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Endocrinologia 2 COMPLICAÇÕES CRÔNICAS COMPLICAÇÕES CRÔNICAS - DM MACROVASCULARES MICROVASCULARES Arteriopatia periférica Retinopatia diabética Doença coronariana e cardíaca Nefropatia diabética Neuropatia diabética Doença cerebrovascular Pé diabético A retinopatia diabética acomete 100% dos pacientes com DM1 e cerca de 60-80% dos DM2 após 20 anos de terapia convencional. Surge após 5 anos de exposição à hiperglicemia, mais frequentemente após 10 anos, mas pode surgir concomitantemente ao diagnóstico. Classificação 1. RD não proliferativa (leve, moderada e grave ou pré-proliferativa) 2. RD proliferativa 3. Maculopatia diabética O exame que utilizamos para avaliar a retina do paciente é o fundo de olho (ou fundoscopia). Se o paciente está hiperglicêmico, ou seja, com a glicose descompensada, não conseguimos ver a retina de forma nítida, porque o humor vítreo também fica hiperglicêmico, tendo, assim, um aspecto turvo. Por isso, a fundoscopia não está indicada se o paciente estiver hiperglicêmico/descompensado. No paciente que não está hiperglicêmico, nós fazemos o exame dividindo o fundo do seu olho em quadrantes, para não correr o risco de esquecer nada. RD não proliferativa - As alterações encontradas na fundoscopia são: · microaneurismas o sinal mais precoce da RD, são herniações saculares nas paredes dos vasos capilares retinianos. Surgem como pontos avermelhados nas camadas superficiais retinianas e sua ruptura provoca hemorragias intrarretinianas. · exsudatos duros a quebra da barreira hematorretiniana permite o vazamento de proteínas, lipídios. · hemorragias intrarretinianas em “chama de vela” · manchas algodonosas são infartos da camada de fibras nervosas devido a oclusão das arteríolas. Todas essas alterações acontecem porque existe lesão endotelial. A. Neovasos periféricos B. Hemorragia em chama de vela C. Exsudatos duros D. Manchas algodonosas E. Loop venoso Com a existência dessas lesões, em especial, com a isquemia, nosso organismo irá tentar compensar por meio da angiogênese, que se inicia com a liberação de substâncias angiogênicas.RD proliferativa É a formação/proliferação dos vasos em grande quantidade. Esses vasos, porém, são muito frágeis, rompendo com facilidade e ocasionando hemorragias frequentes, que - ao entrarem em cicatrização - provocam fibrose e, consequente encurtamento das fibras, resultando em descolamento de retina. A retinopatia proliferativa traz – portanto – mais riscos de descolamento de retina. A maculopatia diabética não é evolução das retinopatias – proliferativa e não proliferativa. Caracteriza-se por ocorrer na região da mácula, que é o local de formação da imagem. Qualquer doença nessa região leva a uma perda visual chamada AMAUROSE, por isso que um caso leve pode causar uma perda visual maior que uma retinopatia grave. Como fazer o follow-up da retinopatia diabética? · DM 1 – Fundoscopia após 5 anos da doença · DM 2 – Fundoscopia ao diagnóstico Repetir exame a cada ano para os pacientes sem retinopatia e a cada 6 meses para aqueles com retinopatia. Se a glicemia estiver bem controlada e o paciente não tiver evidências de RD, avaliar em até 2 anos. Controle rigoroso de pressão arterial (PA) e glicemia.A retinopatia hipertensiva leva a danos semelhantes da retinopatia diabética Tratamento da retinopatia diabética · Fotocoagulação a laser Pode ser uma panfotocoagulação ou uma fotocoagulação localizada, porém é paliativo, de forma que melhora imediatamente, mas pode trazer prejuízo a longo prazo, visto que a coagulação causa isquemia e, consequentemente, o surgimento de novos vasos, além de outras complicações. Mas se traz prejuízos, por que realizar? Realizamos esse tratamento em pessoas que já estão com a perda visual muito avançada e a melhora da acuidade visual por 1 a 2 anos já é importante. · Anticorpo monoclonal contra o fator de crescimento do endotélio vascular (Ranibizumabe – aprovado em 2017) – utilizado principalmente nos casos de edema macular Anticorpo injetado com uma agulha dentro do globo ocular cuja aplicação ocorre a cada 3 ou 4 semanas. Não reverte a doença, mas consegue evitar a sua progressão. O problema é o alto custo. Nefropatia diabética · Mecanismos fisiopatológicos não completamente entendidos · Expansão mesangial, glomeruloesclerose difusa ou focal · Assintomáticos (20 a 40% diabéticos)IMPORTANTE saber até que ponto o tratamento do paciente terá resultado · Fases · I – hipertrofia e hiperfiltração glomerular · II/III – microalbuminúria · IV – nefropatia manifesta, proteinúria (albuminúria), HAS · V – rins em fase terminal (creatinina ≥ 10mg/dl)Exame para avaliação Albumina em urina de 24h/ microalbuminúria de 24h Normal Proteinúria MICROALBUMINÚRIA 300mg 30mg A microalbuminúria é a quantidade de albumina excretada a cada 24h e é importante porque só podemos prevenir a perda da função renal se o diagnóstico for feito até essa fase. Se pedirmos a proteinúria de 24h, o exame me dirá se o paciente tem ou não proteinúria, ou seja, se o valor for menor que 300 dirá que o paciente está normal (não tem proteinúria), mas ele pode ter microalbuminúria. Diagnóstico e prevenção · Controle anual (pelo menos uma avaliação de albumina) · Após 5 anos (DM 1) e ao diagnóstico (DM 2) · Microalbuminúria: 30 a 300mg/urina de 24h · Razão albumina/creatinina urinária: 30-300mg/g menos incômodo para o paciente · Razão de filtração glomerular: < 60ml/min/1,73m2 (anormal) O paciente coleta todo o volume de urina excretado durante todo o dia e noite (24 horas), desprezando a primeira urina do dia que começou, e coletando a primeira urina da manhã do dia seguinte. Além disso, deve refrigerar a amostra desde o início da coleta. Como é feito o exame de microalbuminúria de 24h? Como conduzir?0,6 – 0,8g/kg/dia (~1 bife médio) Restrição proteica 3 RECOMENDAÇÕES Controle glicêmico Controle pressórico Tratamento · Eficaz na fase de microalbuminúria · Eficácia moderada na fase de proteinúria franca sem insuficiência renal · Fazer uso de fármacos anti-hipertensivos, mesmo sem HAS Inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA) – captopril, enalapril, lisinopril, ramipril Dilatam predominantemente a arteríola eferente, onde a angiotensina II tem mais efeito vasoconstritor, reduzindo a pressão de filtração glomerular. Principal efeito colateral: TOSSE Bloqueador do receptor de angiotensina II (BRA) – losartana, irbesartana, valsartana Agem no receptor de angiotensina II, sendo alternativa para as contraindicações dos IECA. Inibidores da renina – alisquireno Agem na fase final do SRAA, a desvantagem é o alto custoHipoglicemiantes orais · ISGLT-2 = ↓reabsorção tubular de glicose, ↓PA, ↓ pressão intraglomerular, ↓ da albuminúria e da velocidade de perda da filtração glomerular · Analógos de GLP-1 = melhora a evolução renal quando comparado ao placebo Indicações de diálise · Creatinina > 6 mg/dl · Clearance de creatinina < 25 ml/minAvaliar possibilidade/necessidade de transplante renal ou transplante combinado pâncreas-rim ↓Drogas de escolha para doentes renais Neuropatia Diabética · Comprometimento do Sistema Nervoso Periférico · Após 20 anos de doença: 50% apresentam evidências de ND · Patogênese mal explicada · Formas de apresentação 1. Polineuropatia simétrica sensitiva + comum 2. Neuropatia autonômica gastroparesia e diarreia diabética 3. Radiculopatia amiotrofia diabética 4. Mononeuropatia N. mediano 5. Mononeuropatia múltipla comprometimento assimétrico de mais de um nervo periférico (ex- paciente com ptose palpebral e síndrome do túnel do carpo) · Predomínio da dor à noite *Polineuropatia simétrica sensitivaGraduar (como curto, médio, longo) para verificar se a doença está progredindo · Bilateral · Complicação crônica mais frequente · Sintomas em “cano de bota” evoluindo a sintomas em forma de “luva” · Dormência, formigamento, dor ao toque, hiperpatia SENSIBILIDADE · Vibratória diapasão · Propricoeptiva mover o dedo do paciente para cima e para baixo · Térmica algodão quente e frio · Dolorosa palito/agulha· Tátil monofilamento · Lesão de fibras axonais · Grossas mielinizadas: fibras A (sensibilidade vibratória e proprioceptiva) · Fibras não mielinizadas: fibras C (sensibilidade térmica, dolorosa e tátil Tratamento 1. Cuidado com os pés, controle glicêmico 2. Dor neuropáticaMedicamentos não criados para neuropatia, mas benéficos a. Pregabalina (anticonvulsivante, análogo da GABA) dorene, lyrica, prebictal (150-600mg/dia) b. Gabapentina (aguarda aprovação do FDA) gabaneurin (900 a 3600mg/dia) c. Duloxetina (inibidor de recaptação da noradrenalina/serotonina) velija, cymbalta (60-120mg/dia) d. Ácido tióctico Thioctacid 600 HR (único criado especialmente para dor neuropática) 3. Creme de Capsaicina a 0,075% - Moment a 0,075% Derivado da pimenta, causa uma destruição da camada nervosa, diminuindo a velocidade da passagem da dor, é utilizada nos casos de hiperpatia, em que – muitas vezes – o simples toque do lençol causa uma dor insuportável Venlafaxina – Efexor XRMedicamentos não aprovados para tratamento da dor neuropática, mas que aparentam ter benefícios Carbamazepina – Tegretol Amitriptilina – Amytril CUIDADO para não confundir a dor da neuropatia diabética com a dor da claudicação intermitente Pé diabético · Fatores de risco neuropatia diabética, infecção polimicrobiana, doença arterial aterosclerótica · Avaliação do pé (incluindo uso do monofilamento)Uso de cremes ceratolíticos a base de ureia ou uso de óleos vegetais · Medidas de prevenção · Tratamento · Clínico amoxicilina com clavulanato/ampicilina com sulbactam · Debridamento cirúrgico A úlcera plantar é o acometimento mais comum. O paciente diabético tem tendência à hiperceratose, isto é, a formação de calos, que podem fissurar e servir de porta de entrada para infecção. Teste do monofilamento Complicações macrovasculares Na verdade, estamos falando de uma complicação só – a aterogênese – que vai desencadear a doença, o que muda é o local em que acontece. O maior problema é que esses pacientes têm manifestações isquÊmicas assintomáticas. · Coronária = IAM – infarto agudo do miocárdio · Carótida = AVC – acidente vascular cerebral · MMII = arteriopatia periférica 1. Doença coronariana e cardíaca Fator de risco para eventos cardiovasculares (critérios de Framingham) Diabético sem IAM prévio = não diabético com IAM prévio 20% de chance de sofrer IAM Mais jovem; maior mortalidade; maior incidência de reinfarto, novos eventos isquêmicos; maior chance de eventos assintomáticos 2. Doenças cerebrovasculares Doença carotídea aterosclerótica é mais comum Maior risco de AVC isquêmico (2x)Por isso, a importância do ecodoppler de carótidas 3. Arteriopatia periférica Aterosclerose de MMII, principalmente o território tibio-peroneal
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