitrário (elogios, intervalos, brinquedos, vídeos, objetos sensoriais, etc.) para reforçadores naturais (aprender, saber mais, conseguir completar uma tarefa, etc.).
Se cada indivíduo é único e aprende à sua maneira, é importante que os educadores evitem a comparação entre alunos. Devemos comparar cada aluno só com ele mesmo em diferentes momentos do processo de aprendizagem, visando avaliar se os procedimentos de ensino oferecidos estão atingindo os resultados esperados. Se for constatado que os resultados esperados não foram obtidos, deve-se modificar o procedimento de ensino até se encontrar o melhor método para cada aluno.
Outro aspecto importante a se considerar é a motivação na aprendizagem, que pode ser garantida por meio de sucessivos êxitos em tarefas apresentadas. Se a criança sempre consegue cumprir a demanda dada, mesmo que, para isso, precise de ajuda ou dica, ela vai se motivando, gostando de aprender, querendo aprender cada vez mais. Por outro lado, se a criança só erra, só se frustra, ela tende a desistir de aprender e a começar a emitir comportamentos de fuga das situações de ensino. Alice iniciou um trabalho de estimulação motora constante e diário com seus alunos: modelagem com massinha ou argila, punção, alinhavo, recorte com os dedos, com tesoura, colagem, pintura utilizando diferentes materiais. Além disso procurando proporcionar situações para o desenvolvimento do desenho, muitas atividades foram propostas visando à estruturação do esquema corporal e sua representação gráfica: jogos explorando as partes do corpo, visualização do corpo no espelho, recortes de partes do corpo humano e montagem com as figuras, dentre outras. Foi desenvolvido um trabalho com os responsáveis eles vivenciavam situações de ensino e aprendizagem nos momentos de realização da tarefa de casa. A orientação era ler com eles, dar-lhes a informação quando necessário, mas cobrar deles ação que lhe era requerida. Pensar sobre a escrita e sua organização. Nas reuniões procurávamos explicar aos pais que os alunos precisavam de adequação curricular e metodológica, pois ainda não conseguiam acompanhar o mesmo currículo desenvolvido com os alunos de classe. Na elaboração das avaliações e das atividades de classe, trazíamos seus personagens preferidos para não somente prender sua atenção, mas tornar aquele momento de aprendizagem mais divertido, mais seguro, talvez. Miguel ficava muito feliz ao reconhecer Tico e Teco, Pato Donald ou Mickey. Ao realizar as atividades, fazia ralações inusitadas entre os personagens, o que facilitava sua compreensão e o desenvolvimento do trabalho, sempre baseado na oralidade, no diálogo. Aos poucos as mudanças eram implementadas na prática, na linguagem, assumir que as diferenças são positivas para a aprendizagem de todos e introduzir recursos capazes de apoiar a aprendizagem. 
Alice foi a procura de atualização e não se acomodou, foi buscar especialização e novos conhecimentos encontrou na UNISANTA segunda Licenciatura e Educação Especial. Para estar preparada e para contribuir com a inclusão e o desenvolvimento dos seus alunos.
Por isso, é fundamental programar uma aprendizagem sem erros, que começa com tarefas simples e com muita ajuda e evolui para tarefas gradualmente mais complexas e com menos ajuda.
Alguns materiais acadêmicos mais atrativo e adequado aos níveis da criança com TEA:
1) Reduza os enunciados, apresente apenas uma instrução por enunciado e evite longos textos que exijam interpretação, use frases objetivas e com palavras-chave. Vá direto ao ponto, seja objetivo, pergunte exatamente o conteúdo que se quer avaliar. 
2) Apresente menos exercícios por página, uma página cheia de demandas evoca mias comportamentos opositores e fuga; 
3) Dê preferência por atividades para ligar, recortar e colar, pintar, circular, marcar X, do que atividades para escrever (dissertativas)
4) Inclua temas do interesse da criança em todas as atividades, faça com que a criança tenha vontade de olhar para a atividade. 
5) Os conteúdos devem ser reduzidos e simplificados, ou seja, deve-se selecionar apenas conteúdos que tenham função na vida do aluno, que possam ser aplicados ao seu cotidiano e possam ser contextualizados para ele;
6) Deve-se evitar questões com duplo sentido ou mensagens nas entrelinhas, deve-se evitar uso de metáforas e figuras de linguagem, que são um grande desafio para crianças com TEA;
7) As questões devem ter apoio visual, ou seja, sempre colocar uma imagem para o aluno consultar ou representando o conteúdo, tornando o conteúdo mais concreto.
Com estas e outras adaptações que possam vir a ser necessárias para cada aluno, pode-se conseguir uma experiência escolar mais agradável, motivadora e bem sucedida. Pode-se evitar sofrimentos, frustrações e comportamentos inadequados. Pode-se caminhar um pouco mais em direção à inclusão social que tanto sonhamos. Alice fez um Plano de ensino individual para Miguel. O PDI (Pano de Desenvolvimento individual) é amparado na Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13146/2015) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/1996). Ele visa orientar o atendimento de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Por isso, torna-se uma ferramenta que contribui para garantir a acessibilidade na escola.
toda escola, pública ou particular, deve estar devidamente preparada para receber alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), sejam elas transitórias ou permanentes. Para tanto, é preciso elaborar o PDI com o objetivo de atender as especificidades pedagógicas de determinados grupos.
O plano de desenvolvimento individual do aluno surge para assegurar o direito à educação e à igualdade ainda no ambiente escolar. O instrumento propõe tratar as diferenças com dignidade e eliminar qualquer espécie de discriminação — ambas ações essenciais para garantir a inclusão social.
Apesar de sua importância, o PDI ainda é um documento desconhecido por alguns profissionais da educação. Além de estar amparado nas leis já citadas, ele é previsto no capítulo “Adaptações Curriculares” dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) publicados pelo Ministério da Educação (MEC).
O uso de métodos padronizados no ensino já não faz sentido na maioria das escolas, afinal, muitas delas adotaram um modelo educacional que valoriza o percurso pedagógico das crianças. Nesses lugares, o plano de desenvolvimento individual do aluno é fundamental para adaptar o currículo escolar às necessidades dos discentes.

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