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Habilidades de Cozinha Alexandre Gimenes da Cruz Janaina Oliveira de Azevedo Leal “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, forman- do pro�ssionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” Missão DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco�, James Prestes,Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard. DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco�, James Prestes,Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard. Coordenador de Conteúdo Andrea Shima da Motta, Projeto Grá�co e Editoração Jaime de Marchi Junior e José Jhonny Coelho Editoração Daniel Fuverki Hey e Thayla Cripaldi Designer Educacional Camila Zaguini Revisão Textual Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria Fernanda C. Vasconcelos, Nayara Valenciano, Simone Limonta e Viviane Notari, Ilustração Nara Emi Tanaka Fotos Shutterstock. NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050- 900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Edu- cação a Distância; CRUZ, Alexandre Gimenes da; LEAL, Janaina Oliveira de Azevedo Habilidades de Cozinha. Alexandre Gimenes da Cruz; Janaina Oliveira de Azevedo Leal. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2015. Reimpresso em 2020. 264 p. “Graduação em Gastronomia - EaD”. 1. Gastronomia. 2. Cozinha. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-8084-916-5 CDD 22ª Ed. 641.5 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Impresso por: 3 pa la vr a do re it or Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pes- soas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: ino- vação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais ci- dadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Reitor Wilson de Matos Silva bo as -v in da s Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, reno- vável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comuni- cação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conec- tividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conhecimen- to, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em infor- mações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Pró-Reitor Executivo de EAD William V. K. de Matos Silva 5 bo as -v in da s Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou pro- fissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando opor- tunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transfor- mação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pe- dagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desen- volvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de ma- neira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomiaem busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, as- sista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação e Pós Kátia Solange Coelho Diretoria de Design Educacional Débora do Nascimento Leite Diretoria de Permanência Leonardo Spaine H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a Ap re se nt aç ão d o Li vr o Professora Mestre Janaina Oliveira de Azevedo Leal Professor Especialista Alexandre Gimenes da Cruz Olá, caro(a) aluno(a)! É com grande satisfação que iniciaremos neste conteúdo uma viagem ao mundo da Gastronomia. Esperamos que este livro sirva de base para seus estudos e que você possa sempre revisitá-lo durante todo o curso. Ele é o material de apoio para a disciplina de Habilidades Básicas em Cozinha, sem dúvida, uma das mais importantes para sua formação, pois conhecerá o mercado de alimentação, perfil do profissional, orientações de higiene, técnicas de cortes, manipulação, cocção, dentre outras. Primeiramente, vamos às apresentações dos autores do livro: Sou o Prof. Alexandre Gimenes da Cruz, Bacharel em Turismo e Hotelaria e Especialista em Gastronomia pela UNIVALI-SC. Realizei vários cursos de formação e especializa- ção em instituições renomadas, como Mausi Sebbes, em Buenos Aires, Argentina, �e Culinary Institute of America (CIA), na Califórnia, EUA, e no Italian Culinary Institute for Foreigners (ICIF), em Flores da Cunha, RS. Trabalhei e estagiei com gran- des Chefs de cozinha, por meio de minhas experiências em 7G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Ap re se nt aç ão d o Li vr o resorts e restaurantes estrelados, como Transamérica Ilha de Comandatuba, Costão do Santinho, Aguzzo, Parigi e Fasano. Fui proprietário de uma rotisseria gourmet e um buffet, a Massaria Artigianale, em Londrina-PR, por cinco anos. Sou docente de cursos de Gastronomia desde 2005 e, atualmente, sou coordena- dor-adjunto do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia do EaD na UNICESUMAR. Sou a Prof.ª Janaina Oliveira de Azevedo Leal, bacharel em Turismo pela Universidade Salvador. Sou mestre em Análise Regional e Desenvolvimento Local, também pela Universidade Salvador. Possuo, ainda, um curso de aperfeiçoamento em Cocina Espanhola Mediterrânea pelo Centro Superior de Hoteleria y Turismo de Valencia Espanha. Ainda em Valência, trabalhei nos Restaurantes Phileas Fogg e El Restaurante Ben Fet. Atuo na área acadêmica de Gastronomia desde 2009 e ministro aulas nas áreas de Turismo, Gastronomia, Hotelaria e Eventos. Trabalho com disciplinas como Habilidades Básicas, Etiqueta Cerimonial e Protocolo, Marketing de Serviços, Planejamento. Atualmente, sou coordenadora do curso Superior de Tecnologia em Gastronomia da UNICESUMAR, presencial e a distância. O nosso objetivo é que você, aluno(a), tenha o máximo de aproveitamento deste livro e que ele sirva de alicerce para o seu aprendizado dos fundamentos da gastronomia, aprendizado esse absolutamente imprescindível para a formação de qualquer profissional que almeja uma carreira sólida e de sucesso! SUMÁRIO UNIDADE 1 Introdução ao Mundo da Gastronomia 15 Introdução à Profissão de Cozinheiro 25 Hábitos Saudáveis de Higiene no Trabalho 31 Segurança Pessoal e Coletiva na Cozinha UNIDADE 2 Identificação de Facas, Afiação e Utilização 47 Anatomia e Identificação de Facas 51 Procedimentos de Manuseio Correto de Facas 57 Facas Tipicidade 63 Procedimento de Afiação e Manutenção da Linha de Corte UNIDADE 3 Equipamentos e Utensílios na Cozinha Profissional 77 A Cozinha Profissional 81 Principais Equipamentos e suas Funções 89 Principais Utensílios e suas Funções UNIDADE 4 Principais Grupos de Alimentos e Insumos 111 Insumos: Leite e Ovos 115 Insumos: Frutas, Cereais e Hortaliças 119 Insumos: Carnes UNIDADE 5 Técnicas de Corte em Vegetais e Carnes 137 A importância da Técnica de Corte 141 Pré-preparo da área de trabalho 145 Cortes Clássicos de Vegetais e Ervas Frescas 165 Carnes: Limpeza e Cortes Clássicos UNIDADE 6 Fundos, Molhos Clássicos e Derivados, Sopas e Consommés 181 Mise-en-place Para Fundos, Molhos e Sopas 193 Preparo de Fundos Claros, Escuros e Fumets 207 Molhos Clássicos e Derivados 223 Sopas e Consommés UNIDADE 7 Métodos de Cocção 235 O calor e sua relação com o alimento 239 Fontes e Transmissão de Calor 245 Métodos de Cocção dica do chef habilidades Legendas de Ícones recapitulando saiba mais fatos e dados minicaso reflita Dica do Chef: dicas rápidas para complementar um conceito, detalhar procedimentos e proporcionar sugestões. Habilidades: elo entre as disciplinas do curso. Mão na massa: indicação de atividade prática. Fatos e Dados: complementação do conteúdo com informações relevantes ou acontecimentos. Minicaso: aplicação prática do conteúdo. Reflita: informações relevantes que proporcionam a reflexão de determinado conteúdo. . Recapitulando: síntese de determinado conteúdo, abordando principais conceitos. Saiba mais: Informações adicionais ao conteúdo. mão na massa Introdução ao Mundo da Gastronomia JANAINA OLIVEIRA DE AZEVEDO LEAL A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Introdução à profissão de cozinheiro • Hábitos saudáveis de higiene no trabalho • Segurança pessoal e coletiva na cozinha • Compreender o mercado de gastronomia. • Entender a complexidade dos serviços de alimentação. • Refletir sobre o perfil do profissional de cozinha. • Conhecer as regras básicas de higiene pessoal para o profissional de cozinha. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem Introdução Iniciaremos nossos estudos tratando de uma temática bastante complexa e muito importante para o futuro profissional em gastronomia: o mercado de alimentação. Veremos, a seguir, que se faz indispensável um profundo conhecimento de um setor extremamente subjetivo, dinâ- mico e que exige de quem nele atua conhecimentos e competências que transcendem um bom tempero ou uma boa execução de técnicas de cozinha. O profissional de cozinha, portanto, precisa conhecer de técnicas de cozinha, ter um amplo repertório cultural e conhecimento da gastronomia internacional, técnicas de nutrição e dietética, gestão de serviços e o funcionamen- to de uma cozinha comercial, custos e sustentabilidade de empreendimentos de alimentação, dentre outros. Esse profissional terá um perfil que irá mesclar o cozinheiro, o artista, o gestor e, sobretudo, um apaixonado pelo ofício de cozinhar. Dentro desse contexto, iremos estudar também o perfil desse profissional que atualmente vem sendo tratado pela mídia com muito glamour e, na maioria das vezes, de uma forma deturpada e fora da realidade que encontramos nas cozinhas profissionais. Veremos a quais habilidades e competências esse profissional precisará se atentar para que possa lograr um caminho de sucesso e realização na profissão. Veremos também alguns dos cuidados no que diz respeito às regras e às exigências básicas de higiene, pessoal e do ambiente, que são imprescindíveis para a garantia da qualidade dos alimentos que serão manipulados e a garantia da saúde das pessoas que irão ingeri-los. É im- portante salientar que a disciplina de Higiene e Segurança Alimentar irá tratar de maneira mais aprofundada esses temas, porém trataremosaqui dos requisitos básicos que um profissional de cozinha precisa cumprir nesse aspecto de higiene e de apresentação pessoal. Por fim, iremos analisar algumas normas de segurança que garantem a integridade física do profissional de cozinha, que trabalha a todo instante exposto a situações que podem expor o indivíduo a cortes, queimaduras, dores musculares, dentre outras. Veremos as formas corretas de se portar no ambiente de trabalho, assim como os equipamentos obrigatórios de proteção e salvaguarda do profissional de cozinha. Você está pronto(a)? Desejo a você uma excelente viagem nesse delicioso mundo chamado Gastronomia. 13 H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a 15G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Iremos estudar agora um pouco do cenário onde se insere o pro- fi ssional de gastronomia. O objetivo aqui é que você compreenda o mercado de alimentação fora do lar, também conhecido como food service, que atualmente movimenta, de forma bastante sig- nifi cativa, a economia mundial. Quando falamos em mercado de food service, nos referimos a toda cadeia produtiva dos alimentos, desde a sua produção até o consumo fi nal. O crescimento desse mercado nos faz perceber que o processo de desenvolvimento do setor de restaurantes no Brasil está dire- tamente ligado ao processo de desenvolvimento regional do país, e, ainda, das transformações sociais que infl uem diretamente no consumo de alimentos produzidos fora do lar. Nesse contexto, estão inseridas as realidades em que vivemos atualmente, nas quais cada vez mais as pessoas comem fora de casa. O aumento das jornadas de trabalho e a mulher cada vez mais inserida neste mercado fazem com que surja uma nova formatação dos hábitos alimentares, na qual a maioria das refeições é feita em um menor espaço de tempo e cada vez mais fora dos lares. Além disso, com Introdução à Profissão de Cozinheiro H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a o aumento do poder aquisitivo no Brasil, as pessoas têm direcionado uma parte maior da sua renda para a alimentação. Esse aumento de poder aquisitivo faz também com que as pessoas fiquem mais informadas e passem a ver a alimentação como algo prazeroso e não apenas como a necessidade fisiológica de se nutrir. Segundo Olivier Gergaud, professor de economia da Universidade de Reims, na França, e especialista em economia do consumo, em reportagem à Revista Exame (2011): existe uma clara correlação entre a taxa de crescimento da economia e o desen- volvimento do mercado de restaurantes, já que esse é um serviço altamente sen- sível à evolução da renda. Em paralelo a esse crescimento do mercado de alimentação fora do lar, cresce também o número de pessoas que passam a consumir esse tipo de serviço, que demanda uma mão de obra que esteja qualificada para atender a essas expectativas. Essas expectativas podem ser delineadas a partir de uma série de tendências que vão nor- teando o mercado de food service e exigindo dos estabelecimentos de alimentação e dos profissio- nais que neles atuam uma maior especialização e atenção para o que esse consumidor deseja. No topo dessas tendências, podemos con- siderar certamente um crescente interesse por parte da população mundial, no que diz respeito ao ato de se alimentar. A globalização fez com De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação – ABIA, esse setor (food service) vem crescendo nos últimos anos de forma significativa, atin- gindo uma média de 14,7% ao ano. Ainda de acordo com a Associação, o mercado de food service faturou no ano de 2013 R$116,5 bilhões, um valor extremamente relevante, havendo um aumento de R$16 bilhões, se comparados os números ao ano de 2012. Fonte: Brasil (2014, online) que houvesse uma popularização da gastrono- mia e, hoje, a maioria das pessoas possui algum conhecimento desse setor, que até então era restrito aos bastidores das cozinhas profissio- nais. Hoje, a comida está diretamente ligada às sensações, ao prazer. O ato de comer hoje é visto como uma forma de relacionamento interpesso- al e de satisfação, de prazer pessoal. As pessoas escolhem os alimentos que lhes remetem a uma sensação de conforto, prazer, status social. As comemorações sociais, como aniversários, casa- mentos, promoções, acontecem, na sua maioria, em restaurantes, bares e similares. O grande número de programas de televisão destinados à culinária também contribuiu para um maior conhecimento do setor e o despertar de muitas 17G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R pessoas com relação a uma maior inserção no mundo da gastronomia (Tendência: sensoria- lidade e prazer). Outra tendência, nesse mercado, que per- cebemos emergir com muita força é a questão da saúde das pessoas. Junto com esse contexto social urbano, em que as pessoas passam muitas horas fora de suas casas, em seu ambiente de trabalho, vem um crescimento alarmante no que diz respeito a doenças relacionadas à ali- mentação inadequada e a um estilo de vida se- dentário. Por essa razão, os estabelecimentos e produtores de alimentos não podem perder de vista a preocupação com a saúde das pessoas e a qualidade dos alimentos. Hoje, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com seu bem-estar e com a qualidade de vida, por essa razão, os profissionais da área de alimentação não podem perder de vista o atendimento das questões relacionadas à saúde na hora da definição de um cardápio, da escolha de um fornecedor e procedência dos produtos (Tendência: sauda- bilidade e bem-estar). Outra tendência da sociedade urbana e de consumo está relacionada à praticidade que a alimentação precisa ter na vida das pessoas, seja Figura 1: As tendências da alimentação Fonte: SEBRAE (2014) Fa to re s de te rm in an te s da d em an da d e al im en to s Tendência da alimentação Sensorialidade e Prazer Gourmet, Premium, Indulgência, Culinária, Socialização Saúde, Desempenho, Ânimo, Estética, Teores resduzidos, Fortificados Pratos prontos, Fácil preparo, Pequenas porções, On-the-go Certificações, Rotulagem informativa, Credibilidade da marca, Origem “Pegadas de carbono”, Impacto ambiental, Fair trade, Causas sociais Saudabilidade e Bem-estar Conveniência e Praticidade Qualidade e confiabilidade Sustentabilidade e Ética população urbanização educação e informação estrutura estária renda H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a no atendimento rápido, seja na demanda cada vez maior por preparações com rápido preparo. O acesso ao alimento precisa ser cada vez mais conveniente. Percebemos com isso o aumento das redes de fast food e o surgimento de novas propostas de oferta do alimento, um exemplo é o movimento truck food (onde os alimentos são vendidos em veículos adaptados com cozi- nhas e balcão de atendimento e são vendidos os mais variados tipos de comida, desde lanches à comida francesa). O delivery também é um segmento que cresce cada vez mais, sobretu- do, nos grandes centros urbanos (Tendência: conveniência e praticidade). Além de todas as características relacio- nadas anteriormente, esse contexto, cada vez mais frenético e corrido da vida das pessoas, exige também que os fornecedores de alimen- tação fora do lar tenham uma preocupação muito grande com relação à qualidade dos produtos que são ofertados. Cuidados com a higiene e manipulação dos alimentos, além de uma exigência legal, são a garantia da manutenção da qualidade e da credibilidade ao consumidor. Os consumidores são mais conscientes no que diz respeito aos produtos e, por essa razão, se tornam cada vez mais exigentes, sem contar os riscos que um empre- endimento corre e aos quais expõe a vida das pessoas quando não são seguidos os padrões de higienização e manipulação de alimentos. A manutenção e fidelização de um cliente no ramo de alimentação têm na confiabilidadeum dos fatores mais relevantes (Tendência: confiabilidade e qualidade). Além de toda a preocupação com a qualida- de, conveniência, sabores, e demais tendências, o profissional da área de alimentos precisa se atentar para aspectos de sustentabilidade dentro do seu negócio. Em países desenvolvidos, esse é um pré-requisito na escolha de um estabeleci- mento ou compra de um determinado produto. Esse tema tem gerado grandes discussões no que diz respeito ao meio ambiente, aproveita- mento total dos alimentos e controle de des- perdícios, assim como a necessidade de incluir o entorno nas atividades produtivas. A escolha Considerando o franco crescimento do mercado de alimentação fora do lar e que os consumidores desses produtos e serviços estão cada vez mais exigentes, o que você, enquanto futuro(a) profissional nesse mercado, deverá fazer para que seja o elo que intermediará a oferta e demanda entre o mercado produtor e o consumi- dor? Poderíamos dizer que a prestação de serviços tem um papel fundamental nesse contexto? 19G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R de produtores locais e inclusão de funcionários com necessidades especiais são exemplos de ações que podem ser utilizadas como práticas de sustentabilidade e responsabilidade social (Tendência: sustentabilidade e ética). Diante do que já discutimos, você pôde perceber o quão complexo é esse mercado em que iremos atuar. Como foi possível perceber, o nosso cliente está cada vez mais exigente, consciente, e as empresas que não se atentarem para esse novo perfi l de consumidor de alimentos estarão fa- dadas à falência. A seguir, vamos conhecer o perfi l do profi s- sional que irá atuar nesse complexo e dinâmico mercado, e o que podemos defi nir como sendo as habilidades e competências que esse profi s- sional deverá desenvolver para obter sucesso na sua carreira. Perfi l do Profi ssional Atualmente, a qualifi cação profi ssional é, sem dúvida, um dos maiores desafi os para o gestor, e na área de alimentos e bebidas não é diferente. Há um investimento muito grande em infraes- trutura de restaurantes, bares e similares, mas muitas vezes há pouco investimento em qua- lifi cação e melhoria da qualidade dos serviços. 19G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a Sr. José é um português proprietário de um restau- rante de comida luso-brasileira no interior do estado de São Paulo. Ele aprendeu o ofício de cozinhar com seu pai, que aprendeu com seu avô e por gerações a família atua na área de restauração. Sr. José, no entanto, percebeu que no último ano houve uma queda no seu faturamento. Ele então resolveu fazer uma reforma estrutural no restau- rante, mudou a disposição das mesas, mudou a decoração para algo mais moderno e arrojado, equi- pou melhor a sua cozinha. Ele percebeu que essas mudanças melhoraram um pouco a demanda do seu restaurante, mas ainda assim não era satisfa- tória para ele. Foi então que ele resolveu fazer uma pesqui- sa com seus clientes. Em um questionário, ele fez algumas questões básicas com relação à qualidade da comida, do espaço e do atendimento. Para sua surpresa, na maioria das respostas dos clientes, aparecia a sinalização de que o atendimen- to não era muito bom, os garçons eram impacientes, não conheciam muito bem o cardápio e os pratos demoravam muito para sair. A partir desse momento, Sr. José percebeu que precisava melhorar a sua equipe. Então, ele con- tratou uma empresa de consultoria que fez todo o mapeamento das necessidades de capacitação, fez um levantamento motivacional e, por fim, propôs um trabalho para o Sr. José. A conclusão a que a empresa chegou foi de que os garçons do Sr. José eram muito antigos e de confiança, porém estavam desatualizados. Outro aspecto percebido foi uma falha na comunicação entre o chefe de cozinha e o maitre do restaurante, que não se davam muito bem e que, por essa razão, não se comunicavam como deveria. Os funcionários sinalizaram também estarem insatisfeitos com relação aos benefícios do restaurante. Sr. José montou então um programa de quali- ficação e atualização para os seus funcionários e criou um sistema de remuneração com participação nos lucros. Seis meses depois, Sr. José percebeu uma mudança significativa no seu restaurante, onde os clientes voltaram a frequentar seu restaurante e os seus funcionários se mostravam mais motivados e felizes com o trabalho. Esse caso reforça, portanto, a importância de uma visão do todo na gestão de um restaurante, e quanto o bom atendimento é de extrema importân- cia para que um estabelecimento seja bem-sucedi- do. Não adianta ter um espaço bem equipado, um chefe de cozinha renomado se o cliente não percebe esses valores. O cliente sempre precisa ser ouvido. *Caso fictício Fonte: o autor 21G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R O s restaurantes que vêm inovando e investindo na qualificação dos seus funcionários têm se destacado no mercado, tendo em vista que boa comida, cerveja gelada são comuns em diversos locais. O que irá realmente diferenciar o estabe- lecimento e fidelizar o seu cliente é a qualidade no atendimento. Você alguma vez já se deparou com a situ- ação de estar em um bar ou restaurante e ser tratado de forma grosseira ou simplesmente se sentir ignorado? E como você se sentiu? Não é nada agradável, não é verdade? Em um mercado extremamente compe- titivo, o papel do profissional de cozinha se torna um fator determinante na manutenção ou não do funcionamento de um estabeleci- mento, uma vez que sua atuação não se limita ao ato de cozinhar. A cozinha é um sistema orgânico e precisa estar em total sintonia para que tudo ocorra da melhor forma dentro de um restaurante. A cozinha precisa saber, por exemplo, por que um prato voltou do salão, entender por que o cliente não aceitou bem aquele prato. Cabe ao cozinheiro e ao chefe a responsabilidade de orientar a brigada de salão quanto ao cardápio, nos ingredientes e preparos dos pratos. Você já visitou alguma cozinha profissio- nal? Se já teve essa oportunidade, provavelmen- te deve ter percebido que dentro da operação de uma cozinha, existem diversos funcionários, cada um com a sua função que, juntos, funcio- nam como uma espécie de orquestra. Deve ter percebido também que toda a or- ganização dos equipamentos e utensílios segue uma lógica que tem como finalidade facilitar o dia a dia da produção e segurança dos alimentos que são feitos nesse espaço. Dentro de uma cozinha profissional, existem diversos cargos, cada um cuidando de um setor específico ao qual damos o nome de “praça”. E assim teremos a praça de saladas e frios, praça quente ou cozinha quente, praça de carnes, praça de peixes, praça de massas, e assim sucessivamen- te, dependendo da complexidade da cozinha. O que é importante perceber é que dentro do serviço de um restaurante há um movimento sincroniza- do, em que todas essas praças precisam estar em perfeita harmonia, uma vez que cada uma tem um papel determinante na qualidade final do produto. Para isso, se faz necessária a presença de um maestro; esse é o chef de cozinha. H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a 23G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Mas, afinal, vou me formar e vou ser chef? Essa pergunta deveria ser feita por todos os estudantes de gastronomia. Atualmente, a mídia vem apresentando esse profissional de uma forma muito deturpada e muitas vezes equivocada, fazendo com que muitos jovens ingressem no ramo da gastronomia com uma visão bem diferente do que é a realidade. Vamos apenas esclarecer algumas coisas: chef de cozinha não é título e sim um cargo dentro de uma cozinha. Para alcançar esse cargo, é necessário um caminho longo de muito estudo, experiências profissionais e o desenvolvimentode diversas competências também pessoais. O chef de cozinha é, antes de tudo, um gestor. Ele deve entender de técnicas, criação de pratos e cardápios, gestão de equipes, custos, compras, marketing, assim como de diversas outras áreas que, direta ou indiretamente, influenciam o fun- cionamento de uma cozinha. Quando terminamos um curso de gastro- nomia, podemos ser um técnico, um tecnólogo em Gastronomia, mas dificilmente sairemos da escola como chef. Muitos chefes renomados têm alertado em entrevistas para essa questão, aconselhando os estudantes a se especializarem, estudarem e a buscarem informações sempre. A busca para ser um profissional de destaque transcende, portanto, o domínio das panelas. Esse profissional precisa ter repertório e, para isso, precisa buscar inspirações em outras áreas que não apenas livros de receitas. Viagens a outras culturas, leituras variadas, política, artes, música são alguns dos exemplos de influências que irão ajudar o profissional a criar a sua identidade e assim poder se diferenciar no mercado de trabalho. O conhecimento do mercado em que está inserido, do perfil do cliente que consome ou que poderá consumir o seu produto também é determinante para o sucesso profissional. Dentre as características comuns de alguns dos mais bem-sucedidos chefs de cozinha estão: pró-atividade, ousadia, empreendedorismo, cria- tividade, inovação, perfeccionismo, perseverança. No atual cenário extremamente dinâmico, competitivo, o perfil do profissional de gastrono- mia exige muita dedicação, estudos e pesquisas constantes em busca da perfeição na cozinha. Ele precisa surpreender o cliente e saciá-lo antes mesmo deste colocar a comida na boca. Os con- sumidores da comida, hoje muito mais exigentes, buscam acima de tudo uma experiência. O profissional precisa estar apto a ser um cozinheiro, gestor, artista, empreendedor e, principalmente, ter um profundo amor e res- peito pela sua profissão. A seguir, vamos conhecer um pouco as ques- tões de higiene e apresentação pessoal que um profissional de cozinha precisa levar em conta e cumprir para a segurança e bom desenvolvi- mento do seu trabalho. H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a 25G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Você já percebeu que em alguns ramos de prestação de serviço escolhemos uma empresa em detrimento de outra por questões de aparência e higiene? No ramo da alimentação, a segurança dos alimentos é cer- tamente uma das maiores preocupações de qualquer estabele- cimento. O fator humano é, sem sombra de dúvidas, um dos componentes de maior infl uência na qualidade e manipulação dos alimentos servidos. Hábitos Saudáveis de Higiene no Trabalho H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a Para isso, se faz imprescindível que o pro- fissional tenha o conhecimento de algumas téc- nicas e procedimentos obrigatórios atuando na cozinha profissional e, mais do que isso, que ele tenha a consciência de que precisa cumprir à risca algumas orientações básicas. Agora vamos analisar as duas fotos ao lado. Por qual desses dois profissionais você gos- taria de ser servido? Qual dos dois lhe passa uma impressão de profissionalismo e higie- ne? Provavelmente, você deve ter escolhido o segundo. Então, vamos ver a seguir algumas das orientações de higiene e postura profissional às quais pessoas que atuam com alimentação devem se atentar. Imagem Pessoal - Uniforme A imagem pessoal do profissional da cozinha deve sempre estar relacionada à higiene. Para tanto, existem algumas regras básicas a serem seguidas, a saber: O uniforme do cozinheiro deve estar sempre limpo, passado, sem rasgos ou remendos e com- pleto. Em cozinhas comerciais, ele geralmente é composto por um dólmã branco, calça preta ou xadrez, avental, toque e sapato de borracha de segurança (fechado e antiderrapante). Em algumas cozinhas industriais ou hospitalares, podem ser encontradas também calças brancas. Além da padronização para a diferenciação das funções na cozinha, o uniforme serve como equipamento de segurança para o cozinheiro, como veremos no tópico Segurança Pessoal e Coletiva na Cozinha. Deve ser de tecido confortável, geralmente 100% algodão ou brim, durável e que favoreça a movimentação durante o trabalho. 27G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R O uniforme deve ser trocado diariamente, ainda que não possua sujeira aparente. Muitos agentes contaminantes podem estar presentes no nosso vestuário ainda que de forma não aparente. A dólmã, hoje utilizada nas cozinhas co- merciais, nasceu com o Chef de cozinha francês Marie-Antoine Carême, em meados do século XVIII, que decidiu criar um uni- forme para os trabalhadores de cozinha. O objetivo era que fosse uma vestimenta que transmitisse limpeza (por isso a cor branca) e que também protegesse o co- zinheiro de queimaduras. Os botões dos dois lados serviam para manter o uniforme limpo caso houvesse algum incidente, o lado de cima automaticamente é trocado pelo de baixo, ainda limpo. Dólmã branco Calça preta ou xadrez Sapato de segurança Toque H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a O toque blanche em francês, traduzido para o português como chapéu branco, tem como principais funções a proteção, para evitar que caiam cabelos nas produções, como também em alguns casos para determinar a hierarquia da cozinha. Em alguns locais, ele ainda é usado com essa função e quanto maior o chapéu maior é o cargo do profissional na cozinha. Higiene Pessoal Além da apresentação, a higiene pessoal do profissional de cozinha é imprescindível para que a qualidade dos alimentos seja garantida. O homem, na maioria das vezes, é o vetor de transmissão, ou seja, o que leva agentes con- taminantes, como bactérias, virus etc, de ali- mentos. Muitas vezes, o simples ato de lavar constantemente as mãos pode evitar sérios problemas e riscos dentro de uma cozinha. Você sabe lavar corretamente as suas mãos? Vamos fazer uma experiência? Pegue um pouco de tinta lavável e esfregue nas suas duas mãos de forma a cobrir toda a superfície interna e ex- terna até os pulsos. Depois coloque uma venda e vá até a pia, prosseguindo com a lavagem que você está acostumado a fazer. E aí? Você acredi- ta que suas mãos estão limpas e próprias para manipular um alimento? A lavagem das mãos deve ser feita sempre antes que o profissional entrar na cozinha, em pias exclusivas para esse fim, conforme exigem as normas da Vigilância Sanitária. Além disso, a operação deve se repetir sempre que o manipu- lador sair da cozinha, tocar objetos que possam contaminar os alimentos, se coçar, tocar o colega etc. Para a efetiva higienização das mãos, as mesmas devem ficar em contato com o sabão por, pelo menos, 15 segundos. 29G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Passo a passo para a lavagem das mãos • 1º passo – molhe as mãos, aplique sabo- nete líquido neutro espcífico para cozi- nha e esfregue as palmas das mãos em movimentos circulares; • 2º passo – esfregue o dorso da mão di- reita com a palma da mão esquerda e vice-versa; • 3º passo – lave as palmas das mãos tendo os dedos entrelaçados; • 4º passo – feche as mãos, mantendo as pontas dos dedos presas às palmas das mãos, esfregando em movimentos para cima e para baixo; • 5º passo – lave os polegares em movi- mentos rotacionais; • 6º passo – com os dedos fechados, lave as palmas das mãos. As mãos deverão ser enxaguadas com água limpa e corrente, e secas com toalhas de papel. Para fechar a torneira, também deverão ser usadas toalhas de papel. Além das mãos, precisamos ter cuidado com a nossa saúde, quando decidimos trabalhar em uma cozinha. Deverão ser seguidas também as orientações a seguir: • Tomar banho antes e depois do trabalho; • No caso dos homens, ter a barba sempre bem feita. • Todos devemter os cabelos sempre limpos e presos. • Não manipular alimento quando estiver doente, resfriado, ou com alguma lesão nas mãos e unhas etc. • Lavar as mãos sempre que deixar a co- zinha, usar o banheiro etc. • Não é permitido o uso de perfumes, ma- quiagens, esmaltes. • As unhas devem ser mantidas sempre curtas e limpas. • Não é permitido o uso de brincos, anéis, pulseiras, alianças, piercings, colares, adornos em geral. 1 2 3 4 5 6 H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a 31G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Vimos até aqui uma série de orientações e como deve se portar um profi ssional da cozinha para que sua atividade possa ser de- senvolvida com segurança e higiene. Além da questão da higiene e apresentação pessoal, é necessário cuidarmos de um aspecto extremamente importante dentro de uma cozinha: a segurança. Quando falamos em segurança na cozinha, temos que abor- dar alguns dos tantos cuidados que devem ser tomados, desde a montagem do espaço até a operação do serviço dentro dela. O local de montagem da cozinha deve seguir as especifi cações das normas da Vigilância Sanitária. Segurança Pessoal e Coletiva na Cozinha H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a Existem diversas especificações físicas e estruturais para a montagem de uma cozinha industrial/comercial, que vão desde a estrutura dos pisos, paredes, ven- tilação, layout. Na disciplina de Higiene e Segurança, você irá se aprofundar nesse conteúdo e estudará as normas e exigên- cias da ANVISA para esse aspecto. P orém, destacamos aqui os pontos que consideramos relevantes quando trata- mos da segurança individual e coletiva dentro de uma cozinha profissional, a saber: os pisos das cozinhas devem ser antiderra- pantes para minimizar o risco de quedas durante o pico da operação da cozinha, onde muitas vezes os funcionários sob pressão se movimentam de forma mais rápida; impermeáveis, resistentes a choques, anti-inflamáveis, resistentes ao peso e deteriorização. O local precisa ser arejado e com ventilação, além de possuir telas de proteção contra insetos e mosquitos; os equipamentos e utensílios devem estar sempre com boa manu- tenção, garantindo a sua correta funcionalidade; a iluminação deve ser adequada (MENDES, 2009). Além da preocupação com o ambiente, é necessário cuidarmos também dos quesitos individuais de segurança. Alguns fatores com- portamentais podem influenciar diretamente a prevenção de acidentes dentro do ambiente de trabalho, quando se trata de uma cozinha profis- sional. A falta de atenção é, na maioria das vezes, a responsável por muitos dos acidentes durante o pico de operação de uma cozinha profissional. Por se tratar de um ambiente em que as pessoas estão sob forte pressão, muitas vezes a pressa e falta de atenção podem acasionar acidentes graves que podem ser evitados. Um dos quesitos básicos para a manutenção da integridade física do profissional de cozinha começa pela proteção individual. Por essa razão, o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) se faz imprescindível para a realização de qualquer trabalho dentro de uma cozinha profissional. De acordo com a Norma Regulamentadora 6 do Ministério do Trabalho e do Emprego, há obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individual para cada tipo de função dentro de uma cozinha industrial. De acordo com o anexo 1 desta mesma norma, identificamos a necessidade dos seguin- tes equipamentos para atuação do profissional em cozinha: EPI para proteção de tronco Vestimentas para proteção do tronco contra riscos de origem térmica – nesse caso, o uso do dólmã protege o profissional do risco de quei- maduras causadas por água ou óleo quentes. 33G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R 1. Vestimentas para proteção do tronco contra umidade prove- niente de operações com uso de água – aventais de plástico (PVC) são recomendados para os funcionários que comu- mente atuam na área de lavagem de alimentos, utensílios e equipamentos. EPI para proteção dos membros superiores 2. Luvas para proteção das mãos contra agentes cortantes e perfu- rantes – no caso do profissional que trabalha com facas bastante afiadas, geralmente do resposnável pela praça de carnes. Existem luvas específicas para proteção de cortes, com aço, comumente vistas em açougues, por exemplo. 3. Luvas para proteção das mãos contra agentes térmicos – o profissional de cozinha está exposto o tempo inteiro à mani- pulação de equipamentos em altas temperaturas e necessita do uso de luvas térmicas para evitar queimaduras. 4. Luvas para proteção das mãos contra agentes químicos – reco- mendadas para os profissionais que manipulam muito a água e produtos químicos, comumente encontrados nas cozinhas profissionais, como detergentes, desengordurantes etc. 1 2 4 3 H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a EPI para proteção dos membros inferiores O calçado para uso em cozinhas profissionais precisa garantir a segurança do profissional nos quesitos: a. proteção contra impactos de quedas de objetos sobre os artelhos; b. calçado para proteção dos pés contra agentes provenientes de energia elétrica; c. calçado para proteção dos pés contra agentes térmicos; d. calçado para proteção dos pés contra agentes abrasivos e escoriantes; e. calçado para proteção dos pés contra agentes cortantes e perfurantes; f. calçado para proteção dos pés e pernas contra umidade proveniente de opera- ções com uso de água; g. calçado para proteção dos pés e pernas contra respingos de produtos químicos. Existe hoje no mercado uma série de calçados vendidos para uso em cozinhas, porém, é im- portante verificar se os mesmos possuem selo de EPI. Muitos chefes utilizam o calçado crocs e existe até certo modismo no uso desse calçado, porém ele não atende às exigências de segurança necessárias para o trabalho em cozinha. O uniforme completo, apresentando an- teriormente, tem como finalidade a proteção contra queimaduras, quedas, e são feitos de tecidos e formas que garantem a exposição às altas e baixas temperaturas às quais os profis- sionais são expostos no ambiente de trabalho, além de possuírem formatos e materiais que auxiliam a prevenção de possíveis danos por realização do trabalho. Comportamento Outro fator importante para a prevenção de aci- dentes no ambiente de trabalho de uma cozinha profissional é o comportamento. A cozinha é um espaço onde estamos expostos a uma série de situações de riscos, por estarmos em conta- to com equipamentos e utensílios cortantes, com altas temperaturas e um ambiente com a presença de água, óleos etc. 35G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A atenção no trabalho é, com certeza, uma das maiores aliadas na prevenção de acidentes de trabalho dentro de uma cozinha. Além do uso dos equipamentos e uniformes adequados, um profissional de cozinha precisa ter em mente que o seu comportamento no ambiente de trabalho pode ser um fator deter- minante para a manutenção da sua integridade física. A cozinha é um local onde existem picos de pressão e correria, e por essa razão, é preciso que algumas regras sejam definidas pelos seus funcionários para que o serviço aconteça de forma fluida e sem grandes ocorrências. A comunicação é imprescindível e necessá- ria, sobretudo, a oral. No momento do grande movimento, as pessoas muitas vezes estão con- centradas e não visualizam o outro. Portanto, é comum se ouvir alguns gritos na cozinha du- rante o forte movimento, como jargões do tipo: “Panela quente” – quando alguém está passando rápido com algo quente nas mãos. Outro cuidado básico é sempre andar pela cozinha com a faca na mão apontada para o chão. Essa atitude evita cortes quando da mo- vimentação rápida de várias pessoas na cozinha ao mesmo tempo. O respeito pelo colega e percepção de equipede trabalho também é muito importante, uma vez que, como vimos anteriormente, a cozinha é um sistema e quando um setor vai bem, todo o resto também vai. Foi possível perceber até aqui quão comple- xa é a formação de um profissional de cozinha. O mercado em que ele atua exige cada vez mais uma postura profissional, ética, de preocupa- ção consigo mesmo, com o outro, com o seu entorno. Além disso, ele precisa cumprir uma série de exigências e recomendações legais, além de sempre trabalhar o espírito de equipe e liderança, e ser, acima de tudo isso, um artista inovador e criativo no seu ofício de cozinhar. H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a C om esta unidade, conseguimos entender um pouco mais sobre esse complexo e fascinante mundo da gastronomia. Vimos um merca- do extremamente dinâmico, onde diariamente são abertos novos empreendimentos e outros tantos são fechados, competitivo e que demanda cada vez mais profissionais qualificados e criativos, prontos para encararem os desafios que por ele são postos no dia a dia de uma cozinha. Percebemos ainda que, além de conhecimentos técnicos, o profissional deve cuidar e se preocupar com o seu bem-estar físico, comportamental e seguir uma série de normas de higiene pessoal e segurança dentro da cozinha. Foi possível conhecer algumas delas e a importância do seu cumprimento para a garantia da qualidade dos serviços e dos alimentos produzidos na cozinha profissional. É claro que esse é apenas o início de uma viagem ao mundo da gastrono- mia, cheia de sabores, surpresas, sensações, alegrias, muitos conhecimentos, estudos e muitos desafios. Como falamos, não é fácil ser chef de cozinha e agora você sabe empregar corretamente esse termo, não é mesmo? Bons estudos e muito sucesso! co ns id er aç õe s fi na is 37G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a at iv id ad e de e st ud o 1. Foi possível perceber, nesta unidade, a importância da qualifica- ção para atuação em uma cozinha profissional. Porém, percebemos também que além de formação técnica, o profissional precisa ter uma série de atributos para se destacar e obter uma carreira de sucesso. Se você fosse contratar um profissional para trabalhar como chefe de cozinha no seu restaurante, quais seriam as características que você levaria em consideração para essa contratação? 2. A segurança do profissional de cozinha é um dos fatores de maior im- portância para o funcionamento de um restaurante. Existem diversas normas e exigências legais que precisam ser cumpridas pelos estabe- lecimentos de alimentação. No que diz respeito aos Equipamentos de Proteção Individual EPIs, é correto afirmar: a) São necessários apenas para os funcionários que trabalham dire- tamente na cozinha. b) São equipamentos que seguem normas técnicas definidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que devem obrigatoriamente estar presentes em todos os setores que oferecem algum risco ao trabalhador. c) São vestimentas utilizadas para garantir a uniformidade e a estética do pessoal da cozinha. d) São equipamentos e vestimentas usadas apenas dentro da cozinha, quando o profissional está exposto a altas temperaturas. e) É de responsabilidade apenas do funcionário possuir todos os equipamentos de proteção, ficando o proprietário do restaurante isento dessa responsabilidade. 39G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R m at er ia l c om pl em en ta r O experimento realizado pelo canal Ponto Ciência demonstra claramente se nosso processo habitual de lavagem das mãos é eficiente ou não. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GHKf386b9L4> Acesso em: 15 dez. 2014 Chef Profissional Instituto Americano de Culinária – CIA Editora: SENAC Sinopse: ‘Chef profissional’ é essencial para qualquer chef que deseja aprender e aperfeiçoar suas técnicas. Essa bíblia dos chefs reflete, como poucos, a forma como as pessoas cozinham e comem, e ainda procura discutir uma vasta gama de assuntos, que vão de uma análise do trabalho do chef a capítulos específicos sobre molhos, sopas, carnes, vegetais, grãos, café da manhã, bolos, pães etc., de receitas simples a preparações mais sofisticadas. O livro inclui informações essenciais sobre nutrição, segurança alimentar e da cozinha, equipamentos e ingredientes, assim como mais de 640 receitas e suas variações. Ratatouille Ano: 2007 Sinopse: Remy (Patton Oswalt) é um rato que sonha em se tornar um grande chef. Só que sua família é contra a ideia, além do fato de que, por ser um rato, ele sempre é expulso das cozinhas que visita. Um dia, enquanto estava nos esgotos, ele fica bem embaixo do famoso restaurante de seu herói culinário, Auguste Gusteau (Brad Garrett). Ele decide visitar a cozinha do lugar e lá conhece Linguini (Lou Romano), um atrapalhado ajudante que não sabe cozinhar e precisa manter o emprego a qualquer custo. Remy e Linguini realizam uma parceria, em que Remy fica escondido sob o chapéu de Linguini e indica o que ele deve fazer ao cozinhar. H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a A elaboração de alimentos não pode ser vista como uma simples questão de preparação dos mesmos para saciar a fome O profissional da cozinha cria alimentos que proporcionam ao ser humano mais prazer. O estilo de vida do homem contemporâ- neo considera a sua alimentação como uma das exigências básicas para alcançar uma harmonia saudável de todas as funções de seu organismo. Portanto, o papel do cozinheiro é fundamental para se conseguir esse equilíbrio. Isso porque será ele o profissional responsável, não apenas pela preparação culinária, mas, também, pela avaliação da combinação de sabores e aromas dos ingredientes a serem utilizados, além de sugerir quais os pratos mais recomendados para serem degustados em determinadas ocasiões. Essas características fazem parte do dia a dia da cozinha profissional. Enfim, seja qual for o estilo das refeições oferecidas aos clientes, será função do cozinheiro criar e preparar um cardápio para colocá-lo à dis- posição de consumidores, os quais se apresentam com as mais diversas expectativas e exigências. Além disso, deve-se considerar que o desenvol- vimento dos meios de comunicação e tecnoló- gicos facilitou o intercâmbio comercial entre os diversos países, modificando profundamente o le it ur a co m pl em en ta r Gastronomia, a qualificação do profissional da cozinha proporcionando mais prazer à vida 41G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R le it ur a co m pl em en ta r universo da cozinha profissional. Por essa razão, a elaboração de alimentos não pode ser abordada como uma simples questão de preparação dos mesmos para serem consumidos apenas com o propósito de saciar a fome. É necessário criar alimentos que propor- cionem ao ser humano mais prazer. De acordo com o chefe Eiji Tomimatsu, cabe ao cozinheiro disponibilizar instruções alimentares, para que as pessoas optem por uma boa alimentação. Portanto, para que um cozinheiro tenha con- dições de desempenhar essa função, primeiro precisa ter a consciência de que os recursos disponíveis, muitas vezes, são escassos e, em segundo lugar, que o seu trabalho envolve trans- formação e combinação de ingredientes em algo que irá não somente ajudar a saciar a fome, mas também contribuirá para a melhoria da qualida- de de vida das pessoas. Por isso, o valor nutri- cional, o sabor e o preço dos alimentos deverão ser cuidadosamente verificados e trabalhados. Ao contrário do que possa parecer, podemos afirmar que, para ser um cozinheiro de primeira linha, não é suficiente apenas saber cozinhar bem. Mas, é preciso também aprender a inovar, experimentar, corrigir, modificar e aperfeiçoar constantemente. Enfim, trata-se de um profis- sional que precisa estar num constante processo de reciclagem de seus conhecimentos, paraque possa avaliar e desempenhar, de forma segura, as suas atividades. Por todos esses motivos, a figura de um cozinheiro é considerada digna de respeito e confiança, pois, além de exigir conhe- cimentos, sacrifícios e preocupações, também se trata de um profissional que precisa ser dotado de talento artístico, para desempenhar suas funções. Por meio da qualificação, o profissional da cozinha pode aprender a elaborar pratos mais nobres e glamourosos, atendendo a um públi- co diferenciado, que valoriza o paladar de uma comida adequada para ocasiões especiais. Leia a matéria na íntegra no site disponível em: <http://www.cpt.com.br/cursos-gastronomia/ artigos/gastronomia-a-qualificacao-do-profissio- nal-da-cozinha-proporcionando-mais-prazer-a-vi- da#ixzz3K5D1kYoR>. Acesso em: 15 dez. 2014 H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTAÇÃO – ABIA. Disponível em: <http://www.abia.org.br/vs/inicio.aspx>. Acesso em: 25 nov. 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BARES E RESTAURANTES. RESTAURANTES – ABRASEL. Um horizonte positivo para o food service. Disponível em: <http://www.abrasel.com.br/index.php/no- ticias/2749-30062014-um-horizonte-positivo-para-o-food-service.html>. Acesso em: 25 nov. 2014. BRASIL. Portal Brasil. Alimentação em Bares e Restaurantes cresce no Brasil. Disponível em: <http:// www.brasil.gov.br/turismo/2014/06/alimentacao-em-bares-e-restaurantes-cresce-no-brasil>. Acesso em: 25 nov. 2014. CENTRO DE PRODUÇÕES TÉCNICAS – CPT. Gastronomia, A qualificação do profissional da cozinha proporcionando mais prazer à vida. Disponível em:<http://www.cpt.com.br/cursos-gastronomia/ artigos/gastronomia-a-qualificacao-do-profissional-da-cozinha-proporcionando-mais-prazer-a-vi- da>. Acesso em: 25 nov. 2014. CHEF PROFISSIONAL. Instituto Americano de Culinária. Tradução Renata Lucia Bottini. 4. ed. São Paulo: Senac Editoras, 2011. FREUND, Francisco Tommy. Alimentos e bebidas: uma visão gerencial. 2. ed. Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 2011. GIANINI, Tatiana. Comer, Beber, Prosperar. Revista Exame, online. 2011. Disponível em:<http:// exame.abril.com.br/revista-exame/noticias/comer-beber-prosperar>. Acesso em: 25 nov. 2014. NR 6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI. Disponível em: <http://portal.mte. gov.br/data/files/FF8080812DC56F8F012DCDAD35721F50/NR-06%20%28atualizada%29%20 2010.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2014. SEBRAE. Disponível em: <http://sebrae2014.com.br/Sebrae2014/Entre-j%C3%A1-em-campo/5- tend%C3%AAncias-para-o-segmento-da-alimenta%C3%A7%C3%A3o-em-2014#.VEQbIvldVOE>. Acesso em: 25 nov. 2014. re fe rê nc ia s Identificação de Facas, Afiação e Utilização ALEXANDRE GIMENES DA CRUZ A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Anatomia e Identificação de Facas • Procedimentos de manuseio correto de facas • Facas Tipicidade • Procedimento de afiação e manutenção da linha de corte • Conhecer a importância das facas para o profissional de cozinha por meio dos diversos tópicos. • Estudar os tipos de facas e suas utilizações. • Conhecer os procedimentos de afiação e manutenção de facas. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem Introdução Você se lembra de quando estava começando a aprender a escrever? Tinha que se preocupar em como segurar o lápis corretamente e escrever uma letra por vez, devagar, cuidando com a forma de cada uma. Depois de um tempo de prática, esse processo tornou-se automático, tanto que, hoje em dia, você não para mais para pensar se está segurando o lápis corretamente, muito menos escrevendo cada letra individualmente. Fazendo uma analogia, aprender a usar uma faca corretamente é muito parecido com esse processo. No princípio, você irá aprender a como segurar uma faca de forma adequada e segura, depois, as técnicas de movimentos, cortes e uso da mão-guia serão explicadas. Aprender a manusear e utilizar uma faca faz parte do primeiro grande desafio que os estu- dantes de gastronomia e os cozinheiros iniciantes devem enfrentar. O resultado satisfatório de seu trabalho no dia a dia está intimamente ligado a esse fator. É preciso, porém, que você tenha em mente que a prática e o exercício constante é que fará com que a excelência seja atingida. Fazemos bem aquilo que fazemos repetidas vezes. Por isso, aprender as técnicas corretas para tal tarefa é primordial, pois fazer corretamente desde o início faz toda a diferença. Além do manuseio e uso, vamos aprender também quais são as partes componentes de uma faca, os tipos específicos para cada tarefa, e como realizar uma manutenção adequada, conhecendo as técnicas para afiação e manutenção do fio. Ao final da unidade, seremos capazes de reconhecer que, desde o início da carreira, é de suma importância que cada profissional forme sua própria coleção de facas. Possuir as próprias facas e aprender a utilizá-las corretamente certamente tornará o seu trabalho mais rápido, seguro e eficiente. 45 H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a 47G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Muitos chefs de cozinha e livros de gastronomia costumam dizer que as facas são consideradas a extensão das mãos do cozinheiro em seu dia a dia de trabalho. Neste estudo, irá compreender o quão importante são as facas para o profi ssional de cozinha, e mais, como o conhecimento geral a respeito do assunto pode tornar o trabalho mais rápido, fácil e produtivo, o que na cozinha profi ssional é imprescindível. Inicialmente, vamos conhecer um pouco sobre todas as partes que compõem uma faca, assim como quais os principais metais que são utilizados para a produção das lâminas. Baseado na obra Chef Profi ssional (2011), este utensílio divi- de-se nas partes a seguir: Anatomia e Identificação de Facas H a b i l i d a d e s d e C o z i n h aH a b i l i d a d e s d e C o z i n h a • Espiga: é a continuação da lâmina que se estende por dentro do cabo. Se você observar que a espiga se estende por toda a extensão do cabo, tenha como certo que se trata de uma faca de qualidade. • Cabo: são feitos de diversos materiais, mas os melhores são materiais mais duros e resistentes a rachaduras ou fendas, sendo duráveis também ao contato com produtos de limpeza. Os preferidos são de polipropileno ou madeira jacarandá. Algumas facas japonesas, como as da marca japonesa Global, preferidas por muitos chefs renomados, são feitas inteiramente em aço, inclusive o cabo. Independente do material que é produzido deve se adaptar à mão confortavelmente. • Bolster ou Gavião: se encontra bem na junção da lâmina com o cabo. Promove um maior equilíbrio da faca e também é um elemento de proteção e reforço. • Rebites: são usados para fi xar a espiga no cabo. Importante que sejam bem embutidos, lisos e rentes à empunhadura. • Espinha: é a parte da lâmina normalmente oposta ao fi o. Infl uencia na resistência da lâmina. Pode servir de apoio para as mãos e os dedos, para aumentar a precisão dos cortes. • Fio ou gume: é a capacidade que o utensílio possui em realizar o corte de forma precisa (profundidade e espessura desejada), com facilidade (mínimo de esforço ou pressão) e perfeição (ação efetivamente realizada, sem rasgar ou esfi apar). Partes que compõem uma faca é a continuação da lâmina que se estende por dentro do cabo. Se você observar que a espiga se estende por toda a extensão do cabo, tenha como certo que se trata de uma faca de qualidade. são feitos de diversos materiais, mas os melhores são materiais mais duros e resistentes a rachaduras ou fendas, sendo duráveis também ao contato com produtos de limpeza. Os preferidos são de polipropileno ou madeira jacarandá. Algumas facas japonesas, como as da marca japonesa Global, preferidas por muitos chefs renomados, são feitas inteiramente em aço, inclusive o cabo. Independente do material que é produzido deve se adaptar à mão confortavelmente. se encontra bem na junçãoda lâmina com o cabo. Promove um maior equilíbrio da faca e também é um elemento de são usados para fi xar a espiga no cabo. Importante que sejam bem embutidos, lisos e rentes à empunhadura. é a parte da lâmina normalmente oposta ao fi o. Infl uencia na resistência da lâmina. Pode servir de apoio para as mãos e os dedos, para aumentar a precisão dos cortes. é a capacidade que o utensílio possui em realizar o corte de forma precisa (profundidade e espessura desejada), com facilidade (mínimo de esforço ou pressão) e perfeição (ação efetivamente Partes que compõem uma faca e espessura desejada), com facilidade (mínimo de esforço ou pressão) e perfeição (ação efetivamente 49G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R 49G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Tipos de lâminas utilizadas Dando continuidade aos nossos estudos, exis- tem diversos materiais utilizados para se fa- bricarem lâminas. Segundo Chef Profi ssional (2011) e Gisslen (2012), os principais são: • Aço carbono: as facas produzidas com lâmi- nas de aço carbono propiciam uma afi ação excelente e mais fácil de conseguir se com- parado com o inox, por exemplo, mas são muito suscetíveis à corrosão e descoloração ao entrar em contato com alimentos ácidos. • Aço inoxidável: são as mais comuns. A ma- nutenção da faca produzida com essa lâmina é muito mais fácil em comparação com a de aço carbono, pois o inox é muito mais forte e não oxida e nem descolore. Porém, é mais difícil de conseguir uma boa afi ação. Mas uma vez bem afi ada, tem a capacidade de manter o fi o por mais tempo. • Aço inoxidável de alto carbono: trata-se de uma novidade, uma liga relativamente recente, que une as vantagens tanto do aço carbono como do aço inox. A afi ação se torna melhor e mais fácil pela presença do carbono, e a composição do inox promove uma maior durabilidade e facilidade de manutenção. Além dessas variedades de materiais, temos também as facas de cerâmica, que atualmente estão na moda e podem ser facilmente encontra- das em lojas especializadas. Elas são fabricadas com um material chamado óxido de zircônia, um material mais duro que o aço. Possuem um excepcional corte, mantendo-se afi adas por bastante tempo. Porém, a recomendação de utilização é que se use majoritariamente para trabalhar com vegetais, frutas e carnes sem osso, evitando o contato com superfícies muito duras. Cabos de facas de polipropileno, ma- deira de jacarandá ou aço são as mais utilizadas para atender aos critérios de higiene e controle de contaminação, uma prática contínua na gastronomia. Na disciplina de Higiene e Segurança, você conhecerá melhor esse processo e a importância da assepsia ao manipular alimentos. • Aço inoxidável de alto carbono: de uma novidade, uma liga relativamente recente, que une as vantagens tanto do aço carbono como do aço inox. A afi ação se torna e a composição do inox promove uma maior melhor e mais fácil pela presença do carbono, durabilidade e facilidade de manutenção. melhor e mais fácil pela presença do carbono, e a composição do inox promove uma maior H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a 51G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R No que se refere aos procedimentos de uso e cuidados especiais com as facas, sempre se deve ter o cuidado com todo o zelo pelo cozinheiro, mas de que forma? O ideal é que se procure seguir as orientações apresentadas a seguir, referentes à manutenção do fio, à maneira correta de armazená-las, à limpeza e à utilização de superfícies de cortes apropriadas, para que não sofram danos e fiquem sem utilização. Procedimentos de Manuseio Correto de Facas H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a • Importância da manutenção do �o – facas afiadas são sempre mais seguras que facas que perderam o fio e ficaram cegas. Na rea- lidade, uma faca bem afiada demanda bem menos esforço para realizar as tarefas, e difi- cilmente escapará ou deslizará por encontrar dificuldade em cortar algo. A boa manuten- ção do fio de corte propiciará sempre um trabalho mais rápido, eficiente e de menor esforço. • Limpeza das facas – após a utilização, limpe, higienize e seque bem suas facas em todas as suas partes, para evitar contaminação de alimentos, manchas e oxidação da lâmina. • Superfície adequada para corte – no Brasil, as placas de corte de polipropileno são as mais indicadas para realizar os cortes, pois possuem uma maior durabilidade, se com- paradas a tábuas de plástico comum, e não afetam o fio da faca, sem porosidade, além de serem consideradas mais higiênicas que tábuas feitas de outros materiais. Evite a qualquer custo utilizar tábuas de vidro, pedra, cerâmica ou aço, pois arruínam o fio de qualquer faca. Porém, é relevante lembrar que a tábua de corte, seja de qualquer material, precisa se manter sempre nova, limpa e higienizada. A partir do momento que apresentar muitas ranhuras, Os primeiros registros de uso de facas são do período Paleolítico Inferior, há 2.500.000 anos, na Tanzânia e na Etiópia. As primitivas peças eram feitas de lascas de pedra e utilizadas para fazer as pontas das lanças, cortar couro para as roupas e produzir utensílios destinados à defesa e ao abrigo. riscos e manchas e odores difíceis de sair, deve ser substituída. • Armazenamento correto – existem várias maneiras de guardar e armazenar as facas, tanto em uma cozinha profissional, domés- tica ou mesmo para quem precisa carregá- -las consigo diariamente. O ideal é que você utilize o seu próprio case de facas, que nada mais é que uma maleta de facas, onde fica mais fácil para você organizá-las e carregar para onde precisar. Importante ressaltar que gavetas de cozinha não são locais ideais para se armazenar nenhum tipo de faca. Uma forma de armazenamento em que se ocupa pouco espaço e se ganha em praticidade é colocá-las em barras magnetizadas presas à parede ou em suporte próprio. 53G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Em nossos estudos sobre Higiene e Segurança, vamos entender o correto procedimento de limpeza, higienização e manutenção dos utensílios e equipamentos da cozinha. Segundo Gisslen (2012, p. 133), “a empunhadu- ra correta permite o controle máximo da faca, aumenta a precisão e a rapidez do corte, evita deslizes e reduz a chance de acidentes”. Existem algumas maneiras de segurar uma faca adequadamente. Porém, antes de tudo, você precisa de uma faca que se encaixe bem em suas mãos e te deixe bastante confortável para tra- balhar. Imagine-se em um restaurante, tendo que cortar em fatias bem finas um saco inteiro de cebolas. Com certeza, você desejaria ter em mãos uma faca que seja adequada ao seu perfil, como o tamanho correto pra você e para a tarefa designada, assim como o peso, a ergonomia do cabo com relação ao tamanho e formato de suas mãos etc. Isso faz toda a diferença quando iremos trabalhar várias horas e desempenhar muitas tarefas com a faca. Empunhando a faca H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a COMO ESCOLHER A FACA DO CHEF IDEAL PARA MIM Ao comprar uma faca do chef, você deverá “experimentar” a faca. Ela deve “servir” em você, assim como uma roupa ou um sapato. Existem diversas marcas, modelos, cabos ergonomicamente diferentes, tamanhos e pesos variados. Por isso você deve procu- rar um modelo que seja bastante confor- tável a você. Segure a faca, verifique se o cabo dela se encaixa bem em sua mão. O material e a forma com que ela foi fabrica- da também devem ser pontos importantes na sua escolha (verifique em anatomia da faca). Lembre-se de que ela será sua fer- ramenta mais valiosa na cozinha. O utro quesito muito importante quanto à empunhadura da faca é o trabalho que será realizado e o tamanho da faca. Cortes delicados e que clamam por maior precisão precisam de um controle maior da faca,exigindo mais dos dedos do que do punho. Cortes como moagem exigirão maior mobilidade, enquanto fatiar uma carne crua irá demandar uma pegada com maior firmeza. Acompanhe as figuras e veja os diferentes tipos de empunhadura que você pode realizar: Segure a faca com quatro dedos e o dedão sobre a espinha. Essa em- punhadura é mais utilizada para cortes que requerem um trabalho mais firme, com maior utilização do punho. Segure a faca com 4 dedos e o dedão contra a lâmina da faca. Essa empunhadura já transmite uma maior estabilidade que a primeira. Segure a faca com 3 dedos, o dedo indicador de um lado da lâmina e o dedão do lado oposto da lâmina. Essa empunhadura é a mais utilizada, pois permite um controle e estabilidade maior sobre os movimentos. 55G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Chamamos de mão-guia a mão que não está segurando a faca durante o corte, e sim o alimento que está sendo cortado. Ela possui duas funções, sendo a primeira justamente a de segurar com precisão o alimento para que ele não escape ou escorregue de suas mãos ao cortá-lo. A outra função é tornar mais fácil o controle do tamanho do corte que você está fazendo, promovendo um corte ou uma fatia mais uniforme. É importante sempre atentar-se à prote- ção da mão-guia para evitar acidentes, posi- cionando a ponta dos dedos para dentro, fora do caminho da faca, e apoiando a lâmina da faca nos nós dos dedos. A prática permite que você domine a téc- nica de segurar a faca corretamente, como também utilizar adequadamente a mão de apoio, assim, executando as técnicas de cortes com perfeição, bem como a velocidade de trabalho. Porém, no início, a velocidade não deverá ser seu principal objetivo. É muito im- portante ter em mente que é preciso primeiro aprender a técnica da melhor forma possível, e que a velocidade dos cortes será uma con- sequência de seu trabalho, prática constante e confiança adquirida. Mão-guia ou mão de apoio H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a 57G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Facas Tipicidade Segundo o livro Chef Profissional (2011, p.171), Há uma extensa gama de facas para desempenhar fun- ções específicas. À medida que você vai trabalhando em cozinhas profissionais seu kit de facas tende a crescer, abrangendo não só as básicas – faca de chef ou faca fran- cesa, faca de desossar, faca de legumes, faca trinchante –, mas também várias facas especiais. Adquirir facas mais específicas e utilizá-las adequadamente para cada tipo de alimento tornará o seu trabalho mais fácil, rápido e produtivo. Além disso, se ganha tempo e produtividade e ainda evita-se o desperdício do alimento. H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a Facas mais utilizadas na Cozinha Profissional 59G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Aqui está uma descrição das facas mais utilizadas corriqueiramente em uma cozinha profissional: (1) Faca do chef: se você tivesse que escolher apenas uma faca e apenas uma para trabalhar, essa seria sua escolha. A faca do chef, ou francesa, é uma faca multitarefas. Você pode cortar, fatiar, picar e laminar. Você encontrará essa faca com a lâmina entre 8 a 12 polegadas. (2) Faca de cozinha ou trinchante: faca utilizada principalmente para cortes mais suaves, mas também serve bem para trinchar aves assadas inteiras. Possui uma lâmina mais estreita e geralmente é encontrada com 5 a 8 polegadas. (3) Faca de legumes ou de ofício: faca pequena, de 2 a 4 polegadas, muito uti- lizada para aparar e descascar vegetais e frutas. Indispensável na cozinha. (4) Faca tourné: bem próxima em tamanho à faca de legumes, mas com uma leve curvatura na lâmina, serve para produzir vegetais torneados, como batatas e cenouras. (5) Faca de desossar: possui uma lâmina fina e pontuda, utilizada geralmente em carnes e aves cruas, com o objetivo de separar o osso da carne. (6) Cutelo: faca bem pesada, com a lâmina bem larga e mais grossa, usada para cortar ossos. (7) Faca de pão: faca serrilhada, com o fio ondulado, evita que se amasse o produto ao ser cortado. Na unidade Cortes Clássicos de Vegetais, vamos estudar os cortes clássicos na Gastronomia e o conhecimento de cada tipo desse utensílio será muito importante. H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a Técnicas de corte Podemos dividir a lâmina de uma faca do chef em três partes e assim definir uma utilização específica para cada uma delas: • Ponta: parte mais delgada da lâmina, utili- zada para itens menores e trabalhos mais suaves. • Centro: a parte utilizada para a maioria dos trabalhos. • Base: utilizada para trabalhos mais árduos e pesados, que demandem mais força. Há também algumas técnicas que utilizamos para picar e fatiar, em que o movimento correto da faca ao realizar o corte se torna imprescindível para um bom resultado e também para evitar a fadiga no fim de uma jornada de trabalho. Para aprender sobre essas técnicas e mo- vimentos, assista à demonstração do chef- -professor na aula de cortes de vegetais deste livro. 61G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a 63G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Procedimento de Afiação e Manutenção da Linha de Corte Você já aprendeu técnicas de corte e a manusear uma faca corre- tamente. Agora está na hora de aprender a afiar e a manter suas facas afiadas. Segundo Sebess (2007, p. 20), A pedra é a melhor ferramenta para afiar facas. A chaira, por sua vez, não deve ser utilizada para afiar, mas apenas para aperfeiçoar a lâmina da faca ou alisar sua irregularidade. Sobre a chaira, Gisslen (2012) coloca que essa ferramenta, também chamada fuzil, não possui a função de amolar, mas de alisar a lâmina, ajustando ou acertando irregularidades, e conservá-la, mantendo-a afiada à medida que é utilizada. H a b i l i d a d e s d e C o z i n h a Mas como devo utilizar corretamente as pedras e a chaira? Primeiro, precisamos entender que para afiar qualquer ferramenta, precisamos uti- lizar um material abrasivo, material este que irá desbastar o metal. Além disso, temos que ter em mente que esse material abrasivo precisa ser composto por um material mais duro do que o que será afiado. Outra característica das pedras de afiar são as dimensões dos grãos do abrasivo ou sua granulação. Quanto maior o número da granulação, menor o grau de aspereza da pedra. Como exemplo, uma pedra com granulação 120 é extremamente abrasiva, enquanto que uma com granulação 2000 seria bem mais fina. Para facas que já perderam o seu fio, utilizamos uma granulação menor, e depois, a maior, logo em seguida. Se você afia suas facas com frequência e elas se mantêm com um bom nível de afiação, comum ouvirmos que a chaira afia a faca, mas esta informação não é verdadeira. Ela manterá uma faca afiada por mais tempo e fará uma faca afiada ficar mais afiada ainda, ou seja, é utilizada na manutenção do fio de uma faca. Não podemos deixar de lembrar que o ideal é que utilizemos óleo ou água para lubrificar e umedecer as pedras, para evitar que o atrito aqueça muito a lâmina e também para que o líquido lubrificante não permita que os detritos se acumulem sobre a pedra, fazendo com que a super- fície abrasiva se mantenha. você usará somente a pedra com alta granulação. As pedras mais comumente encontradas são as de: • Carborundum: feitas de carbeto de silício, possuem normalmente um lado bem abrasi- vo e outro médio. Um pouco mais dura que o aço, usa-se para afiar facas de aço inox e carbono em geral. • Pedras de cerâmica: cerâmica é mais duro que todos os metais, sendo bastante utili- zada para amolar facas de aço, levando um tempo menor para se atingir um bom fio do que as de carbeto de silício. • Pedras de diamante industrial: uma das preferidas dos chefs, pois possui o material mais duro, demorando menos tempo para
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