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AS FORMAS DO AMOR E SUAS LIGAÇÕES COM A MASSA

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DISCIPLINA: CHF988 - SUBJETIVIDADE E CULTURA
DOCENTE: JOÃO GABRIEL LIMA DA SILVA
DISCENTE: BRUNO BRITO ANDRADE 
AS FORMAS DO AMOR E SUAS LIGAÇÕES COM A MASSA
	Em sua célebre obra Psicologia das Massas e Análise do Eu, escrita em 1921, Freud debruça-se no processo de identificação, processo este que se mostra completamente interligado ao que se refere às nossas escolhas amorosas. Ao desenvolver mais profundamente a teoria da identificação, o autor demonstra ao mesmo tempo como o complexo de Édipo é relevante de forma geral em seus postulados, já que ele, a partir de então, configura-se como o modo de constituição do desejo sexual pela via da identificação. É por meio deste complexo que se pensa acerca do narcisismo e de como se constituem as leis da escolha de objeto.
Com base nos escritos freudianos, fica evidente que a identificação é a forma primordial de conexão afetiva no nosso desenvolvimento e também de extremo valor para a formação do complexo de Édipo nos seres humanos. A identificação constrói-se de maneira ambivalente, existindo a possibilidade de ocorrer tanto de forma afetuosa como de forma agressiva. Freud explicita que a identificação pode tomar o lugar da escolha do objeto e a escolha do objeto pode retornar à identificação, que é o que acontece quando o sujeito adquire uma ou mais qualidades do outro em forma de sintoma. 
O que é apontado por Freud é que, por meio de observações, ele constata que o termo “amor” é utilizado e atribuído à inúmeros tipos de relações, e sendo assim, é viável colocar em questão o que seria esse “amor” e se aquilo que é assim denominado o seja de fato. O autor então passa a falar sobre o enamoramento e, em seguida, realiza uma comparação deste com a hipnose. 
O que Freud nomeia como enamoramento, é o que chamamos de “amor comum” no nosso dia a dia, o que sentimos por nossos parceiros e parceiras; para ele, este enamoramento é um investimento objetal – ou mais de um – da ordem dos instintos sexuais e o seu papel está associado a satisfação sexual direta, deixando de existir quando esta é adquirida. Contudo, é necessário que haja uma certeza de que a necessidade antes existente, agora satisfeita, retorne e seja direcionada ao mesmo objeto sexual, formando um investimento efetivamente duradouro. Dessa forma, o objeto sexual permanecerá sendo amado, mesmo quando houver intervalos onde o desejo não estiver presente.
Este enamoramento também apresenta o fenômeno onde o sujeito excetua o objeto amado de seu senso crítico, valorizando características que anteriormente, quando este objeto ainda não era amado, não eram valorizadas. Desta forma, uma ilusão poderá der originada sobre o objeto que pode acabar emprestando valores da satisfação sexual e sendo confundido como objeto que é amado sensualmente, conceito que, essencialmente, sugere a definição do que é a idealização. O enamoramento pode ser enxergado também por uma perspectiva vinculada ao narcisismo, onde o sujeito escolheria em suas relações amorosas indivíduos que apresentem características que ele deseja para si mesmo ou como forma de substituir um ideal não atingido por ele, assim satisfazendo o seu narcisismo. 
A seguir, uma comparação entre o enamoramento e a hipnose é efetuada, já que nos dois casos, o enamorado ou o hipnotizado demonstram grande humildade com relação ao outro e ambos também renunciam suas iniciativas pessoais, contudo, no caso da hipnose, não existe satisfação das aspirações sexuais que no enamoramento é apresentada como uma hipótese de ser satisfeita futuramente. A maior distinção destes dois casos é que na hipnose as características de submissão, docilidade e falta de senso crítico são apresentadas mais claramente. É possível perceber que nos dois casos ocorre uma abdicação dos desejos do ideal do Eu, porém no enamoramento isso ocorre de forma temporária. Na hipnose, por exemplo, existem pessoas que não se deixam hipnotizar e também existem aquelas que se mostram excessivamente receptivas ao procedimento da hipnose. 
Com base no que foi supracitado, Freud explicita sobre a constituição das massas e como essa relação dos indivíduos com um líder tem bastante semelhança com o processo da hipnose. Na formação das massas, vários indivíduos abandonam seus ideais do Eu e o posicionam em um único sujeito e então identificam-se uns com os outros nessa organização que torna seus ideais do Eu um objeto em comum para todos. 
REFERÊNCIA:
FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do eu [1921, In: Psicologia das massas e análise do eu e outros textos (1920-1923); tradução Paulo César de Souza – São Paulo: Companhia das Letras, 2011.