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RESUMO - DIREITO PENAL I

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Direito Penal – 09/08/2017 – Rivaldo Barbosa (Aula 1)   
Concepção do Direito Penal 
O DP tem como função de selecionar os comportamentos nocivos a sociedade, capazes de gerar algum prejuízo aos valores fundamentais.  Missão do Direito Penal É de proteger os valores fundamentais para a substancia do corpo social, tais como a vida, a liberdade e o patrimônio.  
Objeto do Direito Penal 
O DP só pode dirigir os seus comandos legais ao homem, mandando ou proibindo que se faça algo ao homem, pois somente este age com consciência e vontade na prática de uma conduta (racionalidade).  
O Direito Penal e o Estado Democrático de Direito 
O Art. 1º da CF/88 definiu o perfil político constitucional do Brasil como sendo um Estado Democrático de Direito. Este dispositivo traz vários princípios, são eles: 
1) Submissão de todos ao império da Lei; 
2) O povo como origem do poder; 
3) Igualdade de todos perante a lei; 
4) O estabelecimento de Direitos e garantias individuais.  
Finalidade da parte geral do Código Penal 
É de assinalar as características essenciais do autor e de seu delito. 
Fonte (Origem) do Direito Penal
 Fonte é o lugar de onde provém o direito (origem). Divide-se em dois pontos: 
1. Fonte Material – refere-se ao órgão incumbido da elaboração do DP – é a União – Segundo o Art.22, I CF/88. 
2. Fonte Formal – É como o DP se exterioriza, divide-se em: 
2.1. Direta ou imediatamente: através da lei 
2.2. Indireta ou mediatamente: através dos costumes e Princípios Gerais do Direito  
Considerações 
1. A lei é uma regra escrita, feita pelo legislador com a finalidade de tornar expresso um comportamento considerado indesejado. 
2. A lei penal incriminadora possui o preceito primário (descreve conduta) e o preceito secundário (descreve sanção). 
3. A lei penal incriminadora é descritiva, por técnica legislativa. 
4. A norma é um mandamento de um comportamento normal extraído do senso comum da sociedade ou do senso de justiça da sociedade. Logo, pertence ao senso comum que não se deve matar, subtrair, constranger... ressalta-se que a norma não é escrita, mas ela é proibitiva. 
5. Costumes: consiste num complexo de regras não escritas, consideradas juridicamente obrigatórias e seguidas de modo reiterados e uniforme pela sociedade. Espécies de costume: 
a) Contra legem (Não pode ser aplicado, entre a lei e o costume a LEI prevalece) 
b) Secundo legem 
c) Praeter legem 
OBS: O costume não cria delito nem impõe sanção penal. Somente a Lei cria sanção penal através da União.  
Princípios Gerais do Direito 
São premissas éticas extraídas de todo material legislativo que servem para serem aplicadas tanto na edição da lei quanto na sua aplicação.
Direito Penal – 16/08/2017 – Rivaldo Barbosa (Aula 2) 
Princípio da legalidade 
Pelo ponto de vista da Constituição somente haverá crime se existiu correspondência entre a conduta praticada e a previsão legal anteriormente tipificada. 
Podemos afirmar que o princípio da legalidade é o somatório de 2 princípios: 
1. Princípio da Reserva Legal – somente a lei formal e escrita proveniente do poder legislativo da União poderá dispor sobre crime e impor uma sanção penal. 
2. Princípio da Anterioridade da Lei – por este princípio exige-se que a lei esteja em vigor no memento da prática da infração penal. Neste princípio, surge um outro princípio que é o da irretroatividade da lei penal, entretanto, sabemos que este é relativo, pois ele pode retroagir quando for em benefício do réu. 
Fundamento legal Art.1º CP e Art. 5 XXXIX CF/88 
“Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” 
Princípio da Intervenção Mínima 
O DP só deve ser aplicado quando houver extrema necessidade, mantendo-se como instrumento subsidiário e fragmentário. 
Princípio da Fragmentariedade 
Entende-se que devem ser tidas como atíp ic as as ofensas míni mas ao bem jurídico. Não há tipicidade material. Há, apenas,tipicidad e forma l. 
Princípio da Ofensividade/ Lesividade 
O princ ípio da ofensvidade orienta tanto ao legislador, que não deve criminalizar condutas que não ofendam bens jurídicos, quanto o juiz , que deve verificar no caso concreto se houve lesã o relevante ao bem jurídico tutelado pela norma . Ex : autolesão ou suicídio. 
Princípio da Bagatela/ Insignificância 
Existe a tipicidade formal, mas não a tipicidade material . Não basta que a conduta praticada tenha apenas correspondência nos elementos de um tipo penal . F az -s e necessário que a conduta seja capaz deles ar ou expor terceiros a risco, provocar lesões significantes ao bem jurídico tute lado . 
Princípio da Legalidade 
O princípio da legalidade, conhecido por meio da expressão latina nullum crimen, nulla poena sine lege, que significa que 'não há crime, nem pena, sem lei anterior que os defina', é muito importante no estudo do Direito, sendo um norteador para leis e dispositivos. 
Princípio da Anterioridade 
O Princípio da Anterioridade da Lei Penal está garantido na Constituição Federal de 1988, a qual, em seu artigo 5º inciso XXXIX exige que: "Não há crime sem lei ANTERIOR que o defina, nem pena sem PRÉVIA cominação legal." 
Princípio da Irretroatividade da Lei 
A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Salienta-se que quando duas ou mais legislações tratarem do mesmo assunto de modo distinto, estaremos diante do famoso conflito de leis penais no tempo. 
Medida Provisória 
As medidas provisórias não podem definir crimes nem impor sanção penal. Em obediência ao Art. 62, §1, I, b CF/88. 
“Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República, poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
§1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
I – Relativa a: 
b) direito penal, processual penal, e processual civil
Analogia 
Consiste em aplicar em uma hipótese não regulada por lei, disposição relativa a um caso semelhante. O fundamento da analogia: 
“Onde há a mesma razão, aplica-se o mesmo direito” 
OBS: Somente se aplica analogia nas normas penais permissivas, sendo proibida/ vedada nas normas penais incriminadoras, uma razão do princípio da legalidade. 
Classificação das normas 
1. Norma penal permissiva: É aquela que exclui a ilicitude ou a culpabilidade. Exemplos: Art. 23, CP 
Exclusão de ilicitude 
“Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.” 
Art. 26, CP 
Inimputáveis 
“É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.” 
2. Norma penal explicativa: É aquela que estabelece o conteúdo de outra norma. Exemplos: 
Art. 327, CP 
Funcionário público 
“Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.” 
Art. 150, §4º e §5º, CP 
Violação de domicílio 
“Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alhei a ou em suas dependências: 
§ 4º - A expressão "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.” 
3. Norma penal incriminadora: É aquela que estabelece uma conduta e impõe uma sanção penal. 
4. Norma penal em branco: São aquelas que o preceito secundário está incompleto, permanecendo indefinido o seu preceito primário. Neste caso, o preceito primário precisa de um complemento. Divide-se em: 
a. Heterogênea: é aquela cujocomplemento está em outra norma procedente de instancia legislativa diferente da que vai ser completada. Ex: Portaria do Ministério da Saúde, completando a lei de drogas. Lei 11.343. 
b. Homogênea: é aquela onde o complemento está na própria lei. Ex: Art. 327, CP 
Interpretação da Lei Penal 
É a atividade que consiste em extrair da lei seu exato e real significado. A interpretação deve buscar a vontade da lei. 
1. Interpretação quanto ao sujeito: 
a. Autentica: é produzida pela própria lei, através de um dispositivo legal. 
b. Judicial: é feita pelo tribunal e juízes em seus julgamentos. 
c. Doutrinaria: é feita pelos estudiosos do Direito. 
2. Interpretação quanto aos meios empregados: 
a. Gramatical: é o estudo da lei utilizando a analise sintática ou classe gramatical. 
b. Lógica: é aquela que permite ao interprete desvendar o conteúdo da norma. 
c. Teleológica: é a interpretação quanto a finalidade da norma
3. Interpretação quanto ao resultado: 
a. Declarativa: ocorre quando há uma coincidência entre a interpretação e o conteúdo da lei. 
b. Restritiva: ocorre quando a lei teria dito mais do que deveria e o interprete reduz o seu alcance. 
c. Extensiva: ocorre quando a lei teria dito menos do que deveria e o interprete aumenta o alcance da lei. 
Características da Lei Penal Incriminadora 
1. Exclusividade: somente a lei penal pode definir crime e impor uma sanção penal. 
2. Imperatividade: impõe-se a todos coativamente sendo obrigatória sua observância. 
3. Generalidade: tem eficácia ERGA OMNES, dirigindo-se a todos. 
4. Impessoalidade: a lei penal dirige-se impessoalmente a todos os cidadãos. Pois não se concebe a ideia da criação de uma lei que possa punir especificadamente uma pessoa ou classe de pessoas. 
Lei Penal no Tempo 
Em matéria de direito penal a lei mais favorável possui Extra Atividade. A Extra Atividade de divide em: 
1. Retroatividade: significa aplicar uma lei em relação a fatos que ocorreram em uma época em que esta lei não existia, mas isso acontece em razão do seu caráter mais benéfico. 
2. Ultratividade: significa aplicar uma lei mesmo após a sua revogação, em razão do seu caráter mais benéfico. 
Leis que se sucedem no tempo 
NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA (NOVA LEI): a primeira hipótese é a lei nova que incrimina fato anteriormente lícito. Esta lei não pode retroagir. 
NOVATIO LEGIS IN PEJUS (PREJUDICA): a segunda hipótese é a lei nova que mantém a incriminação, mas de algum modo agrava a situação do réu. Esta lei não cria delitos, apenas agrava. Ela não poderá retroagir. 
NOVATIO LEGIS IN MELLIUS (MELHORA): a terceira hipótese é a lei nova que mantém a incriminação, mas favorece de algum modo o agente. Nesta hipótese a lei pode retroagir. Está previsto no Parágrafo Único do Art. 2° CP. 
“A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.” 
ABOLITIO CRIMINIS (ABOLIR): a quarta hipótese é a lei nova que deixa de considerar determinado fato como criminoso. Neste caso a lei possui irretroatividade ampla e irrestrita. Ressalta-se que nesta hipótese o agente que for beneficiado não será considerado sequer reincidente. 
Lei temporária e Lei excepcional 
A lei temporária é aquela que foi feita para vigorar durante um determinado lapso temporal. Estão previstas no Art. 3°. 
“A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinara, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência.” 
Excepcional: é a lei feita para vigorar enquanto estiverem presentes circunstancias extraordinárias. Ex.: Guerra, calamidade pública... 
OBS: Há doutrinadores que argumentam que estas leis são inconstitucionais por ofensa ao Art. 5°, XL CF/88 
“A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.” 
Fundamento: Art. 4° CP 
Tempo do crime 
“Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado” 
Este Artigo dispõe que se considera praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o resultado. A 
Doutrina trás 3 teorias: 
1. Atividade – considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão. 
2. Resultado – considera-se praticado o crime no momento do resultado.
3. Mista, eclética ou ubiquidade: considera-se praticado o crime tanto no momento da ação/ omissão quanto no resultado. 
OBS: O Código Penal vigente adotou a teria da atividade. Não podemos esquecer da hipótese excepcional dos chamados crimes permanentes onde a consumação se prolonga no tempo. Ex.: extorsão mediante sequestro. 
Lei Penal no Espaço - Art. 5° 
Territorialidade 
“Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e e mbarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente no espaço aéreo correspondente ou em alto mar.” 
Território é todo espaço onde o Estado exerce soberania compreendendo o mar e o espaço aéreo correspondente. 
OBS 1: Vide Lei 8617/93, define os limites territoriais. 
OBS 2: O princípio adotado é o da territorialidade temperado por força do caput do Art. 5°. Uma vez que é admitida a aplicação da lei estrangeira aos delitos cometidos em território nacional, quando assim determinarem os tratados e convenções internacionais. 
OBS 3: Os parágrafos 1° e 2° do Art. 5° tratam da extensão do nosso território. As embaixadas e consulados não são considerados territórios estrangeiros, o que existe ali é uma garantia de inviolabilidade, previsto na convenção de Viena. 
Direito Penal – 22/08/2017 – Rivaldo Barbosa (Aula 3) 
Princípio da Intervenção Mínima 
Podemos entender que de acordo com o princípio da intervençã o mínima o direit o penal deve intervir o menos possível na vida em sociedade,somente entrando em açã o quando, comprovadamente , os demais ramos do direito não forem capazes de proteger aqueles bens considerados de maior importância . 
Princípio da Reserva Legal 
O Princípio da Reserva Legal ou princípio da Legalidade Penal determina que só será considerada como Infração penal a conduta prevista como tal na Lei. Se determinada conduta praticada pelo agente não estiver prevista como ilegal pela Lei, ela necessariamente será lícita, livre e impunível por parte do Estado. 
Princípio da Insignificância ou Bagatela 
Originário do Direito Romano, e de cunho civilista, funda-se no conhecido brocardo de minimisnon curat praetor (o pretor não cuida de coisas pequenas). Isso significa que o Direito não deve preocupar-se com condutas incapazes de lesar o bem jurídico. 
Lugar do crime - Art. 6°, CP 
“Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.” 
 Todo (fato será consumado) 
 Ação/ Omissão = Parte (Tentado) 
Local do crime = +
 Resultado 
A teoria adotada é a teoria da ubiquidade pois considera praticado o crime tanto no lugar da ação/ omissão como no resultado. 
OBS: crimes a distância? É o crime que parte ocorre no BR e a outra parte no estrangeiro. 
OBS 2: crimes plurilocais? São em locais diferentes dentro do BR. 
Extraterritorialidade 
Consiste na aplicação da lei brasileira por crimes cometidos fora do Brasil. A jurisdição é territorial, na medida que não pode ser exercida no território de outro país, salvo em razão de regra permissiva emanada de Direito Internacional. Diante do exposto chega-se à conclusão que o fundamento de tudo está na soberania. Art. 1, I da CF. 
“A República Federativa do Brasil, formadapela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em 
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I – a soberania.” 
Princípios que regem a Extraterritorialidade 
1. Princípio da real defesa da proteção – Art. 7°, I, a, b, c, CP 
“Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro: 
I – os crimes: 
 a) Contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repúbilica; 
 b) Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
 c) Contra a administração pública, por quem está a seu serviço.” 
2. Princípio da personalidade ativa – Art. 7°, II, b, CP 
“Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro: 
II – os crimes 
 b) praticados por brasileiro;” 
3. Princípio da personalidade passiva – Art. 7°, § 3°, CP 
“Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro: 
§3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior.” 
4. Princípio da justiça universal – Art. 7°, II, b, CP 
“Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro: 
II – os crimes: 
 b) praticados por brasileiros.” 
5. Princípio da representação – Art. 7°, II, c, CP 
“Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro: 
II – os crimes: 
 c)praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.” 
OBS 1: Extraterritorialidade Incondicionada, Art. 7°, I, a, b, c, d C/C § 1° ETI 
OBS 2: ETC, Art. 7°, II, a, b, c C/C § 2° ETC 
Regra do Art. 8°, CP 
“A pena cumprida no estrangeiro atenua a imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.” 
Computadas/ Atenuas 
A regra do Art. 8 destina-se as hipóteses de extraterritorialidade para a lei penal brasileira. Segundo o referido artigo se as penas forem idênticas deverão ser computadas (+); se forem distintas serão atenuadas(-). 
Eficácia da sentença estrangeira Art. 9°, CP 
“A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
 I- Obrigar o condenado a reparação do dano, as restituições e a outros efeitos civis; 
 II- Sujeita-lo a medida de segurança.” 
A execução de uma sentença é ato de soberania e, portanto, necessita de uma homologação (autorização) a competência para homologação é do STJ, prevista no Art. 105, I, i da CF.
“Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I – processar e julgar, originalmente: 
 i) A homologação de sentenças, estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.” 
Contagem do prazo Art. 10, CP 
“O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.” 
Não interessa a que horas do dia o prazo começou a correr, considera-se o dia integralmente. Assim a pessoa começou a cumprir uma prisão temporária as 23:55min, os 5 min restantes serão tratados como dia integralmente. 
OBS 1: O prazo de natureza PENAL é improrrogável, mesmo que terminem em sábado, domingo ou feriado. 
Direito Penal – 30/08/2017 – Rivaldo Barbosa (Aula 4) 
Teoria do Crime 
Concepção Material 
Crime é todo ato que ofende ou ameaça bem juridicamente cautelado. Este conceito leva em consideração a seleção pelo legislador em considerar determinada conduta como criminosa. 
Concepção Formal 
Este aspecto leva em consideração o mero enquadramento da conduta praticada e uma norma penal anteriormente tipificada. 
Concepção Analítica 
É o estudo dos elementos constitutivos do tipo penal sob o enfoque jurídico. Inicialmente temos três elementos: 
FATO TÍPICO = É aquele fato que se amolda ao conjunto de elemetos descritivos do crime.
O fato típico depende:
1- conduta penalmente relevante = Dolosa / Culposa
2- nexo causal
3- resultado (não existe crime sem resultado)
4- tipicidade
 ANTIJURIDICO = É a relação de contrariedade que se estabelece entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico, ou seja, ilicita é toda conduta não amparada por uma cusa de justificação.
CULPABILIDADE = Consiste no juízo de reprovação social que estabelece sobre a conduta ilícita do agente . Modernamente, conhecida por reprovabilidade ou censurabilidade social. Dividida em:
1- imptabilidade ( art 26)
2- potencial conhecimento da ilicitude do fato (art 21)
3- exigibilidade de conduta diversa ( art 22)
CRIME 
OBS: Para que ocorra o crime é necessário que haja uma conduta penalmente relevante que tenha um resultado, através de um nexo causal que tenha tipicidade.
 
 Fato Típico 
a. Conduta Penalmente Relevante (CPR) – é toda ação ou omissão voluntária, humana, consciente ou dirigida a uma finalidade ilícita, através do dolo ou culpa. 
b. Ação – comportamento positivo, ocorre quando se transgride uma proibição. 
c. Omissão – ocorre quando se transgride uma ordem que impõe um comportamento ativo/ negativo. 
OBS1: Se o agente não atua nem com dolo, nem com culpa, não há que se falar em relevância penal para a conduta. Ex: Trocar a resistência no banheiro, usando uma faca como ferramenta, levar um choque e acidentalmente perfurar a sogra com a faca. 
Hipóteses: 
1. Coação física irresistível. Ex.: Um indivíduo ameaça que se eu não matar uma pessoa, ele matará a minha mãe. 
2. Movimentos reflexos. Ex.: Estou com uma faca na mão consertando um fio, levo um choque, perfuro uma pessoa. 
3. Estado de inconsciência. Ex.: Sonambulismo, ataque epilético. 
Crime omissivo e comissivo 
Comissivo: é aquele que se realiza através de uma ação. 
Omissivo: ocorre quando há uma abstenção de uma atividade que era imposta por lei. Divide-se em: 
Omissivo Próprio: É aquele onde há um dver genérico de proteção de agir. São os que objetivamente são descritos uma conduta negativa, ou seja, de não fazer o que a lei determina. Dever este dirigido a TODOS. Ex.: Omissão de socorro. Art. 135 CP 
“Deixar de prestar assistência, quando possível faze-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.” 
Omissivo Impóprio: São aquelas em que há um dever específico de proteção ou de agir. Este deve ser específico de proteção e dirigido a uma classe de pessoas denominado Agente Garantidor. Está previsto no parágrafo 2° do Art. 
13 do CP. 
“A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) Com o seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.” 
Ressalta-se por final que há dois verbos que fundamentam esta figura DEVER e PODER. O Agente Garantidor responde pelo crime que poderia e deveria evitar. 
OBS: O CP adotou a teoria normativa da omissão, a omissão é penalmente relevante quando o omitente podia e devia agir para evitar o resultado. 
Teorias quanto a conduta 
Teoria causal 
Para esta teoria a conduta seria um puro fator de causalidade, consiste em fazer ou não fazer sendo estranha qualquer valoração do conteúdo da vontade. Nesta teoria o fundamental é a existência do resultado, pois o único vínculo que se estabelece é de causa e efeito. Portanto, o dolo e a culpa só seriam analisados no momento da aferição da culpabilidade. 
Teoria finalista 
É adotada hoje com predominância. Para esta teoria não se pode dissociar a conduta da vontade do agente, já que a conduta é precedida de um raciocínio que leva realiza-la ou não. Assim os finalistas deslocaramo dolo e a culpa para o fato típico (dentro da conduta penalmente relevante). Assim o importante nesta teoria é saber desde logo se no momento da conduta o agente agiu com dolo ou culpa. 
Teoria social 
Estruturalmente esta teoria admite o dolo e a culpa no fato típico, no Brasil um dos seus defensores é o professor Nilo Batista. Para este entendimento um fato não pode ser considerado adequado pela sociedade e ao mesmo tempo estar definido como infração penal, esta dicotomia fere as bases do sistema democrático. Para esta teoria só haverá infração penal se tiver definido como infração (pelo princípio da legalidade) e mais essa conduta ser socialmente inadequada. Ex.: Jogo do bicho 
Objetos do crime 
1. Objetividade Jurídica: É o interesse ou bem tutelado pela norma. Ex.: vida, liberdade, patrimônio, intimidade...
2. Objeto Material: É a pessoa ou coisa sobra a qual recai a conduta criminosa. Ex.: relógio no roubo, celular no furto... 
Sujeitos no crime 
1. Sujeito Ativo: é aquele que realiza a conduta (verbo) descrita no tipo penal. Em princípio qualquer pessoa pode ser sujeito ativo de crime. 
OBS: A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime? Há duas teorias: 
a. Ficção: para esta teoria a PJ não pode ser sujeito ativo pois não age por si só. (Não tem voluntariedade) 
b. Realidade: para esta teoria a PJ pode ser sujeito ativo do crime uma vez que possui personalidade distinta de seus sócios. No Brasil adotou-se, de acordo com o Art. 225, §3°CF, a teoria da realidade. O referido dispositivo constitucional foi regulado pela lei 9605/98 (vide Art. 21 – das penas). Somente serão punidos os crimes ambientais. Art. 225, §3º, CF 
“As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” 
2. Sujeito Passivo: É o titular do interesse cujo a ofensa constituiu a essência do direito. A doutrina faz distinção entre sujeito passivo material (titular do bem protegido) e sujeito passivo formal (Estado). 
OBS1: Um morto é sujeito passivo do crime? O morto não é sujeito passivo do crime, os crimes que dizem direito ao morto (sujeito passivo) é a família, a coletividade e a sociedade. 
OBS2: O feto é sujeito passivo do crime? Sim. O feto é sujeito passivo do crime no caso de aborto. 
Direito Penal – 06/09/2017 – Rivaldo Barbosa (Aula 5) 
Nexo Causal 
Conceito: é a relação de causa e efeito existente entre a conduta do agente e o resultado dela recorrente ou o meio pelo qual podemos afirmar se aquela conduta deu ou não causa aquele resultado. Art.13, CP 
“O resultado, de que se depende a existência do crime, somente é imputado a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.” 
Em relação ao que dispõe o Art. 13, constata-se que o CP adotou a teoria da conditio sine qua nom ou a teoria equivalência dos antecedentes causais, para essa teoria, causa é toda circunstancia antecedente sem a qual o resultado não teria ocorrido. Iss o leva a crer que toda contribuição para o resultado é considerada causa. Para saber se determinado antecedente é ou não causa de ser utilizado o processo hipotético de eliminação de THY RÉN da seguinte forma: 
Se feita a abstração mental daquele antecedente e o resultado desaparecer aquele antecedente é relevante. 
De outro modo se o resultado permanece inalterado chega-se à conclusão que aquele antecedente é irrelevante. É evidente que somente serão punidos pelos crimes quem tem agido com dolo ou culpa, em relação específica aquele resultado. 
OBS1: Nos crimes formais ou nos crimes de mera conduta não há que se falar em nexo causal. 
OBS2: Não se fala em nexo causal objetivo (físico) nos crimes omissivos. É que no plano físico somente as ações podem produzir resultados pois do nada (omissão) não se produz resultado algum. Assim nos crimes omissivos o nexo causal (normativo) não é entre a conduta que lhe estava obrigada (norma) a realizar e sim o resultado. 
Concausas 
Causa absolutamente independente 
São as causas que não tem qualquer vinculação entre elas, inclusive se a causa analisada não existisse mesmo assim o resultado aconteceria. Desta forma, somente haverá um nexo e o outro será rompido e este agente somente responderá pelos atos até então praticados. Senão, vejamos: 
Causa absolutamente independente pré-existente: é aquela que que não tem qualquer relação com a conduta do agente e que ocorreu anteriormente. Exemplo: 
A quer matar B e difere um tiro. Entretanto anteriormente C já havia en venenado B. O que ger ou sua morte. Então C responde pelo homicídio e B pela tentat iva de homicídio. 
Causa absolutamente independente concomitante: é aquela que não tem qualquer relação com a conduta do agente, mas ocorre no mesmo momento. Exemplo: 
A está envenenando B querendo sua morte. No m esmo instante C en tra na casa e mata B com vár ias facadas. Então C responde pel o homicídio e B pela tentat iva. 
Causa absolutamente independente superveniente: é aquela que não tem qualquer relação com a conduta do agente e que ocorre posteriormente. Exemplo: 
A quer matar B e dá u m tiro. B é levado pa ra o hospital e morr e: 
1. Infecção hospitalar: trata -se de uma causa ordinária que está no d esdobramento natur al e o agente responde pe lo crime. Não rompe o nexo causal. 
2. Incêndio no hospital: trata -se de uma causa extraordinária que por si só produziu resultado
Nas concausas relativamente independentes, a causa efetiva do resultado se origina, ai nda que indiretamente, do comportamento concorrente. Em outras palavras, as causas se conjugam para produzir o evento final. Isoladamente consideradas, não seriam capazes de ocasionar o resultado. Classificam-se em pré-existente, concomitante e superveniente. 
Resultado 
É toda modificação provocada pela conduta do agente. O CP adotou a teoria naturalística do resultado. Para este entendimento, resultado de um crime é toda modificação física, psicológica e/ou fisiológica que a conduta humana pode acarretar. Assim para essa teoria é possível falar de crime sem resultado. Senão vejamos: 
Crime material: É aquele que a lei descreve a conduta e o resultado e a consumação se dá com o resultado. 
CM Crime Resultado Consumação Resultado 
Art. 121, CP “Matar alguém:” 
Art. 155, CP “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:” 
Art. 157, CP “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:” 
Crime Formal/ Consumação Antecipada: A lei descreve a conduta para que o crime seja consumado. 
CF/ CA Crime Resultado Consumação Conduta 
Art. 158, CP “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:” 
Art. 137, CP “Participar de rixa, salvo para separar os contendores:” 
Art. 333, CP “Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:” 
Mera Conduta: É aquele que a lei descreve a conduta e com a realização desta o crime estará consumado 
MC Crime Resultado Consumação Conduta 
Tipicidade: É o nome que se dá ao enquadramento da conduta concreta realizada a uma norma penal incriminadora. 
Crime consumado: é o que de acordo com a lei reúne todos os elementos contidos no tipo penal. Art. 14, I. CP 
“Diz-se crime: 
I- Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.” 
Momentos consumativos do crime 
Crime Material: A consumação se dá com o resultado. 
Crime Formal: A consumação se dá com a conduta. 
Crime de Mera Conduta: A consumação se dá com a conduta. 
Omissivo Próprio – A consumação se dá pela simples omissão. 
Omissivo Impróprio – A consumação se dá pelo resultado. 
Crimes Permanentes – A consumação se prolonga no tempo. Ex.: sequestro. 
Fases do Crime(Iter Criminis) 
1. Cogitação: O agente mentaliza, idealiza, representa mentalmente a prática do crime. (Não é punida) 
2. Preparação: 
3. Execução: 
4. Consumação: 
Direito Penal – 13/09/2017 – Rivaldo Barbosa (Aula 6) 
Fases do Crime (Iter Criminis) 
1. Cogitação: O agente mentaliza, idealiza, representa mentalmente a prática do crime. (Não é punida) 
2. Preparação: Nesta fase o agente pratica atos imprescindíveis para a execução do crime. Regra Geral não é punida. 
Importante destacar que por vezes o ato preparatório constitui um delito autônomo e o agente não responderá pelo crime que pretendia, mas sim pelo delito autônomo. Ex.: Porte ilegal de arma 
OBS: A lei de terrorismo dispõe que a preparação já constitui delito autônomo. 
3. Execução: Nesta fase o bem jurídico já começa a ser atacado e o agente já se torna punível. 
4. Consumação: Nesta fase todos os elementos da definição legal foram realizados. 
Diferença entre PREPARAÇÃO e EXCECUÇÃO 
A linha que divide é muito tênue, há alguns critérios para definir essa divisão. São eles: 
1. Entende-se que a fase de execução está iniciada quando se pratica o primeiro ato idôneo (é um ato apto a consumação) e ato inequívoco (que não haja dúvida que é destinado a consumação) 
2. A preparação possibilita o ataque ao bem jurídico e a execução é o próprio ataque ao bem jurídico. 
Diferença entre CRIME CONSUMADO e CRIME EXAURIDO 
Crime exaurido é aquele no qual o agente após atingir o resultado consumativo continua a agredir o bem jurídico, fazendo com que sua conduta continue a produzir efeitos no mundo concreto, por exemplo, é o caso do funcionário público após atingir a consumação mediante a solicitação de uma vantagem indevida, vem efetivamente a recebe-la. A consumação vem com a solicitação e a fase de exaurimento vem com o recebimento. 
Tentativa - Art. 14, I 
“Diz-se crime: 
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.” 
É a não consumação de um crime por “circunstancias alheias a vontade do agente” (CAVA), cuja a fase de execução foi iniciada.
Natureza jurídica da tentativa 
Representa uma norma de extensão. Requisitos para tentativa: 
1. Iniciada a fase de execução; 
2. A não consumação por circunstancias alheias a vontade do agente; 
3. REGRA GERAL: que o crime seja doloso. 
Exceção: Culpa imprópria 
Crimes que não admitem “TENTATIVA” 
CCHOUP 
Contravenções (art. 4º da LCP) 
Culposos 
Habituais (art. 229, 230 , 284, CP) 
Omissivos próprios (art. 13 5 CP) 
Unissubsistentes (In júria verbal) 
Preterdolosos (art. 12 9 § 3º CP) 
Contravenções Penais - DL 3.688/41, Art. 4º (obs.: faticamente é possível, mas não se pune a tentativa). 
Crimes culposos não admitem tentativa. A doutrina menciona a possibilidade apenas na denominada CULPA IMPRÓPRIA, que é aquela que resta do erro de tipo sobre as descriminantes putativas. 
Habituais - Crimes habituais são aqueles em que o tipo exige, para sua consumação, que o agente pratique a conduta como um "modo de vida". Exemplo: Exercício Ilegal da Medicina, Odontologia ou Farmácia; 
Omissivos Próprios - São aqueles em que a própria lei descreve uma omissão (um não fazer). Exemplo: Art. 135 do CP, Omissão de Socorro. Observe que os crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão), por sua vez, admitem tentativa. 
Unissubsistentes - São aqueles em que não é possível identificar divisão entre o início de execução e o resultado material, Ou seja, não é possível o fracionamento do Iter Criminis. São denominados crimes de "apenas um ato". Identificam-se com os crimes de mera conduta. 
Preterdolosos - Dolo na conduta, culpa no resultado. Nenhum crime qualificado pelo resultado culposo admite tentativa, pelo simples fato de que estes crimes (os culposos) não a admitem. 
Por fim, também não admitem tentativa os Crimes de Atentado - aqueles em que o tipo equipara a tentativa à consumação - como vemos no Art. 352, CP (Evasão mediante violência contra a pessoa); e no tipo do art. 122 (Induzimento, Instigação e Auxílio ao Suicídio). Isso porque o crime exige para a consumação, no mínimo, que a vítima fique gravemente ferida. 
Art. 352, CP “Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa;” 
Art. 122, CP “Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça.” 
Formas de tentativa 
1. Tentativa Perfeita ou Crime Falho – ocorre quando o agente realiza integralmente a fase de execução, ou seja, o agente faz tudo o que está ao seu alcance para consumar o crime e não consegue por circunstâncias alheias a vontade do agente (CAVA), mas ele cumpre todos os meios para chegar a fase de consumação. 
2. Tentativa Imperfeita/ Inacabada/ Propriamente dita – é aquela em que a fase de execução foi interrompida, o agente não consegue realizar tudo o que idealizou por circunstâncias alheias a vontade do agente (CAVA). Natureza Jurídica: Norma de extensão. 
Desistência voluntária e Arrependimento eficaz - Art. 15, CP 
“O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.”
Esses institutos estão previstos no Art. 15 CP. 
Voluntariedade: A lei exige a voluntariedade, entretanto se o agente atua com espontaneidade é evidente que será viável para a aplicação dos institutos. Existe voluntariedade quando o agente diz: “posso prosseguir, mas não quero”. 
Desistência Voluntária (VERBO DESISTIR) 
Consiste numa abstenção onde o agente interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo deste modo a consumação. 
OBS1: Este instituto pressupõe um único comportamento: DESISTIR. 
OBS 2: A doutrina dispõe que há compatibilidade entre a desistência voluntária e a tentativa imperfeita pois em ambos a fase de execução foi interrompida. 
OBS 3: Não responde pela tentativa. O sujeito só responde pelo resultado até então praticado. TENTATIVA NÃO!!! 
Arrependimento Eficaz (VERBO IMPEDIR) 
É o caso do agente que após encerrar a fase de execução, arrepende-se e impede o resultado. O verbo pressupõe mais de um comportamento. 
OBS: A doutrina dispõe que a tentativa perfeita é compatível com o arrependimento eficaz pois em ambos a fase de execução é integralizada. 
Natureza jurídica da Desistência Voluntária e Arrependimento Voluntário 
Representa uma Causa de Afastamento da Tipicidade (CAT) 
Consequências da Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz 
O agente só responde pelos atos até então praticados, é o que a doutrina chama de tentativa qualificada, pois o agente deixa de responder por uma tentativa e responde por um crime autônomo. 
Arrependimento Posterior - Art. 16, CP 
“Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.” 
É uma das causas de diminuição de pena que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça a pessoa em que o agente voluntariamente repara o dano/ restitui a coisa. 
Natureza Jurídica – representa uma causa obrigatória de diminuição de pena. 
Objetivo: É de estimular a reprovação do dano nos crimes patrimoniais cometidos sem violência ou grave ameaça a pessoa.
Falta da justa causa para denuncia e inquérito policial. Se o agente pagar o cheque antes do recebimento da denúncia. 
Súmula 246 - STF 
Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos. 
Restituição parcial induz ao arrependimento posterior? 
Por regra não, mas já existe, julgados reconhecendo a restituição parcial como arrependimento posterior. 
Direito Penal – 20/09/2017 – Rivaldo Barbosa (Aula 7) 
Crime impossível/ quase crime - Art. 17, CP 
“Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.” 
Conhecido como tentativa idônea ou quase crime. 
Natureza Jurídica – Trata-se de causa de afastamentoda tipicidade (CAT), pois não se concebe a ideia de se praticar uma conduta que JAMAIS chegaria a um resultado criminoso. 
Hipóteses: 
1.ineficácia absoluta do meio – o meio empregado ou instrumento utilizado jamais levariam a prática de uma conduta criminosa. 
Exemplo: água com açúcar para matar alguém, falsificação grosseira de nota. 
OBS: a ineficácia relativa leva a tentativa. Exemplo: água com açúcar para diabéticos. 
2.absoluta impropriedade do objeto – o objeto sobre o qual recai a conduta criminosa é absolutamente impróprio não gerando qualquer resultado criminoso. Exemplo: tomar substancia abortiva se não estiver grávida, tentar furtar “quem não tem absolutamente nada para perder”. 
OBS: A relativa impropriedade do objeto leva a tentativa. Exemplo: Ladrão tenta enfiar a mão no bolso direito de alguém para furtar, mas o dinheiro está no bolso esquerdo. 
OBS2: O código penal adotou a teoria temperada para crime impossível, que é aquela que somente haverá crime impossível se as causas forem absolutas. 
Conflito aparente de normas - Art. 121 CP e Art. 123 CP 
Art. 121 CP “Matar alguém:” 
Art. 123 CP “Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:” 
É o que ocorre quando sobre o mesmo fato aparentemente, podem ser aplicados mais de uma norma. Para sanar essa dúvida estudaremos 4 princípios, que são: 
1 Princípio da Especialidade – é o que ocorre quando o mesmo fato é enquadrável em uma norma geral e uma norma especial. Neste princípio não se procura saber se o fato é mais ou menos grave, mas se ele é mais específico. Exemplo: Homicídio e Infanticídio. 
2 Princípio da Subsidiariedade – há aplicação deste princípio quando várias normas protegem o mesmo bem jurídico em fases distintas, de forma que a presença de um tipo penal mais grave afasta a punição de um tipo subsidiário menos grave. É o que o prof. Nelson Ungria chamava de soldado reserva. Exemplo: Estupro (mais grave) e o tipo subsidiário constrangimen to legal (menos grave). 
3 Princípio da consunção – é aquele que absorve os comportamentos realizados. Pode se manifestar nas seguintes hipóteses: 
° Crime progressivo: é aquele em que o agente para atingir o resultado mais grave passa necessariamente pelo resultado menos grave. Só responde pelo resultado mais grave. Exemplo: Para se chegar a um homicídio através de pauladas, o sujeito pratica várias lesões. 
° Progressão criminosa: ocorre quando o agente inicia a realização de uma conduta que constitui crime menos grave, porém dentro do mesmo “iter criminis” resolve praticar uma ação mais grave. Só responde pelo resultado mais grave. 
OBS: Ante facto impunível – ocorre quando o agente para realizar uma conduta posterior em regra mais grave realiza uma primeira conduta como meio necessário e frequente para realização do crime mais grave. Exemplo: Porte ilegal de arma para pratica do homicídio. 
OBS2: Post facto impunível – ocorre quando um ato posterior menos grave é praticado contra o mesmo bem jurídico, mas sem causar nova ofensa. Exemplo: Furto de um celular e posterior destruição. 
° Crime Complexo – é aquele que o tipo penal protege mais de um bem jurídico. Exemplo: Latrocínio (vida e patrimônio). Extorsão mediante sequestro (liberdade e patrimônio). 
4 Princípio da Alternatividade – é o que ocorre nos denominados crimes mistos alternativos, de conteúdo variado que são aqueles em que a realização de mais de uma conduta, no mesmo contexto fático, configura crime único. Exemplo: Induzimento ao suicídio.
Direito Penal – 18/10/2017 – Rivaldo Barbosa (Aula 12) 
Art. 18, CP 
Diz-se o crime: 
Crime doloso 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
Tipo Doloso 
Dolo é a consciência e vontade de realizar os elementos constitutivos do tipo penal. Assim temos dois elementos essenciais: 
A. Consciência 
B. Vontade 
Teorias quanto ao dolo 
A. Teoria da vontade – dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir um resultado penalmente relevante. (primeira parte, I, Art.18 CP) “I - doloso, quando o agente quis o resultado” 
B. Teoria do assentimento (consentimento) – dolo é o consentimento de um resultado com aceitação dos riscos em produzi-lo. (segunda parte, I, Art. 18 CP) “ou assumiu o risco de produzi-lo.” 
C. Teoria da representação – dolo é a vontade de realizar a conduta criminosa, prevendo a possibilidade do resultado sem deseja-lo. 
Espécies de dolo 
A. Dolo direto – quando o agente quer o resultado penalmente relevante. 
B. Dolo indireto – divide-se em: 
1 Dolo alternativo – ocorre quando o agente quer um ou outro resultado. 
2 Dolo eventual – ocorre quando o agente prevê o resultado e assume o risco em produzi-lo 
CRIME

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