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Gestão de Turismo Gestão de Meios de Hospedagem Aula 05 Profa. (Me.) Adriana Czajkowski Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n° 05 2 Introdução O turismo é um fenômeno marcante e típico da modernidade (ARAUJO, 2003, BENI, 2001, IGNARRA, 2003). Juntamente com o lazer, este é uma das mais importantes atividades econômicas mundiais, principalmente por movimentar milhares de pessoas e gerar renda e empregos diretos e indiretos todos os anos. A crescente importância dada à atividade turística ocorre a nível mundial e no Brasil tem merecido destaque pelo avanço da prestação de serviços no setor de hospedagem, mais especificamente a hotelaria (CASTELLI, 2001). O impacto positivo no desenvolvimento faz com que os hotéis sejam vistos como um tipo especializado de negócios na sociedade contemporânea (MEDLIK; INGRAN, 2002). Na quinta aula a compreensão sobre os aspectos do mercado hoteleiro e as características do setor serão analisados. Na atual conjuntura, exige-se das empresas do setor de hospedagem a adoção de sistemas de gestão inovativos e modernizados, capazes de estimular a aplicação do foco em qualidade dos serviços. Assim, nesta aula, também será possível destacar o entendimento da inovação e qualidade como base fundamental à dinâmica que rege o mercado de hospedagem. Problematização Ao término desta aula, você deverá saber responder: - Além da valorização da organização, quais são os outros aspectos que caracterizam o atual mercado hoteleiro? - Por que o foco em qualidade e inovação apresenta-se como mecanismo para a organização hoteleira garantir diferenciais no mercado, atendendo as expectativas dos hóspedes e clientes? Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n°05 3 Reflexões Introdutórias Para enfrentar a concorrência imposta pelo estabelecimento massivo de novas organizações no setor hoteleiro, os meios de hospedagem precisam de algum diferencial para manter os seus clientes atuais e ainda conquistar hóspedes potenciais. Por meio dos estudos promovidos por Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005), esclarece-se que os meios de hospedagem inserem-se no setor de serviços. As organizações pertencentes a este setor da economia devem cada vez mais enfatizar as alternativas criativas que privilegiem a qualidade, produtividade e inovação. Assim, serão capazes de gerar vantagens competitivas e sustentáveis. Veja que interessante! Elaborar um sistema eficaz de prestação de serviço requer um processo criativo. Portanto, não basta o meio de hospedagem valorizar apenas a sua organização, ele deve enfatizar: Fortalecer os estudos sobre o setor de serviços torna-se essencial para o entendimento da inovação e qualidade nas organizações de hospedagem. Serviços – Conceito e Características Dados estatísticos recentes informam que o segmento de serviços é um dos setores econômicos com maior potencial de investimentos e crescimento (KLEMENT; SIN OIH YU, 2006). De acordo com a classificação das atividades produtivas, verifica-se que a atividade turística insere-se no setor terciário da economia, isto é, no setor de serviços. No contexto brasileiro, as principais conclusões dos estudos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2003) e apresentados nas publicações de Klement e Sin Oih Yu (2006) revelam que o setor de serviços está se consolidando como um dos mais INOVAÇÃO & QUALIDADE Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n° 05 4 importantes à economia, principalmente pela participação na geração de empregos e na contribuição ao produto interno bruto. FIGURA 01 – Atividade turística no setor de serviços. FONTE: www.airtonportugal.com Algumas razões justificam a necessidade de se trabalhar a qualidade e inovação nos prestadores de serviços de alojamento, seguidos pela alimentação, transportes e serviços auxiliares. Estas são as principais áreas que representam o avanço das atividades de serviços. Pode-se então, surgir a questão: Quais são as características dos serviços que influenciam um modelo de inovação e qualidade nas organizações que focam as suas ações no setor de turismo? Acompanhante as características dos serviços turísticos: Os serviços se referem ao desenvolvimento de atividades a pedido de terceiros. Eles devem ser vistos como processos. a) INTANGIBILIDADE: Os serviços turísticos não podem ser sentidos, provados, vistos e tocados antes de serem adquiridos. http://airtonportugal.com/charges.html Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n°05 5 b) PERECIBILIDADE: Os serviços não podem ser estocados. Não há possibilidade de realizar posteriores ofertas dos serviços não utilizados. (Ex.: Estocagem de assentos em um vôo, diárias dos apartamentos de um hotel). c) SIMULTANEIDADE: A produção ocorre ao mesmo tempo do consumo. d) PARTICIPAÇÃO DO CONSUMIDOR: Engloba o atendimento pleno ao cliente. A avaliação da qualidade do serviço prestado é subjetiva e depende da expectativa do cliente. DICA! Acompanhe os estudos, dados e pesquisas a respeito do crescimento do turismo como uma das principais atividades econômicas do setor de prestação de serviços por meio do site do Ministério do Turismo do Brasil: http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/home.html. Inovações em Serviços Turísticos A estruturação de novos projetos e serviços turísticos na sociedade contemporânea implica “compreender os paradigmas dessa sociedade e toda a complexidade e pluralismo existentes” (TRIGO, 1998, p. 76). Em geral, as empresas prestadoras de serviços turísticos, na ampliação da sua capacidade produtiva, vêm se pautando não somente em criar algo novo, mas também em adaptar e modificar um serviço já existente. Mas o que é inovação? O ato de inovar requer conhecimento e é uma estratégia essencial a qualquer organização. De acordo com Pavitt (1984), a inovação é o produto ou processo produtivo novo ou melhor, usado ou comercializado com sucesso por uma organização. http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/home.html Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n° 05 6 Costumam-se cometer alguns equívocos ao estudar a inovação em serviços. Portanto, atente-se para: A inovação em serviços: o Não é somente uma inovação tecnológica. Os avanços tecnológicos servem de parâmetros às empresas turísticas para realizarem as inovações nos serviços. o Engloba a criação de um novo conhecimento ou informação. o Pode envolver o ajuste de um processo. Isto significa dizer que as inovações em serviços turísticos podem ser classificadas em radicais, as quais “são ofertas que não eram previamente disponíveis para os clientes ou sistemas novos de prestação de serviços existentes” (FITZSIMMONS; FITZSIMMONS, 2005, p. 88) e incrementais que “são mudanças de serviços existentes que são avaliadas como melhorias”. (FITZSIMMONS; FITZSIMMONS, 2005, p. 88). Inovações em Serviços de Hospedagem Algumas questões têm sido colocadas quando se trata de inovações nos meios de hospedagem. Qual é o papel da inovação neste setor? Como ocorre a inovação no setor? Sobre que bases a inovação do setor se desenvolve? Quais são os impactos das inovações no setor? Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n°05 7 FIGURA 02 – Dúvida. FONTE: www.profjc.net Na visão dos clientes, o hotel não é somente uma construção harmoniosa, mas sim uma “instituição de hospitalidade comercial que oferece suas instalações e serviços para venda, individualmente ou em várias combinações” (MEDLIK; INGRAN, 2002, p. 14). As percepções de um hóspede sobre os serviços em um hotel têm características intangíveis,dificultando a mensuração, por parte dos gestores do empreendimento, sobre a qualidade na prestação dos serviços e a necessidade de adaptações. No setor de hotelaria as empresas têm como grande desafio gerenciar a experiência do hóspede dentro das suas instalações, visando implantar inovações. Porém a dificuldade no setor de serviços é que “as inovações podem ser livremente copiadas e rapidamente implementadas pela concorrência”. (FITZSIMMONS; FITZSIMMONS, 2005, p. 91). Neste caso, trabalhar com inovações e tecnologias requer análise de oportunidade, planejamento cuidadoso e gerenciamento do processo. Não basta apenas partir para imitação sem estrutura. De fato, considerar os tipos de inovação no setor de serviço de hospedagem torna-se essencial. Inovação em produto: fornecimento de um novo serviço. http://profjc.net/joomla15/Ajuda-Global/Plantao-de-duvidas/ Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n° 05 8 Inovação em processo: modificação de procedimentos prescritos para a elaboração ou produção de um serviço (“back office”) ou nos procedimento de atendimento do usuário/cliente e de entrega do serviço (“front office”). Inovação organizacional: nova forma de organização e gestão. Inovação no mercado: relacionada à descoberta de novos mercados ou novo comportamento do mercado. Inovação ad hoc: atende a necessidade particular do cliente. Veja que interessante! A inovação deve visar o aumento da qualidade. Desse modo, para inovar, o meio de hospedagem deve valorizar: (a) foco no consumidor; (b) disciplina; (c) coerência nos detalhes; (d) alinhamento com a missão da empresa e (e) padronização. Qualidade nos meios de hospedagem As empresas de hospedagem bem sucedidas não são mais aquelas que conseguem oferecer serviços baratos e dotados de baixos padrões de qualidade. Na medida em que os clientes e hóspedes estão cada vez mais bem informados e desejam serviços com um padrão de qualidade muito superior aos observados no passado, a gestão da inovação e da qualidade nos meios de hospedagem é uma estratégia competitiva relevante. O conhecimento dos desejos e necessidades dos clientes passa a ser o grande responsável pelos padrões de qualidade/produtividade e, por conseguinte, pelo sucesso das empresas prestadoras de serviços. Porém qual é a definição do termo qualidade? Podem-se encontrar diferentes enfoques relacionados à qualidade. O termo qualidade é dinâmico e de domínio publico. Dessa forma, a sua definição torna-se difícil de ser alcançada. Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n°05 9 Uma observação extremamente relevante: O meio de hospedagem deve compreender o conceito de qualidade, pois ele dará suporte aos princípios de inovação e gestão da qualidade na organização. O esforço pela qualidade dentro de um meio de hospedagem deve englobar os valores e crenças de seus colaboradores, clientes e hóspedes. A seguir, serão listadas as abordagens que geram uma compreensão mais ampla da palavra, em que a qualidade poderá ser direcionada: a) Critério Operacional da Empresa: o processo produtivo deve estar de acordo com as normas bem definidas pela organização. b) Resultado do processo produtivo da organização: deve-se privilegiar a conformação do produto ao projeto, fazendo com que o produto se adeque a função que se destina. c) Relação de consumo: a qualidade é a melhor forma de se atender o consumidor, suas necessidades, desejos e expectativas. A prática tem mostrado que é fundamental criar uma cultura da qualidade na organização hoteleira, atribuindo valor à qualidade. Dentro de uma percepção mais ligada aos meios de hospedagem, torna-se necessário analisar algumas características particulares dos hotéis. Os hóspedes procuram basicamente no hotel: * BONS PRODUTOS (tangível): apartamento com cama confortável, banheiro limpo, restaurante com boa comida, telefonia eficiente, televisão com um bom funcionamento, entre outros. * BONS SERVIÇOS (intangível): atendimento com simpatia do recepcionista no ato do check in (entrada) ou check out (saída do hóspede) do hotel, amabilidade dos garçons no restaurante, atendimento cortês do funcionário do hotel quando o cliente solicita a reserva, entre outros. Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n° 05 10 Portanto, tanto os bens e serviços em um Hotel devem ser de qualidade para satisfazer por completo a necessidade de cada hóspede. Castelli (2002) prossegue afirmando que é preciso que tanto os bens (cardápio de um restaurante, apartamento e televisão de um hotel, etc.) quanto os serviços (atendimento da governanta, recepção, etc.) sejam de qualidade e compatíveis, já que eles fazem parte dos processos de atendimento ao cliente. De nada adianta servir uma boa comida mas o garçom ser mal-educado com o hóspede). As atividades nos hotéis ocorrem através de processos, sendo que todos os setores devem estar diretamente ligados à qualidade. Na hotelaria, a produtividade será afetada de forma positiva quando a qualidade for aperfeiçoada. Qualidade e Produtividade nos meios de hospedagem As expressões qualidade e produtividade podem ser conceituadas de várias maneiras. Para Castelli (2002), o aumento da produtividade está intimamente ligado ao acréscimo da qualidade com custos menores. Ainda afirma que a produtividade e a qualidade são as duas faces da mesma moeda. Para melhor compreensão do conceito produtividade, tem-se primeiramente: Na hotelaria, a fórmula acima significa que, em muitos casos, para reduzir custos há corte de profissionais. Ao se dispensar constantemente os colaboradores, o hotel acaba se desestruturando, ou seja, não há uma equipe sólida para enfrentar a concorrência, perdendo-se a capacidade de competição, não atingindo a produtividade ideal. Ao contrário da primeira fórmula, na atualidade, muitos empresários na hotelaria têm analisado a relação produtividade de outra maneira: Produtividade= Faturamento Custos * Para aumentar a produtividade deve-se aumentar o faturamento, reduzindo custos. Produtividade = Qualidade Custos * Para aumentar a produtividade deve-se aumentar a qualidade, reduzindo custos. Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n°05 11 Por isso, quando os hotéis realizam um planejamento financeiro correto, investem em equipamentos, materiais e instalações de qualidade, reduzem os custos com manutenções, reparos, trocas constantes, proporcionando o aumento da produtividade. Quando os hotéis realizam treinamentos contínuos com seus funcionários, padronizam procedimentos de qualidade, controlam e previnem possíveis falhas, reduzem os custos com reembolso a clientes por causa de um mau atendimento. Os hotéis tornam-se mais competitivo, cativam seus clientes e consequentemente promovem o aumento da produtividade. Assim, a qualidade nos hotéis depende: (a) Macro: demais participantes inseridos no produto turístico e (b) Micro: setores internos do hotel. A busca pela qualidade nos hotéis Como a qualidade e a produtividade são elementos-chave para o sucesso de uma organização, deve-se ressaltar que quando as organizações possuírem a intenção de implementar uma estratégia visando o aprimoramento dos seus padrões de qualidade e de produtividade, elas deverão primar por: (a) Ênfase no cliente; (b) Valorização do pessoal (colaboradores) e (c) Melhoria Contínua. O momento da verdade no atendimento hoteleiro Na hotelaria as principais falhas podem ser observadas nos momentos da verdade. Perceba a definição de momento da verdade: Momento da Verdade: Situação em que ocorre a interação entre colaboradores e hóspedes durante o ato do consumo do produto ou serviço do hotel. Os momentos da verdade ocorrem durante todo o tempo em que o clienteestiver hospedado no hotel, já que ele estará em contato permanente com os produtos, serviços e os profissionais do hotel. Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n° 05 12 No momento da verdade o hóspede analisará se está recebendo o prometido, se os seus desejos, necessidades e expectativas foram atendidos e se os produtos/serviços oferecidos são de qualidade e possuem os preços justos. Sistemas de Avaliação da Qualidade Para que uma empresa hoteleira tenha êxito, há a necessidade de se valorizar o elemento humano, já que é dele que depende todo o processo de acolhida do cliente e, consequentemente, a própria rentabilidade da empresa. A realização de auto avaliação aliado ao sistema de atendimento ao cliente e vistorias é de extrema importância. Para se descobrir os reais desejos, necessidades e expectativas dos hóspedes a fim de facilitar e condicionar as devidas ações dos colaboradores no momento da verdade, é preciso efetuar pesquisas qualitativas e quantitativas sobre os hóspedes. Através da coleta das informações, pode saber o perfil dos hóspedes, como eles se comportam, quais referenciais culturais, religiosos, econômicos eles possuem, enfim, as pesquisas auxiliam positivamente a interação funcionário – hóspede. (Exemplo: A interação com um hóspede japonês é diferente da interação com um hóspede italiano, já que eles possuem culturas diferentes). Quando se pretende desenvolver um atendimento de qualidade, deve-se ter em mente que para que uma empresa hoteleira mantenha padrões de satisfações com os seus clientes, ela deve realmente conhecer previamente as necessidades destes, pois através de uma visão estratégica pode-se melhorar continuamente a prestação de serviço e ainda prevenir a ocorrência de problemas. Além disso, as pesquisas de satisfação realizadas após a hospedagem dos clientes (feedback) auxiliam o hotel a analisar as possíveis reclamações dos hóspedes para que os problemas não voltem a ocorrer. Ainda realizando as pesquisas de feedback, o Hotel pode analisar as sugestões de melhoria dos hóspedes para uma próxima hospedagem. Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n°05 13 Destaca-se a seguir um caso prático para percepção da relevância das pesquisas em prol da qualidade na prestação de serviços de hospedagem. No ano de 2002, a rede de hotéis Wyndham Resorts (México, Bahamas e República Dominicana), a fim de melhor atender os seus hóspedes, realizou uma pesquisa com 2000 hóspedes (executivos) em que descobriu as principais causas de insatisfações dos clientes nos hotéis. Neste caso, com base nas pesquisas, a rede Wyndham melhor estruturou os seus serviços, evitando principalmente os itens mostrados na pesquisa para evitar insatisfações dos hóspedes. Problemas Índice de Insatisfação Apartamentos com cheiro de mofo 70% Pessoal da recepção ineficiente e pouco amigável 64% Wake up calls não cumpridos ou atrasados 62% Chuveiros com pouca pressão de água 60% Telefones que demoram muito para dar linha 59% Chaves de apartamentos que não funcionam 54% Travesseiros e toalhas finas e de má qualidade 43% Muita demora para fazer check out 43% Horários de check out inflexíveis 40% Muita demora para fazer check-in 38% Fonte: RIBEIRO (2004, p. 77). As principais falhas no atendimento em um meio de hospedagem e os métodos para solução de problemas Falha Descrição Apatia Tratar o cliente com aquela postura de quem está de saco cheio, que o hóspede não tem importância. Exemplo: Um hóspede ao solicitar informações turísticas sobre a cidade é atendido de forma apática pelo recepcionista, recebendo apenas meras informações, sendo que o recepcionista do hotel atende-o por obrigação, não estando preocupado se o hóspede realmente conseguirá visitar o local desejado. Dispensa Querer livrar-se rápido do cliente. Exemplo: O Hóspede solicita ao recepcionista sugestões de bons restaurantes na cidade. Ao contrário de passar ao hóspede informações úteis e dicas sobre os restaurantes, o recepcionista apenas entrega um panfleto de propaganda de um restaurante e diz que não conhece bons restaurantes na cidade. Frieza Ser grosseiro e impaciente com o cliente. Exemplo: O hóspede tem dúvidas com relação ao funcionamento da TV em seu apartamento e o recepcionista não atende as suas solicitações de maneira educada, além de não pedir para o funcionário da manutenção ir ao apartamento e verificar o problema. Condescendência Para agradar, tentar se antecipar e adivinhar o que o cliente deseja, muitas vezes irritando o hóspede, fazendo com que ele se sinta incapaz. Exemplo: Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n° 05 14 O garçom força o pedido de um prato ou de uma bebida ao hóspede, não permitindo que ele possa realizar uma escolha de maneira agradável e ao seu modo. Automatismo Trabalhar como se fosse um robô. O trabalho rotineiro faz com que os funcionários passem a tratar o cliente mecanicamente. Exemplo: O recepcionista do hotel realiza o mesmo atendimento a todos os hóspedes durante o check in, por isso, o cliente sente-se mais um naquele hotel, não há atendimento diferenciado e personalizado, tudo é sempre igual. Livro de Regras Cumprir estritamente só com as normas. O funcionário não sai do seu limite de atuação por nada deste mundo. Exemplo: Devido a um compromisso urgente na cidade, o hóspede solicita um late check out de 30 minutos ao recepcionista do hotel (saída após o horário permitido para o fechamento da conta sem cobrança de meia-diária), ou seja, ao contrário do check out ser realizado às 12horas, o hóspede deseja sair às 12h30min. O recepcionista verifica que o hotel não terá hóspede previsto para ocupar aquele apartamento e mesmo assim não permite o late check out. Passeio Tratar o cliente como se fosse um tanso. O cliente, ao solicitar algo, vai sendo encaminhado de um setor para outro ou de uma pessoa para outra, sem obter resposta alguma. Exemplo: Hóspede realiza a reserva antecipadamente e quando chega ao hotel o recepcionista informa que ele não possui reserva. Ao contrário de resolver imediatamente o problema, solicita ao hóspede que converse diretamente com o departamento de reserva, pois ele não pode hospedar sem reservas. O hóspede vai ao departamento de reservas e é comunicado que a reserva foi realizada por uma funcionária que justo naquele dia está de folga e assim é encaminhado ao chefe de recepção para tentar resolver o problema. Portanto, a postura ou atitude do colaborador em relação ao atendimento resulta diretamente na satisfação do cliente. No intuito de evitar falhas e priorizar a qualidade, os hotéis podem implantar as seguintes ações: (a) Treinamento e Motivação dos colaboradores; (b) Fornecimento de informações concisas aos hóspedes (evitar erros e insatisfação); (c) Análise das expectativas dos hóspedes através de pesquisas antes da hospedagem e pós-hospedagem; (d) Averiguação das ações de qualidade dos concorrentes e implantação de ações e metas superiores; (e) Oferta de facilidades no atendimento e serviços diferenciados (welcome drink, check in e check out rápidos, alimentação especial, andares para não-fumantes, etc.); (f) Foco em boas condições a estrutura física do hotel. Vale destacar que o meio de hospedagem poderá privilegiar a padronização personalizada ou a delegação de autonomia aos seus colaboradores. Modelo de qualidade: a rede de Hotéis Ritz-Carlton Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n°05 15 A melhor declaração de comprometimento com a qualidade que se tem notícia na hotelaria mundial é o credo dos hotéis Ritz-Carlton, distribuídos para todos os seus colaboradores. “O hotel Ritz-Carlton é um lugar onde o bem estar e o conforto dos nossos hóspedes é a principal missão. Nós nos esforçaremos, ao máximo para oferecer o melhor serviço pessoal e dependências aprimoradas aosnossos hóspedes, que viverão num ambiente confortável, aconchegante e acima de tudo, refinado”. Sr. Horst Schulze (presidente mundial da rede de hotéis Ritz- Carlton). Cada funcionário recebe orientações sobre todos mandamentos dos serviços do hotel Ritz-Carlton (atendimento, limpeza, organização) sendo que todos passam a ser responsáveis pelo melhor atendimento ao cliente, os quais deverão oferecer solução aos problemas dos hóspedes de imediato. “Somos damas e cavalheiros servindo a damas e cavalheiros” (lema dos Hotéis Ritz- Carlton). Vantagens proporcionadas pela Gestão da Inovação e Qualidade nos Meios de Hospedagem A seleção de um modelo que privilegie a gestão da inovação e qualidade nos meios de hospedagem evidencia vantagens à organização hoteleira como: Inovação Qualidade Redução de custos e Aproximação do cliente (Interagir com o cliente). Argumento para hospedagem em um hotel. Aumento da produtividade do profissional e Diferenciação no Mercado. Principais meios de implementar a flexibilidade / capacidade de resposta. . Aumento da Receita e da qualidade dos produtos e serviços. Permite a redução do tempo em todos os aspectos. Síntese para compreensão do conteúdo Em síntese, o peso atribuído ás inovações e novas tecnologias nos setor hoteleiro serão cada vez maiores. É pelo caminho da excelência em serviços, exclusividade e criatividade que os meios de hospedagem poderão enfrentar a concorrência acirrada. Não basta apenas conhecer o mundo dos negócios Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n° 05 16 (nascer) sem compreender as sutilezas dos clientes e agir de forma consciente (liderar). Cabe salientar também que o profissional de um meio de hospedagem deve ser valorizado, principalmente na troca de ideias e sugestões de projetos. Neste processo, a empresa se beneficia pelo potencial criativo do colaborador, pois as melhores ideias inovadoras surgem quando diferentes pontos de vista são confrontados e integrados num diálogo. O interesse por inovações, qualidade, modernização e tecnologias deve ser constante, evitado assim incertezas sobre um futuro próximo. Exercícios: 1) A inovação deve ser vista como um processo central das organizações do setor de hospedagem, associada à sobrevivência e crescimento das mesmas. No que se refere ao processo de gestão da inovação nos meios de hospedagem, analise as afirmações: I) Os meios de hospedagem alcançam vantagem competitiva através de ações de inovação. POR QUE II) Os meios de hospedagem melhoram continuamente quando compreendem que a inovação é um processo isento da participação dos colaboradores, pois evolui naturalmente dentro da organização. O gerenciamento da inovação nos meios de hospedagem é exclusivo à etapa que envolve a implantação da qualidade nos serviços. Analisando as afirmações acima, conclui-se que: (a) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. ERRADO. A segunda afirmação está incorreta. A gestão da inovação engloba a participação dos colaboradores do meio de hospedagem. Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n°05 17 (b) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. ERRADO. A segunda afirmação está incorreta. A gestão da inovação engloba a participação dos colaboradores do meio de hospedagem. (c) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. CORRETO. (d) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. ERRADO. A segunda afirmação está incorreta. A gestão da inovação engloba a participação dos colaboradores do meio de hospedagem. 2) Um estudo realizado no Hotel “X” identificou as principais falhas cometidas pelos profissionais durante a prestação de serviços aos hóspedes. Os resultados foram registrados de acordo com a tabela abaixo: Falha Porcentagem de Ocorrência Automatismo 5% Apatia 11% Passeio 29% Dispensa 4% Frieza 19% Condescendência 7% Livro de Regras 25% Total 100% a) No que se refere à visão abrangente da qualidade no Hotel “X”, os resultados da pesquisa não causam preocupações já que as preferências dos clientes e hóspedes do meio de hospedagem não mudarão ao longo dos próximos 10 anos. ERRADO. O mercado muda constantemente e as exigências dos clientes/hóspedes também. Dessa forma é essencial aplicar ações corretivas no Hotel “X” visando a melhoria contínua, evitando as falhas destacadas na pesquisa. b) O princípio básico da qualidade como estratégia ao Hotel “X” é que a qualidade é um elemento essencial para que o meio de hospedagem sobreviva. Dessa forma, as características intrínsecas (micro) da organização devem ser analisadas primeiramente, pois a análise do ambiente externo (macro) não oferece base à gestão da qualidade do meio de hospedagem. ERRADO, o setor de hospedagem deve analisar tanto os elementos micro quanto macro. Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n° 05 18 c) As falhas destacadas levam à necessidade de que ações de troca de mão-de- obra sejam promovidas no Hotel “X”. Como sugestão, pode-se enfatizar a demissão constante de colaboradores, já que as equipes de profissionais não dão certo a longo prazo. Assim também será possível reduzir os custos, aumentando a produtividade e o faturamento. ERRADO. Deve-se privilegiar o treinamento e capacitação da mão-de-obra, evitando a rotatividade de colaboradores, valorizando a qualidade do mesmo. d) O conceito estratégico de qualidade aplicado nas organizações de hospedagem pode facilmente ser aplicado nas pessoas. O desenvolvimento da visão estratégica da qualidade nas pessoas é o primeiro passo para o desenvolvimento e consolidação da visão estratégica da qualidade das próprias organizações. CORRETO. Referências ARAUJO, C. M. Ética e qualidade no turismo do Brasil. São Paulo: Atlas, 2003. BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. 6ed atual. São Paulo: SENAC São Paulo, 2001. CASTELLI, G. Administração hoteleira. 9 ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. ______. Excelência em hotelaria: uma abordagem prática. Rio de Janeiro. Qualitymark. 2002. IGNARRA, L. R. Fundamentos do turismo. 2ed. rev e ampl. São Paulo: Pioneira Thomson Learning. 2003. FITZSIMMONS, J. A.; FITZSIMMONS, M. J. Administração de serviços: operações, estratégia e tecnologia da informação. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. KLEMENT, C. F. F.; SIN OIH YU, A. Inovações na indústria hoteleira: complementação entre inovações tecnológicas e inovações baseadas em serviços. In: ENCONTRO DA ANPAD, 30., 2006, Salvador. Anais em CD. 16p. Gestão de Turismo | Meios de Hospedagem | Aula n°05 19 MEDLIK, S.; INGRAN, H. Introdução à hotelaria: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro: Campus, 2002. RIBEIRO, P. M. A ciência e a arte do marketing na indústria da hospitalidade. Tese de Mestrado – Tulane University (USA). 2004 TRIGO, L. G. G. A sociedade pós-industrial e o profissional em turismo. 4 ed. Campinas: Papirus, 1998. (Coleção Turismo).
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