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UNIVESP – PEDAGOGIA (Turma 2018-2) AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E DA APRENDIZAGEM Respostas complementares a dúvidas da webconferência A avaliação formativa apresenta-se como uma boa opção, mas os especialistas reconhecem os grandes obstáculos para sua aplicação de fato. Então, como viabilizar essa prática nas nossas escolas? A avaliação formativa, para que se torne uma prática efetiva, requer antes de mais nada compreensão e adesão por parte de toda a equipe pedagógica. Trata-se de um movimento de reforma longo, que não passa apenas pelas regulamentações, mas também pelas representações e pelo esforço contínuo e cotidiano nas escolas. Não há receitas prontas, mas o desafio é válido. Gostaria de uma explicação sobre as avaliações formativas reguladoras. A regulação das aprendizagens é uma ideia-chave em trabalhos sobre avaliação, como os de Perrenoud. Trata-se do esforço do professor para compreender como o aluno está se apropriando dos saberes ensinados. Há dúvidas? Dificuldades? Quais são? Como intervir para que os saberes sejam aprendidos? Eu queria entender um pouco melhor sobre a regulação da aprendizagem... pode dar exemplos? Vou dar um exemplo bem simples: diante dos resultados de uma prova de Matemática na qual a maioria dos alunos não conseguiu operar a divisão, o que se pode fazer? Retomar as explicações? Reformular o que foi explicado? Propor novos trabalhos? A regulação das aprendizagens significa que o professor analisa, constata e intervém no processo. Se possível, pode esclarecer a relação entre os conceitos de conhecimento e aprendizagem (semelhanças e diferenças entre eles)? A aprendizagem pode ser interpretada como a apropriação de um determinado conhecimento. Ela consiste em modificar a capacidade de realizar uma tarefa (que pode ser considerada um tipo de conhecimento) a partir de uma interação com o ambiente. Percebo ainda um equívoco na associação entre progressão continuada e promoção automática. Como posso explorar esse tema em meus estudos? Perfeito! Para aprofundar o tema, vale a leitura de Claudia Cristina Fiorio Guilherme, no livro intitulado Práticas docentes no regime de progressão continuada (São Paulo, Junqueira & Marin Editores, 2007). É uma sugestão de leitura. Na semana 6, o artigo de Adriana Bauer fala em “avaliações estandardizadas”. O que quer dizer isso? As avaliações estandardizadas são feitas a partir de um padrão. É esse o princípio das avaliações externas, feitas em larga escala. Quais são os pontos positivos e negativos da Progressão Continuada? O regime foi mal compreendido, e isso foi muito ruim. Mas a proposta pauta-se em algo muito fértil, que é a tentativa de reverter a lógica de um sistema escolar seletivo para outro no qual as aprendizagens sejam valorizadas. A avaliação contínua seria o acompanhamento do progresso em atividades no dia a dia na escola ou em uma avaliação como a formativa? A avaliação formativa parte de um princípio: deve ser usada para favorecer as aprendizagens. Nessa perspectiva, ela abarca várias iniciativas, como a avaliação contínua, que pode ser usada para constatar possíveis dificuldades dos alunos e, a partir delas, organizar o ensino para ajudar o aluno a aprender mais. AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E DA APRENDIZAGEM Texto de revisão PROFª DRª SÔNIA MARIA VANZELLA CASTELLAR No desenvolvimento da disciplina “Avaliação Educacional e da Aprendizagem”, tivemos como objetivo identificar a importância dos processos da avaliação formativa na aprendizagem dos alunos. Estudamos a construção histórica da avaliação escolar e a influência das nossas experiências escolares anteriores em nossa prática atual, o papel da autoavaliação e a função da avaliação interna e externa em relação a prática docente e sua intervenção no sistema educacional e no cotidiano escolar. A avaliação educacional e da aprendizagem é fundamental de ser entendida e estudada porque coloca o aluno no centro do processo de ensino e aprendizagem, ao mesmo tempo que o professor revela sua prática pedagógica. Na primeira semana, estudamos o ato de avaliar e seu papel na organização do sistema de ensino seriado. Partimos de análises sobre o sentido da cultura escolar e das memórias dos professores sobre o sistema e das experiências vivenciadas como aluno. Um ponto importante desse tema foi identificar de que maneira a avaliação reflete o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes, o que significa que também é fundamental analisar, por meio da avaliação, a capacidade de compreensão dos conteúdos (novos conhecimentos e habilidades). Nessa semana também analisamos as trajetórias de formação como parte do processo de aprendizagem, ressaltando os sucessos e fracassos na escola. A abordagem sobre a avaliação formativa e classificatória foram as que tiveram mais ênfase e que interferem no trabalho cotidiano do professor em sala de aula, com várias possibilidades de apreender e registrar os processos de aprendizagem de acordo com a natureza dos conteúdos ministrados e os objetivos propostos, até uma perspectiva mais ampla, voltada para verificar o desempenho de diferentes estabelecimentos de ensino e, assim, reunir dados para o planejamento de ações destinadas ao aperfeiçoamento de nosso sistema educacional. Na segunda semana, a discussão teve como propósito promover uma reflexão sobre o significado da avaliação, a relação com o ensinar e as memórias dos professores em relação a escola e ao processo de aprendizagem, as quais podem, em união com as ferramentas técnicas, auxiliar a escolher os métodos de avaliação e análise para chegar ao objetivo de ensino do conteúdo. O ponto relevante dessa semana foi a análise referente a complexidade que envolve a avaliação – formativa e classificatória –, o que implica rever aspectos do sistema educacional e da prática docente, por isso a complexidade dos tipos de avaliação. A avaliação revela ainda uma visão de escola, a manutenção ou não das tradições das culturas escolares e reflete na relação entre professor e aluno, principalmente no que diz respeito à maneira como encaramos a escola e a nossa capacidade de aprender novos conhecimentos e habilidades. Todo o trabalho do professor envolve um processo avaliativo, e todo pensamento sobre a escola também, pois esse processo deve envolver o crescimento tanto do aluno quanto do professor, de maneira clara e contundente, com critérios e objetivos claros para todos os envolvidos, afinal, nenhuma avaliação é neutra nem isenta, precisa ser contextualizada e conduzir a uma avaliação da aprendizagem. Na terceira semana, vimos que os estudos sobre a memória e as experiências de avaliação reverberam nos processos de aprendizagem (sucesso e fracasso) vivenciados na escola. Os vídeos e os textos indicam caminhos para serem pensados e analisados no sentido de melhorar a qualidade de ensino na escola. O estudo mostrou os sentidos e significados que foram atribuídos à avaliação no decorrer do processo de organização do sistema de ensino brasileiro, que se iniciou a partir do final do século XIX. As primeiras escolas graduadas foram instauradas no Brasil em 1893, com esse modelo surgiram os calendários escolares com tempos específicos para se avaliar os conteúdos apresentados para cada turma. Com base nos modelos escolares de países como Portugal e França, os alunos eram divididos por série de acordo com a idade, considerando que todos da mesma idade tinham o mesmo conhecimento para poder aprender determinado conteúdo, assim, o conteúdo era transmitido pelo professor, que ao final de um ciclo, avaliava os alunos para poder organizá-los nas séries seguintes. Com uma avaliação unificada, os alunos passam a se importar apenas com a nota e não com o aprendizado em si, forçando a reprodução de um conteúdo decorado. Esses métodos foram uma constante até que os primeiros imperativos de mudança começaram com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,de 1996. Discutindo as articulações entre avaliação e representações da aprendizagem, pretendemos mostrar as diferentes lógicas que envolvem essa atividade e as suas potencialidades como promotora do aprendizado. É preciso entender o que precisamos fazer para que os alunos aprendam, nesse sentido, é crucial que o professor faça reflexões sobre o processo de aprendizagem e como ele se dá de diferentes formas para diferentes pessoas, em diferentes contextos e no tratamento de conteúdos variados. Na quarta semana, trabalhamos com as diferentes lógicas que norteiam os processos avaliativos e suas relações com as possibilidades de organização escolar em modelos de séries e ciclos, pois o sistema avaliativo influencia na gestão da aula, no cuidado com os alunos e suas dificuldades e no trabalho do professor. Discutimos a importância da avaliação formativa, o rompimento com a organização em graus e a dificuldade em se dar uma nota, por ser difícil quantificar o conhecimento. A avaliação deve ser uma maneira de verificar se o aluno aprendeu, por isso há diversos movimentos para que a centralidade do processo avaliativo seja o aprendizado e não o ranqueamento a partir de notas. A flexibilização do fluxo escolar e o rompimento da seriação, com avaliações contínuas e uma progressão continuada, exige uma autoavaliação do professor para saber o que deve ser avaliado. Existem diversas formas de realizar avaliações, que envolvem ferramentas, técnicas, análises e tempos diferentes, porém. implantá-las faz parte de um processo que pode culminar em diversas mudanças positivas no sistema escolar. Na quinta semana, discutimos sobre a regulação da aprendizagem, instrumentos avaliativos e as diferentes formas de avaliação, visto que ela está atrelada a uma concepção de mundo, de escola e de ser humano, envolvendo questões didáticas, pedagógicas, políticas e sociais. Um processo avaliativo que classifica, compara e controla pode gerar êxitos ou fracassos em diversos níveis de aprendizagem. Nessa semana também apresentamos ferramentas avaliativas além das provas, como portfolios, produções de maneira geral como desenho, música e autoavaliação, além dos fundamentos das avaliações somativas, qualitativas, diagnósticas e contínuas, com ênfase na avaliação formativa. A avaliação somativa é uma síntese do processo avaliativo, que se materializa com notas ou conceitos, atribuindo uma nota, normalmente uma média, sem considerar a trajetória de aprendizagem do educando, um processo que ajuda a classificar e selecionar o aluno. A avaliação qualitativa quebra com uma lógica de testes e exames para lógica da observação, das questões abertas e outras ferramentas que resultem em dados precisos sobre o que ele está aprendendo. A avaliação diagnostica se dá no início de um processo e revela as aprendizagens do aluno no momento especifico, ela pode fazer uso de vários instrumentos como produção de textos, relatório e resolução de problemas, mas se o resultado não for considerado nos planejamentos seguintes, ela é inútil. Enquanto que na avaliação contínua não há um momento especifico para avaliar e nem a atribuição de uma nota, é o processo que leva a compreender a aprendizagem do educando. A avaliação formativa visa a melhoria da aprendizagem de todos, considera os tempos de aprendizagem de cada sujeito e como elaboram, pensam e desenvolvem seus aprendizados. O professor interfere em cada etapa e as avaliações são contínuas e qualitativas, logo, a avaliação não deve servir só para identificar se o aluno vai ser retido ou aprovado. Na sexta semana, discutimos sobre as avaliações institucionais e as avaliações externas, suas características e influências em diversas esferas do cotidiano escolar. Foram apresentados diferentes pontos de vista e as discussões sobre suas vantagens e seus problemas, principalmente por apresentar dados que não necessariamente condizem com a realidade total de um grupo, mas que podem dar visibilidade a grandes projetos ou problemas. As avaliações externas foram criadas a priori como uma política educacional em busca de uma regulação da qualidade do ensino, mas são organizadas fora do ambiente escolar, normalmente pelo estado. Pensadas para serem aplicadas com um numero muito grande de alunos de maneira padronizada, onde reside as maiores críticas, pois desconsideram o processo de aprendizagem e as particularidades dos grupos, produzindo inclusive efeitos negativos no trabalho do professor, como a perda da autonomia. Essas avaliações podem servir como guia de planejamento, banco de informações e mecanismo de incentivo à busca por melhorias, mas, com correções neutras e objetivas, tendendo a culpabilizar os professores e escolas pelos resultados obtidos, acabam por ranquear alunos, alocar recursos, distribuir bônus e estimular a competição, tirando dos professores a função de decidir como ensinar os conteúdos por orientação de ensinar os conteúdos cobrados nas provas, sem preocupação com outros conceitos e habilidades importantes à formação dos alunos. Os problemas podem ser relacionados a desarticulação e distanciamento entre os acadêmicos da área de avaliação e os responsáveis pela definição das políticas. Durante a sétima semana, convidamos os alunos a pensar e conhecer práticas docentes que utilizam a avaliação a serviço da aprendizagem, considerando o compartilhamento e a articulação da equipe em busca de favorecer o aprendizado por meio de processos formativos. Apresentamos as experiências de professoras que atuam na escola pública para discutir suas práticas e resultados, propondo alternativas para as questões identificadas como obstáculos para a aprendizagem, a necessidade de se repensar o currículo, o tempo e a dinâmica escolar de modo geral e tendo como base uma sólida discussão e articulação do projeto político pedagógico da escola, a educação continuada do corpo docente.