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Caso Clínico – Ceratite HISTÓRICO: Paciente do sexo feminino, 28 anos, estudante, residente na cidade de Juazeiro-BA, classe social média, parda. Paciente míope -4,5 AO, nega hipertensão, diabetes, dislipidemias, tireoidopatias, doenças psiquiátricas, cirurgias ou uso de outras medicações oculares. SINTOMATOLOGIA: Dor ocular intensa em olho direito há 10 dias. A paciente, usuária de lente de contato gelatinosa há 4 anos, refere dor intensa em olho direito, graduada de 10 em 10, tipo queimação e pontada, com piora ao deixar o olho aberto, sem irradiações, sem melhora ao uso de analgésicos orais. A dor é acompanhada de fotofobia, hiperemia conjuntival, sensação de corpo estranho, turvação visual. Nega presença de secreções. Nega acometimento do olho contralateral. Costuma higienizar as lentes com água. EXAMES: Fácies de dor aguda e intensa, difícil abertura de pálpebra direita devido à fotofobia, com melhora à instilação de colírio anestésico. Conjuntiva hiperemiada em olho direito. Olho esquerdo sem alterações. Não foram visualizados corpos estranhos. Acuidade visual com correção Olho direito: 20/200 Olho esquerdo: 20/20 Biomicroscopia Olho direito: -Pálpebras sem alterações. -Conjuntiva com hiperemia 3+/4+. -Córnea com infiltrado estromal, aspecto granular, cor branco-acinzentada, edema epitelial de moderada intensidade e erosões ponteadas, localizadas na região paracentral. Seidel negativo. -Reação de câmara anterior leve (efeito Tyndall). -Íris sem alterações. -Cristalino e fundo de olho não puderam ser examinados corretamente, tendo em vista a opacidade corneana. Olho esquerdo: -Pálpebras sem alterações. -Conjuntiva sem alterações. -Córnea transparente. Seidel negativo. -Câmara anterior sem alterações. -Íris sem alterações. -Cristalino tópico e transparente. -Fundo de olho sem alterações. Suspeita diagnóstica Ceratite por Acanthamoeba Plano diagnóstico Coloração e cultura do material de lesão corneana. Resultado da coloração Agente etiológico não identificado por coloração de Gram ou Giemsa. Resultado da cultura Crescimento de Acanthamoeba após 15 dias, em meio Agár não nutriente com E. Coli. CORRELACIONAR COM A HISTOLOGIA: Na fase precoce da infecção são erosões epiteliais pequenas, edema microcístico envolvendo o epitélio corneal, conferindo a este um aspecto grosseiro em regiões esparsas, e nem sempre detectam-se áreas desepitelizadas com o corante fluoresceína no início do quadro. Alterações do epitélio ocorrem na progressão da infecção, que podem apresentar-se com lesões na forma de um dendrito (pseudodendrito), ceratite ponteada ou defeito epitelial verdadeiro. A limbite é um achado comum nas fases precoces e tardias da infecção. A presença de hipópio não é freqüente, sendo mais observado em casos graves ou avançados e em situações em que ocorre toxicidade com a medicação tópica instituída. A ceratite amebiana progride lentamente quando comparada à evolução de outros agentes infecciosos o que pode estar relacionado com a velocidade de multiplicação deste microrganismo que é mais lenta do que a de outros agentes infectantes, ou ser decorrente de uma barreira corneal mais eficaz para este agente. Na fase tardia da infecção estão tipicamente presentes o defeito epitelial e a opacidade estromal. A neovascularização é infreqüente, mas tem sido observada em casos de longa evolução e quando acentuada impõe a investigação de outros agentes associados, particularmente bactérias. Catarata, presente em um quinto dos pacientes, é creditada ao processo inflamatório intenso, uso de corticóide tópico ou à intervenção cirúrgica. O acometimento do segmento posterior é raro e também considerado decorrente do processo inflamatório, não se encontrando cistos ou trofozoítos em análises histopatológicas.
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