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Patologia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Fabiana Aparecida Vilaça Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Processos Neoplásticos e Carcinogênese • Introdução; • Características das Neoplasias: Benigna e Maligna; • Bases Moleculares do Câncer. • Caracterizar os processos neoplásicos e cancerígenos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Processos Neoplásticos e Carcinogênese Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Processos Neoplásticos e Carcinogênese Introdução As células do nosso organismo passam por um processo constante de divisão ce- lular para manutenção fisiológica e controle do número de células para repor aquelas células que morreram por apoptose ou qualquer outro tipo de dano tecidual. A proliferação e a diferenciação celular ocorrem pela influência de agentes inter- nos e externos das células, tais como os fatores de crescimento locais e endócrinos. Além disso, tal processo leva à necessidade de mecanismos celulares e molecula- res eficientes para o controle de erros e de mutações nas células filhas geradas por mitose e ou meiose. Quando esses mecanismos de controle de falhas não funcionam corretamente, pode haver uma proliferação celular desordenada que, por sua vez, pode levar ao desenvolvimento de neoplasias. O termo neoplasia, então, significa crescimento novo, e pode proporcionar le- sões benignas ou malignas, conforme veremos mais a diante. Figura 1 – Esquema de uma neoplasia (formação nova de tecido) Fonte: bioethicsobservatory.org Características das Neoplasias: Benigna e Maligna A neoplasia é uma lesão tecidual constituída por proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, em geral, com perda ou redução de diferenciação, em consequência de alterações em genes e proteínas que regulam a multiplicação e a diferenciação das células, como, por exemplo, o gene p53, responsável pelo pri- meiro ponto de verificação do ciclo celular. 8 9 Processo de formação de uma neoplasia: http://bit.ly/2sSlqHp Ex pl or A neoplasia pode receber o nome de tumor e câncer, porém, essas palavras não são sinônimas. Tumor é uma palavra designada para caracterizar um crescimento anormal não maligno, que pode, inclusive, referir-se a um processo inflamatório, visto que o tumor é uma das características morfológicas da inflamação. Já o termo câncer é utilizado para caracterizar lesões neoplásicas que são malignas. Assim, podemos perceber que há 2 tipos de neoplasias: • Neoplasia Benigna: cr escem de maneira ordenada e circunscrita. Nã o são letais e, se não estiverem comprimindo nenhum órgão ou vaso de suma impor- tância, não causam grandes problemas aos hospedeiros. A neoplasia benigna pode evoluir por muitos anos sem ser percebida; • Neoplasia Maligna: a presentam crescimento muito acelerado, infiltram te- cidos vizinhos e sofrem metástase, provocando perturbações homeostáticas graves que podem levar à morte. Neoplasia Benigna Neoplasia Maligna Figura 2 – Diferenças entre neoplasias benignas e neoplasias malignas Fonte: Adaptado de Getty Images Além do aspecto clínico (benigna ou maligna), as neoplasias podem também ser classificadas por suas características histomorfológicas e por sua origem, ou seja, tecido no qual a neoplasia se desenvolveu. Geralmente, cita-se o nome do tecido ou célula neoplásica, mais o sufixo “oma”, como, por exemplo, o sarcoma, que é uma neoplasia maligna de células de origem mesenquimal, como osso. 9 UNIDADE Processos Neoplásticos e Carcinogênese Tabela 1 – Nomenclatura para Neoplasias ORIGEM BENIGNOS MALIGNOS TECIDO EPITELIAL Revestimento Papiloma Carcinoma Glandular Adenoma Adenocarcinoma TECIDO CONJUNTIVO Fibroso Fibroma Fibrossarcoma Mixóide Mixoma Mixossarcoma Adiposo Lipoma Lipossarcoma Cartilagem Condroma Condrossarcoma Vasos sanguíneos Hemangioma Hemagiossarcoma Glômus Giomangioma – Pericitos Hemangiopericitoma Hemangiopericitoma Maligno Vasos linfáticos Linfangioma Linfangiossarcoma Meninge Meningioma Meningioma Maligno Mesotélio – Mesotelioma Maligno TECIDO HEMOLINFOPOÉTICO Mielóide – Leucemia (vários tipos) Linfóide – Leucemia linfocítica – – Linfoma – – Plasmocitoma – – Doença de Hodgkin Células de Langerhans – Histiocitose X TECIDO MUSCULAR Liso Leiomioma Leiomiossarcoma Estriado Rabdomioma Rabdmiossarcoma TECIDO NERVOSO Neuroblasto e/ou Neurônio Ganglioneuroma Ganglioneuroclastoma – Neuroclastoma Nas neoplasias benignas, as células não são diferentes do tecido original, ou seja, são bem diferenciadas, crescendo unidas entre si e não infiltram em tecidos vizinhos. Nesses casos, a compressão do tecido adjacente forma cápsula fibrosa, cresce de maneira lenta, com boa vascularização e não forma zona de necrose, sendo que hemorragias e diátese tumoral são incomuns. A neoplasia benigna tornar-se um problema quando comprime algum vaso ou órgão ou quando o tumor secreta algum tipo de substância de maneira exacerbada. Tumores pancreáticos, por exemplo, por produzirem muita insulina, podem levar à hipoglicemia fatal. As neoplasias malignas apresentam características bioquímicas, de crescimento e diferenciação, função celular, adesividade e motilidade, sendo: 10 11 • Características de crescimento de diferenciação de células malignas: multiplicação fora do controle do organismo, são menos diferenciados e mais agressivos. Além disso, células malignas induzem a angiogênese para garantir suprimento durante a fase de rápido crescimento; • Função celular de neoplasias malignas: perda da diferenciação pode estar associada à perda de função celular, sendo que, em algumas neoplasias malig- nas, ocorre a perda parcial da função dos tecidos e, em outras, ocorre a perda total. Como exemplo, temos o adenoma ou carcinoma da suprarrenal, no qual a suprarrenal continua com função de produção de hormônios esteroides, po- rém, ela se torna insensível aos mecanismos de controle para produção desse hormônio e, como consequência, níveis excessivos de hormônios esteroides acabam chegando à circulação; • Função Bioquímica de células neoplásicas malignas: captam mais ami- noácidos. Realizam mais glicólise (suportam hipóxia), pois células cancerosas consomem muita glicosee esse consumo de glicose permite rastrear a locali- zação delas. As células neoplásicas malignas possuem características de células embrionárias, com proliferação e metabolismo rápido; • Adesividade de células neoplásicas malignas: células malignas possuem pouca adesividade entre si devido à irregularidade de membrana, à diminuição de estruturas juncionais, à redução de moléculas de adesão e à redução de adesão ao interstício; • Motilidade de células neoplásicas malignas: devido à menor adesividade e modificação da estrutura da membrana celular, as células neoplásicas malignas podem infiltrar tecidos adjacentes, originando novas colônias tumorais. A propriedade mais importante das células malignas é o poder de infiltração, que representa a via de disseminação das células cancerígenas para os tecidos adjacentes. A gravidade do câncer depende desse fator, podendo ser localmente invasivo ou originar metástases. A Metástase é a formação de uma nova lesão tumoral a partir de uma primeira, mas sem continuidade entre as duas. A metástase desenvolve-se por meio dos seguintes processos: • Destacamento das células da massa tumoral; • Deslocamento pela matriz extracelular; • Invasão de vasos linfáticos ou sanguíneos; • Adesão ao endotélio do vaso no órgão alvo; • Saída do vaso; • Proliferação no tecido alvo. 11 UNIDADE Processos Neoplásticos e Carcinogênese A migração da metástase para o tecido hóspede não é aleatória, ou seja, alguns tecidos são mais preparados para receber a metástase. Eles constituem o chamado nicho pré-metastático: Teoria da Semente e do Terreno. Diferenças de uma neoplasia benigna para a neoplasia maligna com base na Teoria da Se- mente e do Terreno: http://bit.ly/2Rz33SdEx pl or Bases Moleculares do Câncer O câncer origina-se de células normais que sofreram mutação gênica ou altera- ções epigenéticas. As mutações podem mascarar os pontos de verificação do ciclo celular ou levar a imortalização das células. Os genes que controlam e impedem a ocorrência de um câncer são os genes chamados de supressores de tumor. Já os genes que facilitam a existência de uma neoplasia maligna são conhecidos como proto-oncogenes. Mutações e o câncer: http://bit.ly/2P2BiQo Ex pl or As mutações que levam ao processo neoplásico maligno podem desenvolver-se de acordo com as seguintes situações: • Ação viral; • Fator Ambiental; • Fator Hereditário. A ação de vírus como o HPV, por exemplo, pode levar ao desenvolvimento de uma neoplasia maligna, pois o vírus age no genoma da célula hospedeira, acoplan- do-se ao DNA nuclear dela, levando a alterações do ciclo celular e à propagação de mutações que levam ao câncer. O ciclo celular, entre as fases G1 e S, possui um ponto de verificação mediado pelo gene p53. Esse gene, que sintetiza uma proteína de mesmo nome, é conheci- do como “guardião do genoma humano”, pois retira células com mutações em seu DNA do ciclo celular e a induzem a apoptose. A ação viral engana o gene p53, que não identifica a mutação causada pelo vírus e permite que a célula entre em mitose, ao invés de morrer por apoptose. Desenvolvimento de um câncer por meio da ação viral: http://bit.ly/2P1PGID Ex pl or 12 13 Os cânceres causados por fatores ambientas são aqueles desencadeados por ta- bagismo, alcoolismo, exposição à radiação e substâncias cancerígenas, como xilol e tintas automotivas. A neoplasia maligna causada por fatores ambientais também possui a caracte- rística de não ser detectada pelos pontos de verificação do ciclo celular, bem como pode ser ocasionada pela existência de células imortalizadas. Figura 3 – Fatores ambientais e o câncer Fonte: Adaptado de uicc.org Já a s neoplasias malignas causadas pelo fator hereditário, como o câncer de mama, ovário, melanoma e próstata, são desencadeadas por mutações gênicas herdadas dos gametas dos progenitores. O câncer de mama, por exemplo, ocorre por mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2. Esses genes, em determinado período da vida do indivíduo, passam a fa- lhar e a exibir mutações que são propagadas pelo ciclo celular. Tabela 2 – Fatores hereditários para o câncer de mama GENÉTICA E CA DE MAMA BRCA1 BRCA2 LOCALIZAÇÃO 17q12-21 13Q12-13 FUNÇÃO SUPRESSOR DE TUMOR: INTERAÇÃO COM PROTEÍNAS NUCLEARES;POSSÍVEL PAPEL NA REPARAÇÃO DE DANOS AO DNA. MUTAÇÕES ~500 ~200 IDADE DE INÍCIO ~40–50 ANOS APÓS OS 50 ANOS RISCO DE OUTROS TUMORES 30-60% CM MASCULINO, PÂNCREAS, PRÓSTATA E CÓLON CM MASCULINO, OVÁRIO PRÓSTATA, BEXIGA, PÂNCREAS, MELANOMA Perigo da mutação do BRCA1 para o desenvolvimento do câncer 13 UNIDADE Processos Neoplásticos e Carcinogênese Mulheres portadoras de uma mutação em BRCA1 devem ser encaminhadas para programas de acompanhamento de alto risco para câncer. O que muda em uma mulher portadora de mutação herdada BRCA1? Se ela não tiver câncer de mama, acompanhar com RM e considerar adenomastec- tomia redutora de risco; Se ela já teve câncer de mama unilateral ou bilateral com cirurgia conservadora, con- siderar risco de 2º primário e mastectomia contralateral redutora de risco; Se ela não teve câncer de ovário indicar salpingo-ooforectomia aos 39-40a; Se ela tem câncer de ovário merastático poderá ser candidata a tratamento específico; Familiares de 1º grau tem 50% de chance de serem portadores; Familiares homens portadores também tem risco aumentado de câncer. Os cânceres recebem nomes distintos de acordo com o tecido de origem, sendo: • Carcinoma: tecido epitelial e mucosas provenientes dos folhetos embrionários ectoderma e endoderma; • Sarcoma: proveniente do folheto embrionário mesoderma; • Adenocarcinoma: tecido glandular proveniente dos folhetos embrionários ec- toderma e endoderma. Quando o câncer passa da membrana basal que separa o tecido epitelial do tecido conjuntivo e atinge este último, temos um carcinoma invasor, quando a pos- sibilidade de desenvolver metástase é maior. 14 15 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Características Gerais das Neoplasias http://bit.ly/2E1BgC8 Prevalência de diabetes em pacientes com neoplasias malignas de trato intestinal em um hospital de ensino Bertolazzi, L. G. et. al. Prevalência de diabetes em pacientes com neoplasias malignas de trato intestinal em um hospital de ensino. Revista Brasileira de Oncologia Clínica, vol. 11, n. 40, p. 71-77, 2015. http://bit.ly/355n86D Asbestos exposure and neoplasia SELIKOFF, I. J.; CHURG, J.; HAMMOND, E. C. Asbestos exposure and neoplasia. Jama, v. 188, n. 1, p. 22-26, 1964. http://bit.ly/2E3hI0a The chromosomal basis of human neoplasia YUNIS, J. J. The chromosomal basis of human neoplasia. Science, v. 221, n. 4607, p. 227-236, 1983. http://bit.ly/2YB3YDk 15 UNIDADE Processos Neoplásticos e Carcinogênese Referências ANGELO, I. C. Patologia Geral. São Paulo: Pearson, 2016. (e-book) BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo, patologia geral. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. (e-book) CARDOZO, W. S.; SOBRADO, C. W. Doença inflamatória intestinal. 2.ed. Barueri: Manole, 2015. (e-book) MONTENEGRO, M. R.; FRANCO, M. Patologia: processos gerais. 5.ed. São Paulo: Atheneu, 2010. ROBBINS, S. L.; COTRAN, R. S. Patologia: bases patológicas das doenças. 9.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. RUBIN, S. Patologia: Patologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. (e-book) 16
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