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TREINAMENTO FISICO APLICADO A ESPORTES COLETIVOS - UNIASSELVI CAP 3

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CAPÍTULO 3
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, 
TÁTICA E PSICOLÓGICA DOS ESPORTES 
COLETIVOS
A partir da perspectiva do saber fazer, são apresentados os seguintes objetivos de 
aprendizagem:
  Compreender a importância da preparação física, técnica, tática e psicológica para 
atletas das modalidades coletivas;
  Planejar o treinamento de acordo com as competências dos jogadores dos esportes 
coletivos em seus aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos.
78
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
7979
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo determina as competências do jogador nos quatro aspectos 
fundamentais para a formação completa de um jogador para os esportes 
coletivos. Neste momento acontece um aprofundamento detalhado das 
competências física, técnica, tática e psicológica e suas particularidades, 
dentro de sugestões ordenadas para cada competência. Na proposta deste 
Caderno, veremos as quatro competências de maneira distinta e resumida. 
Fatores de evolução física, técnica, tática e psicológica são discutidos aqui, 
lembrando que cada fator tem infl uência no seguinte, sendo um complemento 
ou compensação do outro de acordo com as necessidades de evolução para o 
esporte ou em situações específi cas de jogo.
COMPETÊNCIAS DO JOGADOR DE 
ESPORTES COLETIVOS
Para atingir o alto nível esportivo, o jogador demanda vários anos de 
prática, inúmeras repetições de um fundamento, grande capacidade criativa 
e inteligência tática, além de ter o biotipo adequado à função em quadra 
ou campo. Deve ter tido um bom treinador, apoio da família, condições 
educacionais e fi nanceiras. Aspectos sociais, como a interação, o trabalho 
em grupo e obtenção de performance em união, também são exigências de 
personalidade dos melhores atletas. 
O jogador completo deve ter a sua formação baseada na relação 
ideal de quatro competências (Competências Técnicas, Táticas, Físicas e 
Psicológicas). Cada um destes fatores abrange situações que infl uenciam no 
aprendizado e desenvolvimento completo do jogador. Essas exigências estão 
determinadas e divididas propriamente no auxílio do entendimento de cada 
passo a ser adquirido e observado para a consolidação de uma preparação 
completa e ideal. 
Para entender, de forma visual, quais são as competências dos 
jogadores de esportes coletivos, defi nimos os quatro aspectos que devem 
ser considerados na formação. A fi gura a seguir exemplifi ca as funções e 
competências básicas de um jogador completo:
Competências 
Técnicas, Táticas, 
Físicas e Psicológicas.
80
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Figura 9 - Competências básicas de um jogador
Fonte: O autor.
Todos os aspectos da formação (física, técnica, tática e psicológica) são 
importantes, e a falta de aprofundamento em um deles poderá rotular o jogador 
como despreparado ou limitado em sua carreira futura. Essas competências 
estarão melhor defi nidas na sequência deste capítulo. Para entender a fi gura 
9, você precisa defi nir quais as características de cada esporte e, assim, as 
competências dos jogadores para o esporte. 
Atividade de Estudos:
1) Considerando a fi gura anterior, sobre as competências do 
jogador completo, preencha a fi gura abaixo de acordo com o 
seu esporte e as quatro competências presentes no esporte 
escolhido. 
 Instruções de preenchimento - Identifi que e classifi que 
na fi gura a seguir as: 1) competências físicas (Capacidades 
físicas mais importantes); 2) as táticas individuais e coletivas 
apresentadas (caracterizadas no seu esporte); 3) os 
8181
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
fundamentos do esporte; 4) os aspectos psicológicos mais 
relevantes para um jogador completo para o seu esporte. 
Assim, preencha os espaços:
A PREPARAÇÃO FÍSICA PARA OS ESPORTES 
COLETIVOS
A preparação física é a parte mais importante do treinamento desportivo, 
pois desenvolve as capacidades físicas necessárias e inerentes aos esportes 
e pode transformar jogadores comuns em grandes atletas. A preparação física 
serve de base para a evolução dos atletas, uma vez que dá condição para 
o desenvolvimento das capacidades físicas que interferem diretamente no 
progresso das habilidades técnicas, consciência tática e segurança psicológica 
que o atleta deve possuir para competir com efi ciência e efi cácia. 
A evolução técnica depende da condição física do jogador. Quanto mais 
apurado seja o nível em que se atua, mais importante será a elevação de 
sua condição física. A falta de condição física ideal interfere na execução 
82
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
dos fundamentos, na manutenção do nível técnico e tático alto durante os 
treinamentos e partidas, e diminui o poder de atenção e percepção. 
Capacidades motoras são as primeiras a serem trabalhadas nos iniciantes. 
Exercícios variados, inicialmente sem a bola, que desenvolvam a agilidade, 
os deslocamentos, são importantes na postura básica do jogador e no 
desenvolvimento posterior da posição de expectativa e de outros fundamentos 
do jogo. Nas idades iniciais, os exercícios com objetivos de promover a 
capacidade orgânica não precisam ser necessariamente cansativos ou 
monótonos. Pelo contrário, o treinador deve fazer uso de jogos e atividades 
recreativas com e sem bola para desenvolver a qualidade física de maneira 
natural e interessante para o iniciante. 
Nas fases iniciais de desenvolvimento, a preparação física é importante, 
porém menos signifi cante do que nas fases de adulto ou alto rendimento. A 
maioria das equipes menores tem um tempo semanal reduzido de treinamentos 
e procura utilizá-lo essencialmente na preparação técnica e tática, deixando 
em segundo plano a preparação física. Esta é uma decisão inteligente, uma 
vez que normalmente as partidas das categorias menores são disputadas em 
menor tempo. O jogo é mais lento e pausado, não exigindo enormes esforços. 
Algumas federações estabelecem em regra que as equipes devem utilizar 
vários jogadores durante a partida. Esta rotatividade oportuniza o esporte para 
mais crianças e, ao mesmo tempo, descansa outras (MÜLLER, 2009).
Os atletas dos esportes coletivos utilizam várias capacidades físicas, 
de acordo com as características de cada esporte. Weineck (1999) divide 
as capacidades em coordenativas ou condicionais, sendo as capacidades 
condicionais referentes aos processos energéticos e as coordenativas se 
referem às reguladoras do sistema nervoso central (SNC). O autor ainda 
aponta que a capacidade de desempenho esportivo se manifesta por meio de 
uma sequência de movimentos, signifi cando que a qualidade está relacionada 
aos aspectos coordenativos (SNC) e a quantidade está relacionada aos 
aspectos condicionais (sistema energético). 
A Figura 10, a seguir, apresenta um resumo das capacidades condicionais 
e coordenativas na visão de Gundlach (1968), Weineck (1999) e Dantas 
(2003).
Capacidades em 
coordenativas ou 
condicionais.
Qualidade está 
relacionada 
aos aspectos 
coordenativos (SNC) 
e a quantidade está 
relacionada aos 
aspectos condicionais 
(sistema energético). 
8383
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
Figura 10 - Capacidades condicionais e coordenativas
Fonte: Adaptado de Gundlach (1968), Weineck (1999) e Dantas (2003).
Diferente de esportes em que existe apenas uma capacidade 
predominante, como a velocidade na prova de 100 metros do atletismo, ou a 
resistência aeróbica como predominante na maratona, os esportes coletivos 
agregam várias capacidades, tanto coordenativas quanto condicionais.
84
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Para treinar uma equipe, você deve conhecer as exigências físicas 
específi cas do seu esporte e da posição de cada jogador. Para que alcanceeste patamar, o esporte em questão deve ser analisado e as capacidades 
físicas entendidas em mais ou menos importantes e inclui-las na periodização. 
Dentro da periodização, você pode dividir o treinamento físico em fases 
distintas, na busca de um resultado aprimorado ao longo da temporada. Para 
Plantonov e Bulatova (2003), a preparação física se divide da seguinte forma:
• Preparação física geral: Abrange as qualidades motoras essenciais, 
tais como: aumentar os níveis de resistência, força, aprimorar a 
velocidade, melhorar a fl exibilidade e a coordenação, obtendo, assim, um 
desenvolvimento integral para a modalidade em questão.
• Preparação física específi ca: Procura desenvolver as qualidades 
específi cas de acordo com as exigências intervenientes da modalidade, 
como, por exemplo: tempo de reação, equilíbrio, aumento da massa 
muscular, força específi ca como potência, resistência muscular, entre 
outras.
Assim, a preparação geral melhora os níveis cardiopulmonar e 
neuromuscular, enquanto a preparação específi ca ajuda o jogador a 
condicionar-se às exigências impostas durante o jogo, além de manter ou 
melhorar os níveis de habilidades técnicas/táticas. 
Para entendermos um pouco mais sobre as características/capacidades de 
cada esporte e, ainda, de cada posição, devemos utilizar ferramentas que nos 
ajudem a melhor compreender o esporte. Essas ferramentas estão disponíveis 
na forma de testes e avaliações, além da observação da modalidade escolhida. 
Bompa (2005) indica que para perceber quais capacidades devem ser 
treinadas, o treinador deve avaliar o esporte em questão por meio de padrões 
de análise, que devem considerar:
a) Análise do tempo-movimento – analisar as características predominantes 
do esporte, como os deslocamentos, corridas lentas ou velozes, saltos, 
quedas e, em especial, os fundamentos técnicos de cada posição ou do 
esporte como um todo. A partir disso, entender quais são as exigências 
maiores em relação ao consumo energético, ou a Ergogênese (colapso 
energético). Por exemplo: Qual o sistema energético predominante em 
cada modalidade como um todo e para cada posição em campo ou quadra?
A partir disso, 
entender quais são as 
exigências maiores em 
relação ao consumo 
energético, ou a 
Ergogênese (colapso 
energético).
8585
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
Tabela 1 - A ergogênese dos esportes coletivos em percentual de utilização
ERGOGÊNESE PROPORÇÃO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE ENERGIA EM PERCENTUAL (%)
Sistema Energético/
Desporto
Sistema Alá-
tico 
Sistema 
Lático Sistema Aeróbico
Basquetebol 30% 40% 30%
Futebol 15% 15% 70%
Futsal 30% 30% 40%
Handebol 20% 30% 50%
Voleibol 40% 10% 50%
Fonte: Adaptado de Bompa (2005).
A Tabela 1 apresenta uma noção global da utilização energética nos 
esportes coletivos. Como exemplo e melhor entendimento, a Tabela 1 considera 
o futebol como um esporte de predominância aeróbica, devido a duração longa 
de uma partida e, também, um esporte de características anaeróbicas láticas, 
devido a momentos de intensidade alta e de curta duração, como um contra-
ataque. 
Já o Quadro 13 apresenta as características por posição, no qual os 
jogadores têm algumas características em comum, mas também existem 
particularidades que devem ser treinadas de forma específi ca.
Quadro 13 - O sistema de energia dominante por posição no futebol
POSIÇÃO ATP/CP Ácido Lático Oxigênio
Goleiro X
Defensor X X
Meio-campista X X
Atacante X X X
Fonte: Bompa (2005).
b) A distância percorrida por jogo – Específi ca por posição e pelas 
características de cada esporte. Bompa (2005) continua no futebol, 
como exemplo, e descreve que um meio-campista irá correr de 10km a 
15km por jogo, enquanto um zagueiro difi cilmente irá correr mais do que 
8km, passando pelo goleiro para o qual correr não é uma característica 
da posição. No basquete, o pivô irá correr maiores distâncias entre as 
86
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
extremidades da quadra, em que deve defender e atacar “dentro” do 
garrafão, enquanto o armador irá correr no centro da quadra em distâncias 
totais menores. 
c) A intensidade do jogo – Este fator está ligado às qualifi cações dos 
jogadores. Quanto mais alto o nível da competição, maior a intensidade 
do jogo. O ritmo do jogo, o nível de condicionamento dos jogadores, a 
temperatura, a altitude e a umidade do ar são fatores que interferem no 
estresse fi siológico. A alta intensidade do jogo é percebida pela perda de 
peso dos atletas (de 1 a 2kg), a frequência cardíaca excedendo a 180bpm 
e a concentração de ácido lático no sangue em níveis de 8 a 12mmol. 
d) Fontes de energia – Na maioria dos esportes coletivos utilizamos as três 
fontes de energia, o aeróbico (intensidade leve ou moderada, com longa 
duração) e o anaeróbico, que se divide em alático (intenso e muito curto, 
até cerca de 20 segundos de execução e não tendo a produção de ácido 
lático como produto fi nal) e o lático (intenso e curto, de 10 segundos 
até 2 minutos, tendo a produção de ácido lático como produto fi nal). Em 
situações de intensidade máxima e pouco tempo de execução, como um 
salto, utilizamos o sistema alático ou fosfogênio. Quando a intensidade 
é submáxima e a duração maior, de 30 segundos a 2 minutos (um longo 
rali no vôlei, utilizamos o sistema anaeróbico lático, com grande presença 
de ácido lático, que causa fadiga acentuada, mas que tem recuperação 
rápida). Quando mantemos o movimento prolongado, de forma contínua e 
com baixa ou média intensidade, aumentamos o consumo de oxigênio e, 
portanto, utilizamos o sistema aeróbico.
e) Capacidades físicas dominantes – Além das capacidades aeróbicas 
e anaeróbicas, os jogadores de esportes coletivos utilizam e devem 
desenvolver capacidades físicas inerentes à sua prática. Essas 
capacidades, também chamadas de intervenientes, devem ser defi nidas 
e separadas para o treinamento diário, de acordo com as necessidades 
de cada esporte. Resta a você determinar quais capacidades o seu 
esporte exige de forma imprescindível e como e quando se deve treiná-
las. Posteriormente, neste capítulo, apresentaremos as capacidades 
intervenientes para melhor entendimento.
É importante percebermos que todos os sistemas energéticos ou 
as qualidades físicas dominantes podem ser treinadas, tanto dentro da 
periodização, na fase de preparação física de forma geral, como também na 
fase de preparação específi ca.
8787
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
Ótimos livros sobre preparação física nos esportes coletivos:
BOMPA. T. Treinando atletas de desporto coletivo. São 
Paulo: Phorte. 2005.
WEINECK, J. Treinamento ideal. Tradução de Beatriz Maria 
Romano Carvalho. São Paulo: Manole. 1999.
AS CAPACIDADES FÍSICAS INTERVENIENTES
Os esportes coletivos possuem características em comum em relação às 
qualidades ou capacidades físicas e que devemos catalogar. Para o nosso 
propósito, devemos defi nir quais são as principais CF mais presentes nos 
esportes coletivos. Assim, Dantas (2003) relaciona e defi ne as principais 
encontradas em comum nas modalidades como futsal, futebol, handebol, 
basquetebol e o voleibol, que são:
• Agilidade – Qualidade física que permite a mudança de direção do 
movimento ou a posição do corpo em menor tempo possível. 
• Velocidade – Capacidade de executar uma ação no menor tempo possível. 
Velocidade nos esportes coletivos é necessária em ambas as formas: 
Velocidade ou Tempo de Reação compreende a resposta a um estímulo 
e a Velocidade de Movimento compreende a rapidez de execução de uma 
contração muscular.
• RML – A Resistência Muscular Localizada refere-se à capacidade de um 
músculo ou grupo muscular de suportar repetidas contrações. 
• Resistência Anaeróbica – Capacidade que possibilita o organismo a 
exercícios de alta intensidade em pequena duração. Alta intensidade 
físicaentre saltos e deslocamentos em um tempo curto e que raramente 
ultrapassam a 40 segundos de duração. 
• Resistência Aeróbica – Capacidade que possibilita o organismo a 
exercícios de intensidade baixa ou moderada em um longo tempo de 
duração. 
• Força Explosiva – Força é a principal exigência física do atleta no voleibol 
moderno. Força é uma qualidade que permite o músculo ou grupo muscular 
de opor-se a uma resistência. Força Explosiva é a combinação entre força 
e velocidade. 
• Equilíbrio – Capacidade de manutenção da projeção do centro de 
gravidade dentro da área de superfície de apoio. Equilíbrio Dinâmico é 
88
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
aquele mantido durante o movimento (O deslocamento da passada de 
ataque) e o Equilíbrio Recuperado é o que se situa no ponto que ocorre a 
transição entre o repouso e o movimento ou vice- versa.
• Flexibilidade – Qualidade física expressa pela maior amplitude possível do 
movimento voluntário de uma articulação ou articulações num determinado 
sentido. 
Quando treinamos um esporte, devemos considerar quais são as 
qualidades ou capacidades físicas (CF) com que devemos nos preocupar 
e treinar de forma mais específi ca e quais não devemos considerar. Dantas 
(2003) descreve que para cada esporte temos as CF que são Imprescindíveis 
(IP), Importantes (IM), Secundárias (S) ou, ainda, Não Participa (NP). Resta 
a nós relacionarmos quais das CF do esporte em que atuamos irão interferir 
na performance de forma IP (devo treiná-las em maior volume e intensidade), 
de forma IM (devo treiná-las, mas sem muita intensidade ou dependendo da 
necessidade do grupo de atletas disponíveis) e de forma S (não devo me 
preocupar com estas capacidades). Exemplifi cando de modo simples e sem 
considerar o nível dos jogadores disponíveis: Se o meu esporte coletivo, como o 
futsal, possui características de gasto energético predominantemente aeróbico, 
mas com momentos anaeróbicos, além de várias repetições de um movimento 
(corridas ou passes), devo considerar a Resistencia Aeróbica/Anaeróbica e 
a Resistência Muscular Localizada (RML) dos membros inferiores e prepará-
los para o alto número de repetições, como imprescindíveis. Posso trabalhar 
a Força Explosiva como Importante, para melhora do chute e não preciso 
trabalhar o Ritmo, considerado, neste exemplo, como uma CF Secundária.
A partir da avaliação precisa de quais CF serão treinadas de forma IP, IM 
ou S, devemos considerar a proporção de tempo para cada uma delas. Nesta 
parte, devemos, ainda, determinar a localização exata do gesto desportivo 
principal, segmento corporal ou grupo muscular, no desporto considerado, 
para, então, preparar uma série de treinos para este segmento, respeitando, 
assim, o princípio da especifi cidade no treinamento desportivo. Dantas (2003) 
demonstra a importância do estudo detalhado do desporto no planejamento da 
preparação física por meio do seguinte esquema:
Imprescindíveis (IP), 
Importantes (IM), 
Secundárias (S) ou, 
ainda, Não Participa 
(NP).
8989
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
Figura 11 - Estudo detalhado do desporto como base 
do planejamento da preparação física
Fonte: Dantas (2003).
As CF intervenientes podem ser percebidas pela avaliação e conhecimento 
do esporte. Além disso, podemos utilizar uma tabela para classifi car as CF do 
esporte em forma de scout. Dantas (2003) sugere que se faça um controle 
por meio de uma tabela, preenchendo-a com as CF a serem treinadas. No 
Quadro 14, a seguir, há uma sugestão de identifi cação das CP utilizando o 
Polo Aquático como exemplo:
Quadro 14 - Identifi cação das qualidades físicas 
intervenientes no Polo Aquático
CAPACIDADES FISICAS Membros Superiores
Membros 
Inferiores Tronco Geral
Forma
Física PreparaçãoNeuromuscular
 Flexibilidade
 Força
 Dinâmica
Força 
Estática
Força
Explosiva IM IP
RML IP IP
90
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Preparação
Cardiopulmonar
Resistência
Anaeróbica IM
Resistência 
Aeróbica
Habilidade
Motora
 Velocidade 
 Movimento IP IP
 Velocidade 
 Membros IP
Velocidade 
Reação IP
Agilidade IP
Equilíbrio S
Descontração S
Coordenação IP
 (IM) Imprescindível (IP) Importante (S) Secundaria
Fonte: Dantas (2003).
Assim, levando em conta o exemplo acima, o treinador deverá treinar 
de forma mais consistente a capacidade anaeróbica e a força explosiva de 
membros superiores. Também deverá treinar de forma prioritária as três 
velocidades, a agilidade, a RML e a coordenação. E deverá treinar, mas sem 
muita ênfase, o equilíbrio e a descontração.
Atividade de Estudos:
1) Diante do que foi estudado sobre diagnóstico das CP para 
os esportes, preencha o quadro abaixo de acordo com o seu 
esporte e as qualidades físicas intervenientes.
 
 Instruções de preenchimento – Fazendo um estudo detalhado 
do seu esporte, identifi que e assinale no quadro abaixo a 
correspondência das CP e a sua importância no esporte que 
você escolheu. Assinale “IM” para as CP Imprescindíveis, “IM” 
para as CP Importantes, “S” para as Secundárias e “NP” para 
as Não Participa:
9191
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
PREPARACAO FÍSICA
CAPACIDADES FÍSICAS MembrosSuperiores
Membros
Inferiores Tronco
Forma
Física
Preparação
Neuromuscular
Flexibilidade
Força
Dinâmica
Força
Estática
Força
Explosiva
RML
Preparação
Cardiopulmonar
Resistência
Anaeróbica
Resistência
Aeróbica
Habilidade
Motora
Velocidade
Movimento
Velocidade
Membros
Velocidade
Reação 
Agilidade
Equilíbrio
Descontração
Coordenação
A própria característica dos treinamentos com bola, que exigem uma 
demanda física de atletas, pode ser enquadrada como parte da preparação 
física, fi cando a critério dos treinadores o controle de seu volume e intensidade, 
de acordo com as fases de preparação defi nidas na periodização da equipe. 
92
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Por outro lado, na musculação podem-se criar exercícios com carga 
que repetem o gesto técnico exigido, que além de trabalharem os grupos 
musculares específi cos, contribuem na melhora da própria técnica necessária, 
uma vez que são executados dentro de uma cinesiologia ideal. 
Na musculação igualmente se pode trabalhar o fortalecimento muscular 
para grupos musculares específi cos com o intuito da prevenção às lesões 
de over use (lesões de fadiga causadas por excessos de repetição) ou 
na recuperação articular e muscular individual, tão comum aos atletas de 
handebol, futebol, basquetebol e voleibol, como ombros, cotovelos, coluna, 
joelhos e tornozelos. O fator preventivo é considerado imprescindível na busca 
da formação de jogadores em longo prazo.
Over use é o excesso de movimento realizado pelo mesmo 
grupo muscular e que pode levar à fadiga.
Outra preocupação importante é a segurança em treinamentos físicos ou 
técnicos para proteger os atletas das lesões por acidente ou por over use. 
Para tanto, é prudente utilizar-se de meios de análise e acompanhamento 
corretivos. Por exemplo, quando da postura na execução de um exercício na 
musculação (ergonomia), a análise do movimento (cinesiologia) na educação 
ou reeducação do gesto desportivo para preservar uma ou várias articulações.
Além dos detalhes citados acima, é dever do treinador proteger seus 
atletas com aconselhamentos da importância da proteção para o esporte (tênis 
adequados e proteções como tornozeleiras, joelheiras, munhequeiras) ou com 
a utilização dos espaços e materiais adequados para os trabalhos técnicos ou 
físicos, como o piso apropriado, tapetes para saltos, boa iluminação, ventilação 
e limpeza. 
Os esportes coletivos solicitam esforços repetitivos e a boa dosagem 
destes pode preservar aspectos físicos e psicológicos dos jovens atletas. 
É coerente respeitar a evolução física do jogador e pensar em longo prazo. 
Com a intençãode melhorar suas equipes, alguns treinadores e preparadores 
físicos extrapolam nos conceitos fundamentais do treinamento desportivo, 
ultrapassando os limites da condição física. Nas fases iniciais, o trabalho 
físico mal orientado ou descomedido pode levar à fadiga, ao over training e 
ao consequente desinteresse do jovem jogador pelo esporte. Muitos jovens 
talentos têm seu futuro comprometido e até interrompido pela precocidade das 
sobrecargas nos treinamentos (CORDEIRO, 1997).
9393
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
Over training é o excesso de treinamento que pode causar 
lesões e estresse mental.
Vimos, aqui, que a preparação física pretende aprimorar os aspectos 
físicos, essenciais ao desempenho esportivo, mas sempre dentro dos limites 
de cada ser humano, para que tenhamos sucesso em longo prazo e não 
abreviarmos as carreiras em virtude dos excessos cometidos devido ao over 
training. Agora que vimos detalhes fundamentais sobre a preparação física, 
iremos destacar os aspectos técnicos no próximo assunto.
A PREPARAÇÃO TÉCNICA PARA OS 
ESPORTES COLETIVOS
Os fundamentos dos esportes são executados de forma a respeitar uma 
técnica específi ca. Assim, a técnica é a maneira pela qual uma habilidade 
é desempenhada e a qualidade deste desempenho tem se relaciona com 
a efi ciência do jogador e da equipe. Bompa (2005) determina que a técnica 
diferencia um jogador de outro, além de ser um conjunto de procedimentos 
que, por meio de forma e conteúdo, assegura e facilita o movimento para 
determinada função ou utilização no esporte.
De acordo com Cordeiro (1996), técnica é uma conduta objetiva e 
econômica para obtenção de um alto rendimento. Mais do que isso, a técnica, 
na busca de um modelo considerado ideal, deve ser objetivo principal no 
treinamento de futuros jogadores e no aperfeiçoamento contínuo de jogadores 
mesmo em alto nível. Os iniciantes devem entender isso como um princípio 
de treinamento evolutivo e terem a condição de perceber a execução de suas 
técnicas condicionadas a um padrão ideal para uma correção posterior. Não 
raramente jogadores de alto rendimento percebem seus defeitos técnicos 
logo após a execução de uma determinada ação, sem a necessidade da 
intervenção do treinador. Esse princípio deve ser explorado na iniciação 
sempre que possível, para que o jogador entenda desde cedo a importância 
do gesto técnico bem executado e suas variáveis. O conhecimento técnico 
deve ser discutido com os jogadores para que se transforme num hábito na 
busca da autocorreção, viabilizando a evolução e o entendimento do jogo.
Os detalhes técnicos de determinado fundamento devem ser ensinados 
após a execução básica deste. Por exemplo, inicialmente o jogador de futsal 
deve executar um domínio da bola com o pé, após o passe próximo de maneira 
ideal, para, depois, aumentar a distância do passe e executar o domínio e, 
A técnica é a 
maneira pela qual 
uma habilidade é 
desempenhada e 
a qualidade deste 
desempenho tem 
se relaciona com a 
efi ciência do jogador e 
da equipe.
A técnica, na busca 
de um modelo 
considerado 
ideal, deve ser 
objetivo principal 
no treinamento de 
futuros jogadores e 
no aperfeiçoamento 
contínuo de jogadores 
mesmo em alto nível.
94
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
assim, sucessivamente, até realizar o domínio com outras partes do corpo 
com a bola recebida no chão, a meia altura ou alta.
Bompa (2005) explica que a técnica de jogo pode ser utilizada como um 
sistema de movimentos e habilidades integrados e automatizados, usado para 
atingir um objetivo técnico, tanto ofensivo quanto defensivo. 
Para melhor entender a técnica, sua importância e utilização nos esportes, 
devemos primeiramente defi nir alguns termos relacionados à técnica, a partir 
de Bompa (2005):
• Elementos Técnicos – partes fundamentais que constituem toda a técnica 
usada nos esportes e dentro das regras. Exemplo: driblar, chutar, roubar a 
bola;
• Procedimentos Técnicos – são as diversas maneiras de executar um 
elemento técnico. Por exemplo: o arremesso do basquete é um elemento 
técnico, porém o arremesso com salto e a bandeja são procedimentos 
técnicos derivados de um elemento técnico. Os procedimentos técnicos 
podem ser divididos em ações motoras simples ou complexas:
 – Procedimentos técnicos simples – Procedimentos de aprendizado e 
execução simples, como o lance livre no basquete, o pênalti no futebol 
ou a rebatida no beisebol, e têm em comum três partes distintas: 1) 
posição inicial; 2) ação técnica e 3) posição fi nal;
 – Procedimentos técnicos complexos – combinam vários fatores e 
movimentos dentro de uma técnica. São mais difíceis de aprender e 
executar, pois envolvem variáveis como o adve rsário, a velocidade 
da bola, etc. Exemplo: driblar, chutar em deslocamento;
• Habilidades de velocidade baixa – realizadas lentamente na busca de 
uma melhor solução tática, para uma posterior velocidade alta;
• Habilidades de velocidade alta – realizadas com baixa amplitude, mas 
grande explosão, especialmente para surpreender o adversário. Esta 
habilidade depende taticamente: 1) do tempo e percepção espacial; 2) 
rapidez e 3) domínio da habilidade;
• Fintas – habilidades técnicas individuais usadas com a intenção de enganar 
ou confundir o adversário, tanto no ataque quanto na defesa. Usadas para 
superar uma marcação e podem ser realizadas com bola ou sem bola.
Cardinal (1995 apud CORDEIRO, 1997) determina que os ensinamentos 
técnicos devem seguir um esquema operacional no qual as etapas de 
treinamento, seus conteúdos, condições, meios e exigências de tarefas de 
cada etapa respeitem uma proposta sequencial para o desenvolvimento dos 
jogadores para a competição, sugerindo nesta ordem:
9595
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
• Ensino da mecânica de um fundamento;
• Estabilização de um fundamento;
• Desenvolvimento da inteligência tática;
• Integração do jogador / utilização do fundamento no sistema de jogo;
• Monitorização da efi ciência do fundamento na competição (scout).
Por outro lado, Weineck (1999) sugere que o aprendizado das técnicas 
esportivas seja dividido em quatro fases distintas:
1. Fase de Informação e Aquisição – Fase inicial em que o jogador tem o 
primeiro contato com a técnica a ser aprendida e desenvolve os requisitos 
básicos para a execução. A boa aquisição da técnica é infl uenciada por:
a. Sua experiência motora anterior (repertório motor);
b. Seu nível inicial de coordenação motora; 
c. Sua capacidade de observação, compreensão e correção do 
movimento.
2. Fase da Coordenação Grosseira – Fase na qual acontece a experiência 
inicial da execução prática e por informações verbais simples. Ao fi nal desta 
fase, o jogador deve absorver o movimento, pelo menos de forma ampla 
ou grosseira. Os principais erros percebidos nesta fase e que demandam 
correção importante para o desenvolvimento da técnica são:
a. Emprego excessivo da força;
b. Problemas rítmicos;
c. Execução não fl uente (aos trancos);
d. Movimentos insufi cientemente abrangentes;
e. Velocidade não adequada (demasiadamente lento ou muito rápido);
f. Falta de precisão.
3. Fase da Coordenação Fina – Fase onde se busca a melhoria da técnica 
executada com precisão. Maior compreensão das informações verbais 
e o aumento da precisão dos movimentos. Os principais fenômenos 
observados são:
a. Mobilização adequada da força;
b. Ritmo e abrangência adequados;
c. Fluência dos movimentos.
4. Fase de Fixação, Complementação e Disposição dos Movimentos – 
Fase onde a utilização das técnicas é feita com perfeição e em situações 
pouco habituais. O movimento é realizado com:
a. Precisão;
b. Constância;
c. Harmonia.
A preparação técnica segue as fases de desenvolvimento que foram 
sugeridas aqui por meio dos cuidados com o aprendizado de forma 
96
 Treinamento Aplicado aosEsportes Coletivos
pedagógica, ou seja, do simples ao mais complexo. Estas fases também foram 
apresentadas no capítulo 1 deste Caderno e devem ser revistas. Continuamos 
o assunto, destacando a formação de jogadores para os esportes coletivos, só 
que agora em seus aspectos táticos.
A PREPARAÇÃO TÁTICA PARA OS ESPORTES 
COLETIVOS
Tática é uma das capacidades fundamentais dos jogadores dos esportes 
coletivos e parte importante das características do próprio esporte, merecendo 
defi nições a seu respeito. Tática é a capacidade que um jogador deve ter 
na aplicação de suas funções e atribuições, nas variáveis situações que 
acontecem em uma partida. Greco (1998) explica que o desenvolvimento das 
capacidades táticas serve de base ao atleta na busca de soluções para as 
tarefas-problemas que a situação do jogo exige, sendo que a capacidade de 
solucionar situações-problema depende das capacidades coordenativas. A 
tática pode ser defi nida também como o repertório de ações ou recursos que 
o jogador utiliza e possui. Quanto maior o repertório de ações e mais recursos, 
maiores serão suas chances de sucesso (BOJIKIAN, 2002). 
Com a combinação entre as habilidades técnicas, físicas, táticas e 
psicológicas, o jogador terá a condição de “ver” e “ler”, em uma percepção 
completa, ilimitada e criativa, as opções que o jogo proporciona. Ele pode 
perceber e antecipar situações específi cas e isso só é possível devido à 
avançada inteligência tática dos jogadores.
“Ver” detalhes para “ler” o que irá acontecer e antecipar.
Existe a tática coletiva e a tática individual. Ambas devem ser assimiladas 
pela equipe e por cada componente dela. Por exemplo: Um jogador de voleibol, 
em um ataque, utiliza a técnica da cortada, que exige capacidades físicas, 
como força explosiva para saltar e para atacar a bola com velocidade de 
membros. Porém este jogador deve ter a condição de decidir “onde”, “como” e 
“por que” irá atacar. Para tomar a decisão este jogador precisa ter desenvolvido 
sua capacidade tática individual. A situação leva em consideração a ação 
adversária (bloqueio e posição de defesa) e a decisão se torna tática e não 
apenas física ou técnica. Por sua vez, a equipe está utilizando um sistema 
coletivo (recepção e ataque) para que o atacante possa atacar com maiores 
chances de sucesso. Esta condição está relacionada com a tática coletiva.
Tática é a capacidade 
que um jogador deve 
ter na aplicação 
de suas funções 
e atribuições, nas 
variáveis situações 
que acontecem em 
uma partida.
Jogador deve ter a 
condição de decidir 
“onde”, “como” e “por 
que” irá atacar.
9797
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
Durante a partida, a aplicação do plano de jogo depende de componentes 
táticos de defesa e de ataque. Colibaba e Bota (1997 apud BOMPA, 2005) 
sugerem que o treinamento do plano de jogo seja feito:
a) Para o Ataque (alguns conceitos são gerais para todos os esportes e 
outros são específi cos para os esportes de invasão):
Figura 12 - Componentes do treinamento tatico no ataque
Fonte: Colibaba e Bota (1997 apud BOMPA, 2005).
98
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
b) Para a Defesa (alguns conceitos são gerais para todos os esportes e 
outros são específi cos para os esportes de invasão):
Figura 13 - Componentes do treinamento tático na defesa
Fonte: Colibaba e Bota (1997 apud BOMPA, 2005).
Como foi visto aqui, a tática está muito presente e tem grande importância 
nos esportes coletivos. Contudo, e apesar de estarmos discutindo os esportes 
praticados em equipe, as ações e as decisões dos jogadores acontecem 
de forma individual. Portando, devemos discutir agora a formação da tática 
individual.
9999
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
a) Tática Individual
Entende-se como tática individual a análise, a decisão e a resposta de um 
jogador a uma situação de jogo, visando à obtenção do melhor resultado em 
um tempo disponível (CORDEIRO, 1996). 
Por meio dos treinamentos e competições, os jogadores são capazes de 
desenvolver uma boa e rápida compreensão da situação real do jogo (O que 
está acontecendo?) e buscar uma solução adequada (O que eu devo fazer?). 
Por outro lado, os treinadores devem perceber os fatores que infl uenciam 
na solução mental para os problemas táticos que são mais comuns, e os 
jogadores devem estar preparados a solucioná-los. De acordo com Cardinal 
(1995), tais problemas se baseiam em:
• A velocidade de execução limita o tempo disponível para tomar a decisão 
apropriada;
• A qualidade da percepção afeta a leitura rápida das circunstâncias em 
situações táticas específi cas;
• O conhecimento tático e o alto número de repetições afetam o resultado;
• A memória, as lembranças de soluções efi cientes para problemas táticos 
parecidos, incrementam as habilidades táticas;
• O estado psicológico do jogador afeta a solução tática escolhida. 
A qualidade de ações táticas de um jogador vai depender não somente de 
seu nível técnico, físico e psicológico, mas também da capacidade cognitiva, 
da compreensão de elementos básicos do jogo, do grau de experiência, da 
velocidade de reação e da condição de cooperação e sacrifício.
A combinação da habilidade tática será enfatizada quando o jogador 
obtiver um grande repertório de habilidades motoras. O atleta adulto tem o seu 
repertório de soluções muito infl uenciado pela vivência motora experimentada 
na infância e pela intensidade com que as capacidades coordenativas foram 
desenvolvidas, quer em quantidade, quer em qualidade (BOJIKIAN, 2002). O 
jogador com boa habilidade motora irá utilizar esta qualidade em situações 
específi cas do jogo e a aplicação correta dessa habilidade é o alicerce de um 
time efi ciente (MAHLO apud CARDINAL, 1995). 
Nos esportes coletivos, a sequência de habilidades motoras é utilizada 
baseada em situações que envolvam soluções de habilidades táticas. Para 
atingir um nível de soluções táticas, o jogador deve seguir uma sequência de 
habilidades motoras que envolvem:
• Percepção do problema ou situação tática. Isso é possível por meio da 
“leitura” de uma situação específi ca que indica intenções de ações por 
parte dos colegas de equipe e jogadores do time adversário.
Por meio dos 
treinamentos e 
competições, os 
jogadores são capazes 
de desenvolver 
uma boa e rápida 
compreensão da 
situação real do 
jogo (O que está 
acontecendo?) e 
buscar uma solução 
adequada (O que eu 
devo fazer?).
100
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
• Solução mental para resolver o problema tático e escolha da habilidade 
motora adequada para a situação.
• Execução perfeita da técnica requerida. Toda a jogada cria um problema 
tático para o time e o jogador envolvido na ação. 
Como consequência, a situação tática é o resultado de cada jogada e a 
resposta tática para resolver um problema tático temporário irá provocar novas 
e sucessivas variáveis, caracterizadas pelas ações com a bola (BAACKE, 
1994).
Na prática, treinadores devem criar situações similares às encontradas 
em partidas ofi ciais. Para isso, devem:
• Desenvolver a autonomia do jogador;
• Utilizar exercícios e atividades que promovam efi ciência com menor 
esforço;
• Desenvolver a percepção do jogador;
• Controlar as incertezas dos jogadores;
• Utilizar exercícios dos mais simples aos mais complexos, com e sem 
oponentes;
• Modifi car as alternativas do jogo. 
A inteligência tática é adquirida por meio de execução e entendimento de 
exercícios e suas aplicações no jogo. Atividades devem seguir os princípios 
básicos, das simples para as mais complexas. 
O treinador é responsável pela melhora das habilidades de seus atletas 
com o incremento gradual de difi culdades nos treinamentos programados. 
Para desenvolver a inteligência tática, o treinador deve criar exercícios nos 
quais o jogador é desafi ado a resolver umou vários problemas de jogo dentro 
de um processo de tomada de decisão (MÜLLER, 2009).
A inteligência tática é fator crucial que afeta a performance dos jogadores. 
É função do treinador assegurar-se de que o jogador consiga um nível elevado 
de desempenho. Para isso, deve ser competente na escolha e elaboração de 
exercícios que estimulem a inteligência tática. Deve, também, perceber erros 
táticos e corrigi-los, infl uenciando, assim, no desenvolvimento tático ideal do 
jogador. 
A defi nição da resposta motora ideal, feita pelo jogador, deve estar de 
acordo com a sua utilização em situação de jogo específi ca, e precisa levar em 
consideração a “leitura” de “pistas” importantes, demonstradas durante o jogo. 
De acordo com a apropriada relação de funções entre os jogadores de sua 
equipe e a boa leitura dos jogadores adversários, o bom jogador pode tomar 
a melhor decisão em resposta a uma situação específi ca enfrentada no jogo.
O treinador é 
responsável pela 
melhora das 
habilidades de 
seus atletas com o 
incremento gradual 
de difi culdades 
nos treinamentos 
programados.
101101
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
Quanto maior a inteligência tática, maiores as chances de ler e 
perceber as ações de defesa e ataque.
Greco (1995) relaciona a estreita semelhança entre as capacidades táticas 
e os processos cognitivos, exemplifi cando processos cognitivos envolvidos na 
execução de uma ação: percepção para elaborar as informações, seleção de 
sinais relevantes, reconhecimento para localizá-las, recordação para compará-
las com as já gravadas na memória, representação para poder imaginar e 
antecipar a futura ação, conceituação da escolha da ação e a continuidade do 
gesto motor.
b) Tática Coletiva
A importância da tática individual deve ser aperfeiçoada e bem 
desenvolvida pela tática coletiva na busca da formação completa do jogador. 
Como estamos tratando dos esportes coletivos e não individuais, o grande 
desafi o do treinador é moldar os jogadores individuais em uma equipe efi ciente. 
O objetivo fi nal é uma união coesa, que pode orquestrar os talentos coletivos 
a serviço da equipe contra um oponente. O sucesso de uma equipe esportiva 
está relacionado com a habilidade dela em se ajustar e reagir às situações 
espontâneas assim que elas ocorram (NEVILLE, 1990).
Na fase de trabalho de equipe, o jogador deve buscar um bom 
relacionamento com os outros membros, em respeito às táticas de equipe 
e sistemas de jogo adotados por ela, uma vez que, de acordo com Baacke 
(1994), o sistema de jogo é usado na distribuição de funções, posições e 
áreas muitas bem defi nidas pelo treinador para todos os jogadores em todas 
as formações, nas fases ofensivas e defensivas, com o objetivo de facilitar as 
ações do jogo. Além disso, existem vários subsistemas de ataque, defesa e 
outros, dentro um sistema principal.
Os jogadores devem entender as formações e combinações táticas 
da equipe para confrontar as situações e as tendências de jogo com 
competência. As ações nos esportes demandam uma boa interdependência 
entre os jogadores. Mesmo o único fundamento técnico independente do jogo, 
realizado sem a infl uência direta de colegas e adversários, o saque, possui 
uma continuidade tática a qual, de acordo com a sua execução, irá antecipar 
ou determinar uma ação específi ca de bloqueio e defesa da equipe sacadora.
Cada ação de jogo, seja ofensiva, seja defensiva, requer uma boa relação 
entre todos os jogadores da equipe, afetando no resultado da ação enfrentada. 
102
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Sendo assim, é função do treinador decidir qual é o melhor sistema de jogo a 
ser usado de acordo com as condições técnicas, táticas, físicas e psicológicas 
de seu grupo de jogadores.
c) Desenvolvimento da Inteligência Tática
A inteligência tática tem grande importância não só em situação específi ca 
do jogo, como também na evolução dos jogadores. O jogador completo deve 
possuir técnica refi nada, capacidade física privilegiada e controle mental 
excelente e, em momentos cruciais do jogo, deve igualmente ter as habilidades 
táticas para fazer decisões apropriadas. As limitações das habilidades táticas 
trarão complicações na busca do máximo nível de realização das técnicas 
necessárias, transformando o jogador em previsível.
O conceito de desenvolvimento ideal da tática do jogador deve levar 
em consideração a maneira como isso é transmitido ao iniciante. Tanto em 
aulas de Educação Física quanto no treinamento propriamente dito, o atleta 
iniciante deve buscar respostas de “o que fazer?” e “quando fazer?” ao invés 
de somente “como fazer?”. Geralmente os treinadores ensinam o “como?” 
antes do “por quê?”. É reconhecidamente bem maior o interesse do iniciante 
quando este é auxiliado e encorajado a tomar decisões corretas, baseado na 
consciência e no conhecimento tático que possui do jogo (BUNKER; THORPE, 
1986). Neste momento, a criança começa a perceber a importância da tomada 
da melhor decisão na solução de um problema tático, a relevância da decisão 
e a escolha da técnica ou habilidade ideal que a situação apresentada requer. 
Essa percepção pode ser ensinada pelo professor/treinador na busca de um 
nível de performance elevado. Cada criança deve ser capaz de participar 
no processo de tomada de decisão, baseando-se no conhecimento tático, 
aumentando seu interesse e envolvimento pelo jogo. 
Esse processo didático, denominado de modelo de currículo para o 
ensinando do “teaching to understanding” (entendimento do jogo), foi 
sugerido em um estudo realizado por Bunker e Thorpe (1986), no qual o jogo é o 
objetivo inicial e, ao mesmo tempo, fi nal do processo de aprendizado, passando 
pela vital etapa de tomada de decisão, como exposto abaixo. Observe que o 
“Aprendiz” é colocado como central no processo ensino-aprendizado e deve 
ter toda a atenção individual pelo treinador/professor. Outro ponto importante 
é a mão-dupla entre a execução técnica e a tomada de decisão (tática). Este 
conceito ambíguo não se caracteriza em retroceder o processo evolutivo, 
mas sim a constante busca da escolha do gesto técnico ideal que se busca 
aperfeiçoar e a melhor decisão de como utilizá-lo taticamente.
Atleta iniciante deve 
buscar respostas de “o 
que fazer?” e “quando 
fazer?” ao invés 
de somente “como 
fazer?”.
103103
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
Teaching to understanding - Quanto mais se entende do 
jogo mais inteligente será a ação.
Figura 14 - O modelo de currículo de ensinamento do jogo
Fonte: Bunker e Thorpe (1986).
De acordo com o estudo de Bunker e Thorpe (1986), estas seis etapas 
de aprendizado do currículo do jogo envolvem aspectos cruciais na formação 
de atletas taticamente preparados. Cada etapa deve ser cumprida, avaliada e 
recomeçada como uma possibilidade cíclica, a saber:
1 – JOGO – A criança em processo inicial de aprendizado deve experimentar 
inúmeras variações do jogo, respeitando a sua idade e limitações. 
Basicamente diminuindo o tamanho da quadra, a altura da rede/tabela e 
o peso da bola, aumentando o tamanho do gol e mostrando os espaços 
da quadra/campo adversária, bem como diminuindo os espaços da sua 
quadra. A utilização dos jogos pré-desportivos se torna imprescindível 
para crianças entre 10 e 12 anos, pois carrega uma semelhança próxima 
à versão adulta do jogo e se pode trabalhar conceitos de ataque e defesa, 
com alvos distintos, de acordo com a posição da bola e as posições dos 
jogadores do time e do time adversário.
Seis etapas de 
aprendizado do 
currículo do jogo 
envolvem aspectos 
cruciais na formação 
de atletas taticamente 
preparados.
Diminuindo o tamanho 
da quadra, a altura da 
rede/tabela e o peso 
da bola, aumentando 
o tamanho do gol e 
mostrando os espaços 
da quadra/campo 
adversária, bem como 
diminuindo os espaços 
da sua quadra.104
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
2 – APRECIAÇÃO PELO JOGO – O “gosto” pelo esporte deve ser preparado 
por meio do conhecimento e entendimento das regras básicas do jogo 
pelo iniciante. Pelo mesmo princípio anterior de se usar os jogos pré-
desportivos, a criança deve buscar o jogo de forma prazerosa, em que as 
difi culdades sejam amenizadas. Nesse sentido, a bola deve estar em jogo o 
maior tempo possível, possibilitando a repetição dos fundamentos, a leitura 
tática do iniciante e estimulando o interesse pelo esporte. Não raramente, 
regras são alteradas para que este repertório tático e o interesse aumentem 
ainda mais. A alteração da regra também pode ser utilizada no estímulo de 
soluções táticas dos jogadores.
3 – CONSCIÊNCIA TÁTICA – O entendimento das regras deve ser então 
adicionado ao conhecimento ou à consciência tática por meio do 
conhecimento do jogador de suas virtudes e limitações, de sua equipe e da 
equipe oposta. A escolha do tipo de ação, da opção de ataque, da armação 
do jogo para um ou outro atacante, entre outros, deve seguir o princípio 
da melhor opção de acordo com a situação do jogo. Essa consciência é 
trabalhada individualmente para, então, seguir para o coletivo, e deve ser 
estimulada pelo treinador e não apenas respondida por ele. Primeiramente, 
o jogador completo deve ter a condição de solucionar os problemas de 
forma unilateral e poder reconhecer se a decisão tomada foi ou não a 
melhor escolha e por quê.
4 – TOMADA DE DECISÃO – Os esportes coletivos são de prática 
extremamente rápida e exigem de seus praticantes soluções imediatas 
para problemas diversos. Esse processo decisório pode ser considerado 
o grande fator de distinção na formação de atletas de ponta ou atletas 
ordinários. O jogador e o treinador devem entender as diferenças entre o 
“o que fazer?” e o “como fazer?” para reconhecer defeitos e virtudes na 
escolha da opção. 
4.1. “O que fazer?” – Por meio da consciência tática, o atleta deve buscar 
a solução do problema aparente e buscar a tomada de decisão ideal 
de acordo com (1) as “pistas” que são perceptíveis, (2) antecipar a 
situação-problema e (3) prever os resultados possíveis. Por exemplo, 
no basquete, o armador arrisca em uma assistência mais difícil, que 
apesar dos riscos, poderá promover um ataque mais efi ciente em 
relação ao posicionamento da defesa adversária.
4.2. “Como fazer?” – Tomada a decisão de “o que fazer?”, o jogador 
deve, então, ter a condição de realizar o fundamento da melhor 
maneira, sendo que esta escolha interfere criticamente na resposta 
apropriada. Por exemplo: O goleiro, no handebol, percebendo a 
intenção do atacante adversário de executar o ataque no lado 
esquerdo, abre esta possibilidade, dando espaço ao atacante e, 
depois, movimenta os braços no sentido do ataque, “fechando” a 
opção primeira. 
O jogo de forma 
prazerosa.
Solucionar os 
problemas de forma 
unilateral e poder 
reconhecer se a 
decisão tomada foi ou 
não a melhor escolha 
e por quê.
Buscar a tomada 
de decisão ideal 
de acordo com (1) 
as “pistas” que são 
perceptíveis, (2) 
antecipar a situação-
problema e (3) 
prever os resultados 
possíveis.
Tomada a decisão 
de “o que fazer?”, o 
jogador deve, então, 
ter a condição de 
realizar o fundamento 
da melhor maneira, 
sendo que esta 
escolha interfere 
criticamente na 
resposta apropriada.
105105
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
5 – HABILIDADE TÉCNICA – A execução da habilidade técnica depende 
do nível do atleta e do “leque” de técnicas que ele(a) possui. Deve incluir 
aspectos qualitativos entre a efi ciência mecânica do movimento e a sua 
relevância de escolha em uma situação particular do jogo. 
6 – PERFORMANCE – O grau de performance deve ser observado por 
meio dos resultados medidos em comparação de critérios considerados 
ideais ou de alto rendimento e depende de cada aprendiz. Em níveis de 
performance (que variam entre escolar e internacional) pode-se classifi car 
iniciantes como bons ou maus jogadores e deve ser medida de acordo com 
a conveniência da resposta, assim como a efi ciência da técnica efetuada.
Resumindo esta parte, podemos exemplifi car em um quadro cada etapa 
do aprendizado para os esportes. Então, utilizaremos o voleibol como esporte 
modelo para a iniciação:
Quadro 15 – Etapas do aprendizado para os esportes
ETAPAS DO APRENDIZADO EXEMPLO
1. JOGO Minivolei (Pré-desportivo em trios)
2. APRECIAÇÃO PELO JOGO Disputa em minijogos, sets de apenas 5 pontos e quem vence continua na quadra
3.CONSCIÊNCIA TÁTICA “Ace” vale 2 pontos
4. TOMADA DE DECISÃO Modifi car a recepção adversária para que o sacador encontre os espaços vazios
5. HABILIDADE TÉCNICA Saque sem erro efetivo
6. PERFORMANCE Qual trio se manteve maior tempo jogando?Discussão ao fi nal do treino.
Fonte: O Autor.
Atividade de Estudos:
1) Você aprendeu sobre o currículo tático de um jogador. Agora 
para descrever cada uma das etapas e exemplos, você deve 
utilizar as características do seu esporte para, então, completar 
o quadro:
Efi ciência mecânica 
do movimento e a sua 
relevância de escolha 
em uma situação 
particular do jogo. 
Resultados medidos 
em comparação de 
critérios considerados 
ideais ou de alto 
rendimento e depende 
de cada aprendiz.
106
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
ETAPAS DO APRENDIZADO EXEMPLO
1. JOGO
2. APRECIAÇÃO PELO JOGO
3.CONSCIÊNCIA TÁTICA
4. TOMADA DE DECISÃO
5. HABILIDADE TÉCNICA
6. PERFORMANCE
Outros conceitos táticos são importantes e devem também ser usados 
como referência na base quando se busca desenvolver o entendimento tático 
dos jogadores. Entre eles estão: Autonomia, Efi ciência e Efi cácia, Percepção 
e Alternâncias:
• Autonomia –é um importante fator no desenvolvimento tático dos 
jogadores, uma vez que constitui a capacidade do indivíduo de tomar uma 
decisão racional e assumir a responsabilidade por suas ações. O jogador 
deve seguir um planejamento estratégico e as orientações determinadas 
pelo treinador. Contudo, deve, também, ter a condição de jogar livremente 
e tomar decisões constantes para um melhor rendimento tático. 
 Quando se fala em autonomia se pensa em independência, liberdade. 
O jogador deve ter esta liberdade para criar e tomar decisões em situações 
táticas que o jogo oferece constantemente, tomando decisões de maior ou 
menor risco. Como ele pode sair de uma situação complicada e tomar uma 
decisão positiva, irá depender de sua autonomia de melhor escolha. Não 
podemos confundir autonomia com excesso de liberdade na escolha da 
melhor opção. Nesse sentido, fatores como experiência, habilidade técnica e a 
condição física determinarão e infl uenciarão na decisão. 
• Efi ciência/Efi cácia – Efi ciência é o adjetivo ao atleta que se encaixa na 
postura de estar realizando o seu trabalho de maneira capaz e hábil. Já 
Efi cácia é o adjetivo ao atleta que produz o resultado esperado. Acertar 
simplesmente um saque se enquadra na ação técnica do jogador efi ciente, 
enquanto fazer um “ace” se encaixa no exemplo de efi cácia. A combinação 
dos dois adjetivos deve ser o objetivo maior de todos os atletas e a efi cácia 
depende basicamente da efi ciência.
• Percepção – A palavra percepção se encaixa na defi nição de que o jogador 
se torna ciente de um pensamento ou de uma sensação que ele antecipa de 
acordo com pistas em relação aos dados que uma ação proporciona (TANI 
107107
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
et al., 2004). A altura e a trajetória da bola em relação ao deslocamento ou 
ao uso de uma técnica específi ca, o gesto técnico do adversário, as falhas 
de posicionamento, entre outros, são casos onde a percepção pode fazer a 
diferença na execução de uma decisão tática.
• Alternâncias – O bom jogador de voleibol tem a característica de buscar 
novas opções de adaptação aojogo de acordo com as exigências de 
um dado fundamento ou momento da partida. Um exemplo clássico que 
podemos usar é quando o atacante, no voleibol, utiliza diferentes tipos de 
ataques (fortes, fracos, largadas, colocados, explorando, paralela, diagonal, 
etc.), confundindo o bloqueio e defesa adversário. As alternâncias são 
importantes no alto rendimento em momentos de defi nição dos sets. Um 
jogador com uma capacidade de alternar nestes momentos provavelmente 
será o escolhido para defi nir a partida em um saque ou ataque decisivo. 
No caso do levantador, a alternância tem importância ainda maior por se 
tratar de um regente da atuação da equipe e de seus atacantes. Cabe a 
ele alternar os levantamentos, evitando o bloqueio marcado na maioria das 
situações. Alternar as bolas rápidas com bolas altas, combinar jogadas de 
ataque de rede e de fundo de quadra, além de promover a melhor opção 
de ataque contra uma defi ciência de bloqueio adversário, é o trabalho tático 
condicionado ao levantador completo.
Os treinamentos destes aspectos táticos devem ser incorporados ao 
treinamento diário de acordo com os objetivos específi cos de cada treino. O 
treinamento tático deve estar conectado com o treinamento técnico. O primeiro 
proporciona o “conhecimento” do jogo. O segundo proporciona a “condição” 
de executar uma ação específi ca durante o jogo. Contudo, a maioria dos 
treinadores gasta mais tempo e energia treinando e aprimorando aspectos 
técnicos e a minoria usa o tempo de treinamento aperfeiçoando seus atletas 
na busca de melhores performances nas táticas dos esportes.
Quando pensamos sobre esportes, devemos incluir a tática como 
fator fundamental no desenvolvimento de atletas completos. Não podemos 
desenvolver atletas competitivos levando em conta apenas aspectos técnicos, 
físicos ou psicológicos. Jogadores devem ser “formados” com a aquisição de 
todas as capacidades e aspectos com o mesmo grau de importância. A união 
de todas essas capacidades em um nível de utilização elevado irá classifi car o 
atleta como completo ou limitado.
A tática compreende vários aspectos de caráter individual e coletivo. Além 
disso, para cada tipo de ação envolve o entendimento do jogo, respeito as 
regras e uma conduta ideal.
Devemos incluir a 
tática como fator 
fundamental no 
desenvolvimento de 
atletas completos.
108
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Na sua prática como treinador, escolha alguns de seus 
jogadores e pergunte a eles sobre situações que envolvam 
decisões táticas para determinada ação no jogo. Assim, você pode 
conhecer melhor as decisões e o nível de inteligência tática de 
seus jogadores.
Por exemplo, questione o porquê:
• De preferir chutar a gol ao invés de passar a bola ao colega 
melhor colocado?
• De ter sacado em determinada posição?
• De não arremessar de três pontos?
• De ....?
A PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA PARA OS 
ESPORTES COLETIVOS
O trabalho psicológico deve ser feito por especialistas nesta área difícil do 
desenvolvimento humano. Treinadores, contudo, fazem uma parte fundamental 
na função de estimular seus comandados na busca de um maior rendimento. 
Em muitos casos, não dispomos de um psicólogo do esporte para nos auxiliar 
na construção psíquica de nossos atletas. Mesmo assim, podemos, com o 
treinamento, aprimorar as faculdades cognitivas, emocionais ou sociais, por 
meio do treinamento técnico, físico e, principalmente, tático da equipe.
O esporte abre as portas para inseguranças, medos, ansiedades, 
estresses, agressões humanas e somatizações. Por essas e por outras, o 
atleta vive na fronteira do desequilíbrio emocional. O trabalho do psicólogo 
é fazer com que o atleta busque o equilíbrio, tanto físico quanto mental. O 
psicólogo do esporte trabalha no sentido de desenvolver no atleta maior 
percepção de seu corpo e mente. Os resultados são muitos, como aumento 
da concentração durante jogos, diminuição do estresse, automatização de 
cuidados básicos, velocidade de raciocínio para melhores respostas durante o 
jogo, entre outras (ANDRADE, 2010).
A preparação psicológica é tão importante quanto a preparação física, 
técnica ou tática dos jogadores. A maioria dos erros dos jogadores durante 
as partidas acontece por questões de desatenção, ansiedade ou descontrole 
psicológico. Na busca da formação completa do jogador, não podemos 
esquecer deste fator que, por muitas vezes, faz a diferença entre a evolução 
109109
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
total do atleta ou sua limitação, por meio da motivação necessária ou 
desmotivação limitadora. 
O trabalho do treinador deve ser de transformar a motivação de seus 
atletas iniciantes em resultado na busca da melhoria das condições gerais para 
o esporte, além de voltar-se às técnicas de treinamento na busca da própria 
motivação. Para isso, o treinador deve fazer uso de uma práxis consciente, 
na qual o iniciante sofra o estímulo e esteja preparado para outro, mantendo 
sempre o seu nível motivacional alto. É vital ao técnico promover treinamentos 
em que estimule o nível de atenção e de concentração do atleta, além de deixar 
claro quais são os objetivos gerais e específi cos do trabalho a ser realizado.
Para os jogadores, aspectos da formação psicossocial contribuirão na 
construção de um atleta formado para o esporte. Esses aspectos fundamentais 
são:
• Percepção - Ato, efeito ou faculdade de perceber; recepção, pelos 
centros nervosos, de impressões colhidas pelos sentidos. É a faculdade 
de perceber pelos sentidos, pela consciência, que é dada imediatamente 
após as percepções adquiridas e suas consequentes deduções imediatas 
(MICHAELIS, 2016).
• Concentração – Capacidade com a qual o indivíduo foca e seleciona 
estímulos. No esporte, vários estímulos acontecem ao mesmo tempo, 
como a bola, os companheiros, o adversário, o público, a arbitragem, 
entre outros. Nesse caso, a concentração irá defi nir qual estímulo é o 
mais importante. O nível de concentração depende do grau de solicitação 
e atuação do estímulo, levando a uma melhor focalização da fonte 
estimuladora. Depende da capacidade motivacional e da condição física 
do atleta. 
• Imaginação – De acordo com o dicionário Michaelis (2016), e traduzido 
para a linguagem de interesse do assunto deste livro, imaginação tem 
utilização construtiva, embora não necessariamente de feição criadora, de 
experiências perceptivas anteriores; reorganização de elementos dessa 
espécie. No caso do jogador de voleibol, a imaginação irá depender, 
portanto, da experiência anterior. Estas experiências, se positivas ou 
criativas, irão estimular o desenvolvimento total ou ideal do poder criativo e 
imaginário do jogador.
• Motivação - Nada mais importante ao esporte do que a motivação, uma 
vez que esta determina a razão da própria prática. Segundo Green (1994), 
motivação é uma espécie de energia psicológica ou tensão que põe em 
movimento o organismo humano, determinando um dado comportamento. 
110
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Além disso, é o processo de caráter social em que acontece a iniciação de 
uma ação consciente e voluntária. Green (1994) completa dizendo que a 
motivação se refere à iniciação, à direção, à intensidade e à persistência 
no comportamento humano. Dentro disso, percebe-se que a iniciação, a 
progressão e a manutenção esportiva dependem primeiramente do nível 
motivacional do jogador.
Os aspectos psicológicos são tão ou mais importantes do que os outros 
aspectos para o desenvolvimento e melhora da performance dos jogadores 
dos esportes coletivos. Outras características estão explicadas no capítulo 
4 deste caderno, que apresenta aspectos de preparação psicológica antes, 
durante e depois dos jogos.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Toda a aprendizagem motora deve seguir uma sequência pedagógica e 
hierárquica. O aprendizado e fi xação de um gesto técnico deve ser positivo 
para, então, criar variaçõese difi culdades adicionais. A aquisição das 
habilidades pelo jogador é de responsabilidade do treinador e compõem um 
processo hierárquico que se inicia na elaboração da prática (planejamento e 
defi nição dos objetivos), na apresentação da prática (instruções e orientações 
a serem seguidas pelos atletas), na estrutura da prática (como será o 
treinamento propriamente dito), assim como a correção da prática, por meio 
do feedback.
O jogador deve ter a sua formação baseada na relação ideal de quatro 
competências (Competências Técnicas, Táticas, Físicas e Psicológicas). 
Cada um destes fatores abrange situações que infl uenciam no aprendizado e 
desenvolvimento completo do jogador. Essas exigências estão determinadas 
e divididas propriamente no auxílio do entendimento de cada passo a ser 
adquirido e observado para a consolidação de uma preparação completa e 
ideal. 
Cada competência tem a sua importância e somente a boa relação entre 
elas, em sua plenitude, dará a perspectiva de determinar a condição de um 
jogador estar ou não apto a atuar em alto nível ou na categoria adulta. Cada 
fator tem infl uência no seguinte. Um complementa ou compensa o outro, de 
acordo com as necessidades de evolução para o esporte ou em situações 
específi cas de jogo.
É vital ao progresso dos jogadores que cada fundamento, treinado 
individualmente, tenha progressão em uma atividade que o combine com a 
realidade do jogo. Muitos treinadores preparam seu treinamento de passe, por 
111111
A PREPARAÇÃO FÍSICA, TÉCNICA, TÁTICA E 
PSICOLÓGICA DOS ESPORTES COLETIVOS
 Capítulo 3 
exemplo, e trabalham este fundamento por vários minutos, com a intenção 
de aprimorá-lo ou corrigi-lo. Contudo, após o treinamento técnico, acontece 
o treinamento com o jogo ou a simulação do jogo. Neste momento, aquele 
determinado fundamento, passe, deve estar em evidência, promovendo, 
assim, uma progressão de importância e a manutenção do nível de atenção 
e correção do atleta. Alguns treinadores, quando entram na parte principal do 
treinamento, não exigem ou não progridem neste conceito, limitando, desse 
modo, a evolução do fundamento proposto. Em outras palavras, apesar de 
vários minutos e repetições na busca de uma correção e aprimoramento do 
fundamento, é na situação real do jogo que aquela correção deve aparecer e 
ser entendida como evolutiva para o atleta e para a equipe como um todo.
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