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LESÕES PROLIFERATIVAS BENIGNAS As lesões prolifera�vas benignas, independente da origem, têm como caracterís�cas em comum a proliferação celular (apresentada clinicamente como um aumento de volume), geralmente são limitadas, ou seja, a re�rada do fator causador leva à regressão da lesão e a maioria é indolor, de crescimento lento. Os fatores podem ser desconhecidos ou apresentarem-se em duas ou mais hipóteses, sendo alguns possíveis: radiação, genes, traumas, agentes biológicos, vírus etc. Já as neoplasias benignas crescem de forma autônoma, ou seja, não apresentam fatores que se re�rados levariam à regressão. 1. Classificação As lesões prolifera�vas benignas podem ser classificadas como reacionais , quando respondem a alguma ação que leva a proliferação celular (se conhece a relação ação/reação), prolifera�vas não neoplásicas , quando não se conhece em defini�vo sua causa mas sabe-se que não apresentam comportamento neoplásico e as neoplasias benignas . 2. Proliferação epitelial PAPILOMA ESCAMOSO Fator: HPV (6 e 11 - baixa oncogenicidade e infec�vidade) O papiloma escamoso apresenta-se como uma lesão solitária, pequena, rosa ou esbranquiçada conforme quan�dade de cera�na depositada. Tem caracterís�ca exo��ca (crescimento para fora), com proliferação de quera�nócitos da camada espinhal. Tem fácil diagnós�co e tratamento (remoção cirúrgica, crioterapia, agentes ceratolí�cos). É comum em crianças. ASPECTO CLÍNICO: apresenta-se como uma saliência verruciforme ou papilar, de super�cie digi�forme (aparência de couve-flor) ou verrucosa, irregular, podendo ser peduncular ou séssil. Tem projeções curtas que podem ser pontudas ou embotadas. ASPECTO HISTOPATOLÓGICO: A avaliação microscópica é necessária para fechar o diagnós�co da lesão. Em roxo escuro, tem-se a proliferação do epitélio escamoso estra�ficado cera�nizado, marcada por múl�plas projeções ao redor do tecido conjun�vo fibrovascular, importante para o crescimento do papiloma, infiltrando as projeções e formando papilas. A camada de cera�na encontra-se espessada (aparência clínica esbranquiçada). A imagem ao lado mostra uma lesão peduncular. Em maior aumento, observa-se citoplasma claro e núcleos picnó�cos que representa uma intrusão viró�ca, chamando-se de coilócitos . VERRUGA VULGAR Fator: HPV A verruga vulgar é bastante comum em várias regiões do corpo, principalmente as externas e mais anteriores (lábio, comissura labial, parte anterior da língua etc), além da cavidade oral. Apresenta-se como projeções curtas e envoltas, múl�plas e mais rosadas. Tem alto potencial contagioso com possibilidade de auto-inoculação. Geralmente indolor. É mais comum em crianças. O tratamento consiste na sua remoção cirúrgica, curetagem, crioterapia e agentes ceratolí�cos. Contudo, muitas vezes, a lesão pode apresentar regressão espontânea. ASPECTO CLÍNICO: super�cie verruciforme (em mini-depressões), irregular de projeções mais curtas que o papiloma escamoso, rosadas, amareladas ou esbranquiçadas, geralmente apresenta-se em grande número e bem próximas. ASPECTO HISTOPATOLÓGICO: numerosas projeções curtas, com grande quan�dade de cera�na (hipercerató�ca) e suas cristas convergem para o centro. Além disso, a verruga apresenta na sua super�cie grânulos querato-hialinos e coilócitos. CONDILOMA ACUMINADO Fator: HPV (incluindo 16 e 18 - mais oncogênicos) O condiloma acuminado é considerado uma infecção sexualmente transmissível que tem como principalmente via de transmissão o contato por trauma no sexo. Também observa-se a auto-inoculação. Geralmente é indolor. A�nge áreas como mucosa genital, perianal, oral e da laringe. Mais frequente em adultos jovens, caso apareça em crianças, suspeita-se de abuso sexual. A remoção cirúrgica é o tratamento mais adequado. Deve-se evitar tratar o condiloma acuminado com crioterapia e com jatos, já que se trata de um vírus altamente contagioso e que pode se dispersar. No caso de lesões mais posteriores, pode ser recomendado a u�lização de agentes ceratolí�cos (tratamento mais longo). ASPECTO CLÍNICO: lesão exo��ca, de coloração semelhante à mucosa e base séssil. Apresenta-se com projeções curtas e embotadas como o papiloma escamoso e a verruga vulgar. ASPECTO HISTOPATOLÓGICO: apresenta-se como um meio termo, não se tem projeções tão grandes como o papiloma e nem bases arredondadas e convergentes como a verruga vulgar. Pode apresentar coilócitos. HIPERPLASIA EPITELIAL FOCAL Doença de Heck Fator: HPV (13 e 32) A hiperplasia epitelial focal apresenta-se como várias pápulas com caracterís�ca verrucosa e plana. Além disso, tem associação com a etnia (indígenas e esquimós apresentam maior prevalência) e pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) apresentam maior probabilidade de desenvolverem a lesão. Pode passar despercebido, como um hábito do paciente. É mais comum na mucosa labial superior e inferior, lingual e jugal. O tratamento não é indicado devido ausência de sintomatologia dolorosa e por não apresentar desconforto ao paciente (a distribuição é homogênea). Além disso, pode ter regressão espontânea. Não é contagioso. 3. Proliferação de tecidos moles HIPERPLASIA FIBROSA Fator: traumas Por terem fatores traumá�cos associados, as hiperplasias fibrosas são bastante comuns. Nos traumas proté�cos, o constante ajuste de posicionamento pelo paciente leva à formação de cordões/faixas que simulam um novo rebordo alveolar. Assim, podem se formar um ou até mais cordões e neles terem acúmulo de alimentos e úlceras, por exemplo, que causam dor. Sua e�ologia está relacionada com o tecido conjun�vo hiperplasiado em conjunto com uma mucosa normal. Podem ter conformações diferentes a depender do fator causal, contudo geralmente apresentam super�cie lisa. Então, deve-se conhecer o fator associado, pois sua re�rada leva a regressão da lesão (quando menor). Em lesões maiores, pode-se fazer remoção cirúrgica. Outros fatores são: sucção pela ausência de dente e mordida. Mais incomumente, pode-se ter hiperplasia fibrosa por câmara de sucção. 1. Hiperplasia fibrosa inflamatória É muito comum. Geralmente estão associadas à sucção por conta da perda de elemento dentário ou mordida constante. 2. Fibroma por irritação Geralmente associado aos traumas proté�cos.ASPECTO CLÍNICO: apresenta-se como uma massa exo��ca, firme à palpação, super�cie lisa, bem delimitada, de base séssil ou pedunculada. É indolor e de crescimento lento. No caso de traumas proté�cos, tem formato de folha, peduncular e achatado. ASPECTO HISTOPATOLÓGICO: apresenta-se como uma camada epitelial normal em espessura recobrindo uma massa de proliferação de tecido conjun�vo. HIPERPLASIA PAPILAR INFLAMATÓRIA Fator: má adaptação, má higienização e uso con�nuo da prótese se tornam favoráveis à c. albicans A hiperplasia papilar inflamatória consiste em múl�plas mini pápulas no palato duro. Clinicamente, a área apresenta-se avermelhada por conta do fungo e as pápulas se dão por conta da prótese. O tratamento consiste na intervenção à prótese e ao fungo, podendo incluir limpeza do aparelho com água sanitária, an�fúngicos e troca da prótese. Além disso, a par�r do método abrasivo, pode alisar as pápulas e recobrir a prótese com cimento cirúrgico até sua cicatrização, trocando logo em seguida. É bem comum. GRANULOMA PIOGÊNICO Fator: Irritação (por dente quebrado, cálculo, aparelho ortodôn�co etc) É uma lesão reacional bastante comum na cavidade oral. Clinicamente, apresenta-se avermelhado com uma borda esbranquiçada semelhante à uma pseudomembrana, nodular. Ocorre principalmente na gengiva, já que apresenta maior proximidade com os dentes, que por sua vez é es�mulado pelo biofilme, uma restauração em excesso ou falta ou cálculo dentário por exemplo. A resposta à ação é dada pela formação do tecido de granulação (vasos e tecido conjun�vo novo) na tenta�va do organismo reparar a lesão. O granuloma sangra ao toque, pois está rico em pequenos vasos. A e�ologia não corresponde à lesão, pois não é considerado granuloma e não tem como fator bactérias piogênicas. Tem fácil diagnós�co. É uma lesão simples que deve ser removida e deverá ter reparação do fator causador. Não tem envolvimento ósseo, apenas tecido mole. É comum em pacientes grávidas, sendo chamado de granuloma gravídico . Essa lesão está associada aos hormônios presentes na gravidez, além dos mesmos fatores de um granuloma piogênico convencional. ASPECTO HISTOPATOLÓGICO: nos exames histopatológicos enxergam-se neovascularização, infiltrado inflamatório e faixas de tecido conjun�vo. Com o passar do tempo, os vasos diminuem e aumenta o tecido conjun�vo (a lesão se torna mais fibrosa, podendo evoluir para uma hiperplasia fibrosa). Confirma diagnós�co. LESÃO PERIFÉRICA DE CÉLULAS GIGANTES As lesões periféricas de células gigantes apresentam a possibilidade de envolvimento ósseo por estarem relacionadas ao ligamento periodontal, sustentado na radiografia. Geralmente apresentam maiores volumes que o granuloma piogênico. A e�ologia está relacionada à sua cons�tuição de células gigantes na sua microscopia. O tratamento é a remoção cirúrgica. ASPECTO HISTOPATOlÓGICO: presença de células gigantes. Esse achado é o mesmo encontrado em pacientes com hiperpara�reoidismo (aumentos tanto fora quanto dentro do osso), então sugere-se que essa lesão pode ser encontrada tanto como uma manifestação sistêmica quanto localizada na cavidade bucal. Para diagnós�co da manifestação sistêmica, ou seja, com hiperpara�reoidismo, pede-se exames de sangue para avaliar níveis de paratormônio, fosfatase alcalina, cálcio e fósforo. FIBROMA OSSIFICANTE PERIFÉRICO O fibroma ossificante periférico é uma neoplasia com envolvimento do ligamento periodontal, incluindo fibroblastos, cementoblastos e osteoblastos. Essa lesão lembra um granuloma piogênico e o início de uma lesão periférica de células gigantes. Apresenta tecido mineralizado que pode ser visto na radiografia como uma área radiopaca. Tem envolvimento ósseo em maior ou menor quan�dade. A boa remoção impede recidiva. ASPECTO HISTOPATOLÓGICO: LIPOMA O lipoma é uma neoplasia benigna de origem adiposa. Clinicamente, apresenta-se amarelado recoberta por mucosa normal, além da presença de vasos que nutrem esse tumor e auxilia no crescimento. É bem frequente na região de mucosa jugal e região anterior. Não está associada à obesidade ou índices de acúmulo de gordura aumentados. Podem apresentar tamanhos variados, geralmente unitários, podendo ser sésseis ou pedunculados. O tratamento é a remoção cirúrgica. Quando colocado na solução de formol a 10%, o espécime fica submerso, o que revela a quan�dade de gordura e fortalece diagnós�co. Não é comum e a recidiva é rara. HEMANGIOMA Sem fator O hemangioma é uma neoplasia benigna de origem vascular sanguínea, podendo ocorrer tanto com capilares quanto seios cavernosos. Geralmente arroxeadas/avermelhada e peduncular. Apesar de ter diagnós�co fácil, não se pode fazer biópsia incisional, pois leva à hemorragia intensa e possíveis complicações a depender do volume. É comum. Tem prevalência em faixa etária mais precoce (crianças), podendo regredir, estacionar ou desaparecer à medida que o paciente cresce. Os principais locais são lábio e língua (quando presente, causa macroglossia devido hipertrofia pela alta irrigação). O diagnós�co correto deve ser feito por vitropressão ou diascopia, em que se pressiona a lâmina histológica no local, levando à isquemia (extravasamento de líquido; vaso muda de cor) do hemangioma. Pode apresentar-se tanto em tecido mole quanto em tecido duro. Em casos de lesão intra-óssea, o hemangioma pode simular outras lesões a par�r de caracterís�cas imagiológicas variadas. Por isso, antes de se realizar uma imagem para diagnós�co, faz-se uma pulsão que deve apresentar saída de sangue. *Relação com o Sarcoma de Kaposi: são similares, algumas caracterís�cas podem servir para diagnós�co diferencial. Por exemplo: só o hemangioma responde ao teste de vitropressão enquanto o Sarcoma de Kaposi está mais associado aos pacientes com HIV (diagnós�co diferencial). *Relação com o Granuloma SÍNDROME DE STURGE WEBER: apresenta um volume grande de hemangioma acometendo uma extensa área da cavidade bucal. É possível observar manchas vinhos na hemiface do paciente, o que reflete uma proliferação que segue o nervo trigêmio e seus ramos. Pode ter ainda calcificações intracranianas, podendo gerar convulsões. O paciente provavelmente u�liza medicação an�convulsivanteque, por sua vez, pode levar a hiperplasia gengival medicamentosa. O tratamento deve ser conduzido pelo risco de romper durante a fala, mas�gação e outros acidentes. Pode-se u�lizar remoção cirúrgica (respeitando critérios, como a lesão ser pequena), u�lização de agentes esclerosantes (mais comum), embolização (lesões de grande porte) e a crioterapia (lesões menores). A radioterapia é contra-indicada e o interferon é muito caro para ser u�lizado. Aplica-se o agente esclerosante na periferia e por baixo da lesão. A medicação é u�lizada por 15 dias, nas primeiras quatro horas o paciente sente muita dor, sendo 24h o pico de dor controlada por analgésicos. Esse agente gera uma inflamação e leva à uma obliteração dos vasos e, consequentemente, um fibrosamento e formação de pequenos trombos com redução dos vasos. Após a fibrose e tamanho reduzido, a cirurgia pode ser recomendada. LINFAGIOMA Sem fator O linfagioma é uma neoplasia benigna com proliferação de vasos linfá�cos. Não tem a mesma repercussão como o hemangioma. Está mais presente na língua, podendo levar a macroglossia. Tem coloração roxa-acastanhada e forma pequenas pápulas (“região pedregosa”), podendo fazer diagnós�co diferencial com o hemangioma. Não modificada no exame de vitropressão. Pode ser removido cirurgicamente, correndo o risco de recidiva (a ressecção radical evita recorrência). Tem diagnós�co simples e é rela�vamente comum. NEVO MELANOCÍTICO O nevo melanocí�co apresenta-se como uma deposição de células das cristas neurais com deposição de melanina. São as “pintas” no interior da boca. A remoção não é necessária. É mais comum no palato e gengiva. Deve-se fazer um acompanhamento do paciente de 15 a 30 dias no máximo, principalmente por conta dos melanomas malignos. Como também pode apresentar-se escura, arroxeada ou azulada, u�liza-se a manobra semiológica de vitropressão. É pontual e pequeno. SAIBA DIFERENCIAR DE: mancha melanocí�ca (mais espalhadas e geralmente se dão em locais de cicatrização, estão mais associadas aos fumantes); manchas escuras associadas a doença de Addison (estão em números maiores e se dão por hiperpigmentação); tatuagem por amalga (história com restauração com amálgama); pigmentação melânica (é generalizada, de caráter racial). Por conta disso, deve-se fazer correlações. Caso não tenha certeza e não consiga fazer nenhuma relação, faz-se a re�rada e biópsia da lesão para descartar possibilidade de melanoma maligno . O nevo melanocí�co deve manter a cor, não pode perder limites e não pode se mul�plicar, pois isso é sinal de transformação e, consequentemente, neoplasia maligna. NEUROFIBROMA O neurofibroma é uma neoplasia benigna envolvendo células neurais. Pode aparecer unitárias, geralmente indolores, de consistência mole e crescimento lento. É mais comum na pele e boca (mais na língua e mucosa) e raramente são intra-ósseos. Pode estar isolado ou associado à alguma doença sistêmica (doença de Von Recklinghausen - várias pápulas e manchas café com leite espalhadas pelo corpo, pode gerar deformidade, de origem gené�ca). NEOPLASIAS MUSCULARES Tem variações clínicas variáveis, podendo simular outras lesões. São raros. A ocorrência é intra-óssea e quando benignos, o tratamento é a remoção cirúrgica. Exemplo: leiomioma.
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