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MANAUS 2017 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLA SARANNE BENTES CARDOSO MARESSA MARTINS DE PINHO THATIERLEN DA COSTA REIS SÍNTESE DO BIODIESEL E CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DE PTERODON EMARGINATUS (SUCUPIRA) E DIPTERYX ODORATA (CUMARU). Relatório solicitado para obtenção de nota parcial referente à 5ª aula prática da disciplina de Química Orgânica e Bioquímica Experimental. Prof. Responsável: Dr. Geverson Façanha da Silva. 1 INTRODUÇÃO A poluição descontrolada ocasionou impactos ambientais como as mudanças climáticas e a intensificação do efeito estufa, sendo a liberação de dióxido de carbono (CO2) produto da combustão da queima de carvão, petróleo, gás natural e floresta uma das principais causas desses problemas. Em 1988, realizou-se a primeira reunião com governantes e cientistas para discorrer sobre as mudanças climáticas e a partir daí o assunto tornou- se foco de estudos e discussão. (MAPA, 2009) O biodiesel é um combustível obtido a partir de óleos vegetais e gordura animal, e ainda óleo residuais. Ele surgiu como uma alternativa para os combustíveis fósseis, pois sabe-se que o petróleo é uma fonte finita e não renovável. No entanto ele pode ser utilizado apenas em motores de ignição por compressão (ANP, 2016). Além disso, o biodiesel causa menos poluição que o diesel fóssil. O biodiesel não substitui o óleo diesel proveniente do refino do petróleo. A princípio a mistura do biodiesel no diesel fóssil era facultativa e de carácter experimental. Em 2005 no artigo 2º da Lei n° 11.097/2005 legislação federal a mistura do biodiesel com o óleo diesel tornou-se obrigatória. Em janeiro de 2008, foi estipulado a quantidade mínima de 2% (B2) de biodiesel. Em março de 2017 esse valor passou a ser de 8% e até 2019, segundo o cronograma previsto Lei nº 13.623/2016, o teor será de 10% (B10). (ANP, 2016) 1.1 SÍNTESE DO BIODIESEL O biodiesel pode ser obtido através da reação de esterificação, transesterificação, catálise enzimática e por craqueamento. Sendo que o processo mais utilizado é a transesterificação. Na reação de transesterificação um triglicerídeo, principal constituinte de óleos vegetais e gordura animal, reagem com álcool de cadeias curtas, como o metanol e etanol, para a formação de ésteres e glicerina (subprotuto). (JARDINE, et all. 2009) A figura abaixo mostra a equação geral da reação de transesterificação. http://nxt.anp.gov.br/NXT/gateway.dll/leg%2Fleis%2F2005%2Flei%2011.097%20-%202005.xml 1.2 ÓLEO DE CUMARU O barueiro (Dipteryx odorata) é uma leguminosa arbórea. Seu fruto possui polpa e semente e é conhecido como Cumbaru, Baru, Barujo, Coco- feijão, Cumarurana, Emburena-brava, feijão-coco e pau-cumaru. (EGUES, et all. 2014) É de ocorrência natural predominante do cerrado brasileiro. Seu porte depende da localização do seu plantio variando de 3 a 12m de altura na Caatinga e 40m no Peru na idade adulta. A floração e frutificação se inicia no começo da estação chuvosa e o amadurecimento dos frutos na estação seguinte, a partir do mês de julho. Uma árvore produz em torno de 8 a 12 Kg de semente e dá início a produção em tono de 10 anos de idade. (CARVALHO, Fonte: (CARVALHO, 2003) Figura 2 - Ocorrência natural do Cumaru. Figura 1 - Reação de transesterificação. Fonte: (JARDINE, et all. 2009) 2003) A madeira é utilizada na construção naval, marcenaria e recuperação de áreas como nascentes, córregos e margens de rios. A polpa do fruto é utilizada para preparar farinhas e doces. Além disso, o óleo extraído possui uso medicinal e industrial como antirreumático, regulador de menstruação, lubrificante de equipamentos e cosméticos. (SANTOS, et all. 2012) O óleo de cumaru é constituído por 75,6% de ácidos graxos insaturados. (VERA & SOUZA, 2009) 1.3 ÓLEO DE SUCUPIRA Sucupira ou faveiro (Pterodon emarginatus) é uma planta medicinal não muito conhecida da região do Cerrado brasileiro e também da Caatinga. É uma árvore de porte médio, com altura de aproximadamente 10 metros. O troco desta árvore é composto por uma casca lisa branco-amarelada e suas raízes formam as extensões de reserva. Floresce entre os meses de setembro e outubro, e seus frutos amadurecem no período de junho e julho (Xavier et al,2009). As flores roxas são o que mais chamam atenção na Pterodon emarginatus, fazendo com que possa ser utilizada para a arborização de ruas. Sua madeira é bastante utilizada em construções civis, devido à durabilidade e resistência. É uma das plantas que estão ameaçadas de extinção na cidade de São Paulo (Pinto,2015). Geralmente esta planta é utilizado para tratar reumatismo, dores de garganta, disfunções respiratórias além de ter atividades analgésicas e anti-inflamatórias (Alves, 2012) 1.4 ÍNDICE DE ACIDEZ Através do índice de acidez pode-se conferir a qualidade dos óleos vegetais. Pois existem fatores como o tratamento das sementes e armazenamentos que influenciam este índice. Para se obter o índice de acidez pode ser utilizado o método de titulação ácido-base, usando como titulante o hidróxido de sódio e como indicador a fenolftaleína, que segundo a ANVISA é permitido no máximo 0,3 g/100g (Pereira, 2007). De acordo com a Farmacopeia Brasileira 5ªed (2010) os índices altos de acidez são referentes a hidrólise acentuada dos ésteres que compõem as matérias graxas. 1.5 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO O índice de saponificação é utilizado para determinar de forma indireta a quantidade de ácidos graxos em peso (Almeida et al, 2011). Conforme a Farmacopeia Brasileira 5ªed (2010), o índice de saponificação demonstra em miligramas, a quantidade de hidróxido de potássio (KOH) preciso para neutralizar os ácidos livres e saponificar os ésteres existentes em uma amostra de 1g. Para realizar a saponificação pode também ser utilizado o método titulométrico, usando como titulante o ácido clorídrico, antes da titulação o óleo deve ser misturado com uma determinada quantidade de KOH e ficar em banho Maria adaptando um condensador de refluxo, após algum tempo, depois a amostra deve ser retirado do sistema e adicionar fenolftaleína, assim podendo realizar a titulação. 1.6 ÍNDICE DE REFRAÇÃO Esta técnica é um método indireto, físico, não seletivo que determina a concentração de sólidos solúveis totais e por isso não faz nenhuma distinção entre os tipos de açúcares presentes e suas concentrações. (SILVA, 2017) Refração é a mudança da direção de um feixe de luz ao trocar de meio. Nesse caso, a passagem do ambiente para a solução líquida. Essa mudança é medida em graus, para a determinação do ângulo de refração. Utiliza-se um aparelho denominado refratômetro para tal função. O refratômetro mede este desvio e retorna um valor de índice de refração, que é comparado com um padrão, previamente calibrado. (CALDAS et al.,2015) 1.7 ÍNDICE DE PERÓXIDO Essa técnica mede o estado de oxidação de óleos e gorduras calculando a quantidade de substâncias que oxidam o iodeto de potássio. Peróxidos orgânicos possuem forte ação oxidante, por isso são produzidos no começo da degradação dos óleos e gorduras. Esses peróxidos reagem com o iodeto de potássio liberando iodo que posteriormente titula-se com tiossulfato de sódio utilizando amido como indicador. (COSTA, 2006) É medida em mols por 1000 g de amostra e é preferível que não ultrapasse 10 mili equivalentes/1000 g, pois indica baixa capacidade de deterioração oxidativa. (COSTA, 2006) 2 METODOLOGIA 2.1 MATERIAIS E REAGENTES 2.1.1 Síntese de Biodiesel • Chapa de aquecimento; • Balança analítica; • Béquer de 100 ml; • Béquer de 50 ml; • Bastão de vidro; • Funil de separação; • Água destilada; • Óleo de Sucupira; • Óleo de Cumaru; • KOH; • Metanol; • Fita de pH; 2.1.2 Determinação da Acidez • Balança analítica; •Erlenmeyers de 125 a 250 mL; • Erlenmeyer de 500mL; • Pipeta graduada ou volumétrica de 50 mL; • Pêra; • Bureta; • Solução de fenolftaleína 1%; • Solução Padronizada de Hidróxido de Sódio (NaOH) 0,1N; • Álcool etílico 96%. 2.1.3 Índice de Saponificação • Balança analítica; • Chapa de aquecimento; • Condensador vertical tipo Allinh (de bolas) ou de serpentina, com boca esmerilhada; • Balão de fundo chato de 250 mL com boca esmerilhada; • Pipeta volumétrica de 25 mL; • Bureta; • Becker com capacidade 1000ml; • Balão Volumétrico com capacidade de 100mL; • Esferas de ebulição; • Pêra. • Solução alcoólica de hidróxido de potássio-KOH 0,5 N: dissolver 30g de KOH em álcool; • 96% para 1L de solução; • Solução Padronizada de ácido clorídrico (HCl) 0,5 N; • Fenolftaleína 1%; 2.1.4 Índice de Refração • Refratômetro; • Óleo de Sucupira; • Óleo de Cumaru; • Água destilada. 2.1.5 Índice de Peróxido • Balança analítica; • Frascos para índice de iodo de 250 mL; • Pipeta volumétrica de 25 mL; • Proveta de 100 mL; • Proveta de 50 mL; • Pipeta graduada de 5 mL; • Tiossulfato de sódio 0,001 M, preparar solução 0,1 N e diluir uma alíquota de 10 mL da solução para 1L; • Ácido Acético Glacial P.A.; • Clorofórmio P.A.; • Goma de Amido a 1%: dissolver 1 g de amido em 100 mL de água, ferver a mistura sob constante agitação até obter um líquido fino e translúcido; • Solução saturada de Iodeto de Potássio - recente, incolor e guardada ao abrigo da luz. 2.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 2.2.1 Síntese de Biodiesel Foi pré-aquecido 25 ml de óleo de cumaru e sucupira separadamente em um becker de 100 mL a temperatura em torno de 55 °C. Pesou-se em um béquer 0,375 g de KOH e foi dissolvido em 9 mL de metanol sob controle de temperatura (45 °C). Adicionou-se solução de metóxido de potássio recém preparada ao óleo, mantendo sob leve agitação por 15 minutos a 45 °C. Transferiu-se a mistura reacional para um funil de separação e observou-se a formação de emulsão e/ou mudança de cor. Esperou-se a definição das duas fases. Lavou-se com água destilada até que se atingiu o pH neutro e mediu-se o volume de biodiesel produzido. 2.2.2 Determinação da Acidez Tarou- se o erlenmeyer e obteve- se um peso de 5,01 g e 5,02 de cumaru e sucupira respectivamente. Em seguida adicionou-se 50mL de álcool etílico 96% neutralizado. Após a dissolução completa da amostra, adicionou-se duas gotas de solução de fenolftaleína. Utilizou-se a solução de NaOH 0,1N como titulante na bureta e, gotejou-se a solução no erlenmeyer em constante agitação, até que uma leve coloração rósea apareceu e persistiu por 15 segundos. 2.2.3 Índice de Saponificação Tarou-se o balão de fundo chato e pesou-se 2,03 g e 2,01 g de cumaru e sucupira respectivamente. Em seguida adicionou-se 25 mL da solução de KOH 0,5 N com uma pipeta volumétrica de 25 mL e colocou-se esferas de ebulição. Conectou-se o condensador no balão com a amostra em banho-maria. Foi realizado paralelamente uma determinação em branco, colocando-se em refluxo apenas a solução de KOH. Deixou-se a amostra em refluxo por cerca de 30 minutos. Em seguida, retirou-se do aquecimento e, no mesmo balão, adicionou-se 2 gotas da solução de fenolftaleína. Utilizou-se a solução HCl 0,5 N como titulante na bureta e gotejou-se a solução na amostra ainda quente até que a coloração rosa desapareceu totalmente. 2.2.4 Índice de Refração O equipamento foi ligado na tomada respeitando a voltagem necessária e o compartimento de amostras foi limpo com água destilada e papel. Em seguida, adicionou-se algumas gostas do óleo de cumaru, sucupira, biodiesel de cumaru e biodiesel de sucupira no local, fechou- se e ajustou- se a luz no visor do refratômetro para realizar a medição correta, como mostra a figura 1 abaixo. Depois de anotado o índice de refração e o brix, lavou- se o compartimento com água destilada e papel a cada amostragem. 2.2.5 Índice de Peróxido Pesou-se 2,034 g e 2,552 g de óleo de cumaru e sucupira respectivamente. Adicionou-se 25 ml de solução ácido acético glacial:clorofórmio 2:1, ou seja, 16,67 ml de ácido acético glacial e 8,33 ml de clorofórmio e agitou-se até a completa dissolução da amostra. Adicionou-se 1 mL de solução saturada de iodeto de potássio, tampou-se o frasco e o deixou em repouso durante alguns minutos. Juntou-se 35 mL de água e titulou-se o iodo liberado com Tiossulfato de Sódio 0,001 M. Próximo a viragem (a solução titulada adquire cor amarela pálida), juntou-se 1 ml de amido e prosseguiu titulando. Preparou-se uma amostra em branco seguindo o mesmo procedimento. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 SÍNTESE DE BIODIESEL A PARTIR DO ÓLEO DE CUMARU E SUCUPIRA 3.1.1 Rendimento Para se calcular o rendimento do óleo de Cumaru utilizou-se da seguinte fórmula: 𝑛 = 𝑉𝑓 𝑉𝑖 × 100% = 27 27 × 100% = 100% Segundo Silva (2011), as propriedades físico-químicas do óleo estão diretamente relacionadas ao rendimento e qualidade dos biodieseis. Altas taxas de acidez podem reduzir o rendimento da reação de transesterificação. Diante do exposto, estes óleos apresentam uma boa alternativa na produção do biodiesel. Pereira (2010) encontrou um rendimento em massa de 91% na rota metílica. Utilizando a fórmula acima para calcular a concentração de Sucupira é possível obter o seguinte resultado: 𝑛 = 𝑉𝑓 𝑉𝑖 × 100% = 27,9 28 × 100% = 99,6% Dentre os valores obtidos de rendimento do óleo de Sucupira e Cumaru obtiveram resultados excelentes de rendimento na transesterificação do óleo para biodiesel. Que em comparação com o rendimento de outros óleos encontrados na literatura, foi bem maior. Segundo Santos (2010) o óleo de girassol obteve um rendimento de 98,6% e o de dendê 74,8%. Ou seja, a transesterificação dos óleos é bastante satisfatória. 3.2 CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DE CUMARU E SUCUPIRA 3.2.1 Índice de Acidez Em prática gastou 1,4 mL de NaOH 0,1 mol/L e utilizou-se 5,01 g de óleo de cumaru. Para os cálculos do índice de acidez, expresso em % de ácidos graxos livres, aplicou-se a expressão: Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻 × 0,1 𝑁 × 28,2 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 (𝑔) Onde, 28,2 é um índice oriundo de amostra padrão de ácido oleico. 𝐼𝐴 = 1,4 × 0,1 × 28,2 5,01 = 0,78 Como o teor de acidez é uma das principais características que confere qualidade aos óleos vegetais. Vários fatores podem influenciar a acidez de um óleo vegetal, por isso ao comparamos há uma diferença de acidez, Rodrigues et al. (2012) encontrou uma acidez com óleo de cumbaru de 0,40 mg KOH/g, e Gonçalves, C.R (2014), encontrou uma acidez de 0,60 mg KOH/g. Assim, a acidez está diretamente relacionada com a qualidade da matéria-prima, com o processamento e, principalmente, com as condições de conservação dos óleos vegetais. Já para o óleo de Sucupira, foi utilizada uma massa de 5,02 g, e no processo de titulação o volume total utilizado foi de 2,01 mL de NaOH 0,1 mol/L. Através da análise utilizando o método de titulação é possível obter determinados tipos de informações, como a acidez, ou seja, quanto maior o volume gasto no processo mais ácido será (ROCHEL,2015). Utilizando a fórmula para calcular o Índice de Acidez, pode-se calcular sua acidez: IA = 2,1. 0,1. 28,2 5,02 = 1,18 Pascoa, et al (2013) obteve um índice de acidez de 3,36. Segundo a legislação brasileira (ANVISA,2010) é possível determinar a qualidade de conservação do óleo, presença de impurezas entre outros fatores, através deste índice. 3.2.2 Índice de Saponificação Em prática, gastou 25,5 mL de HCl 0,5 mol/L para titular o branco, e 9,9 mL deste mesmo HCl para titular 2,03 g da amostra. A diferença entre o volume de HCl gastos nas titulações é equivalente à quantidade de potássiogasto na saponificação. A partir da diferença do volume de titulante na titulação em branco e com a amostra, a seguinte equação foi utilizada para determinar o índice de saponificação: 𝐼𝑆 = (𝑉𝑏 − 𝑉𝑎)× 𝑁 × 56,1 𝑀 Onde, “Vb” é volume de HCl gasto na titulação do branco em mL, “Va” é o volume de HCl gasto na titulação da amostra em mL, “N” que é a normalidade da solução e “M” é a massa da amostra em gramas. Substituindo temos então que: 𝐼𝑆 = (25,5 − 9,9)× 0,5 × 56,1 2,03 𝑔 = 215,55 Conforme Ribeiro e Seravalli (2004), a reação de saponificação pode estabelecer o grau de deterioração e a estabilidade, verificar se as propriedades dos óleos estão de acordo com as especificações e identificar possíveis fraudes e adulterações. Quanto menor o peso molecular do ácido graxo, tanto maior será o índice de saponificação, grosseiramente; para as gorduras vegetais, quanto mais altos os índices de saponificação mais se prestam para fins alimentares (MORETTO e FETT,1998). Para o óleo de Sucupira, foi utilizado para titular uma amostra de 2,01 g 7,0 mL de HCl 0,5 mol/L. Utilizando a fórmula acima para calcular a saponificação: 𝐼𝑆 = (25,5 − 7) × 0,5 × 56,1 2,01 = 258,17 De acordo com os valores estabelecidos pela Farmacopeia Brasileira 5ª ed (2010), demonstrados na tabela abaixo, o valor obtido está dentro do esperado, pois ao utilizar uma amostra de 2 gramas se obteve um valor entre 200 e 300. Estes valores estão ligados também ao comprimento da cadeia e com as quantidades de insaturações. Tabela 1 - Quantidade de amostra para determinar o índice de saponificação. Valor esperado de Is Quantidade de Amostra (g) 3 – 10 12 – 15 10 – 40 8 – 12 40 – 60 5 – 8 60 – 100 3 – 5 100 – 200 2,5 – 3 200 – 300 1 – 2 300 – 400 0,5 – 1 3.2.3 Índice de Refração O valor do índice de refração deve ser precedido da expressão: 𝑛𝐷 𝑡 n - Índice de refração t - Temperatura na qual foi efetuada a medida D- Comprimento de luz usado, neste caso corresponde à raia D do sódio. Tabela 2: Valores de Índice de Refração e Brix. Amostra Brix Índice de refração Óleo de Cumarú 72,6° 1,4719 Biodiesel de Cumarú 5° 1,340 Óleo de Sucupira 72,2° 1,4711 Biodiesel de Sucupira 70,9° 1470 O índice de refração é uma propriedade física que pode ser utilizada para definir a qualidade dos óleos, ele está relacionado com a velocidade da luz no ar e no meio. Esta propriedade varia de acordo com a temperatura, teor de ácidos graxos livres, oxidação, tratamento térmico e aumenta de acordo com o grau de insaturação dos ácidos graxos que constituem os triglicerídeos. É um fator característico para cada óleo (Almeida et al, 2011). Os resultados obtidos estão muitos próximos dos demais óleos encontrados na literatura, pois são os valores geralmente encontrados. A única discrepância é o índice do biodiesel de Cumaru, que se deve à algum fator desconhecido. 3.2.4 Índice de Peróxido Determina-se, em moles ou mili equivalentes por 1000g de amostra, todas as substâncias que oxidam o iodeto de potássio; devido à sua ação fortemente oxidante, os peróxidos orgânicos formados no início da ramificação, atuam sobre o iodo de potássio, liberando o iodo que será titulado com tiossulfato de sódio em presença de amido, como indicador (MORETTO e FETT, 1998). Na titulação utilizou-se 2,034 g de óleo de Cumaru, obtendo 25,6 ml de triosulfato de sódio, já na amostra branca utilizou-se 1,7 ml triosulfato de sódio. Substituindo os resultados na expressão a seguir, calcula-se o índice de peróxido. Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑃𝑒𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜 = (𝑆 − 𝐵) 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 Onde: S = volume, em mL, de triosulfato de sódio utilizado na amostra; B = volume, em mL, de triossulfato de sódio utilizado no branco. Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑃𝑒𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜 = (25,6 − 1,7) 2,034 = 11,8 Para o óleo de Sucupira foi utilizado uma massa de 2,552 g e utilizando o processo de titulação foi possível obter 22mL de triosulfato, desta forma é possível calcular o índice de peróxido: Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑃𝑒𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜 = (22 − 1,7) 2,552 = 7,9 De acordo com Farmacopeia Brasileira 5ª ed (2010) os valores obtidos de índice de peróxido na prática com os óleos, estão de acordo, pois em uma amostra onde a massa varia de 2 a 5 gramas é esperado um valor entre 0 e 12, e o valor obtido para o óleo de Cumaru foi de 11,8 e para o de Sucupira foi de 7,9, ou seja estão dentro dos limites estipulados. Tabela 3 - Quantidade de amostra para determinação do índice de peróxido. Valor esperado de Ip Quantidade de Amostra (g) 0 – 12 2,00 – 5,00 12 – 20 1,20 – 2,00 20 – 30 0,80 – 1,20 30 – 50 0,500 – 0,800 50 – 90 0,300 – 0,500 4 CONCLUSÕES Na prática foi possível produzir o Biodiesel, ou seja, ésteres de ácidos graxos, a partir dos óleos de Cumaru e Sucupira. Através do experimento, conheceu-se sobre o mecanismo de reações de transesterificação e calculou- se o rendimento. Assim, os objetivos foram alcançados. Além disso, utilizaram- se outros métodos para analisar os óleos, para compreender algumas propriedades físico-químicas, das quais são: o índice de refração, de saponificação, de peróxido e de acidez. Desta forma, obteve-se maior conhecimento sobre técnicas que não estavam programadas para o experimento. REFERÊNCIAS ALMEIDA, J. K. P.; NUNES, G. P.; RODRIGUES, D. P.; TEIXEIRA, C.C.M.; MELLO, J. R. Caracterizações físico-químicas de óleos vegetais utilizados para produção de biodiesel com metodologias alternativas simples. ENEGEP, Belo Horizonte- MG, 2011. ALVES, S. F. Estudo da composição química, de atividades biológicas e microencapsulação do óleo essencial dos frutos de Pterodon emarginatus Vogel- Fabaceae (“Sucupira”). Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Farmácia, 2012. CALDAS, B. S. et al. Determinação de açúcares em suco concentrado e néctar de uva: comparativo empregando refratometria, espectrofotometria e cromatografia líquida. Scientia Chromatographica, v. 7, n. 1, p. 53-63, 2015. CARVALHO, P. E. R. Cumaru. Circular Técnica, EMBRAPA. Colombo, PR. 2003; COSTA, T. L. Características Físicas e Físico-químicas do Óleo de duas Cultivares de Mamona. Universidade Federal de Campina Grande. Paraíba, 2006. EGUES, L.J.P.; GONÇALVES, C.R.; MATOS, F.I.; CONCEIÇÃO, A. T.; ARRUDA, A. P. Avaliação físico-química do óleo de cumbaru como matéria- prima potencial para produção de biodiesel. 7º Simpósio Nacional de Biocombustíveis. Cuiabá, Mato Grosso. 2014. FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 5ª edição. p.150-151.,2010 GONÇALVES, C.R.; LIRA, J.P.E.; ARRUDA, A.P.; FRAGA, I.M.; SIQUEIRA, W.C.; BASSAN, R.M.C. Avaliação do potencial do óleo de cumbaru (dipteryx alata vog.) e da mistura com óleo residual na produção do biodiesel por catálise básica. IFMT-CAMPUS CÁCERE, 2014. MORETTO, E.; FETT, R. Definição de óleos e Gorduras tecnologia de óleos e gorduras vegetais na indústria de alimentos. São Paulo. Varella, 1998. PASCOA, H.; DINIZ, D. G. A.; BARA, M. T. F. Desenvolvimento de Microemulsões a base de óleo fixo da sucupira (Pterodon emarginatus Vogel) Fabaceae. Faculdade de Farmácia – UFG, 2012. PEREIRA, A.F.C. Determinação simultânea de acidez, índice de refração e viscosidade em óleos vegetais usando espectrometria NIR, calibração multivariada e seleção de variáveis. Universidade Federal da Paraíba - Departamento de Química, 2007. RIBEIRO, E. P.; SERAVALLI, E. A. G. Química de Alimentos, 2004. ROCHEL, T. C. Determinação e avaliação da atividade antioxidante em polpas de frutas de açaí, acerola e cupuaçu. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 2015. RODRIGUES et al. Biodiesel etilico de baru (Dipteryx alata vog): caracterização físico-química e distribuição de massas. 52o Congresso Brasileiro de Química,Recife-Pernambuco. 2012. SANTOS, A. G. D. Avaliação da estabilidade térmica do biodiesel de algodão, girassol, dendê e sebo bovino. Dissertação (Mestrado em Química), UFRN, Natal, RN 2010 SILVA, G. F. Apostila de Química Geral e Bioquímica Experimental. Manaus: Universidade do Estado do Amazonas, 2017. ANEXOS ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO 1. Proponha um mecanismo para a reação de transesterificação deste experimento. 2. Qual a reação que ocorre entre o KOH e o metanol? Reação de transesterificação, onde o volume de metanol e a massa de KOH tem como finalidade obter maior rendimento na produção de ésteres. 3. Defina uma reação de transesterificação. É uma reação também conhecida como alcoólise, é bastante utilizado como uma forma de converter triglicerídeos em biodiesel. 4. Por que o biodiesel é menos poluente do que os combustíveis fósseis? Pois é um combustível que é vem a partir de fontes naturais renováveis. 5. Cite algumas matérias-primas que podem ser utilizadas na produção do biodiesel. Óleos vegetais, gorduras animais, óleos e gorduras residuais. 1 INTRODUÇÃO 1.1 SÍNTESE DO BIODIESEL 1.2 ÓLEO DE CUMARU 1.3 ÓLEO DE SUCUPIRA 1.4 ÍNDICE DE ACIDEZ 1.5 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO 1.6 ÍNDICE DE REFRAÇÃO 1.7 ÍNDICE DE PERÓXIDO 2 METODOLOGIA 2.1 MATERIAIS E REAGENTES 2.1.1 Síntese de Biodiesel 2.1.2 Determinação da Acidez 2.1.3 Índice de Saponificação 2.1.4 Índice de Refração 2.1.5 Índice de Peróxido 2.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 2.2.1 Síntese de Biodiesel 2.2.2 Determinação da Acidez 2.2.3 Índice de Saponificação 2.2.4 Índice de Refração 2.2.5 Índice de Peróxido 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 SÍNTESE DE BIODIESEL A PARTIR DO ÓLEO DE CUMARU E SUCUPIRA 3.1.1 Rendimento 3.2 CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DE CUMARU E SUCUPIRA 3.2.1 Índice de Acidez 3.2.2 Índice de Saponificação 3.2.3 Índice de Refração 3.2.4 Índice de Peróxido 4 CONCLUSÕES REFERÊNCIAS ANEXOS
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