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ARTIGO MARCIELLY

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UM NOVO OLHAR SOBRE O PAPEL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA [footnoteRef:0] [0: Trabalho apresentado à Faculdade São Paulo de Rolim de Moura, como requisito final de avaliação para conclusão do curso de Pós-graduação Lato Sensu – Educação Especial e Inclusiva, ano de 2019.
2 Graduada em Pedagogia com habilitação em Séries Iniciais - E-mail: marcielyfacimed@gmail.com] 
Marciely Cristiane Campos Quinellato 2
RESUMO
Este artigo propõe-se a discutir acerca da Educação Especial Inclusiva no contexto das políticas públicas nacionais, incluindo o atendimento educacional especializado, inclui-se ainda, um breve percurso histórico da Educação Especial. Numa pesquisa bibliográfica o trabalho aponta para a necessidade de um ensino de qualidade independente das necessidades de aprendizagem, onde se considere igualdade e diferença como valores indissociáveis. Faz-se necessário, portanto, o fortalecimento de políticas públicas que possam envolver professores, gestores, especialistas, pais e alunos, bem como demais profissionais para a construção de um sistema educacional inclusivo, implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas .A coleta das informações foi realizada através do levantamento e análise de ideias diferentes trazidas por artigos, livros e pesquisa na internet, que tratam a temática apresentada.
PALAVRAS-CHAVES: Inclusão, Políticas Públicas, Educação Especial.
ABSTRACT
This article aims to discuss inclusive special education in the context of national public policies, including specialized educational care, including a brief historical course of Special Education. In a bibliographical research, the work points to the need for quality teaching independent of learning needs, where equality and difference are considered as inseparable values. It is necessary, therefore, the strengthening of public policies that may involve teachers, managers, specialists, parents and students, as well as other professionals for the construction of an inclusive educational system, implying a structural and cultural change of the school so that all students have their specificities met. The collection of information was carried out through the survey and analysis of different ideas brought by articles, books and research on the Internet, which deal with the theme presented.
KEYWORDS: Inclusion, Public Policies, Special Education.
1INTRODUÇÃO
 Nas últimas décadas, o debate internacional sobre a escolarização das pessoas com deficiência tem conquistado visibilidade no âmbito das políticas sociais Brasileiras, apontando para a necessidade de repensar a educação, visando a constituição de políticas públicas para uma educação de qualidade para todos.
	No contexto nacional, podemos afirmar que os últimos cinquenta anos produziram mudanças que parecem evocar grandes rupturas no tradicional sistema de ensino Brasileiro, mas ao olhar com mais clareza, pode-se observar que apesar das alterações superficiais, há ainda um longo caminho para que a inclusão ocorra de fato. O Ensino Especial tem ganhado visibilidade nas últimas duas décadas devido ao movimento de educação inclusiva, mas tem sido também alvo de críticas por sua exclusividade e por não promover o convívio entre as crianças especiais e as demais crianças.
Por outro lado, as escolas com educação especializada contam com materiais, tecnologia, equipamentos e professores especializados. Enquanto o sistema regular de ensino ainda precisa ser adaptado e pedagogicamente transformado para atender de forma inclusiva. Desde a sua origem, a Educação Especial é um sistema separado de educação das crianças com deficiência, fora do ensino regular. Tal sistema baseia-se na noção de que as necessidades dessas crianças não podem ser supridas nas escolas regulares.
	Este artigo visa discutir acerca da educação especial inclusiva no contexto histórico e político brasileiro, como também discutir sobre reformas que devem ser feitas na educação para que esta ofereça ao aluno com necessidades especiais recursos profissionais e institucionais adequados e suficientes para que ele tenha condições de desenvolver-se como estudante, pessoa e cidadão.
2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), no 9.394/96 (Brasil, 1996), no Capítulo III, art. 4º, inciso III, diz que é dever do Estado garantir o “atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”.
Inclusive, o capítulo 5 da LDB 9.394/96 trata somente de aspectos referentes à Educação Especial. Entre os pontos especificados, o art. 58. § 1º diz que, sempre que for necessário, haverá serviços de apoio especializado para atender às necessidades peculiares de cada aluno portador de necessidades especiais. Por exemplo, em uma classe regular com inclusão pode haver um aluno surdo que necessite de um professor de apoio que saiba LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para auxiliá-lo em todas as disciplinas.
 Atualmente, já se tornou uma realidade nas redes públicas de ensino, alunos com necessidades especiais frequentarem a escola em salas de aula com inclusão. Isso é importante para que, “independentemente do tipo de deficiência e do grau de comprometimento, possam se desenvolver social e intelectualmente na classe regular” (BENITE, BENITE, PEREIRA, 2011, p. 48).
Isso com certeza é um avanço em relação ao passado, quando um jovem com deficiência era excluído da sociedade, sendo mantido somente dentro de sua casa; além de não receber nenhum tipo de educação e de não participar de contatos ou atividades sociais, muitas vezes sendo até mesmo maltratado. Entretanto, para que a inclusão de fato se concretize, é necessário que os professores estejam preparados para lidar com esse tipo de situação. O art. 59, inciso III, diz que os sistemas de ensino devem assegurar aos educandos com necessidades especiais “professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns” (Brasil, 1996, p. 44).
Porém, não é isso que é verificado na realidade. Silva e Retondo (2008) citam Bueno (1999), dizendo que: 
 
“de um lado, os professores do ensino regular não possuem preparo mínimo para trabalhar com crianças que apresentem deficiências evidentes e, por outro, grande parte dos professores do ensino especial tem muito pouco a contribuir com o trabalho pedagógico desenvolvido no ensino regular, na medida em que têm calcado e construído sua competência nas dificuldades específicas do alunado que atendem” (SILVA e RETONDO, 2008, p. 28).
 Os professores enfrentam dificuldades não só em transmitir para esses alunos as disciplinas específicas em suas áreas de formação, mas falta também o próprio conhecimento “para lidar com a língua brasileira de sinais (libras) e com a presença de intérpretes em suas aulas” (SILVEIRA e SOUZA, 2011, p. 38). Isso se torna ainda mais complicado quando se trata de professores de ciências, como a Química, pois enfrentam grandes dificuldades em lidar com a construção do conhecimento científico voltado para esse grupo específico. Por exemplo, os alunos surdos sofrem muito com essa questão, porque a Química contém uma linguagem específica, que muitas vezes não tem como ser traduzida para LIBRAS, dificultando, assim, a construção do conhecimento.
Segundo Silveira e Souza (2011, p.38), o resultado é que mesmo estando em sala de aula, muitos alunos com necessidades especiais acabam sendo apartados ou excluídos – ocorre um distanciamento deles, que não conseguem dar continuidade aos estudos. 
 Além dos professores que não são bem preparados, as próprias instituições de ensino não contam com recursos físicos e didáticos que visam atender às necessidades desses alunos. Por exemplo, alunos cegos necessitam de todos os livros didáticos em Braile, cadeirantes precisam que a estruturafísica da escola esteja preparada para recebê-los, tendo, por exemplo, rampas, corrimãos, banheiros adaptados, entre outros aspectos. Infelizmente, não é isso que se vê em muitas escolas da rede pública, principalmente em escolas mais afastadas do centro urbano, que carecem de condições mínimas para continuarem funcionando. Focalizando, porém, no educador, existem cada vez mais pesquisas pautadas nessa formação dos professores voltada para a educação inclusiva. Uma atividade que pode ajudar durante essa formação é “estabelecer uma via de comunicação com instituições e escolas que trabalham com alunos com necessidades educacionais especiais” (SILVA e RETONDO, 2008, p. 28). A elaboração de vários projetos pode ser de auxílio nesse sentido, bem como a inclusão da disciplina Aspectos éticos-políticos-educacionais da normalização e integração da pessoa portadora de necessidades especiais, nos cursos de graduação citados, conforme a indicação do Ministério da Educação, portaria 1.793/94 (Brasil, 1994).
 A educação inclusiva no Brasil ainda está em seu estado embrionário, e sabemos que o apoio e o investimento dos governos são necessários. Todavia, esperamos que o contínuo aprimoramento de projetos nesse sentido, tanto na formação, como na formação continuada de professores, com o tempo sane ou pelo menos minimize os pontos decadentes do atendimento aos portadores de necessidades especiais.
2.1 MARCOS HISTÓRICOS E LEGAIS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL
 No Brasil, a preocupação em definir, identificar, classificar a condição e, consequentemente, oferecer algum tipo de atendimento educacional para a pessoa com deficiência era quase inexistente até meados do século XX. Somente na década de 50, quando em outros países já surgiam questionamentos sobre a qualidade e os objetivos do atendimento educacional oferecido ao deficiente em escolas ou classes especiais, é que no Brasil começava uma considerável expansão desses tipos de atendimento educacional.
	Para MAZZOTA (2005), a educação Especial é dividida em duas fases, uma compreendida de 1854 a 1956, e a outra de 1957 a 1993. A primeira, financiada por iniciativas particulares, surge com a criação de instituições, institutos e casa de atendimentos às pessoas com deficiência; a segunda fase, financiada pelo governo federal, com a criação de atendimentos educacionais em instituições estudantis.
	Oficialmente, a história da educação da pessoa com deficiência no brasil começa a ser escrita através do Decreto Imperial nº 428 de 12 de setembro de 1854, por meio do qual foi fundado o imperial Instituto dos Meninos Cegos (atualmente, Instituto Benjamin Constant), localizado na então capital federal do Rio de Janeiro. Isto somente foi possível graças à intermediação do médico Dr. Xavier Sigand cuja filha era cega, a pedido de José Álvares de Azevedo, também possuidor de deficiência visual total (LEMOS,1981). Em 1857, também foi fundado pelo imperador Dom Pedro II, foi criado o Instituto Imperial dos Meninos Surdos Mudos, hoje, instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES).
Partindo dessa premissa, MAZZOTA (1996 apud MIRANDA, 2008, p.31, Grifo da autora), assinala que:
A fundação desses dois Institutos representou uma grande conquista para o atendimento dos indivíduos deficientes, abrindo espaço para a conscientização e a discussão sobre a sua educação. No entanto, não deixou de “se constituir em uma medida precária em termos nacionais, pois em 1872, com uma população de 15.848 cegos e 11.595 surdos, no país eram atendidos apenas 35 cegos e 17 surdos”.
Assim, diante das demandas, exigências e notoriedade ao tema, foram surgindo à necessidade de outros centros de apoio que acolhessem e educassem as pessoas com deficiências (PcDs). Desse modo, historicamente, destacam – se: o Instituto Pestalozzi para as pessoas com deficiência mentais, fundado no começo do século XX, em 1926; em 1945, foi criado o primeiro atendimento educacional especializado as pessoas com superdotação na sociedade Pestalozzi; em 1950, foi criada a associação de assistência à criança deficiente (AACD) e em 1954, foi fundada a primeira Associação de Pais e amigos dos excepcionais (APAE).
Destaca- se que até 1960 não havia preocupação do Estado brasileiro em relação as pessoas com deficiência, ou seja, elas viviam segregadas em hospitais, igrejas, abrigos, hospícios, lares/casas espiritas. Nessa mesma década, definitivamente, o Governo Federal assume publicamente a educação especial e, a partir daí, em 10 anos foram criadas 800 instituições de educação especial no país. (JANNUZZI,2004). Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa a ser fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LBDEN, Lei nº 4.024/61, que aponta o direito dos “excepcionais” à educação preferencialmente dentro do sistema de ensino.
A Lei nº 5.692/71, que altera a LBDEN de 1961, ao definir “tratamento especial” para alunos com deficiência, acaba não promovendo a organização de um sistema de ensino capaz de atender às necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais.
Nessa fase, consolidou se a integração escolar, a qual previa que neste modelo são os alunos que deveriam se adaptar ao sistema educacional, e não o sistema a eles. Neste período, os alunos com deficiência iam para as escolas regulares, porem estudavam em salas separadas (salas individualizadas por deficiência). Ação educativa esta que não faz presente no processo de escolarização como enfatizam Andrade e Schutz (2002, p. 8 apud Sahb, sd.p.6). Somente diante de um processo de escolarização, onde haja acesso a permanência na escola regular, com interações sociais voltadas a promover o desenvolvimento do sujeito é que existe de fato a inclusão.
Os avanços da educação Especial no país se fortaleceram a partir da aprovação da constituição federal de 1988 que traz como um dos seus objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3, inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso l, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art.208).
2.2 OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: FOCO NAS REDES DE APOIO
O esforço pela inclusão social e escolar de pessoas com necessidades especiais no Brasil é a resposta para uma situação que perpetuava a segregação dessas pessoas e cerceava o seu pleno desenvolvimento. Até o início do século 21, o sistema educacional brasileiro abrigava dois tipos de serviços: a escola regular e a escola especial - ou o aluno frequentava uma, ou a outra. Na última década, nosso sistema escolar modificou-se com a proposta inclusiva e um único tipo de escola foi adotado: a regular, que acolhe todos os alunos, apresenta meios e recursos adequados e oferece apoio àqueles que encontram barreiras para a aprendizagem.
A Educação inclusiva compreende a Educação especial dentro da escola regular e transforma a escola em um espaço para todos. Ela favorece a diversidade na medida em que considera que todos os alunos podem ter necessidades especiais em algum momento de sua vida escolar.
Há, entretanto, necessidades que interferem de maneira significativa no processo de aprendizagem e que exigem uma atitude educativa específica da escola como, por exemplo, a utilização de recursos e apoio especializados para garantir a aprendizagem de todos os alunos.
A Educação é um direito de todos e deve ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento e do fortalecimento da personalidade. O respeito aos direitos e liberdades humanas, primeiro passo para a construção da cidadania, deve ser incentivado.Educação inclusiva, portanto, significa educar todas as crianças em um mesmo contexto escolar. A opção por este tipo de Educação não significa negar as dificuldades dos estudantes. Pelo contrário. Com a inclusão, as diferenças não são vistas como problemas, mas como diversidade. É essa variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças.
Preservar a diversidade apresentada na escola, encontrada na realidade social, representa oportunidade para o atendimento das necessidades educacionais com ênfase nas competências, capacidades e potencialidades do educando.
Ao refletir sobre a abrangência do sentido e do significado do processo de Educação inclusiva, estamos considerando a diversidade de aprendizes e seu direito à equidade. Trata-se de equiparar oportunidades, garantindo-se a todos - inclusive às pessoas em situação de deficiência e aos de altas habilidades/superdotados, o direito de aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver. (CARVALHO, 2005).
No Brasil, a regulamentação mais recente que norteia a organização do sistema educacional é o Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020). Esse documento, entre outras metas e propostas inclusivas, estabelece a nova função da Educação especial como modalidade de ensino que perpassa todos os segmentos da escolarização (da Educação Infantil ao ensino superior); realiza o atendimento educacional especializado (AEE); disponibiliza os serviços e recursos próprios do AEE e orienta os alunos e seus professores quanto à sua utilização nas turmas comuns do ensino regular.
O PNE considera público alvo da Educação especial na perspectiva da Educação inclusiva, educandos com deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), transtorno global do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades.
Se o aluno apresentar necessidade específica, decorrente de suas características ou condições, poderá requerer, além dos princípios comuns da Educação na diversidade, recursos diferenciados identificados como necessidades educacionais especiais (NEE). O estudante poderá beneficiar-se dos apoios de caráter especializado, como o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, no caso da deficiência visual e auditiva; mediação para o desenvolvimento de estratégias de pensamento, no caso da deficiência intelectual; adaptações do material e do ambiente físico, no caso da deficiência física; estratégias diferenciadas para adaptação e regulação do comportamento, no caso do transtorno global; ampliação dos recursos educacionais e/ou aceleração de conteúdos para altas habilidades.
A Educação inclusiva tem sido um caminho importante para abranger a diversidade mediante a construção de uma escola que ofereça uma proposta ao grupo (como um todo) ao mesmo tempo em que atenda às necessidades de cada um, principalmente àqueles que correm risco de exclusão em termos de aprendizagem e participação na sala de aula.
Além de ser um direito, a Educação inclusiva é uma resposta inteligente às demandas do mundo contemporâneo. Incentiva uma pedagogia não homogeneizadora e desenvolve competências interpessoais. A sala de aula deveria espelhar a diversidade humana, não a esconder. Claro que isso gera novas tensões e conflitos, mas também estimula as habilidades morais para a convivência democrática. O resultado final, desfocado pela miopia de alguns, é uma Educação melhor para todos. (MENDES, 2012).
2.3 O PAPEL DO AEE
Quem cria as estratégias para ensinar um estudante com autismo: o professor de sala ou o profissional do atendimento educacional especializado (AEE)? Quem adequa as atividades de um aluno com deficiência intelectual? E na hora da avaliação: quem atribui nota? Nem um, nem outro, e sim os dois. Nesses casos, a responsabilidade pelo planejamento pedagógico é tanto do professor de sala quanto do docente da sala de recursos multifuncionais (SRM). Os dois devem contar com o apoio da coordenação pedagógica nesse processo.
O atendimento educacional especializado foi estabelecido pela Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva, em 2008. Doze anos depois, tanto o documento quanto o serviço de apoio são reconhecidos como conquistas fundamentais para a garantia de educação para todos. A Política assegura a matrícula das pessoas com deficiência na escola comum e estabelece diretrizes para a criação de políticas públicas e práticas pedagógicas voltadas à inclusão escolar. Além disso, reformula o papel da educação especial, que passa a integrar a proposta pedagógica da escola por meio do AEE. O principal objetivo desse serviço de apoio é identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade com foco na eliminação das barreiras para a plena participação dos estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação, em prol da autonomia e independência na escola e fora dela. E trabalhar cooperativamente é condição fundamental para que o AEE cumpra sua função. Do contrário, ele perde o sentido.
[...] Uma sociedade inclusiva é aquela capaz de contemplar, sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para que cada cidadão, do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir com seu melhor talento para o bem comum. (Werneck,1999, p.23).
Dizer que a educação especial é transversal significa assumir a necessidade da construção de uma cultura educacional inclusiva, na qual todos participam do processo educativo com o objetivo comum de não deixar ninguém para traz.
Na educação inclusiva, todos têm direito ao mesmo currículo e ao mesmo conjunto de saberes. Por isso, o responsável por todos os estudantes, com ou sem deficiência, é quem faz o planejamento para todo o grupo: o professor regente da sala comum. Mas essa tarefa pode e deve ser compartilhada. Quando o docente da sala de recursos participa, ele tem a oportunidade de propor atividades ao colega da sala comum considerando os interesses e as necessidades de cada aluno com deficiência, identificar possíveis barreiras à aprendizagem desses estudantes e apontar estratégias para que eles tenham as mesmas oportunidades que toda a turma.
2.4 DA EDUCAÇÃO ESPECIAL A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
O sistema educacional brasileiro se pautou durante um longo tempo num modelo de atendimento segregado aos alunos com necessidades educativas especiais, cerceando o seu pleno desenvolvimento. Nas últimas décadas vem ocorrendo um esforço pela inclusão escolar, desses alunos que encontram barreiras para a aprendizagem na rede regular de ensino, tendo como objetivo o acolhimento de todos os alunos com recursos, apoio e meios adequados.
Essa segregação se dava na modalidade da Educação Especial, que se configurou como um sistema paralelo de ensino, organizado de acordo com um atendimento educacional especializado substituindo o ensino regular, levando a criações de instituições especializadas, classes e escolas especiais.
O desenvolvimento histórico da Educação Especial no Brasil foi marcado por iniciativas de caráter privado e iniciou-se no século XIX, com a organização de ações para atendimento a pessoas com alguma deficiência física, mental ou sensorial, inspiradas pelas experiências norte-americanas e europeias. Constituindo-se originalmente, como campo de saber e área de atuação, a partir de um modelo médico.
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2007, o atendimento às pessoas com deficiência, teve como pioneiro o Instituto dos Meninos Cegos, fundado na cidade do Rio de Janeiro, em 1854, o atual Instituto Benjamin Constant, instituição especializada no atendimento de pessoas com deficiência visual.
O modelo na qual estava estruturada a Educação Especial primava pelo assistencialismo, visando apenas ao bem-estar da pessoa com deficiência e priorizando os aspectos médicos e psicológicos. Vale ressaltar, que foram os médicos que despertaram para a necessidadede escolarização dessa clientela. Nas instituições especializadas que foram sendo criadas, o trabalho era organizado para atendimento às terapias individuais com pouca ênfase as atividades acadêmicas, que não eram consideradas como necessárias.
Esse modelo da Educação Especial acompanhando a tendência mundial da luta contra a marginalização da minoria, no início da década de 1980, passa a ser questionado, dando origem a busca de alternativas pedagógicas para a inserção de todos os alunos, até os portadores de deficiências severas, preferencialmente no sistema regular de ensino.
Resultando com isso uma transformação nas políticas públicas, direcionando os esforços na direção de uma Educação Inclusiva que transforma e escola em um espaço para todos, redimensionando o papel da Escola Especial, atuando, prioritariamente como suporte à escola regular no recebimento do alunado com necessidades especiais.
Portanto de acordo, com GIL (2005, p. 12), a Educação Inclusiva é um sistema de educação e ensino em que todos os alunos com necessidades educacionais especiais, incluindo os alunos com deficiência, frequentam as escolas comuns, da rede pública ou privada, com colegas sem deficiência.
Favorecendo a diversidade e considerando que todos os alunos têm necessidades especiais, ou seja, cada aluno tem uma forma de aprendizado individualizada. Há, entretanto, necessidades, que exigem novas metodologias, utilização de recursos e principalmente apoio especializado para garantir à todos os alunos uma aprendizagem real.
De acordo com o Parecer CNE/CEB (Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica), no 02/01, os alunos com necessidades educacionais especiais são aqueles que no processo educacional apresentam: dificuldades acentuadas ou limitação no processo de desenvolvimento; dificuldades de comunicação e sinalização; ou altas habilidades/superdotação, ou seja, grande facilidade de aprendizagem.
A Educação Inclusiva pretende em um mesmo contexto escolar, educar todas as crianças. Não significando negar as dificuldades dos alunos e sim mudando a maneira de olhar, vendo as diferenças como diversidade, ampliando a visão do mundo e oportunizando a convivência de todas as crianças. Dando ênfase nas competências, capacidades e potencialidades dos alunos.
2.5 ADAPTAÇÕES NA INFRAESTRUTURA FÍSICA DAS ESCOLAS
O objetivo da Educação Inclusiva, segundo GIL (2005, p. 24) “é garantir que todos os alunos com ou sem deficiência participem ativamente de todas as atividades na escola e na comunidade”. Portanto, o primeiro passo para realizar a Educação Inclusiva é analisar as diferentes deficiências existentes para o atendimento concreto dos alunos, modificando a infraestrutura física das escolas para que todos tenham uma melhor acessibilidade espacial, promovendo a permanência e o aproveitamento máximo do aprendizado.
Acessibilidade espacial não é somente chegar ou entrar num lugar desejado, é fazer com que a pessoa possa se situar e se orientar no espaço sem necessitar de ajuda e sem impedimentos.
O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, formulou um Manual de Acessibilidade Espacial para Escolas que tem como objetivo auxiliar os sistemas de ensino na implementação de uma política pública de acessibilidade em todas as escolas. Para que a escola seja um ambiente educativo inclusivo deve ter condições que garantam o acesso e a participação autônoma de todos os alunos às suas dependências e atividades.
Para tanto, deve-se diagnosticar e eliminar as barreiras físicas, que são quaisquer obstáculos que limitem ou impeçam o acesso, a circulação com segurança, a liberdade de movimento, a possibilidade de comunicação entre as pessoas e o acesso a informação, ou seja, evitar todos os obstáculos que impeçam a realização de atividades desejadas de forma independente.
De acordo com o Ministério da Educação existem diversos tipos de barreiras, ele nos indica quatro aspectos que devem ser considerados para permitir a acessibilidade espacial e embasado nesses aspectos realizar as mudanças estruturais necessárias.
• Orientação espacial – É determinada pelas características ambientais, o indivíduo deve reconhecer a identidade e as funções dos espaços, estabelecendo estratégias para seu deslocamento e uso dos locais. São importantes todas as informações que auxiliam na compreensão dos lugares, como a iluminação, as cores, informações escritas, desenhos e a disposição dos lugares e equipamentos.
• Deslocamento – As condições de deslocamento devem promover a possibilidade de qualquer pessoa poder movimentar-se, de forma independente, segura e confortável, em qualquer ambiente, livres de barreiras físicas. É necessário, para isso, analisar o tipo e a qualidade dos pisos, a existência de espaço livre para o deslocamento e a possibilidade de subir de um andar para outro através de rampas ou elevadores.
• Uso – As condições de uso dos espaços e dos equipamentos referem-se a realização de atividades por todas as pessoas. Todas as características físicas dos equipamentos e mobiliários devem ser relevantes, destacando a forma, dimensão, relevo, textura e cor, assim como sua posição nos ambientes para que possam ser alcançados e utilizados por todos.
• Comunicação – Refere-se à possibilidade de troca e aquisição de informações, permitindo a comunicação com ou sem meios alternativos. A acústica dos ambientes é muito importante, devido aos ruídos que atrapalham a comunicação e a presença de informações escritas, como a presença de sinais e pictogramas.
Conhecendo e compreendendo as barreiras do espaço físico que afetam a inclusão tornar-se possível fazer as mudanças físicas do espaço escolar e de acesso a escola, tornando-a de fato um espaço compatível com a capacidade de cada um. Sabemos que a realidade das escolas públicas brasileiras está muito aquém do ideal, todavia é necessário que as verbas públicas da educação sejam investidas realmente nas adaptações e construções de novas escolas para atendimento a todos.
3. CONCLUSÃO	
 Falar de educação inclusiva no Brasil infelizmente é ver que ainda há muito a se fazer, como a própria pesquisa mostra que ainda estamos engatinhando a respeito dessa temática, o retrato que temos na maioria das escolas é que as mesmas fingem que atendem os alunos com algum tipo de deficiência, não que as escolas se neguem a atender ou tenham má vontade, o problema está na falta de estrutura e qualificação de professores. Muitas das vezes esse aluno é matriculado porem os gestores se sentem incapazes de fazer algo por esse aluno, por não terem a estrutura necessária para atendê-lo. O papel das escolas é atender as necessidades educacionais especificas de seus alunos tendo em vista a complexidade e a diversidade do contexto escolar, tanto nas aprendizagens como no ensino. Na sala de aula, muitos obstáculos podem ser enfrentados e superados graças à criatividade do professor, que transformam suas salas de aulas em espaços prazerosos e motivadores da aprendizagem. Vale ressaltar, que para o professor atingir todos os objetivos propostos na aprendizagem dos alunos, ele precisa de adequações em seu trabalho. O número de alunos em uma sala de aula é uma grande barreira encontrada, visto que um dos princípios da Educação Inclusiva é tratar todos os alunos, com necessidades especiais ou não, importando-se com suas individualidades e diferenças na forma de aprendizagem, lembrando que cada criança é única em suas possibilidades e tendo o professor que adaptar metodologias para cada aluno.
Faz-se necessário que a escola se reorganize, resinifique suas ações, flexibilizando o currículo, promovendo a formação de professores em serviço, parcerias com a comunidade e ainda a complementação ou suplementação curricular ao aluno com deficiência ou superdotação. A educação especial inclusiva precisará passar, portanto, por um forte investimento nessa transformação, por um auxílio das equipes de escolas especiais às escolas de ensino regular, assim como pela formação contínua de profissionais darede regular.
É urgente que que a educação inclusiva seja olhada com carinho por nossos governantes, criando assim uma Educação Inclusiva, que respeita e valoriza todos os alunos, com suas características individuais garantindo que os direitos de todos sejam respeitados e seu processo educativo seja realizado em uma escola regular de ensino. O caminho percorrido é enfocado do ponto de vista da legislação e o trabalho é finalizado destacando as adequações e mudanças físicas, estruturais e comportamentais, que possibilitam colocar em prática a inclusão.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BARCELONA-https://barcelonasuperficies.com.br/blog/educacao-especial/ - Acesso em : 30/04/2020.
BRASILESCOLA:https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/educacao-inclusiva.htm – Acesso em: 30/04/2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial,1988
BRASIL, Declaração de Jomtiem.Jomtiem/Tailândia,1990
Concelho Nacional de educação. Câmara da Educação Básica. RESOLUÇÂO CNE/CEB n.2, de 11 de setembro de 2001. Brasília: CNE/CEB,2001.
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