Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO AULA 07 – CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA E CONTRA A PREVIDÊNCIA Futuros(as) Aprovados(as), sejam bem vindos!!! Hoje trataremos de temas importantíssimos. Veremos os crimes contra a previdência, contra a organização do trabalho e contra a ordem tributária (Assuntos presentes em cerca de 60% das questões da última prova para AFT). Ao término da aula, como sempre, muita diversão com os exercícios! Dito isto, prepare o cérebro para a sua aula de Direito Penal!!! Siga com força, adquira conhecimento e esteja mais preparado a cada tópico vencido. Bons estudos! ***************************************************************** 7.1 DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO A Constituição Federal, no capítulo dos Direitos Sociais, define diversos princípios que objetivam conferir garantias aos trabalhadores, primando pela dignidade humana. No mesmo sentido, o Código Penal, visando tutelar a liberdade do trabalho, definiu sanções para os atos que atentem contra a organização deste e estampou no título IV da Parte Especial os CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. Você perceberá que a maioria das condutas tipificadas no Código Penal está relacionada a alguma violência ou fraude, através da qual o sujeito ativo atenta contra a liberdade do trabalho, dogma constitucional. Dito isto, vamos começar a analisar cada tipo penal. 7.1.1 ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE TRABALHO Este delito está tipificado no Código Penal nos seguintes termos: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça: I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência; II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede (greve) ou paralisação de atividade econômica: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. O atentado contra a liberdade de trabalho nada mais é do que uma forma de constrangimento ilegal, no qual o sujeito ativo visa que a vítima tenha um dos comportamentos descritos nos incisos I e II. O tipo penal supracitado contém quatro modalidades: 1. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria; 2. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a trabalhar ou a não trabalhar durante certo período ou em determinados dias; 3. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho; e 4. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar de paralisação de atividade econômica. 7.1.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: • Na hipótese descrita no inciso I � Qualquer pessoa. • No caso previsto no inciso II � O proprietário de estabelecimento ou mesmo a pessoa jurídica. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Constranger � O constrangimento deve ser realizado mediante violência ou grave ameaça. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O atentado contra a liberdade de trabalho consuma-se: • Na primeira modalidade, com o EFETIVO exercício ou com a suspensão do exercício de arte, ofício, profissão ou indústria. • Na segunda, com o trabalho ou suspensão deste. • Na terceira, com a abertura ou fechamento do estabelecimento. • Na quarta, com a paralisação da atividade econômica. 2. É admissível a tentativa. • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime comum e material. 7.1.2 ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE CONTRATO DE TRABALHO E BOICOTAGEM VIOLENTA Sobre o tema, dispõe o CP: A AMEAÇA NÃO EXIGE A PRESENÇA DA PESSOA AMEAÇADA. PODE SER LEVADA AO CONHECIMENTO DA VÍTIMA POR ESCRITO OU POR RECADO VERBAL. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Na primeira parte do supra artigo, tem-se a tipificação para o atentado contra a liberdade de contrato de trabalho: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho.” Em seguida, encontra-se definida a boicotagem violenta: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça [...] a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola”. 7.1.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Constranger � O constrangimento deve ser realizado mediante violência ou grave ameaça. BOICOTE É O ATO DE RECUSAR RELAÇÕES COM UMA COLETIVIDADE; ROMPER RELAÇÕES SOCIAIS E, SOBRETUDO, POLÍTICAS E COMERCIAIS; NÃO COMPRAR PROPOSITADAMENTE MERCADORIAS DE CERTA ORIGEM OU FABRICAÇÃO. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O atentado contra a liberdade de contrato de trabalho consuma-se com a celebração deste e, no caso da boicotagem, no momento em que a pessoa constrangida não fornece ou adquire os produtos. 2. É admissível a tentativa. • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime comum e material. 7.1.3 ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO A Constituição Federal, ao tratar da liberdade de associação, dispõe: Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical [...] A fim de sancionar penalmente a afronta ao dispositivo da Carta Magna, o legislador fez constar no Código Penal: QUESTIONAMENTO IMPORTANTE!!! A COAÇÃO PARA QUE O INDIVÍDUO NÃO CELEBRE CONTRATO DE TRABALHO CARACTERIZA O DELITO EM QUESTÃO? A RESPOSTA É NEGATIVA!!! EM FACE DO DESCRITO NO ART. 198, A COAÇÃO PARA QUE O INDIVÍDUO NÃO CELEBRE CONTRATO DE TRABALHO É ATÍPICA, PODENDO CONFIGURAR O DELITO PREVISTO NO ART. 146 (FORA DO EDITAL). CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação profissional: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 7.1.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementardo tipo: • Constranger � O constrangimento deve ser realizado mediante violência ou grave ameaça. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito no momento em que a pessoa constrangida passa ou não a fazer parte de sindicato ou associação profissional. 2. É admissível a tentativa. OBSERVAÇÃO: PARA A SUA PROVA, NO DIREITO PENAL, A DIFERENCIAÇÃO ENTRE SINDICATO E ASSOCIAÇÃO É IRRELEVANTE. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime comum e material. 7.1.4 PARALISAÇÃO DE TRABALHO, SEGUIDA DE VIOLÊNCIA OU PERTURBAÇÃO DA ORDEM O artigo 200 do Código Penal pune a participação em suspensão ou abandono coletivo de trabalho dos quais derive violência contra pessoa ou coisa. Observe o texto legal: Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coisa: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 7.1.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. Aqui temos que tratar de um importante ponto: Imagine que Tício e Caio, empregados da Ouriços S.A. resolvem se unir para paralisar o trabalho. Neste caso, estará caracterizado o abandono coletivo do trabalho? A resposta é negativa, pois o parágrafo único do artigo 200 dispõe: Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo menos, três empregados. Diferentemente, na suspensão coletiva de trabalho, que é causada pelos empregadores, exige-se somente um mínimo de duas pessoas. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO É importante ressaltar que não é necessário a união de dois empregadores. Basta o de mais de uma pessoa (Ex: empregador + empregado), ainda que componentes de uma mesma pessoa jurídica empregadora. Ex: Empregador e dez empregados. Para a sua PROVA, do exposto, o que você tem que saber é o seguinte: 2. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa que sofra a violência. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Participar (de suspensão ou abandono coletivo de trabalho) 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito com a prática da violência. 2. É admissível a tentativa. Exemplo: Juvenal (Aquele do “cara de pau, pague o tributo e seja legal” – Excesso de Exação – Aula 05), durante uma suspensão coletiva, lança uma pedra contra a janela do Auditor Fiscal que empregou meio gravoso ou vexatório, mas não atinge seu objetivo, pois o vidro era blindado. ABANDONO COLETIVO DE TRABALHO � MÍNIMO TRÊS PESSOAS � PRATICADA PELOS EMPREGADOS. SUSPENSÃO COLETIVA DE TRABALHO � MÍNIMO DUAS PESSOAS � PRATICADA PELOS EMPREGADORES. JÁ TEMOS TRÊS ADEPTOS AO ABANDONO COLETIVO!!! CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime comum e material. 7.1.5 PARALISAÇÃO DE TRABALHO DE INTERESSE COLETIVO A Constituição Federal, em seu art. 9º, garante o direito de greve aos trabalhadores, determinando que: Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. Observe que o parágrafo 1º diz que uma lei deverá definir os serviços essenciais. Esta lei é a nº 7.783/89 que, no seu artigo 10, dispõe: Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; [...] São atividades que não podem ser totalmente interrompidas, pois afetam de forma grave a sociedade. Desta forma, a fim de punir os que prejudicam a população pela paralisação de trabalho de interesse coletivo, dispõe o Código Penal: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 7.1.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: O empregador ou os empregados. 2. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa que se sinta prejudicada. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Participar (de suspensão ou abandono coletivo de trabalho) 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito com a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo. 2. É admissível a tentativa. • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime comum e material. 7.1.6 INVASÃO DE ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL, COMERCIAL E AGRÍCOLA. SABOTAGEM Para começar, observe como trata deste delito o Código Penal: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Neste artigo, o legislador define dois crimes. São eles: 1. INVASÃO DE ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL, COMERCIAL OU AGRÍCOLA � “Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho.” 2. SABOTAGEM � “Danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor” 7.1.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa que se sinta prejudicada. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: QUESTIONAMENTO IMPORTANTE!!! O EMPREGADOR PODE SER SUJEITO ATIVO DO DELITO? A RESPOSTA É NEGATIVA, POIS É ELE O TITULAR DO ESTABELECIMENTO E DAS COISAS NELE EXISTENTES. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO • Invadir (estabelecimento industrial, comercial ou agrícola); • Ocupar (estabelecimento industrial, comercial ou agrícola); • Danificar (o estabelecimento industrial, comercial ou agrícola); • Dispor (das coisas existentes no estabelecimento industrial, comercial ou agrícola); 2. SUBJETIVO: • Dolo; • Finalidade de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito no instante em que o agente invade ou ocupa estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Na sabotagem, consuma-se quando o sujeito ativo danifica as coisasou no instante em que dispõe dos objetos do estabelecimento. 2. É admissível a tentativa. • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime comum e formal. 7.1.7 FRUSTRAÇÃO DE DIREITO ASSEGURADO POR LEI TRABALHISTA O legislador, visando tutelar a legislação trabalhista, fez constar no Código Penal a seguinte disposição: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho: Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Atente que a frustração do direito assegurado deve ocorrer mediante VIOLÊNCIA OU FRAUDE. Seria, por exemplo, o caso do empregador que, mediante força física, obriga os empregados a assinar recibos com valores diferentes do que foi efetivamente pago. 7.1.7.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: É o titular do direito frustrado. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Frustrar (direito assegurado pela legislação do trabalho); 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito no instante em que o empregado não pode exercer direito assegurado pela legislação trabalhista. 2. É admissível a tentativa. QUESTIONAMENTO MUITO IMPORTANTE!!! A VIOLÊNCIA TRATADA NO ART. 203 ABRANGE APENAS A FORÇA FÍSICA OU TAMBÉM A VIOLÊNCIA MORAL? SEGUNDO A DOUTRINA MAJORITÁRIA, ABRANGE SOMENTE A VIOLÊNCIA FÍSICA, POIS QUANDO O LEGISLADOR QUER REFERIR-SE À VIOLÊNCIA MORAL, MENCIONA-A EXPRESSAMENTE, UTILIZANDO O TERMO “GRAVE AMEAÇA”. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime comum e material • AGRAVANTE O legislador optou por agravar a pena nas situações em que, ao menos teoricamente, a vítima goza de menor poder de reação. Observe: Art. 203 [...] § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. • TIPOS EQUIPARADOS Ainda no artigo 203, no parágrafo 1º, o CP estendeu a pena prevista no caput a quem: 1. OBRIGA OU COAGE ALGUÉM A USAR MERCADORIAS DE DETERMINADO ESTABELECIMENTO PARA IMPOSSIBILITAR O DESLIGAMENTO DO SERVIÇO, EM VIRTUDE DE DÍVIDA. 2. IMPEDE ALGUÉM DE SE DESLIGAR DE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA, MEDIANTE COAÇÃO OU POR MEIO DA RETENÇÃO DE SEUS DOCUMENTOS PESSOAIS OU CONTRATUAIS. AQUI TEMOS SITUAÇÃO EM QUE O EMPREGADOR OBRIGA O TRABALHADOR A ADQUIRIR MERCADORIA DE DETERMINADO ESTABELECIMENTO, NORMAL-MENTE A ALTOS PREÇOS E A PRAZO, COM O INTUITO DE IMPOSSIBILITAR QUE ELE SE DESLIGUE DA EMPRESA. SERIA UMA FORMA DE “TRABALHO ESCRAVO”, NO QUAL O TRABALHO É UTILIZADO PARA PAGAR UMA DÍVIDA PROPOSITALMENTE IMPOSTA. TRATA-SE DE UM CRIME FORMAL, OU SEJA, MESMO SE O TRABALHADOR CONSEGUIR SE DESLIGAR DO SERVIÇO (EX: GANHOU NA MEGA SENA), O CRIME ESTARÁ CARACTERIZADO. A TENTATIVA É ADMISSÍVEL. NESTE CASO, O EMPREGADOR RETÉM DOCUMENTOS DO EMPREGADO (CARTEIRA DE TRABALHO, RG, ETC) OU EMPREGA COAÇÃO PARA IMPEDIR QUE O TRABALHADOR SE DESLIGUE DO SERVIÇO. TRATA-SE DE UM CRIME MATERIAL, CONSUMANDO-SE NO MOMENTO EM QUE O TRABALHADOR É IMPEDIDO DE SE DESLIGAR DO SERVIÇO. A TENTATIVA É ADMISSÍVEL. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 7.1.8 FRUSTRAÇÃO DE LEI SOBRE A NACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO Este delito não é muito exigido em prova, pois não encontra tanta aplicabilidade pós Constituição de 1988, devido à “equiparação” entre brasileiros e estrangeiros. Sobre ele, dispõe o Código Penal: Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. As obrigações relativas à nacionalização do trabalho são as que se encontram definidas pela legislação trabalhista (CLT), devendo o aplicador (Juiz) recorrer a estas normas para enquadrar determinadas condutas no artigo 204. A CLT, a partir do artigo 352, define regras que visam garantir o trabalho em território nacional. A título de exemplo, observe: Art. 352 - As empresas, individuais ou coletivas, que explorem serviços públicos dados em concessão, ou que exerçam atividades industriais ou comerciais, são obrigadas a manter, no quadro do seu pessoal, quando composto de 3 (três) ou mais empregados, uma proporção de brasileiros não inferior à estabelecida no presente Capítulo. Art. 354 - A proporcionalidade será de 2/3 (dois terços) de empregados brasileiros, podendo, entretanto, ser fixada proporcionalidade inferior, em atenção às circunstâncias especiais de cada atividade, mediante ato do Poder Executivo, e depois de devidamente apurada pelo Departamento Nacional do Trabalho e pelo Serviço de Estatística de Previdência e Trabalho a insuficiência do número de brasileiros na atividade de que se tratar. SÓ PARA FACILITAR O ENTENDIMENTO!!! CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 7.1.8.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: É o Estado, pois este é o titular do interesse coletivo na nacionalização do trabalho (proteção da mão-de-obra nacional). • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Frustrar (obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho); 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito com a frustração de lei que disponha sobre a nacionalização do trabalho. 2. É admissível a tentativa. • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime comum e material. A PALAVRA VIOLÊNCIA TRATADA NO ARTIGO 204 ABRANGE SOMENTE A VIOLÊNCIA FÍSICA, POIS, CONFORME JÁ VIMOS, QUANDO O LEGISLADOR QUER SE REFERIR À VIOLÊNCIA MORAL, MENCIONA-A EXPRESSAMENTE, UTILIZANDO O TERMO “GRAVE AMEAÇA”. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 7.1.9 EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COM INFRAÇÃO DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. Existem determinadas situações em que uma decisão administrativa impede o indivíduo de exercer algum específico trabalho ou profissão. Seria o caso, por exemplo, do indivíduo que fica impedido de exercer a medicina por ter atuado reiteradamente de forma negligente. Obviamente que ninguém gosta de estar impedido de trabalhar na atividade para a qual se qualificou e, muitas vezes, sendo administrativa e não judicial a decisão, alguns tentam ignorar a determinação. Desta forma, o legislador tipificou a conduta da seguinte forma: Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Vistos estes conceitos iniciais, imagine que Tício, médico, após decisão administrativa, exerce indevidamente, por uma única vez, a atividade de medicina. Neste caso, poderá ser ele enquadrado no artigo 205? A resposta é negativa, pois a jurisprudência é pacífica em afirmar que o delito só se configura com a reiteração de atos próprios da conduta, ou seja, estamos tratandode um CRIME HABITUAL!!! Observe: 7.1.9.1 CARACTERIZADORES DO DELITO TRF4 - APELAÇÃO CRIMINAL: ACR 8201 RS 2004.71.05.008201-0 PENAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COM INFRAÇÃO DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. ARTIGO 205 DO CÓDIGO PENAL. TIPICIDADE. HABITUALIDADE. A expressão típica "exercer atividade", constante no artigo 205 do Caderno Criminal, requer a habitualidade do agente na realização de atos inerentes à sua atividade durante o período no qual o exercício dos mesmos se encontre obstado por decisão administrativa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Pessoa impedida, por decisão administrativa, de exercer atividade. 2. SUJEITO PASSIVO: É o Estado. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Exercer (atividade, de que está impedido por decisão administrativa); 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito com a reiteração de atos relacionados à atividade impedida por decisão administrativa. 2. Não é admissível a tentativa. • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime PRÓPRIO (Só pode ser cometida por pessoa impedida de exercer a atividade por decisão administrativa), formal e HABITUAL. MMUUIITTAA AATTEENNÇÇÃÃOO!! SSEE AA DDEECCIISSÃÃOO QQUUEE IIMMPPEEDDIIUU OO IINNDDIIVVÍÍDDUUOO DDEE EEXXEERRCCEERR AA AATTIIVVIIDDAADDEE FFOORR JJUUDDIICCIIAALL EE NNÃÃOO AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVAA,, NNÃÃOO EESSTTAARRÁÁ CCAARRAACCTTEERRIIZZAADDOO OO CCRRIIMMEE PPRREEVVIISSTTOO NNOO AARRTTIIGGOO 220055.. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 7.1.10 ALICIAMENTO PARA O FIM DE EMIGRAÇÃO O Estado, sem dúvida, tem interesse na permanência de trabalhadores dentro do país, entretanto, é claro que todos têm o direito de ir e vir, podendo trabalhar onde quiser. Sendo assim, se um trabalhador brasileiro quiser se aventurar na Inglaterra, por exemplo, não há que se falar em qualquer ato passível de punição (desde que cumpridos todos os trâmites legais, obviamente). Ocorre, porém, situações em que brasileiros são recrutados para trabalhos no exterior, através de promessas absurdas, fora da realidade. Um caso comum é o que acontece com mulheres que, seduzidas por promessas de altos salários para trabalharem como garçonetes ou dançarinas, ao chegarem em outro país, são obrigadas a servir como prostitutas a fim de garantir seu sustento. Para coibir esta última situação, dispõe o código penal: Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. Ressalto, mais uma vez, que o fato criminoso está em recrutar MEDIANTE FRAUDE, não bastando o simples recrutamento para caracterizar o delito. Para finalizar este contato inicial com o aliciamento para fins de emigração, atente que o texto legal utiliza a expressão “trabalhadoreS”, no plural. Sendo assim, para a caracterização do delito é necessário que sejam aliciados pelo menos DOIS trabalhadores. 7.1.10.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa; 2. SUJEITO PASSIVO: É o Estado. • ELEMENTOS: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Recrutar (trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro) 2. SUBJETIVO: • Dolo; • Finalidade de levá-los para território estrangeiro. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito com o recrutamento mediante fraude, independentemente da emigração. 2. É admissível a tentativa. Exemplo: Tício envia uma carta com proposta fraudulenta, com fim de emigração, e esta é interceptada antes de chegar ao destino. • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime comum e FORMAL. 7.1.11 ALICIAMENTO DE TRABALHADORES DE UM LOCAL PARA O OUTRO DO TERRITÓRIO NACIONAL Futuro(a) aprovado(a), agora é aquele momento para fazer uma pausa e descansar a cabeça lendo uma notícia de jornal...Vamos refrescar o cérebro: O DELITO AQUI ESTUDADO SÓ ABRANGE CASOS EM QUE AGENTES SÃO ALICIADOS PARA SAIR DO BRASIL PARA OUTRO PAÍS. NO CASO EM QUE HÁ O ALICIAMENTO PARA SAIR DE UM LOCAL PARA OUTRO DENTRO DO PAÍS, FICA CARACTERIZADO O DELITO DO ART. 207, QUE VEREMOS EM SEGUIDA. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO MULHER É PRESA POR ALICIAR TRABALHADORES RURAIS Uma nova rota de trabalho irregular foi descoberta na manhã de ontem, no município de Boa Viagem, a 234 quilômetros de Fortaleza. A proprietária de uma empresa de ônibus, Francisca Lúcia Martins Lobo, 39, foi presa por policiais rodoviários federais sob a acusação de que teria aliciado, contratado e transportado irregularmente seis trabalhadores rurais das cidades de Boa Viagem e Itatira. Eles estavam em um ônibus e foram detidos quando passavam pelo posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Boa Viagem. Abordado pelos policiais, o grupo revelou que estava a caminho do município de Rio das Pedras, em São Paulo, onde iriam trabalhar em uma usina cortando cana-de-açúcar. De acordo com a Delegacia Regional de Trabalho (DRT), as carteiras de trabalho dos seis homens estavam em poder de um companheiro de Francisca Lúcia, conhecido apenas como Thiago. A passagem Ceará/São Paulo seria paga com o valor a ser recebido no trabalho do corte da cana, mas sem qualquer garantia de retorno. Pouco mais de meia hora da primeira apreensão, um outro ônibus foi parado por policiais rodoviários em Pedra Branca. Ele trazia um grupo de nove homens que havia retornado de uma viagem a São Paulo, segundo eles, promovida pela mesma proprietária de ônibus e com o mesmo objetivo: trabalhar no corte de cana. Francisca Lúcia foi levada para a delegacia municipal de Boa Viagem e autuada em flagrante por aliciamento, artigo 207 do Código Penal Brasileiro (CPB). segundo um comerciante local, a rotina de trabalho na usina seria extenuante, com cargas diárias de trabalho de doze horas. Os trabalhadores permaneceriam por até seis meses na usina e teriam direito a apenas um dia de descanso semanal. Após a leitura acima, podemos começar a tratar de uma figura penal muito parecida com a que vimos no artigo 206. Observe o disposto no Código Penal: Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território nacional: Pena - detenção de um a três anos, e multa. O crime de aliciamento de trabalhadores de um local para outro, previsto no art. 207 do Código Penal, possui objeto próprio consistente no interesse CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO público, no sentido de que não ocorra o êxodo de trabalhadores dentro do território brasileiro. No delito em questão, o aliciamento ocorre para levar um trabalhador de um local para outro dentro do território nacional, diferenciando-se neste ponto do que foi dito no aliciamento para o fim de emigração. 10.1.11.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Qualquerpessoa; 2. SUJEITO PASSIVO: É o Estado. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Aliciar, que nada mais é do que recrutar mediante fraude. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • Finalidade de levá-los de uma para outra localidade do território nacional. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito com o aliciamento, independentemente da emigração de um local para outro dentro do território nacional. 2. É admissível a tentativa. • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime comum e FORMAL. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO • AGRAVANTE O legislador optou por agravar a pena nas situações em que, ao menos teoricamente, a vítima goza de menor poder de reação. Observe: Art. 207[...] § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. • TIPOS EQUIPARADOS Ainda no artigo 207, no parágrafo 1º, o CP estendeu a pena prevista no caput a quem: 1. RECRUTAR TRABALHADORES FORA DA LOCALIDADE DE EXECUÇÃO DO TRABALHO, DENTRO DO TERRITÓRIO NACIONAL, MEDIANTE FRAUDE OU COBRANÇA DE QUALQUER QUANTIA DO TRABALHADOR. 2. RECRUTAR TRABALHADORES FORA DA LOCALIDADE DE EXECUÇÃO DO TRABALHO, SEM ASSEGURAR CONDIÇÕES DE RETORNO AO LOCAL DE ORIGEM. VISA A LEI PUNIR QUEM, DENTRO DO TERRITÓRIO NACIONAL, EMPREGANDO FRAUDE OU COBRANDO DETERMINADA QUANTIA, ALICIA TRABALHADOR EM LOCAL DIVERSO DAQUELE EM QUE O SERVIÇO DEVE SER PRESTADO. CONSUMA-SE COM O ALICIAMENTO MEDIANTE FRAUDE. É ADMISSÍVEL A TENTATIVA. O LEGISLADOR OBJETIVOU IMPEDIR SITUAÇÕES EM QUE O TRABALHADOR É RECRUTADO SEM QUALQUER TIPO DE FRAUDE, MAS AO FINAL DO TRABALHO VÊ-SE ABANDONADO, SEM CONDIÇÕES DE REGRESSAR AO SEU LOCAL DE ORIGEM. CONSUMA-SE NO INSTANTE EM QUE, FINDO O TRABALHO, NÃO É GARANTIDO AO TRABALHADOR O RETORNO AO SEU LOCAL DE ORIGEM. É CRIME OMISSIVO PRÓPRIO E NÃO ADMITE A TENTATIVA. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 7.2 DOS CRIMES CONTRA A PREVIDÊNCIA As bancas, no que diz respeito aos crimes contra a previdência, exigem o conhecimento de duas figuras tipificadas no Código Penal. São elas: • SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA; E • APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. Vamos estudá-las: 7.2.1 SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA No dia 17/07/2000 foi publicada no Diário Oficial da União a Lei 9.983 que, entre outras alterações empreendidas no Código Penal Brasileiro, fez inserir no corpo desse estatuto o crime de SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA, nos seguintes termos: Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Podemos resumir o supracitado artigo dizendo que comete este crime contra administração pública em geral o particular que suprimir ou reduzir CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante condutas do tipo: 1. OMITIR DE FOLHA DE PAGAMENTO DA EMPRESA OU DOCUMENTO DE INFORMAÇÕES PREVISTO PELA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA, SEGURADO EMPREGADO, EMPRESÁRIO, TRABALHADOR AVULSO OU TRABALHADOR AUTÔNOMO OU A ESTE EQUIPARADO QUE LHE PRESTEM SERVIÇOS; 2. DEIXAR DE LANÇAR, MENSALMENTE, NOS TÍTULOS PRÓPRIOS DA CONTABILIDADE DA EMPRESA AS QUANTIAS DESCONTADAS DOS SEGURADOS OU AS DEVIDAS PELO EMPREGADOR OU PELO TOMADOR DE SERVIÇOS; 3. OMITIR, TOTAL OU PARCIALMENTE, RECEITAS OU LUCROS AUFERIDOS, REMUNERAÇÕES PAGAS OU CREDITADAS E DEMAIS FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. Finalizando esta parte inicial, segundo leciona Damásio de Jesus: “As normas incriminadoras protegem o patrimônio do Estado e, particularmente, a Seguridade Social, a fim de permitir que ela, recebendo as contribuições de que é credora, pelo INSS, possa alcançar a finalidade de assegurar o direito concernente à saúde, à previdência e à assistência social.” COÍBE SITUAÇÕES EM QUE OS SALÁRIOS, NA HORA DA ESCRITURAÇÃO, SÃO LANÇADOS COM UM VALOR INFERIOR, A FIM DE IMPOR MENOR ÔNUS PARA A EMPRESA. VISA GARANTIR A CORRETA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL DA EMPRESA. OBJETIVA IMPEDIR A OMISSÃO DE RECEITAS, LUCROS, REMUNERAÇÕES PAGAS, CREDITADAS, ENFIM, QUALQUER FATO GERADOR DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 7.1.10.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: Trata-se de um crime próprio, podendo ser cometido somente por quem detém a competência para exercer as condutas acima tipificadas. 2. SUJEITO PASSIVO: É o Estado e, secundariamente, a Seguridade Social. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Suprimir (Contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as condutas descritas). • Reduzir (Contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as condutas descritas). 2. SUBJETIVO: • Dolo, ou seja, basta a vontade livre e consciente de suprimir ou reduzir contribuição social. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito com a efetiva supressão ou redução da contribuição social previdenciária. 2. É admissível a tentativa. • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime próprio e MATERIAL. • EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO O legislador achou por bem dar uma “chance” ao agente, ou seja, caso aja conforme o parágrafo 1º do art. 337-A, não será punido. Veja: Art. 337-A [...] § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Do exposto no supra artigo, podemos concluir que para que ocorra a extinção de punibilidade deve o agente cumprir simultaneamente os seguintes requisitos: 1. PESSOALIDADE � A retratação deve ser feita pelo PRÓPRIO agente. 2. ESPONTANEIDADE � Devem ser espontâneas as condutas de declarar e confessar. 3. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DEVIDAS À PREVIDÊNCIA SOCIAL. 4. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. • PERDÃO JUDICIAL O parágrafo 2º do art. 337-A traz hipótese de perdão judicial, além de um caso particular em que é cabívela aplicação exclusiva de multa. Veja: § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Para os dois casos, além das condições subjetivas (ser primário e bons antecedentes), é necessário que o valor das contribuições devidas seja inferior ao teto fixado pela Previdência Social. • CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA O legislador achou por bem conferir um beneficio aos casos em que o empregador é PESSOA FÍSICA e possui folha de pagamento mensal de até R$ 1.510,00. Veja o disposto no CP: § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. 7.2.2 APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA O legislador, também através da lei nº 9.983/00, inseriu o seguinte dispositivo no Código Penal: Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) A CONDUTA DEFINIDA NO “CAPUT” CONFIGURA O CHAMADO CRIME DE CONDUTA MISTA. MAS, PROFESSOR... O QUE É ISSO? É O DELITO QUE REÚNE UMA AÇÃO E UMA OMISSÃO NO MESMO TIPO. PERCEBA QUE, PARA A OCORRÊNCIA DO CRIME, PRIMEIRO O AGENTE RECOLHE (AÇÃO) E DEPOIS DEIXA DE REPASSAR (OMISSÃO). ENTRETANTO, APESAR DE SER CLASSIFICADO COMO DE CONDUTA MISTA, O STJ E O STF CLASSIFICAM O DELITO COMO OMISSIVO PRÓPRIO E ESTE DEVE SER O ENTENDIMENTO QUE VOCÊ DEVE LEVAR PARA SUA PROVA!!! CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000). PARA COMPREENDERMOS BEM O INCISO I, É NECESSÁRIO COMPARÁ-LO COM A ANTIGA REDAÇÃO PREVISTA NO ART. 95 DA LEI Nº 8.212/91. VEJA: “DEIXAR DE RECOLHER, NA ÉPOCA PRÓPRIA, CONTRIBUIÇÃO OU OUTRA IMPORTÂNCIA DEVIDA À SEGURIDADE SOCIAL E ARRECADADA DOS SEGURADOS OU DO PÚBLICO;” OBSERVE QUE O NOVO TIPO PENAL PASSOU A ABRANGER TAMBÉM OS RECOLHEDORES DE CONTRIBUIÇÕES DE TERCEIROS E SUBSTITUIU A EXPRESSÃO SEGURIDADE SOCIAL (PREVIDÊNCIA + ASSISTÊNCIA SOCIAL + SAÚDE) PARA INCLUIR, DE FORMA RESTRITIVA, SOMENTE A EXPRESSÃO PREVIDÊNCIA SOCIAL. TRATA-SE DE CRIME PRÓPRIO, ENDEREÇADO ÀQUELES QUE REALIZAM DESPESAS CONTÁBEIS OU CUSTOS RELATIVOS À VENDA DE PRODUTOS OU À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. NORMALMENTE NÃO É EXIGIDO EM PROVA!!! A MAIORIA DOS BENEFÍCIOS É PAGA DIRETAMENTE AO SEGURADO PELO INSS. OCORRE QUE, EM ALGUNS CASOS, A EMPRESA PAGA UM BENEFÍCIO E DEPOIS É REEMBOLSADA. VISA-SE COM ESTE DISPOSITIVO QUE A EMPRESA AGUARDE O REEMBOLSO PARA SÓ POSTERIORMENTE PAGAR O BENEFÍCIO. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 7.1.10.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É a pessoa que tem o dever de repassar valores à Previdência. Trata-se de crime próprio. 2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente, é a previdência social e, de forma secundária, os próprios segurados lesados pelo não repasse. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo da conduta principal: • Deixar de repassar (as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional) 2. SUBJETIVO: • Dolo. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito na data do término do prazo convencional ou legal do repasse ou recolhimento das contribuições devidas ou do pagamento do benefício devido. 2. Não é admissível a tentativa. • QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA É crime próprio e MATERIAL. • EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Caro(a) aluno(a), lembra o que vimos com relação à extinção da punibilidade quando tratamos da sonegação de contribuição previdenciária? Aqui o legislador resolveu facilitar os seus estudos e CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO efetuou PRATICAMENTE um “CTRL-C + CTRL-V” (Copiar/Colar) no texto já estudado. Observe: Art. 168-A [...] § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Perceba que a diferença para a sonegação é que aqui há exigência do pagamento das contribuições, importâncias ou valores. Sendo assim, podemos concluir que, para que ocorra a extinção de punibilidade, deve o agente cumprir simultaneamente os seguintes requisitos: 1. PESSOALIDADE � A retratação deve ser feita pelo PRÓPRIO agente. 2. ESPONTANEIDADE � Devem ser espontâneas as condutas de declarar e confessar. 3. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DEVIDAS À PREVIDÊNCIA SOCIAL. 4. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. 5. PAGAMENTO • PERDÃO JUDICIAL Aqui o legislador também foi legal com você, pois trouxe o mesmo conceito da sonegação de contribuição previdenciária, incluindo apenas a necessidade do... PAGAMENTO!!! Assim como na extinção de punibilidade. Veja o disposto: IIGGUUAALL ÀÀ SSOONNEEGGAAÇÇÃÃOO DDEE CCOONNTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO PPRREEVVIIDDEENNCCIIÁÁRRIIAA EXIGÊNCIA PRÓPRIA DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. Para os dois casos, além das condições subjetivas (ser primário e bons antecedentes), é necessário que o valor das contribuições devidas seja igual ou inferior ao teto fixado pela Previdência Social e que o pagamento seja feito antesde oferecida a denúncia. Vejamos: AÇÃO FISCAL OFERECIMENTO DA DENÚNCIA VALOR DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS, INCLUSIVE ACESSÓRIOS, IGUAL OU INFERIOR ÀQUELE ESTABELECIDO PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Para finalizar a apropriação indébita previdenciária, observe este interessante julgado do STJ que resume grande parte do que vimos: STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 888947 PB 2006/0207474-2 Processual penal. Recurso especial. Apropriação indébita previdenciária. 1. O dolo do crime de apropriação indébita previdenciária é a consciência e a vontade de não repassar à Previdência, dentro do prazo e na forma da lei, as contribuições recolhidas, não se exigindo a demonstração de especial fim de agir ou o dolo específico de fraudar a Previdência Social como elemento essencial do tipo penal. 2. Ao contrário do que ocorre na apropriação indébita comum, não se exige o elemento volitivo consistente no animus rem sibi habendi (dolo específico) para a configuração do tipo inscrito no art. 168-A do Código Penal. 3. Sendo assim, o registro nos livros contábeis e a declaração ao Poder Público dos descontos não recolhidos, conquanto sejam utilizados para comprovar a inexistência da intenção de se apropriar dos valores arrecadados, não têm reflexo na apreciação do elemento subjetivo do referido delito. 4. Trata-se de crime omissivo próprio, em que o tipo objetivo é realizado pela simples conduta de deixar de recolher as contribuições previdenciárias aos cofres públicos no prazo legal, após a retenção do desconto. 5. A alegada impossibilidade de repasse de tais contribuições em decorrência de crise financeira da empresa constitui, em tese, causa supralegal de exclusão da culpabilidade -inexigibilidade de conduta diversa -, e, para que reste configurada, é necessário que o julgador verifique a sua plausibilidade, de acordo com os fatos concretos revelados nos autos, não bastando para tal a referência a meros indícios de insolvência da sociedade. 6. O ônus da prova, nessa hipótese, compete à defesa, e não à acusação, por força do art. 156 do CPP. 7. Recurso conhecido e provido para denegar a ordem de habeas corpus e, conseqüentemente, determinar o prosseguimento da ação penal. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 7.3 LEGISLAÇÃO SOBRE PRISÃO ESPECIAL PARA OS DIRIGENTES DE ENTIDADES SINDICAIS - (LEI N. 2.860, DE 31/08/56). Caros alunos, esta lei, exigida em alguns poucos editais (como, por exemplo, o último para Auditor Fiscal da Receita Federal e AFT), restringe-se ao seguinte: Art. 1º - Terão direito à prisão especial os dirigentes de entidades sindicais de todos os graus e representativas de empregados, empregadores, profissionais liberais, agentes e trabalhadores autônomos. Art. 2º - O empregado eleito para a função de representação profissional ou para cargo de administração sindical, quando sujeito a prisão antes de condenação definitiva, será recolhido a prisão especial à disposição da autoridade competente. Apesar do art. 5.° da Constituição da República consagrar o princípio da igualdade, estabelecendo que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", a Lei Maior, o Código de Processo Penal e a legislação extravagante conferem a certas pessoas o direito à prisão especial, ou seja, o "privilégio" de ficar preso em cela ou estabelecimento penal ou não, diverso do cárcere comum, até o julgamento final ou o trânsito em julgado da decisão penal condenatória. A prisão especial é concedida às pessoas que, pela relevância do cargo, função, emprego ou atividade desempenhada na sociedade nacional, regional ou local, ou pelo grau de instrução, estão sujeitas à prisão cautelar decorrente de infração penal. Abrange autoridades civis e militares dos três poderes da República e pode ser relacionada à natureza do crime, à qualidade da pessoa e à fase do processo. Esta lei é extremamente contestada, pois é difícil concluir o porquê de dirigentes de entidades sindicais possuírem determinados privilégios não extensíveis à maioria da população, tal qual a prisão especial. Desta forma, para sua PROVA, basta uma simples leitura dos dispositivos legais e, em minha opinião, dificilmente este assunto será exigido. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Futuro(a) Aprovado!!! Chegamos ao último tópico da nossa aula e a cada tema você fica mais perto do seu sonho... Respire fundo e siga em frente que em breve a recompensa virá!!! ***************************************************************** 7.4 DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA Caro (a) aluno (a), a partir de agora começaremos a tratar da lei nº 8.137/90 que versa sobre os crimes contra a ordem tributária. Darei uma rápida passada pelos crimes praticados por particulares a fim de facilitar o seu entendimento global. 7.4.1 DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULARES Constituem-se crimes os atos praticados por particulares, visando suprimir ou reduzir tributo ou contribuição social e qualquer acessório, através da prática das condutas definidas nos artigos 1º e 2º, da Lei 8.137/1990. O art. 1º da lei nº. 8.137/90 é um dos mais exigidos em prova. Segundo ele, constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: • Omitir informação ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; • Fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos ou omitindo operação de qualquer natureza em documento ou livro exigido pela lei fiscal; • Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; • Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; • Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente relativo à venda de mercadoria ou prestação CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-lo em desacordo com a legislação. Complementando as condutas tipificadas no art. 1º da lei nº. 8.137/90, o art. 2º vem dizer que constitui crime da mesma natureza: • Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; • Deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; • Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; • Deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; • Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Por fim,o art. 12 vem definir que: Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° [...]: I - ocasionar grave dano à coletividade; II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções; III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde. Recentemente foi aprovado o enunciado da Súmula Vinculante n. 24, que trata dos crimes contra a ordem tributária, nos seguintes termos: "Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo". CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO O teor desta súmula leva a uma importante consideração, originada no direito penal, com marcantes conseqüências na esfera tributária. Trata-se da distinção conceitual existente entre os crimes materiais, enquadrados pela súmula vinculante, e os crimes formais. Como você já sabe, crimes materiais são aqueles delitos que apenas se reputam consumados com a materialização do resultado previsto no tipo penal. Em outras palavras, não basta a ação ou omissão do agente, sendo necessário que o resultado lesivo tenha sido devidamente atingido com a ação ou omissão. Por outro lado, crimes formais são aqueles nos quais, embora seja previsto o resultado lesivo, este não é necessário para que o crime seja considerado consumado. Assim, no crime formal, o delito se consuma com a simples ação ou omissão típica, sem que se atualize o resultado previsto. Conforme reconhece a própria súmula vinculante, os delitos previstos no art. 1º da Lei n. 8.137/90 são crimes materiais, isto é, são crimes que apenas se consumam com a realização do resultado, que, na espécie, coincide com a supressão ou redução do imposto devido. Ocorre que a existência de supressão ou redução dos tributos apenas pode ser declarada mediante atividade administrativa de lançamento, com a constituição do referido crédito tributário, o qual ainda poderá ser objeto de impugnação por parte do contribuinte. Sendo assim, a constituição definitiva do crédito tributário é necessária, pois ela é que possibilita a avaliação da existência do elemento "resultado", necessário à consumação do crime material. Portanto, sem a constituição definitiva do crédito tributário, não pode haver ação penal, muito menos condenação por crime previsto no art. 1º da Lei n. 8.137/90. Sem embargo, a mesma situação não se estende às condutas previstas no art. 2º da Lei n. 8.137/90, que estabelece crimes formais contra a ordem tributária; ou seja, que determina a existência de condutas tipificadas penalmente, independentemente da realização do resultado de supressão ou redução de tributos. Como se percebe, nenhuma das condutas tipificadas no art. 2º exige a efetiva redução do tributo. Pelo contrário, tais crimes têm como objetivo apenas antecipar a tutela penal para um âmbito pré-lesão ao erário, afastando o direito penal tributário do clássico princípio da lesividade. Disto decorre o fato de que, para os crimes do art. 2º da Lei n. 8.137/90, não é necessária a constituição definitiva do crédito tributário, vez que o resultado lesivo ao erário é apenas indiretamente mencionado, não sendo essencial à consumação dos crimes previstos neste artigo, que, portanto, classificam-se como crimes formais. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 38 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Este é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, conforme publicado no Informativo STF n. 560: 7.4.2 DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS A partir de agora trataremos dos crimes contra a ordem tributária praticados por funcionários públicos. ATENÇÃO TOTAL!!! “Mas professor... Mais crimes praticados por funcionários públicos??? Assim não é possível!!!!” O Tribunal conheceu de embargos de declaração para, emprestando-lhes efeitos modificativos, negar provimento a recurso ordinário em habeas corpus, de forma a permitir o prosseguimento de inquérito policial instaurado contra a paciente, acusada pela suposta prática dos crimes previstos no art. 2º, I, da Lei 8.137/90 (sonegação fiscal) e no art. 203 do CP ("Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho") - v. Informativo 513. Na espécie, o acórdão embargado dera parcial provimento ao recurso ordinário para trancar o inquérito policial relativamente ao crime de sonegação fiscal, aplicando o entendimento firmado pela Corte no sentido de que o prévio exaurimento da via administrativa é condição objetiva de punibilidade, não havendo se falar, antes dele, em consumação do crime material contra a Ordem Tributária, haja vista que, somente após a decisão final do procedimento administrativo fiscal é que será considerado lançado, definitivamente, o referido crédito. Asseverou-se que tal orientação jurisprudencial seria inerente ao tipo penal descrito no art. 1º, I, da Lei 8.137/90, classificado como crime material, que se consuma quando as condutas nele descritas produzem como resultado a efetiva supressão ou redução do tributo. Observou-se que o crime de sonegação fiscal, por sua vez, é crime formal que independe da obtenção de vantagem ilícita em desfavor do Fisco, bastando a omissão de informações ou a prestação de declaração falsa, isto é, não demanda a efetiva percepção material do ardil aplicado. Daí que, no caso, em razão de o procedimento investigatório ter por objetivo a apuração do possível crime do art. 2º, I, da Lei 8.137/90, a decisão definitiva no processo administrativo seria desnecessária para a configuração da justa causa imprescindível à persecução penal. RHC 90532 ED/CE, rel. Min. Joaquim Barbosa, 23.9.2009. (RHC-90532) CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 39 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO É possível sim, e não só possível como fácil. Observe o que dispõe a lei nº 8.137/90 no capítulo I, Seção II: Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social; II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Perceba que os crimes apresentados nos incisos I, II e III são bem semelhantes a alguns já vistos: • Inciso I � Semelhante ao delito de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento. Veja: Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente. DIFERENÇAS ACRESCENTA AO DELITO DE EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO UM RESULTADO NATURALÍSTICO, QUAL SEJA: ACARRETAR PAGAMENTO INDEVIDO OU INEXATO DETRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO SOCIAL CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 40 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO • Inciso II � União do crime de concussão com a corrupção passiva: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. • Inciso III � Semelhante ao delito de advocacia administrativa. Observe: Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. Visto isso, fica claro que para sua PROVA, no que diz respeito aos crimes funcionais contra a ordem tributária, basta conhecer bem os delitos estudados quando tratamos dos Crimes contra a Administração Pública e ter conhecimento das diferenças em relação a eles. DIFERENÇAS APÓS UNIR OS VERBOS CORRESPONDENTES À CONCUSSÃO E À CORRUPÇÃO PASSIVA, ACRESCENTA UM FIM ESPECIAL: PARA DEIXAR DE LANÇAR OU COBRAR TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO SOCIAL, OU COBRÁ-LOS PARCIALMENTE. DIFERENÇAS SUBSTITUI A EXPRESSÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA POR ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 41 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 7.4.3 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE A extinção da punibilidade dos crimes contra a ordem tributária (sonegação fiscal) era disciplinada pelo artigo 14 da Lei n.º 8137/90 que determinava que o pagamento do débito tributário feito antes do recebimento da denúncia criminal era causa excludente da punibilidade, mas foi revogado pelo art. 98 da Lei n.º 8.383/91. O art. 34 da Lei n.º 9.249/95, contudo, voltou a admitir a mencionada extinção da punibilidade. Observe: Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia. 7.4.4 PENA DE MULTA Como você deve ter percebido, nos arts. 1º a 3º, temos a definição da aplicabilidade da pena de multa quando da ocorrência dos delitos. O art. 8º da lei nº 8.137/90 vem definir regras para a aplicabilidade de tal sanção. Observe: RECEBIMENTO DA DENÚNCIA CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 42 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 (trezentos e sessenta) dias- multa, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200 (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN. Complementando o art. 8º, temos o art. 10, dispositivo este constantemente exigido em PROVAS. Sendo assim, atenção: Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu, verifique a insuficiência ou excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou elevá-las ao décuplo. 7.4.5 DELAÇÃO PREMIADA Nos termos do parágrafo único do art. 16 da lei nº. 8.137/90, o co-autor ou partícipe que, através de confissão espontânea, revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa, terá a sua pena reduzida de um a dois terços. Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços 7.4.6 AÇÃO PENAL E REPRESENTAÇÃO FISCAL Nos crimes contra a ordem tributária, a ação penal é PÚBLICA INCONDICIONADA. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 43 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO 1990, será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente. ***************************************************************** Caro(a) Aluno(a) Parabéns por mais uma aula vencida. Há pouco tempo você estava no início da nossa “EESSCCAADDAA DDOO DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL RRUUMMOO ÀÀ AAPPRROOVVAAÇÇÃÃOO” e agora faltam poucos degraus para atingir a última aula e garantir importantes pontos no concurso que, apesar de não estar com o edital aberto, cada vez mais se aproxima. O que deixa tudo mais interessante é que só depende de você, do seu esforço, do seu empenho, da sua força de vontade e da sua dedicação... E por falar em dedicação... É hora de praticar com os exercícios. Abraços e bons estudos, Pedro Ivo "A diferença entre uma pessoa de sucesso e as outras não é falta de força, nem a falta de conhecimento, mas particularmente a falta de determinação.” (Vince Lombardi) CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 44 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO RESUMO DA MATÉRIA APRESENTADA CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO CRIME CONDUTA CONSUMAÇÃO TENTATIVA ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE TRABALHO Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça: I- A exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias II- A abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho ou a participar de parede ou paralisação de atividade eco- nômica. Na primeira modalidade, com o EFETIVO exercício ou com a suspensão do exercício de arte, ofício, profissão ou indústria. Na segunda, com o trabalho ou suspensão deste. Na terceira, com a abertura ou fechamento do estabelecimento. Na quarta, com a paralisação da atividade econômica. ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE CONTRATO DE TRABALHO E BOICOTAGEM VIOLENTA Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola. Consuma-se com a cele- bração deste e, no caso da boicotagem, no momento em que a pessoa constrangida não fornece ou adquire os produtos. ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação profissional. Consuma-se o delito no momento em que a pessoa constrangida passa ou não a fazer farte de sindicato ou associação profissional. PARALISAÇÃO DE TRABALHO, SEGUIDA DE VIOLÊNCIA OU PERTURBAÇÃO DA Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho,praticando violência contra pessoa ou contra coisa. ***Para que se considere Consuma-se o delito com a prática da violência. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 45 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO ORDEM coletivo o abandono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo menos, três empregados. PARALISAÇÃO DE TRABALHO DE INTERESSE COLETIVO Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo. Consuma-se o delito com a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo. INVASÃO DE ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL, COMERCIAL OU AGRÍCOLA. SABOTAGEM Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho ou, com o mesmo fim, danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor. Consuma-se o delito no instante em que o agente invade ou ocupa estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Na sabotagem, consuma- se quando o sujeito ativo danifica as coisas ou no instante que dispõe dos objetos do estabelecimento. FRUSTRAÇÃO DE DIREITO ASSEGURADO POR LEI TRABALHISTA Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho. Obrigar ou coagir alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida. Impedir alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, Consuma-se o delito no instante em que o empregado não pode exercer direito assegurado pela legislação trabalhista. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 46 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. FRUSTRAÇÃO DE LEI SOBRE A NACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho. Consuma-se o delito com a frustração de lei que disponha sobre a nacionalização do trabalho. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COM INFRAÇÃO DE DECISÃO ADMINISTRATIVA Exercer atividade de que está impedido por decisão administrativa. Consuma-se o delito com a reiteração de atos relacionados à atividade impedida por decisão administrativa. ALICIAMENTO PARA O FIM DE EMIGRAÇÃO Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro. Consuma-se o delito com o recrutamento mediante fraude, independentemente da emigração. ALICIAMENTO DE TRABALHADORES DE UM LOCAL PARA OUTRO DO TERRITÓRIO NACIONAL Aliciar trabalhadores com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território nacional. Recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do trabalhador ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno ao local de origem. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. Consuma-se o delito com o aliciamento, independente- mente da emigração de um local para outro dentro do território nacional. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 47 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO CRIMES CONTRA A PREVIDÊNCIA CRIME CONDUTA CONSUMAÇÃO TENTATIVA APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional. Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público. Recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços. Pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. *** É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal *** É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar Consuma-se o delito na data do término do prazo convencional ou legal do repasse ou recolhimento das contribuições devidas ou do pagamento do benefício devido. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 48 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; III – omitir, total ou Consuma-se o delito com a efetiva supressão ou redução da contribuição social previdenciária. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 49 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias. ***É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. ***É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL - AFRFB PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 50 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT PROFESSOR PEDRO IVO PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA Atentado contra a liberdade de trabalho Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça: I - a exercer ou não exercer
Compartilhar