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1. Definição de Bens Públicos (móveis e imóveis): Artigo 99 do Código Civil de 2002 - Divisão: a) Bens de uso comum; b) Bens de uso especial; c) Bens dominiais ou dominicais; a. Bens de uso comum: São aqueles destinados ao uso indistinto de toda a população, de forma gratuita ou onerosa. Exemplo: Mares, ruas, praças, estradas. Obs.1 - Ruas são bens de uso comum gratuitos; Obs.2 - Estradas são exemplos de bens de uso comum onerosos (pedágio), se houver este tipo de cobrança! b. Bens de uso especial: São aqueles destinados a uma finalidade específica. Exemplo: Repartições públicas, quartéis, bibliotecas públicas, teatros públicos, escolas públicas, estádios, ginásios, aeroportos, rodoviárias, etc. 1 Prof. Benício de Sá Bens Públicos c. Bens dominicais: São aqueles que não têm destinação alguma nem de uso comum, nem de uso especial. Ex: Terras devolutas, laterais das rodovias, das ferrovias, bens móveis públicos abandonados (viaturas, cadeiras, carteiras) que precisam de manutenção. 2. Sobre a Afetação: a. AFETAR um bem significa conferir destinação de um determinado bem a uma finalidade pública, transformando-o em bem de uso comum ou bem de uso especial, mediante Lei ou ato administrativo. Ex: Uma praça utilizada pela população está afetada a um fim público, assim como um prédio onde funciona o serviço público. b. DESAFETAR é o processo inverso, é retirada da destinação conferida a o bem público, transformando-o em bem dominical mediante Lei ou ato administrativo. Ex: Um imóvel do Município que não esteja sendo utilizado para nenhuma situação específica. Obs. 1. Um bem pode passar de uma situação a outra, ou seja, se está afetado, pode passar a ser desafetado, e no caso da desafetação, ser afetado. 2 Prof. Benício de Sá Obs. 2 - Saiba que os bens públicos que estão afetados a uma determinada finalidade são apenas: a) Uso comum e; b) Uso especial. 3. Regime jurídico dos bens públicos: Esse regime jurídico é composto basicamente por três características: a. Inalienabilidade; b. Imprescritibilidade e; c. Impenhorabilidade. a. Inalienabilidade: Por esta característica, os bens públicos em regra não podem ser alienados. Obs. 1 Os bens afetados, enquanto permanecerem nessa situação, não podem ser alienados!! Entretanto, ocorrendo a desafetação de um bem de uso comum do povo e de uso especial, portanto passando à condição de bens dominicais, eles poderão ser alienados. 3 Prof. Benício de Sá Excepcionalmente se pode cogitar sua alienação de bens dominicais desde que preenchidos alguns requisitos: De acordo com o artigo 100 do Código civil de 2002 “os bens públicos de uso comum e de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar”. Pelo artigo 101 do Código Civil, “os bens dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei”. Ou seja, com relação aos bens de uso comum e de uso especial, nenhuma lei estabelece a possibilidade de alienação. Isso quer dizer que: por estarem afetados a fins públicos, estão fora do comércio jurídico de direito privado, não podendo ser objeto de relações jurídicas regidas pelo direito civil, como: a compra e venda, doação, permuta, hipoteca, locação, comodato. Obs. 2: Assim, para serem alienados pelos métodos de direito privado, tem de ser previamente desafetados. Obs. 3: Isso quer dizer que precisam passar para a categoria de bens dominicais, pela perda da destinação pública. 4 Prof. Benício de Sá Dessa forma, sabe-se que inalienabilidade não é absoluta!! SOBRE ALIENAÇÃO DE BENS MÓVEIS: Quando ser tratar de bens móveis, a alienação dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta no seguintes casos, previstos no inciso II do art. 17 da Lei n.º 8.666/93. Ex: A) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social…; B) Permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública; C) Venda de de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública… SOBRE ALIENAÇÃO PARA BENS IMÓVEIS: Na esfera federal, os requisitos para alienação constam do artigo 17 da lei nº 8.666 que exige: a) Interesse público; b) Desafetação; c) Prévia avaliação; d) Autorização legislativa – apenas para bem imóvel; e) Licitação na modalidade de concorrência pública ou de leilão; 5 Prof. Benício de Sá Observação: - Para a alienação de bens imóveis da União é necessário a autorização do presidente da república; - Para bens imóveis – a forma licitatória é a concorrência. - Para bens móveis – a autorização legislativa não é necessária e a modalidade de licitação é o leilão. SOBRE BENS MÓVEIS E IMÓVEIS - considerações: Dizer que estão fora do comércio jurídico de direito privado, não quer dizer que está fora do comércio jurídico de direito público. Caso contrário, a administração não poderia utilizar da potencialidade de utilização desses bens. b. Imprescritibilidade: Por esta característica os bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião, de acordo com a previsão estabelecida nos artigos 183, §3º, e 191, parágrafo único, da Constituição Federal. E sobre os bens móveis é a mesma coisa? Há aqui extensão aos bens móveis por força do artigo 102 do Código Civil, o qual determina de forma genérica, que “os bens públicos não estão sujeitos à usucapião. 6 Prof. Benício de Sá c. Impenhorabilidade: Por esta característica bens públicos não podem ser objeto de penhora em razão das regras previstas no artigo 100 da CF/88 que versa sobre a execução em face da Fazenda Pública. Atenção! A execução em face da Fazenda Pública é feita através da expedição de precatórios que serão liquidados na ordem cronológica da sua apresentação, sob pena da incidência de uma das sanções ali previstas: sequestro de verbas públicas, crime de responsabilidade. Desta forma, a possibilidade de penhora implicaria em quebra desta ordem cronológica, o que não se pode admitir. Instrumentos para transferência de uso dos bens públicos: 4. Os principais instrumentos utilizados para a transferência do uso de bem públicos são: a. Autorização; b. Permissão, e; c. Concessão de uso. Encontrando-se a diferença entre eles no grau de precariedade de cada um. 7 Prof. Benício de Sá a. Autorização de uso: É um ato administrativo precaríssimo, através do qual, por um período extremamente curto, transfere-se o uso de bens públicos para particulares, no seu interesse. Exemplo: Pedido de fechamento de uma rua por um final de semana, para a realização de uma festa junina. A rua é um bem público, e o seu uso por particulares depende de autorização. b. Permissão de uso: É um ato administrativo precário através do qual transfere-se sem prazo determinado o uso de bens públicos para particulares, observando o interesse público. A precariedade ainda existe, mas em caráter menos intenso, porque a transferência do uso vem por um período um pouco maior. Exemplo: Instalação de uma banca de jornal em um espaço público; de box em Mercado Municipal Atenção: Se houver mais de um interessado em ter o uso desse bem público terá de ser aberta licitação. c. Concessão de uso: É um contrato administrativo através do qual, por prazo determinado, transfere-se o uso de bens públicos para particulares. Atenção: Nessa modalidade não há que se falar em precariedade, pois não é um ato unilateral e sim um contrato por prazo determinado. 8 Prof. Benício de Sá É normalmente utilizada para empreendimentos de maior vulto, que demandem maior gasto e, portanto, maior tempo para a obtenção de retorno. Exemplo: Construção de um restaurante ou de uma lanchonete em aeroportos, rodoviárias, etc. 5. Uso do bem público por particular: Os bens de uso comum do povo, de uso especial e dominical – podem ser utilizados pela pessoa jurídica de direito públicoque detém a sua titularidade ou por outros entes públicos aos quais sejam cedidos, ou, ainda por particulares. 5.1. Uso normal e uso anormal (uso comum): a. Uso normal – é o que se exerce de conformidade com a destinação principal do bem. Ex: a rua está aberta à circulação. b. Uso anormal – é o que atende a finalidades diversas ou acessarias, às vezes em em contradição com aquela destinação. Ex: rua utilizada, em período determinado, para realização de festejos e comemorações, desfiles. c. Uso privativo normal – Ex: o uso de um quiosque em mercado municipal, já que essa é a finalidade do bem. 9 Prof. Benício de Sá d. Uso privativo anormal – a instalação de terraço de café sobre a calçada. Obs. tudo isso é manifestação discricionária do poder público. e. Uso comum – é o que se exerce, em igualdade de condições, por todos os membros da coletividade; f. Uso comum ordinário – é aberto a todos indistintamente, sem exigência de instrumento administrativo de outorga e sem retribuição de natureza pecuniária. Ex: uma praia. g. Uso comum extraordinária – está sujeito a maiores restrições impostas pelo poder de polícia do estado, ou porque limitado a determinada categoria de usuários, ou porque sujeito a remuneração, ou porque dependente de outorga administrativa. Ex: – veículos que, por serem de altura elevada ou peso excessivo, dependem, para circular nas estradas de consentimento do poder de polícia. 10 Prof. Benício de Sá
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