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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE
TORRES – ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Processo nº.:
MARTA DE OLIVEIRA e JOAQUIM DE OLIVEIRA, ambos devidamente
qualificados nos autos do processo de nº. que movem em face de NELCY e DECIO, vêm,
perante Vossa Excelência, por intermédio de seu procurador, com fulcro no artigo 1.009
do Código de Processo Civil, interpor recurso de APELAÇÃO, desde já juntando as
razões recursais.
Torres, 14 de novembro de 2019.
____________________________
FLÁVIA CORRÊA DE LIMA – OAB/RS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Processo de origem nº.: 
Apelante: MARTA DE OLIVEIRA e JOAQUIM DE OLIVEIRA
Apelado: NELCY e DECIO
RAZÕES RECURSAIS
COLENDA CÂMARA CÍVEL
MARTA DE OLIVEIRA e JOAQUIM DE OLIVEIRA, inconformados com a
sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, vêm, desta recorrer, pelas
razões que passa a expor:
SÍNTESE DA DEMANDA
Os apelantes ajuizaram ação de reparação de danos contra Nelcy, motorista do
veículo causador de um acidente e contra Décio, em nome do qual estava registrado o
veículo. Em razão do evento, Genésio, pai de Joaquim e esposo de Marta veio a falecer.
Os apelantes requereram indenização pelo danos materiais, morais e despesas com
funeral. Além disso, houve pedido de pensionamento até que o de cujus completasse 72
anos de idade.
Os apelados apresentaram defesa alegando que o evento se deu por culpa
exclusiva do falecido Genésio, sendo que Décio requereu, ainda, que fosse acolhida a
preliminar de ilegitimidade passiva.
O feito foi instruído, sobreveio a sentença que julgou parcialmente procedentes os
pedidos, reconhecendo a culpa de Nelcy e condenando-o ao pagamento de danos
morais, em R$50.000,00 (cinquenta mil reais) para cada um dos autores. Pensionamento
de um salário mínimo mensal até quando Genésio tivesse 65 anos de idade, as despesas
funerárias no valor de R$10.000,00 (dez mil reais) e o valor equivalente ao automóvel,
em R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais).
DA ADMISSIBIDLIDADE RECURSAL
- Cabimento
Conforme antes referido, trata-se de uma sentença que julgou parcialmente
procedente os pedidos dos autores. O artigo 1.009 do Código de Processo Civil
estabelece que: “Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.”. Desta forma, é cabível o
recurso.
- Tempestividade
A sentença foi publicada na data de 24/10/2019 e o artigo 1.003 do Código de
Processo Civil estabelece o prazo de 15 dias da publicação da sentença. O recurso foi
interposto em 14/11/2019 dentro, portanto, do prazo de 15 dias. Assim, faz-se tempestivo
o presente.
Ademais, o proceso está regular, as partes possuem interesse e legtimidade, além
de estarem devidamente representadas por advogado.
Deixa de juntar comprovante de pagamento do preparo, pois litiga sob amparo de
gratuidade judiciária, conforme se verifica nas fls.
Desta forma, presentes os requisitos de admissibilidade
NO MÉRITO
Como antes referido, no que se refere a legitimidade, a decisão foi no sentido de
manter a responsabilidade civil somente em relação a Nelcy e afastar a de Décio
acolhendo a tese de ilegitimidade passiva. A sentença foi no sentido de reconhecer a
culpa exclusiva de Nelcy condeno-o ao pagamento de indenização a título de danos
morais no valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais) para cada um dos apelantes. O
juízo determinou que o pensionamento devido seria apenas de um salário mínimo mensal
até quando o falecido Genésio tivesse 65 anos de idade. Determinou ainda o pagamento
das despesas funerárias no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), além do valor
equivalente ao automóvel, alçado em R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Porém, em
parte, merece ser modificada a sentença, vejamos:
I - Da legitimidade passiva do apelado
Como antes referido, o juízo entendeu por bem declarar que o apelado Décio é
parte ilegítima para figurar no polo passivo da ação, sob o fundamento de que o mesmo
juntou contrato de compra e venda do veículo e recibo de quitação com data anterior ao
evento danoso objeto da ação.
No entanto, o juízo deve levar em conta que existem fotos nos autos de Décio na
posse do bem, em diversos dias da semana, inclusive em finais de semana, o que denota
que o veículo pertence realmente a Décio. Também foi juntado aos autos anúncio de
venda do bem em jornal local após o evento, onde consta que o proprietário é Décio e
não Nelcy, conforme fls.
Sendo assim, o contrato de venda do veículo e o respectivo recibo são provas
ilícitas, além da prova testemunhal, mais especificamente as declarações de Luiz Alberto
Baldissera e de João Carlos Bonatti, que tudo indica que faltaram com a verdade, agindo
de má-fé e em conluio com o demandado Décio. Ou seja, tentam induzir o julgador em
erro, produzindo documentos falsos a fim de comprovar a transferência do veículo ao
então motorista Nelcy, para que esse arcasse exclusivamente com a condenação,
salvaguardando o patrimônio daquele que era o verdadeiro dono do veículo e que
efetivamente possui patrimônio apto a indenizar.
A transferência de bem móvel, conforme disposto no artigo 1.267 do Código Civil,
se dá pela simples tradição. Neste mesmo sentido, cabe mencionar a decisão do Tribunal
de Justiça do Distrito Federal, vejamos:
APELAÇÃO CIVIL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. REINTEGRAÇÃO
DE POSSE. BEM MÓVEL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INÉPCIA DA
INICIAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - PRELIMINARES
REJEITADAS. AUTOMÓVEL. COMPRA DE VEÍCULO. TRADIÇÃO.
PROPRIEDADE DO VEÍCULO OCORRIDA MEDIANTE FRAUDE. NEGÓCIO
JURÍDICO NULO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA
MANTIDA. 1. Preliminares rejeitadas - [...] c) ilegitimidade passiva ad
causam: não há que se falar no reconhecimento de ilegitimidade passiva
quando, da própria narrativa do apelo, houver o pedido de
reconhecimento da posse e propriedade do automóvel objeto da
celeuma, afastando o argumento de que não é legítima para figurar na
demanda. Dessa maneira, a afirmação de que está com a posse do bem e
o pedido de reconhecimento da propriedade do bem torna a parte
legítima para figurar no polo passivo da ação. 2. Pela redação do artigo
1.297 do Código Civil - CC, a propriedade de bem móvel se dá no
momento da tradição (entrega). 3. A compra e venda de veículo automotor,
por intermédio de negócio realizado por quem não é o seu legítimo
proprietário, embora gere presunção de boa-fé daquele que o adquire, não
transfere a propriedade, sendo hipótese de negócio jurídico nulo, por não
haver a manifestação de vontade do verdadeiro proprietário da coisa - artigo
1.268, § 2º do CC. 4. RECURSO CONHECIDO, PRELIMINARES
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
REJEITADAS (CERCEAMENTO DE DEFESA, INÉPCIA DA INICIAL E
ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM), E, NO MÉRITO, DESPROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA.
(TJ-DF 20150710299366 DF 0029113-84.2015.8.07.0007, Relator: ROBSON 
BARBOSA DE AZEVEDO, Data de Julgamento: 12/12/2018, 5ª TURMA CÍVEL,
Data de Publicação: Publicado no DJE : 19/12/2018 . Pág.: 484/491)
Ainda neste sentido, faz-se mister demonstrar o lecionamento do doutrinador Flávio
Tartuce:
“Como apontado quando do estudo da posse, a tradição (traditio rei) consiste
na entrega da coisa ao adquirente, com a intenção de lhe transferir a sua
propriedade. Conforme determina o caput do art. 1.267 do Código Civil, a
propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da
tradição. A concretizar na prática, contratos como a compra e venda e a
doação, por si só, não têm o condão de gerar a aquisição da propriedade
móvel, o que somente ocorre com a entrega da coisa.”
Ocorre que, acontrário do que entendeo juizo, a prova é pacifica no sentido de que
o apelado deve sim compor o polo passivo da demanda, pois tudo aponta que Décio é
dono do veículo, já que não houve tradição do bem e, portato, o contrato é fraudulento e,
consequentemente, resta caracterizada a fraude processsual através de simulação do
negócio jurídico.
II - Do dano moral
Sustentou o juízo que o valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais) para cada um
dos autores é suficiente para repor o dano moral. Porém, esse valor é insuficiente, pois o
falecido Genésio, pai e esposo dos recorrentes, era o único que sustentava a família
através de seus serviços como autônomo, os quais geravam-lhe uma renda de
R$3.000,00 (três mil reais) mensais e que eram utilizados para arcar com as despesas de
suas necessidades básicas familiares.
Como já comprovado nos autos, a culpa pelos danos ocorridos, inclusive a morte
de Genésio, se deu única e exclusivamente por ação do recorrido Nelcy, motorista do
veículo no momento do acidente. Em razão disso, o motorista Nelcy e o legítimo
proprietário do veículo envolvido Décio, são responsáveis solidariamente pelo gravíssimo
e irremediável dano emocional, psicológico e moral ocasionados aos recorrentes, motivo
pelo qual faz-se necessário que esse valor seja majorado para R$150.000,00 (cento e
cinquenta mil reais) para cada um dos autores e recorrentes, conforme requerido na
exordial.
Neste sentido, demonstra-se o julgado do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul, vejamos:
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE
TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. MORTE DO COMPANHEIRO E PAI DOS
AUTORES. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DANO MORAL MANTIDO.
Deve o proprietário do veículo responder pelo fato da coisa, se comprovada a
culpa do seu condutor. Responsabilidade solidária e objetiva. Valor dos danos
morais fixado na sentença mantido. APELO DESPROVIDO. UNÂNIME.
(Apelação Cível Nº 70074798596, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Antônio Maria Rodrigues de Freitas Iserhard, Julgado
em 16/05/2018).
(TJ-RS - AC: 70074798596 RS, Relator: Antônio Maria Rodrigues de Freitas 
Iserhard, Data de Julgamento: 16/05/2018, Décima Primeira Câmara Cível, 
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 18/05/2018)
III - Quanto ao valor e período do pensionamento
Como se vê da sentença, o juízo fixou apenas um salário mínimo mensal até que o
de cujus completasse 65 anos, sob o fundamento de que este foi o valor demonstrado nos
autos como devido. Entretando, a prova é no sentido de que o falecido Génesio ganhava
R$3.000 (três mil reais) mensais, conforme fls., sendo o valor de apenas um salário
mínimo mensal muito abaixo do necessário para arcar com as necessidades básicas dos
apelantes que dependiam única e exclusivamente dos proventos obtidos pelo referido. 
Neste sentido, já há o entendimento deste tribunal de que o valor do
pensionamento deve ser de 2/3 do total que percebia no período compreendido entre a
data do falecimento até quanto completasse 75 anos, vejamos:
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE
TRÂNSITO. AÇÃO D REPARAÇÃO DE DANOS. VÍTIMA FATAL.
PENSIONAMENTO. FAMÍLIA DE BAIXA RENDA. DEPENDÊNCIA
ECONÔMICA PRESUMIDA. MORTE DE FILHO. É DEVIDO O
PENSIONAMENTO MENSAL AOS PAIS DA VÍTIMA. PAGAMENTO QUE SE
REGULA, NO CASO CONCRETO, PELO VALOR DE 2/3 DO VALOR QUE
PERCEBIA NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE AS DATA DO
FALECIMENTO DA VÍTIMA ATÉ QUE COMPLETARIA 75 (SETENTA E
CINCO) ANOS DE IDADE, OU ATÉ QUE OCORRA A MORTE DOS SEUS
GENITORES. RECURSO PROVIDO NO PONTO. INDENIZAÇÃO DANO
MORAL. VALOR MANTIDO DIANTE DA REALIDADE FINANCEIRA DE
AMBAS AS PARTES. UNÂNIME. APELO PROVIDO EM PARTE.(Apelação
Cível, Nº 70074785577, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Katia Elenise Oliveira da Silva, Julgado em: 13-09-2017) 
Portanto, deve ser majorado o valor e o período do pensionamento, a fim de que se
atendam as necessidades básicas da esposa e filho que eram dependentes da vítima
fatal.
Ante todo o exposto, requer que seja conhecido e provido o recurso para modificar
parcialmente a sentença e:
a) reconhecer a legitimidade passiva do apelado Décio;
b) seja majorado a indenizaçao por dano moral, temas da inicial, ou seja, R$150.000,00
(cento e cinquenta mil reais) por cada apelante;
c) seja estabelecido a título de pensionamento mensal o valor de R$2.010,00 (dois mil e
dez reais), correspondente a dois salários mínimos a serem pagos aos apelantes;
d) seja fixado como período final do pagamento da pensão quando o de cujos fosse
completar 75 anos de idade.
Porto Alegre, 14 de novembro de 2019.
____________________________
FLÁVIA CORRÊA DE LIMA – OAB/RS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA
PÚBLICA DA COMARCA DE DOIS IRMÃOS – ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Processo nº.:
CAROLINA FARIAS FIGUEIRÓ, já qualificada nos autos do processo que
move em face de MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS DAS MISSÕES-RS, também qualificado
nos autos, vem, por intermédio de seu procurador, com base no artigo 4º da lei 12.153/09,
interpor RECURSO INOMINADO, requerendo que seja recebido e processado.
Dois Irmãos, 14 de novembro de 2019.
____________________________
FLÁVIA CORRÊA DE LIMA – OAB/RS
COLENDA TURMA RECURSAL
Recorrente: CAROLINA FARIAS FIGUEIRÓ
Recorrido: MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS DAS MISSÕES - RS
RAZÕES RECURSAIS
Ínclitos julgadores,
CAROLINA FARIAS FIGUEIRÓ, inconformada com a decisão que julgou
improcedente seus pedidos, vem, desta recorrer, pelas razões que passa a expor:
SÍNTESE DA DEMANDA
A recorrente ajuizou ação de reparação de danos morais e materiais, sustentando
que sofrera acidente de trânsito em razão da falta de sinalização da via pública na qual
trafegava, requerendo a condenação do município para o pagamento de indenização por
danos morais e materiais, além de lucros cessantes. Citado, o demandado apresentou
contestação alegando, em síntese, a culpa exclusiva da autora pelo acidente de trânsito e
impugnou os pedidos formulados na exordial.
Sobreveio a sentença julgando improcedente os pedidos da autora-recorrente sob
o fundamento de que o sinistro se deu por culpa exclusiva da mesma, pois ela trafegava
em velocidade inadequada para a via em questão.
No entanto, o juízo errou na análise da prova, já que o município demandado não
sinalizou as obras naquela via, como poderá ser demonstrado a seguir.
DA ADMISSIBIDLIDADE RECURSAL
- Cabimento
Trata-se de uma sentença do Juizado Especial da Fazenda Pública que julgou
improcedentes os pedidos da autora. O artigo 4º da lei 12.153/09 estabelece que: “Art. 4º
Exceto nos casos do art. 3º, somente será admitido recurso contra a sentença.”. Desta
forma, é cabível o recurso.
- Tempestividade
A sentença foi publicada na data de 01/11/2019 e o artigo 42 da Lei 9.099/95
estabelece o prazo de 10 dias da publicação da sentença. “Art. 42. O recurso será
interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da
qual constarão as razões e o pedido do recorrente.” O recurso foi interposto em
14/11/2019 dentro, portanto, do prazo de 10 dias. Assim, faz-se tempestivo o presente.
Ademais, o proceso está regular, as partes possuem interesse e legtimidade, além
de estarem devidamente representadas por advogado.
Deixa de juntar comprovante de pagamento do preparo, pois litiga sob amparo de
gratuidade judiciária, conforme se verifica nas fls.
Desta forma, presentes os requisitos de admissibilidade.
NO MÉRITO
Conforme antes referido, o juízo de improcedência se deu em razão de entender
que o evento se deu por culpa exclusiva da autora-recorrente, pois estava trafegando em
alta velocidade. Porém, merece reforma o julgado, vejamos:
I - Quanto a velocidade
A autora-recorrente trafegava em velocidade adequada paraa pista de chão batido,
ou seja 60km/h, dentro, portanto, do limite de velocidade que determina o Código de 
Trânsito Brasileiro, mais especificamente em seu artigo 61, vejamos:
“Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de
sinalização, obedecidas suas características técnicas e as condições de
trânsito. § 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade
máxima será de: II - nas vias rurais: c) nas estradas: 60 km/h (sessenta
quilômetros por hora).”
Desta forma, pode-se verificar que o fator preponderante para os danos foi o
estado da pista e ausência de sinalização, pois a autora-recorrente dirigia com cautela e
dentro do limite de velocidade da pista. 
II - Da culpa
Veja que a testemunha Daniel Ramos, motorista da Prefeitura disse que a estrada
havia sido patrolada e não tinha chovido, que haviam pedras soltas e não tinha
sinalização. 
O testemunho de Everaldo Martins, operador de máquinas, vai neste mesmo
sentido, pois ele confirma que a estrada havia sido patrolado na manhã do dia do
acidente, que havia passado o rolo e não sinalizado a via. Afirmou ainda que ficam
bastante pedras na via. 
Portanto, as evidências apontam para a exclusão da culpa da condutora e, em
contrapartida, caracterizam a responsabilidade do município de, além de não fornecer
uma via com condições de trafegar, a falta de sinalização, fatores que foram
determinantes para o ocasionamento do acidente causado pela perda do controle do
veículo devido a presença de pedregulhos colocados na estrada pelo Município
demandado.
DO DIREITO
Nossa Carta Magna prevê, expressamente a responsabilidade civil do estado,
vejamos: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte: § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
É o que também se encontra reforçado no Código Civil, mais precisamente no
artigo 43, in verbis:
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a
terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se
houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
Acerca da responsabilidade civil do estado, demonstra-se o lecionamento do
doutrinador Paulo Nader, a seguir:
Na moderna experiência brasileira, os órgãos públicos, por si ou suas
empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
empreendimento, se obrigam “a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”,
Neste mesmo sentido, extrai-se o julgado do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul, vejamos:
Ementa: RECURSO INOMINADO. PRIMEIRA TURMA RECURSAL DA
FAZENDA PÚBLICA. RESPONSABILIDADE CIVIL. MUNICÍPIO DE SANTA
VITÓRIA DO PALMAR. ACIDENTE DE TRÂNSITO. BURACO EM VIA
PÚBLICA. OMISSÃO DO ENTE PÚBLICO NA FISCALIZAÇÃO,
CONSERVAÇÃO E SINALIZAÇÃO. DANOS PATRIMONIAIS. DEVER DE
INDENIZAR. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA MANTIDA PELOS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO INOMINADO DESPROVIDO.
UNÂNIME.(Recurso Cível, Nº 71008199150, Turma Recursal da Fazenda
Pública, Turmas Recursais, Relator: José Pedro de Oliveira Eckert, Julgado
em: 31-10-2019)[0] 
Desta forma, restou demonstrada a culpa do município, portanto é devida a
indenização por danos morais e materiais suportados pela autora-recorrente.
Ante todo o exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso para 
reformar a sentença em seu todo, condenando o município demandado ao pagamento de 
indenização a título de danos morais e materiais a autora-recorrente.
Porto Alegre, 14 de novembro de 2019.
____________________________
FLÁVIA CORRÊA DE LIMA – OAB/RS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Processo nº.:
JAIR SOUZA SANTOS e CARLA OLIVEIRA MARTINS, já qualificados nos
autos do processo que move contra GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA., REDE
RECORD DE TELEVISÃO e CASA DO C. FELIZ RESTAURANTE LTDA – SOFAZÃO,
também qualificados nos autos, vem, por seu procurador, com base no artigo 1.029 do
Código de Processo Civil e artigo 105 da Constituição Federal, interpor RECURSO
ESPECIAL contra decisão que violou lei federal, requerendo seja recebido e processado.
Porto Alegre, 14 de novembro de 2019.
____________________________
FLÁVIA CORRÊA DE LIMA – OAB/RS
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Recorrente: JAIR SOUZA SANTOS e CARLA OLIVEIRA MARTINS
Recorrido: GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA., REDE RECORD DE TELEVISÃO e
CASA DO C. FELIZ RESTAURANTE LTDA – SOFAZÃO
COLENDA CAMARA
Nobres Ministros,
JAIR SOUZA SANTOS e CARLA OLIVEIRA MARTINS, inconformados com a
decisão que julgou improcedentes os pedidos dos autores-recorrentes, vem, desta
recorrer, pelas razões que passa a expor:
RELATORIO
Os autores-recorrentes ajuizaram Ação de Obrigação de Fazer c/c Reparação de
Danos Materiais em face dos recorridos sustentando que houve grave violação ao direito
de imagem e intimidade. O juízo de primeira instância decidiu por acolher os pedidos dos
autores, condenando os réus-recorridos ao pagamento de indenização a título de danos
morais. 
No entanto, entendendo que o valor da indenização deveria ser majorado por
tamanho abalo moral e psicológico, os autores-recorrentes interpuseram recurso de
apelação. O mesmo fizeram os réus, sustentando que a indenização não era devida. 
A apelação dos réus foi provida, decidindo por reconhecer improcedente a ação
proposta pelos autores-recorrentes. No entanto, essa decisão merece reforma, conforme
será demonstrado a seguir.
DA ADMISSIBIDLIDADE RECURSAL
- Cabimento
Conforme se vê, no julgamento não foi observado o artigo 186 do Código Civil,
contrariando, portanto, a Lei Federal nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 e ainda o artigo
5º da Constituição Federal, sendo cabível assim o presente recurso, em obediência ao
artigo 105, III, a da Constituição Federal.
- Tempestividade
A sentença foi publicada na data de 24/10/2019 e o artigo 1.003 do Código de
Processo Civil estabelece o prazo de 15 dias da publicação da sentença. O recurso foi
interposto em 14/11/2019 dentro, portanto, do prazo de 15 dias. Assim, faz-se tempestivo
o presente.
Ademais, o proceso está regular, as partes possuem interesse e legtimidade, além
de estarem devidamente representadas por advogado.
Junta, neste ato, comprovante de pagamento da guia de preparo.
Desta forma, presentes os requisitos de admissibilidade.
PREQUESTIONAMENTO
A matéria objeto do recurso já foi discutida no curso do processo. No entanto, cabe
ainda reforçar a não observância em juízo dos artigos 186 do Código Civil e o artigo 5º da
Constituição Federal, já que os autores-recorrentes sofreram grave abalo emocional e
psicológico por culpa dos demandados.
NO MÉRITO
Conforme se vê da decisão, o juízo foi de improcedência, sob fundamento de que
não houve o abalo e dano moral sofrido por parte dos autores-recorrentes e, portanto, não
há necessidade de indenizá-los.
Ocorre que, ao contrário do que entendeu o juízo, houve sim forte abalo psicológico
aos autores-recorrentes, restando caracterizado o dano moral sofrido por estes e causado
por ação dos réus-recorridos. Quanto à isso, há a necessidade de valoração da prova,
pois a divulgação das imagens com cunho de ofendera integridade moral dos recorrentes
assim o fez, sofrendo assim grave e irreparável dano moral.
Neste mesmo sentido há uma colisão de direitos fundamentais, cuja solução não
impõe o afastamento integral de um de outro, mas sim a adequação proporcional de
ambos, com eventuais preponderâncias. Nesse caso, a necessidade da ponderação dos
princípios da liberdade de expressão versus o direito a intimidade, devendo haver um
limite razoável entre eles, o que não ocorreu no caso em questão, já que o cunho
informativo e relevante para a sociedade não foi observado pelos demandados, restando
caracterizado, por tanto, o dano moral sofrido pelos autores-recorrentes.
DO DIREITO 
Neste diapasão, cabe mencionar o artigo 186 do Código Civil, in verbis:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.”
Ainda neste mesmo sentido, vale ressaltar que o direito a imagem está previsto
expressamente em nossa Lei Maior, inclusive mencionando o cabimento de indenização
por dano moral caso seja violado, se não vejamos no artigo 5º, incisos V e X:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: V - é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação.”
O doutrinador Humberto Theodoro Júnior preleciona neste sentido: 
“Quanto à prova, a lesão ou dor moral é fenômeno que se passa no psiquismo
da pessoa e, como tal, não pode ser concretamente pesquisado. Daí por que
não se exige do autor da pretensão indenizatória que prove o dano
extrapatrimonial. Cabe-lhe apenas comprovar a ocorrência do ato lesivo, de
cujo contexto o juiz extrairá a idoneidade, ou não, para gerar dano grave e
relevante, segundo a sensibilidade do homem médio e a experiência da vida.”
Acerca da necessidade de indenização, Paulo Nader discorre: 
“A indenização por danos morais não visa à reparação, pois não há como a
vítima se tornar indene; condena-se com dupla finalidade: a de proporcionar à
vítima uma compensação e para se desestimular condutas desta natureza.”
Desta forma, percebe-se que decisão fere o artigo 186 do Código Civil,
contrariando a Lei Federal, inclusive o artigo 5º da Constituição Federal e, portanto,
merece reforma.
Ante todo o exposto requer que seja conhecido e provido o presente recurso para
reformar a decisão que julgou improcedente os pedidos dos autores-recorrentes,
condenando os réus-recorridos ao pagamento de indenização a título de danos morais
cometidos por estes.
Porto Alegre, 14 de novembro de 2019.
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FLÁVIA CORRÊA DE LIMA – OAB/RS

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