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Resenha de Direito Penal Econômico

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS 
PROCESSO PENAL I 
 
WELMAN PAIXÃO SILVA OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
RESENHA DO QUINTO CAPÍTULO DO LIVRO DE DIREITO 
ECONÔMICO DE ANDREI ZENKNER SCHMIDT: TEORIA DA 
PENA NO DELITO ECONÔMICO E DO SETIMO DO LIVRO DE 
DIREITO PENAL ECONÔMICO DE GABRERA et al. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA, GO 
2020 
 
 ii 
 
 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS 
PROCESSO PENAL I 
 
 
 
 
RESENHA DO QUINTO CAPÍTULO DO LIVRO DE DIREITO 
ECONÔMICO DE ANDREI ZENKNER SCHMIDT: TEORIA DA 
PENA NO DELITO ECONÔMICO E DO SETIMO DO LIVRO DE 
DIREITO PENAL ECONÔMICO DE GABRERA et al. 
 
 
 
 
 
Resenha de livro doutrinário, de Direito 
Econômico apresentada à disciplina de 
Direito Penal III em atendimento a 
Atividade disciplinar 
 
 
Aluno: 
Welman Paixão S. Oliveira 
 
 
Professor: 
Prof. Dr. Marcelo Bareato – PUC GO 
 
 
GOIÂNIA, GO 
2020 
 iii 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho assume, modestamente, a proposta de uma resenha crítica da obra 
literária de Andrei Zenkner Schmidt, intitulada de “Direito Econômico – Parte Geral” e 
do sétimo capítulo do livro Direito Penal Econômico, que versa sobre o ilícito de lavagem 
de dinheiro. Os livros doutrinários abordam questão relevantes sobre o direito econômico, 
os quais iremos discorrer conforme a sequencia didática apresentada no livro, sendo eles: 
(i) estado e macroeconomia em tempos de globalização; (ii) delimitação conceitual e 
fundamento do direito penal econômico; (iii) teoria da lei penal econômica; (iv) teoria do 
delito econômico; e (v) teoria da pena no delito econômico. O primeiro capítulo que versa 
sobre o estado e macroeconomia em tempos de globalização, descreve de forma 
contemporânea os fundamentos e contextualiza o tema a atualizada. O segundo capítulo 
que trata da delimitação conceitual e fundamento do direito penal econômico. O terceiro 
capítulo versa a respeito da teoria da lei penal econômica, que fundamente a teoria com 
dados históricos e da atualidade. Ainda no quarto capítulo, é abordado a teoria do delito 
econômico. O autor reserva a teoria da pena no delito econômico para o último capítulo, 
não menos importante, e o faz de forma lógica e robusta. Por um lado, a partir da leitura 
crítica dessa obra de Andrei Z. Schmidt, é possível compreender o conceito material e 
restritivo de crime econômico com a capacidade de fundamentar e de entender os limites 
do poder punitivo do Estado. Por outro, mergulhando sobre a sociologia do risco como 
suporte político criminal dos delitos culposos e seu impacto no direito penal 
econômico abornado pela Professora Gabrera. 
Palavras-chave: Econômico, Direito Penal, Direito Econômico, Compliance 
 
 iv 
SUMÁRIO 
 
1. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS AUTORES .............................................................. 5 
2. TEORIA DA PENA NO DELITO ECONÔMICO ...................................................... 6 
2.1. Pena, funcionalismo e Direito Penal Econômico: instrumentalização e moralização 
do homo oeconomicus ...................................................................................................... 6 
2.1.2 Funcionalismo, prevenção especial e criminalidade econômica ............................. 7 
2.2. Pena, neorretribucionismo e Direito Penal Econômico: a busca pela pena justa a 
partir da perspectiva anto-antropológica da responsabilidade e da isonomia do homo 
oeconomicus ..................................................................................................................... 7 
2.2.1. A relação onto-antropológica do cuidado-de-perigo e o sentido retribucionista da 
pena ................................................................................................................................... 7 
2.2.2. A missão crítica possível à perequetação interna e externa das penas nos delitos 
econômicos e partir do fundamento neorretribucionista .................................................. 8 
2.2.3. A distinção entre retribuição e reparação como critério de delimitação do “non bis 
in idem” material .............................................................................................................. 8 
2.2.4. Neorretribucionismo, “non bis in idem” processual e sobreposição de 
instrumentos ...................................................................................................................... 9 
3. LAVAGEM DE DINHEIRO ...................................................................................... 11 
(i) Colocação ou Placement ............................................................................................ 11 
(ii) Ocultação, Dissimulação, Transformação ou Layering ............................................ 12 
(iii) Integração ou Integration ......................................................................................... 12 
4. A SOCIOLOGIA DOS RISCOS COMO SUPORTE POLÍTICO CRIMINAL DOS 
DELITOS CULPOSOS E SEU IMPACTO NO DIREITO PENAL ECONÔMICO POR 
GABRERA M.G. ............................................................................................................ 13 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 15 
6. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 16 
 
 
 5 
1. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS AUTORES 
 
Conforme informações coletadas do Lattes em 05/02/2020, o professor Dr. 
Andrei Zenkner Schmidt, possui graduação em Direito pela Universidade de Cruz Alta 
(1994), mestrado em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio 
Grande do Sul (2000) e doutorado em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade 
Católica do Rio Grande do Sul (2014). Atualmente é conselheiro do Instituto 
Transdisciplinar de Estudos Criminais, professor titular da Pontifícia Universidade 
Católica do Rio Grande do Sul, membro do conselho editorial - Revista Brasileira de 
Ciências Criminais e professor convidado - LFG. Tem experiência na área de Direito, 
com ênfase em Direito Penal, atuando principalmente nos seguintes temas: execução 
penal, direito penal econômico, direito penal princípio legalidade democracia, disciplina 
e direito penal concurso aparente normas (LATTES 2020). 
Fábio André Guaragni, Conforme informações coletadas do Lattes em 
05/02/2020, possui graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba (1992), 
graduação em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Paraná (1991), 
Mestrado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (1998) e Doutorado em Direito 
das Relações Sociais, com ênfase em Direito Penal, pela Universidade Federal do Paraná 
(2002). Realizou pesquisa Pós-Doutoral na Università degli Studi di Milano (2012). 
Atualmente é professor titular do Centro Universitário Curitiba - UNICURITIBA, 
professor da Escola da Magistratura do Paraná - EMAP e professor da Fundação Escola do 
Ministério Público do Paraná - FEMPAR. Procurador de Justiça no Estado do Paraná, tem 
experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Público, atuando principalmente nos 
seguintes temas: direito penal, processo penal, direito penal ambiental, sociologia do risco, 
direito penal econômico e criminal compliance. (LATTES 2020). 
Michelle Gironda Cabrera, é doutoranda em Direito Econômico e 
Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Bolsista Capes. 
Mestre em Direito Empresarial e Cidadania pelo Unicuritiba. Professora de Direito 
Processual Penal na Faculdade de Pinhais (LATTES 2020). 
 
 6 
2. TEORIA DA PENA NO DELITO ECONÔMICO 
 
O autor aborda neste capítulo a teoria da pena no delito econômico, o qual faz 
em dois tópicos (i) Pena, funcionalismo e Direito Penal Econômico: instrumentalização 
e moralização do homo oeconomicus e (ii) Pena, neorretribucionismo e Direito Penal 
Econômico: a busca pela pena justa a partirda perspectiva anto-antropológica da 
responsabilidade e da isonomia do homo oeconomicus. 
 
2.1. Pena, funcionalismo e Direito Penal Econômico: instrumentalização e 
moralização do homo oeconomicus 
 
2.1.1 Funcionalismo, prevenção e criminalidade econômica 
 
SCHMIDT 2015, lembra que o direito penal econômico é apenas uma fração 
que faz parte da dimensão do direito sancionador em que se insere o direito penal. 
Ressalta, ainda, que enquanto entendermos delitos e pena como fenômenos distintos, 
convém indagar se a autonomização dogmática referida no capítulo anterior também 
afetaria o sentido da pena nos delitos econômicos. O autor, provoca o leitor a refletir sobre 
essa abordagem ao questionar “o fundamento do crime econômico repercute, em alguma 
medida, na sua sanção penal?” ou ainda quando indaga se “haveria um fundamento 
peculiar para sanção penal nos crimes econômicos, total ou parcialmente diverso do 
observado no direito penal nuclear?”, ainda nesse mesmo sentido, indaga: “a frequente 
condição econômica privilegiada do criminoso, em hipóteses tais, permite-nos reconhecer 
justificativas e limites distintos para as penas no direito penal econômico?” e “caso 
recordemos que diversos ordenamentos jurídicos proveem formas especiais de punição 
para os delitos econômicos, estaríamos autorizados a, diante disso, reconhecermos um 
sentido penológico singular?” 
Apoiando-se nos estudos de FIGUEIREDO DIAS 1985, o autor propõe que 
o fundamento, o sentido e aplicação das penas nos delitos econômicos, diferem, pois o 
nível da prevenção geral de integração será em vários casos mais elevados, as exigências 
de retribuição da culpa têm maior intensidade; as estratégias de socialização são atingidas 
com maior permeabilidade; a importância de pena de prisão, ainda que curta, se sobrepõe 
à multa; seriam maiores as expectativas de evitar o efeito dessocializador da privação de 
liberdade. 
 7 
SCHMIDT, embora faça uma ressalva importante sobre as condições 
históricas que se contextualizavam os empresários em 1985, não ignora que a 
criminalização primária e secundária em práticas empresariais já não se opera quantitativa 
e qualitativamente da mesma forma hoje, como há trinta anos. 
2.1.2 Funcionalismo, prevenção especial e criminalidade econômica 
Neste subitem, o autor inicia o tema confrontando entendimentos distintos de 
dois estudiosos, ROXIN e FIGUEIREDO, sob os aspectos do funcionalismo-dualista. 
Enquanto ROXIN, entende que a reintegração do delinquente à comunidade seja um fim 
apenas da execução penal, FIGUEIREDO DIAS, antevê o objetivo político criminal já 
no âmbito da medida da pena, funcionando como um “pêndulo” que se move nos limites 
requeridos pela prevenção geral positiva, devendo orientar a escolha da pena, a 
determinação da medida correta e os limites da sua execução. Ou seja, pela visão de 
FIGUEIREDO DIAS, o delinquente econômico seria mais facilmente (re)socializável ou 
neutralizável, tanto pela tentativa de preservação da imagem perante a sociedade, como 
pela necessidade de adequação aos preceitos sociais para retorno a mesma. 
Interessa ressaltar que, se o prestígio social e a condição privilegiada do 
sujeito ativo não integram o conceito material de crime econômico, muito menos poderão 
ser parâmetro para fundamento da pena cominada e imposta. 
 
2.2. Pena, neorretribucionismo e Direito Penal Econômico: a busca pela pena justa 
a partir da perspectiva anto-antropológica da responsabilidade e da isonomia do 
homo oeconomicus 
 
2.2.1. A relação onto-antropológica do cuidado-de-perigo e o sentido retribucionista da 
pena 
Neste subitem, extraímos os principais pontos abordados pelo autor, o qual 
observa, já de início, que o direito penal é a estrutura institucional que a sociedade 
moderna encontrou para distribuir as penas em resposta aos desvios, sendo que o poder 
punitivo aflora, queiramos ou não, como um importante instrumento de realização da 
sociedade, que visa resguardar os valores essenciais da sociedade contra as mazelas do 
crime, impondo, a este, as garras e o rigor da pena. 
Em uma visão antropocêntrica de analisar o fenômeno criminal, a culpa tem 
de servir de fundamento e de limite da pena. De forma que a missão do direito penal é a 
de proteger bens jurídicos no segmento da norma, reafirmando os perigos que uma 
 8 
comunidade historicamente datada segue reconhecendo como crentes e dignos de 
proteção, no segmento da pena, reafirmando que toda violação do cuidado-de-perigo, 
quando obra pessoal de um homem responsável, tenha de sujeitar, nos limites, a uma 
sanção em igualdade de condições a toda a comunidade. 
A definição legal de condutas criminosas é o resultado das projeções que a 
política criminal realizou sobre a dinâmica das relações sociais, ou seja, o direito penal 
constrói-se, entre outras coisas, pela resposta legislativa à conflitualidade e à ruptura 
violadora. De modo que a seleção de bens jurídicos é a defesa institucional do patrimônio 
ético-social de uma comunidade, que conclama o Estado a proteger a conflitualidade. 
2.2.2. A missão crítica possível à perequetação interna e externa das penas nos delitos 
econômicos e partir do fundamento neorretribucionista 
SCHMIDT menciona que a estabilização de conflitos, pretendida pela norma 
está a exigir que o mal da pena se imponha em retribuição justa à gravidade de ofensa 
que foi produzida pelo sujeito responsável, em igual de condições a todos os que vivem 
em comunidade. Pode parecer pouco, mas a delimitação proposta tem o mérito de 
reconhecer que o direito penal econômico sancionatório não almeja prevenir futuros 
delitos, tampouco levará em conta eventuais condições particulares do sujeito ativo. 
O autor da ênfase, à semelhança do que deveria ocorrer como homicídio e 
furto, não pode contar com limites de punição definidos em atenção à classe social 
normalmente ocupada pelo sujeito ativo. Pois o valor dos bens jurídicos vida, patrimônio, 
ordem tributária e ordem econômica encontra sua densidade axiológica a partir da 
objetividade jurídica do que de mais elementar é protegido pela integralidade do sistema 
normativo. Ressalta ainda que no Brasil – assim como em outro Estados Democráticos 
de Direito – o ponto de partida para o dimensionamento legítimo de toda e qualquer pena 
só pode situar-se na proteção conferida ao maior de todos os direitos protegidos 
institucionalmente: a vida humana. 
2.2.3. A distinção entre retribuição e reparação como critério de delimitação 
do “non bis in idem” material 
A pena de detenção é a sanção materialmente penal, tento em vista que só o 
direito penal pode impô-la – sem embargo das exceções previstas constitucionalmente. 
Além disso, existe um amplo rol de outras consequências jurídicas de natureza material 
mista que vêm sendo gradualmente encartadas à legislação penal. Reflita-se, por 
 9 
exemplo, em penas pecuniárias, penas alternativas à prisão e efeitos secundários da 
sentença penal condenatória. Esse movimento atual, “expansivo-penalizador” também se 
faz acompanhar, como não poderia ser diferente, do incremento das medidas cautelares 
reais com que o processo penal tem de arcar de modo a instrumentalizar as mais variadas 
consequências jurídicas. 
Schmidt ressalta que pouco importa que uma lei qualquer determine que a 
imposição de uma determinada sanção possa se dar sem prejuízo de outra formal ou 
materialmente diversas. O respeito à expressão constitucional do non bis in idem material 
é que determinará a legitimidade da carga de sancionamento. No entanto, o que sobressai 
2.2.4. Neorretribucionismo, “non bis in idem” processual e sobreposição de 
instrumentos 
SCHMIDT, menciona que a pena justa se realiza com a distribuição da carga 
sancionatória que se faz adequada para a retribuição da violação do cuidado-de- perigo 
que se opera com o ilícito. Seja qual for a natureza jurídica assumida, tem por propósito 
exerceressa proteção jurídica na medida em que necessário para reafirmar o cuidado 
anteriormente inobservado. vimos há pouco que essa tutela é desempenhada por diversos 
segmentos do ordenamento jurídico, que deveriam interferir, cada qual a sua maneira, em 
diferentes graus de desvalor da ofensa ponto ao direito penal seria relegada a função de 
exercer a proteção somente naqueles casos em que, por ações política criminal, entendeu-
se mais adequada a definição do ilícito típico com a combinação de uma pena criminal. 
Mas sabemos que as coisas nem sempre se colocam como essa coerência. 
Além dessa superlatividade da tutela, há situações em que não se saiba o 
instrumento jurídico que será o mais adequado para a proteção. Nesse contexto, as 
dificuldades que surgem do non bis in idem material fazem-se acompanhar de graves 
problemas relacionados a gestão processual coerente de diversos ilícitos, ou seja, ao non 
bis in idem processual. 
A submissão individual a um processo já é uma restrição ao direito de 
liberdade. A própria Constituição federal que garante que ninguém seja processado duas 
vezes em razão do mesmo fato, o que ressalta o apego constitucional a proteção contra a 
carga processual excessiva. Se isso cabe no mesmo segmento interno de cada 
ordenamento jurídico, então indubitavelmente poderá sê-lo em se tratando de dois ou 
mais processos pretenderem instrumentalizar proteção idêntica ao mesmo objeto de 
ilícito. 
 10 
No entanto, o tratamento legal conferido a prevalência da jurisdição criminal 
silencia no que se refere ao relacionamento existente com o processo administrativo 
sancionador. A lei que regulamenta o processo no âmbito da administração pública 
federal, assim como as leis especiais que tratam do processo de apuração de ilícitos 
econômicos, monetários, no mercado de capitais, nada dispõem acerca dos parâmetros a 
serem observados para que a coerência da unidade do ordenamento jurídico seja 
observada em razão de ilícitos de configuração jurídico-formal distinta. 
Esse silêncio não pode reverberar a voz da jurisprudência brasileira no sentido 
de que as instâncias seriam independentes, a decisão do processo administrativo não 
guardaria qualquer relação de prejudicialidade com a decisão do processo penal, e vice-
versa. contudo devemos observar que no Brasil o ilícito administrativo não seja 
processado perante o poder judiciário, ainda é imprescindível que a decisão criminal e 
administrativa estivesse livre para reconhecer que o fato seja ao mesmo tempo lícito é 
ilícito. Pois é correto pensar o que é a garantia de unidade do ordenamento jurídico não 
tolera qualquer tratamento assimétrico no objeto do ilícito. 
Cabe ressaltar que o princípio de non bis in idem, não se opõe a possibilidade 
de diversos processos de natureza distinta recaírem sobre o objeto de ilícito idêntico, mas 
sim a imposição de duplicidade de sanções materialmente idênticas. No entanto, o 
propósito só poderá ser alcançado frente a garantia de que o processo administrativo 
sancionador deva aguardar o encerramento do processo penal, que se submete a garantias 
fundamentais mais adequadas à proteção do direito de liberdade .Nesse contexto, não 
sendo viável a anulação da sanção extrapenal, os limites legais da sanção penal deverão 
ser relativizados em nome da constitucional contingência de ajuste material dá 
consequência jurídica à justa medida de retribuição exigida pelo ilícito. 
 
 11 
3. LAVAGEM DE DINHEIRO 
 
A criminalização da lavagem de dinheiro se deu inicialmente na Itália e nos 
Estados Unidos da América (EUA), mas foi nos EUA que o delito ganhou volume (ARO 
2013). 
Tanto na Itália, como nos EUA, a máfia teve papel fundamental na 
criminalização da lavagem de dinheiro. Na Itália, em 1978, após vários delitos realizados 
por mafiosos, envolvendo até sequestros de membros no governo, foi adicionado o artigo 
648-bis no Código Penal Italiano, incriminando a substituição de dinheiro ou valores 
provenientes de roubo qualificado, extorsão qualificada ou extorsão mediante sequestro 
por valores ou dinheiro. Nos EUA, os motivos que conduziram à criminalização de 
lavagem de dinheiro datam do século XX, principalmente pela produção e 
comercialização ilegal na época da “Lei Seca” (ARO 2013). 
Com a revogação da Lei Seca, os mafiosos migraram para exploração do jogo 
e do tráfico de drogas e em virtude ao grande volume financeiro que anteriormente era 
lavados em postos de lavagens de automóveis, passa então, a ser branqueados em 
offshore na Suíça, impedindo o acesso pelas autoridades americanas (ARO 2013). 
Fabián Caparrós (2006) aponta a Organização das Nações Unidades (ONU) 
como líder na internacionalização da criminalização da lavagem de dinheiro em 1984, 
com aprovação das Resoluções 39/141 e 39/142 da Assembleia Geral das Nações Unidas, 
com a consequente adoção da Convenção das Nações Unidas contra o Trafico Ilícito de 
Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas. 
No Brasil, o delito foi tipificado a partir da Lei 9.613 de 1998, com a 
finalidade de reforçar o compromisso nacional no combate ao crime organizado. Um dos 
pontos de inflexão na primeira versão da norma era a restrição das ações que 
configuravam o crime de lavagem de dinheiro. Foi somente com a modificação proposta 
pela lei 12.683 de 2012, que a interpretação tornou-se mais ampla e rigorosa. A legislação 
atual estabeleceu que a lavagem de dinheiro consiste em, basicamente, ocultar e 
dissimular a natureza e a movimentação de bens e valores provenientes de qualquer 
atividade de natureza ilícita (BRASIL 2012). 
A lavagem de dinheiro consiste em três etapas que culminam na reinserção 
formalizada do dinheiro ilícito no sistema econômico, são elas: 
 
(i) Colocação ou Placement 
 12 
 
Uma das principais características dessa fase é a fragmentação do valor 
monetário em pequenas frações. Nessa fase, os bens ou valores ilegais são inseridos na 
economia, por meio da compra de bens, imóveis ou obras de arte, por exemplo. Assim, a 
movimentação financeira não precisa ser comunicada e passa despercebida aos órgãos 
fiscalizadores. 
 
(ii) Ocultação, Dissimulação, Transformação ou Layering 
 
O principal objetivo nessa fase é esconder a origem do dinheiro advindo de 
infrações penais, por meio de transferências bancárias ou pela utilização de contas 
fantasmas. Dessa forma, o rastreamento dos bens ou recursos financeiros ilegais acaba 
sendo dificultado. 
 
(iii) Integração ou Integration 
 
A última etapa os recursos ilícitos são formalmente reinseridos na 
economia. Essa integração pode ocorrer por meio de investimentos em negócios lícitos 
ou compra de ativos com documentos supostamente legais. 
 
 13 
4. A SOCIOLOGIA DOS RISCOS COMO SUPORTE POLÍTICO CRIMINAL 
DOS DELITOS CULPOSOS E SEU IMPACTO NO DIREITO PENAL 
ECONÔMICO POR GABRERA M.G. 
 
Um dos importantes contributos da sociologia atual, conferindo jovens tarefas 
ao direito penal, deu-se com a chamada sociologia do risco, que trouxe à luz jurídica 
características da modernidade de se tratar dos riscos procedentes do manejo humano de 
tecnologias. Esse novo modelo de sociedade é área de estudo de diversos sociólogos, 
atribuindo-se a denominação de sociedade de risco (GABRERA 2013) 
A história do risco não é uma história que possa ser considerada nova. Todas 
as próprias civilizações e as coletividades estão comprometidas em uma interação 
permanente com o medo. Contudo, afirmar que toda civilização seja uma luta contra o 
medo, é, uma afirmação demasiado simplista, resultado de um pensamento minimista 
tomador do todo pela parte; eis que deve ser rebatido. Porém, é certo, que o silêncio 
prolongado sobre a história dos riscos esconde uma confusão mental que foi narrada pelo 
historiador francês DELUMEAU: 
“Por uma verdadeira hipocrisia, o discurso escrito e a língua 
falada – o primeiro influenciando a segunda – tiveram por muito 
tempoa tendência de camuflar as reações naturais que 
acompanham a tomada de consciência de um perigo por trás das 
falsas aparências de atitudes ruidosamente heroicas. A palavra 
medo está carregada de tanta vergonha, que a escondemos. 
Enterramos no mais profundo de nós o medo que nos domina as 
entranhas.” 
GABREA 2013, ressalta que existem alguns sinais, nas sociedades modernas, 
indicativos da ampliação da preocupação em torno de alguns riscos, particularmente 
quando se verifica que, destes riscos, originaram-se desastres e catástrofes e 
consequências. Cabe distinguir os conceitos de risco e perigo – diferença que, frise-se, 
não é ontológica, não radica em suas estruturas de ser. De um lado, os riscos são 
representativos de uma decisão humana, na medida em que seja a antecipação da tragédia 
a partir de uma tomada de decisão humana. Por outro, os perigos são qualquer 
possibilidade considerável de um prejuízo, ou, em última análise, são provenientes da 
natureza, e, assim, independem de decisão humana. 
 14 
Nesse sentido, deve-se vislumbrar o risco apenas quando a própria decisão é 
um motivo indispensável da possível ocorrência de um prejuízo. Um fumante que 
aceitando o risco de desenvolver câncer, prossegue fumando, como exemplo. Ao passo 
que não incide risco, mas perigo, ao não fumante. (GABRERA 2013). 
 
 15 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O professor Dr. Andrei Z. Schmidt, joga luz sobre temas do direito 
econômico, permitindo a compreensão do conceito material e restritivo de crime 
econômico com a capacidade de fundamentar e de entender os limites do poder punitivo 
do Estado. 
O delito de lavagem de dinheiro foi tipificado a partir da Lei 9.613 de 1998, 
com a finalidade de reforçar o compromisso nacional no combate ao crime organizado. 
A legislação atual estabeleceu que a lavagem de dinheiro consiste em, basicamente, 
ocultar e dissimular a natureza e a movimentação de bens e valores provenientes de 
qualquer atividade de natureza ilícita. 
A professora Gabera, contextualiza o ilícito de lavagem de dinheiro, 
abordando o tema na linha do tempo de forma didática e ampla, e, de tudo quanto fora 
exposto, percebe-se que as complexidades sociais com que o direito penal vem se 
deparando, há pelo menos quatro décadas, são as responsáveis por torná-lo uma ciência 
também complexa, cujas soluções mais justas vêm sendo fornecidas pela união e 
intercomunicação entre dogmática e outras áreas epistemológicas, como a política-
criminal. 
 
 16 
6. REFERÊNCIAS 
 
1. SCHMIDT, Andrei Zenkner. Direito penal econômico: parte geral. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado Editora, 2015. 
2. FABIÁN CAPARRÓS, Eduardo. Antecedentes: iniciativas internacionales. Efectos 
del lavado de dinero. Bien jurídico tutelado. Fenomenologia del lavado de dinero. In: 
BLANCO CORDERO, Isidoro; FABIÁN CAPARRÓS, Eduardo; ZARAGOZA 
AGUADO, Ja- vier Alberto. Combate del lavado de activos desde el sistema judicial. 3. 
ed. Washington: CICAD/OEA, 2006. 
3. ARO, Rogerio. Lavagem de dinheiro – origem histórica, conceito, nova legislação e 
fases. Unisul de Fato e de Direito: revista jurídica da Universidade do Sul de Santa 
Catarina, [S.l.], v. 3, n. 6, p. 167-177, jun. 2013. ISSN 2358-601X. Disponível em: 
<http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/U_Fato_Direito/article/view/1467>
. Acesso em: 26 maio 2020. doi:http://dx.doi.org/10.19177/ufd.v3e62013167-177. 
4. DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente: 1300 – 1800: uma cidade sitiada. 
Tradução de Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 12. 
5. CABRERA, Michelle Gironda. Direito penal econômico [versão eletrônica pdf]: 
administrativização do direito penal, criminal compliance e outros temas contemporâneos 
/ coordenação Fábio André Guaragni, Marion Bach; organização Fernando Martins Maria 
Sobrinho. – Londrina, PR: Thoth, 2017.

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