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PRODUÇÃO DE MOLHO FERMENTADO TIPO SOJA A PARTIR DE FONTE ALTERNATIVA: GRÃO-DE-BICO (Cicer arietinum L.). CAVALCANTE, THABATA1 PIATEK, A. G.2; FOLTRAN, G. M.3; HONMA, R. A.4; TOMITA, R. J.4 1 - Aluna do curso Técnico em Química da Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas. 2 - Professora da Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas. 3 - Avaliador Externo Convidado – Universidade Federal de São Paulo – Campus Diadema 4 - Orientadores Externos – Sakura Nakaya Alimentos LTDA. RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo a produção do molho fermentado tipo soja por meio de uma fonte alternativa de matéria prima, o grão-de-bico (Cicer arietinum L.). Os resultados obtidos demonstraram viabilidade na produção do molho alternativo proposto, sem necessidade de impor alterações ao procedimento utilizado para obtenção do molho de soja convencional. O molho obtido por meio de grão-de-bico apresentou um valor de nitrogênio total (NT) de 1,01 % e aproveitamento proteico (AP) de 51,9 %. Estes valores, quando com- parados aos do molho de soja típico (NT = 1,47 %; AP = 43,9 %), indicaram bons resultados, visto que estes parâmetros são considerados os mais importantes na avaliação do molho de soja. Desta forma, este produto se mostra muito promissor quanto à atuação em um nicho de mercado carente de opções livres de substâncias consideradas alergênicas, como as encontra- das nos grãos de soja, além de possuir ótima qualidade nutricional e organoléptica. Palavras-chave: Molho de soja, shoyu, grão-de-bico, enzimas, fermentação. INTRODUÇÃO MOLHO DE SOJA O molho de soja é um produto mile- nar, de origem chinesa e foi introduzido no Japão somente a partir do século VII [1,2]. Denominado “chiang-yu” na China e “shoyu” no Japão, o molho de soja é um líquido de coloração castanho avermelhado escuro, obtido a partir da fermentação de soja com trigo, ou algum outro cereal ami- láceo [3]. O produto apresenta complexo sabor, com destaque para a intensa presen- ça do umami [4]. Esta característica é for- mada a partir da hidrólise de fontes protei- cas sob processos de fermentação, que promovem a formação de compostos nitro- genados como o ácido L-glutâmico livre, cuja forma em sal, glutamato monossódico, é considerada a substância determinante do sabor umami ao paladar humano [4-6]. A figura 1 a seguir apresenta a estrutura mo- lecular do ácido L-glutâmico: Figura 1: Estrutura molecular ácido L-glutâmico. Durante o período de fermentação também são formados outros compostos orgânicos, como álcoois, ésteres e ácidos que contribuem de modo importante aos aspectos organolépticos do produto, além de compor parâmetros de indicadores de qualidade para o molho de soja. Na litera- tura, encontram-se trabalhos envolvendo a técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) no qual foram identifi- cados centenas de compostos aromatizan- tes capazes de influenciar diretamente no sabor do produto [7,8]. Em termos analíticos, uma caracte- rística importante para a avaliação de qua- lidade do molho de soja é o seu teor de proteína. Esta análise é realizada indireta- mente, por meio da determinação do teor de nitrogênio total (NT), seguida de con- versão deste valor pelo fator (x 6,25) utili- zado para produtos derivados da soja [9]. É importante ressaltar que este é considerado o principal parâmetro de qualidade para o molho de soja, pois o teor de proteína pre- sente no molho está diretamente relaciona- do à eficácia dos processos enzimáticos nos estágios de fermentação [1]. De acordo com a Japanese Agricul- tural Standard, agência reguladora do mo- lho de soja no Japão, o molho de soja deve apresentar teores de nitrogênio total (m/m) na faixa de 1,5 a 2 %; açúcares redutores entre 3-5 %; etanol entre 2-2,5 % ácidos orgânicos entre 1-2 % e teor de sal na faixa de 18-20 %. Além disso, a agência também cita que cerca de metade dos compostos nitrogenados presentes deve ser de amino- ácidos livres e mais de 10 % constituído por ácido glutâmico livre para resultar em um produto com sabor agradável [5,10]. No Brasil, não há uma regulação específica que determina a qualidade do molho de soja. Apesar de historicamente ser muito apreciado na culinária oriental, o uso do molho de soja encontra-se muito difundido na culinária global atual, representando importante relevância econômica no mer- cado da indústria alimentícia. Estima-se que o valor de mercado do produto foi de 39,7 bilhões de dólares em 2018 [11]. ETAPAS DE FERMENTAÇÃO O molho de soja é tradicionalmente produzido por meio de duas etapas de fer- mentação. A primeira etapa é denominada koji e consiste no processo de fermentação em estado sólido (FES), no qual é realizada a inoculação do fungo filamentoso Asper- gillus oryzae (figura 2) ou Aspergillus so- jae sobre a matéria-prima. Figura 2: Aspergillus oryzae (cultura laboratorial: 5 dias; 30 °C; Agar batata dextrose). Após inoculação, a mistura é distri- buída em caixas rasas com cerca de 10 cm de profundidade, e depois incubada a 30 °C por aproximadamente 48 horas. Esta etapa promove o crescimento aeróbio dos fungos, transformando o koji em uma mas- sa amarelo esverdeada, consequência da esporulação dos fungos em condições con- troladas de: a) temperatura (30-35 °C); b) agitação / aeração (18, 23 e 32 horas); e c) umidade inicial (43-45 %). O controle des- tes parâmetros, além de promover um bom crescimento do micélio, também atua na prevenção ao desenvolvimento de bactérias pertencentes ao gênero Bacillus, um con- taminante indesejado no estágio de cultura do koji [12,13]. O principal objetivo desta etapa (fi- gura 3) é promover a hidrólise enzimática dos macro- nutrientes da matéria-prima em moléculas derivadas, como peptídeos, aminoácidos e açúcares [14]. Estes compos- tos, além de apresentarem função orga- noléptica, serão importantes para a próxi- ma etapa de fermentação. Figura 3:Esquema representativo da principal função do koji (hidrólise enzimática) A segunda etapa de fermentação, de- nominada moromi, ocorre em meio aquoso, ao ser acrescentado sobre o koji uma mis- tura de salmoura de concentração entre 20- 23 % (m/V). Nesta fase, o crescimento microbiano ocorre por meio aeróbico, fa- vorecendo o crescimento de organismos halotolerantes, como bactérias lácticas e leveduras. O moromi é mantido por cerca de 4 a 6 meses em tanques de fermentação, sendo aerado diariamente durante as primeiras semanas do processo. Estas condições for- necem aeração suficiente para uma boa cultura inicial da microbiota de interesse, impedindo o crescimento de microrganis- mos anaeróbicos indesejáveis e prejudici- ais à fermentação [15]. É nesta etapa que ocorre a maturação do produto, no qual os microrganismos halotolerantes vão se de- senvolver em função dos nutrientes dispo- níveis, hidrolisados na etapa anterior (koji), gerando muitos compostos orgânicos capa- zes de influenciar diretamente no sabor. Assim, a etapa do moromi é considerada como o principal estágio para formação de compostos de caráter organolépticos do produto [16]. Após estas etapas de fermentação, o mosto é prensado para obtenção do líquido denominado “molho de soja cru”, que será destinado aos processos de pasteurização, formulação e envase, dando origem ao produto final. O resíduo da prensagem do mosto de moromi, também chamado de torta “kas- su”, é aproveitado como ração animal [17], tornando o processo de obtenção do molho de soja praticamente livre de resíduos. MATÉRIA-PRIMA ALTERNATIVA: GRÃO-DE-BICO O Grão-de-bico (Cicer arietinum L.) é uma leguminosa cuja domesticação e primeiros registros de cultivo remontam à antiguidade, na região compreendida por “crescentefértil”, envolvendo territórios do Oriente Médio e nordeste da África [18]. Quanto a classificação dos grãos, existem dois tipos, denominados kabuli e desi. O tipo kabuli é mais frequentemente encontrado na região do Mediterrâneo e apresenta sementes grandes, com coloração creme clara e formato arredondado, assim sendo o favorito para fins comerciais e culinários. O tipo desi, é majoritariamente cultivado na Etiópia e parte do oriente mé- dio como Afeganistão e Irã. Apresenta sementes pequenas, de coloração escura variada e formato anguloso irregular [19]. Mais de 80 % da produção mundial atual é representada pelo grupo desi, que é larga- mente empregado como cultura de subsis- tência nos países produtores. No Brasil, a totalidade dos grãos importados, comercia- lizados e consumidos pertence ao grupo kabuli [21]. A figura 4 apresenta uma amostra de grão-de-bico da variedade kabuli. Figura 4: amostra de grão-de-bico (kabuli). O cultivo do grão-de-bico possui grande relevância na economia global. A planta está entre as leguminosas mais cul- tivadas no mundo, como a soja, o amen- doim, os feijões e as ervilhas [22]. Segundo a Confederação Global dos Pulses, instituição com membros da cadeia produtiva de leguminosas em mais de 20 países, o mercado mundial para o grão-de- bico em 2018 foi avaliado em US$ 2 bi- lhões [23]. Ainda sobre a produção mundial da leguminosa, estima-se que 90 % se concen- tra na Ásia, com destaque para a realizada na Índia [24]. No Brasil, o cultivo do grão-de- bico só teve início a partir da primeira guerra mundial, no início do século XX, com os movimentos imigratórios de povos oriundos da Península Ibérica e do Oriente Médio [25]. Sobre a recente produção brasileira, o país passou da posição de importador para exportador, com produção capaz de atender a demanda interna [26]. A atual pro- dução no país é de aproximadamente 24 mil toneladas/ ano, com importação em torno de 8 mil toneladas [27]. Atualmente, estima-se que 14 % da população brasileira, cerca 30 milhões de pessoas, não consomem proteína de origem animal, conduzindo a forte demanda por uma boa diversidade de vegetais ricos em proteínas de alta qualidade nutricional. Isto representa potencial de consumo da legu- minosa, associada à busca por alimentos saudáveis, sustentáveis e de boa qualidade nutricional [28]. O grão-de-bico apresenta um ele- vado valor nutricional, com proteínas de alta digestibilidade além de um baixo teor de fatores anti-nutricionais [12]. De acordo com a literatura, a composição centesesi- mal (m/m) é de aproximadamente 68-70 % de carboidratos, 19-22 % de proteínas, 20- 23 % de fibras dietéticas, 7-8 % de gordu- ras totais, 3-4 % de cinzas e 11-12 % de umidade [29]. Desta forma, o grão-de-bico se mos- tra uma alternativa promissora na obtenção de molho tipo soja, devido à sua qualidade nutricional e ausência do fator alergênico presente na soja e em diversos outros grãos, possibilitando a ascensão de um novo nicho de mercado. OBJETIVO O presente estudo visa a obtenção do molho fermentado tipo soja a partir de fon- te alternativa, usando como matéria-prima de estudo o grão-de-bico (Cicer arietinum L.). Além de avaliar a viabilidade desta substituição, propusemos comparações quali-quantitativas com a utilização da matéria prima convencional, ao longo de todo o processo. Até a conclusão deste trabalho, não encontramos registros de estudos seme- lhantes com esta matéria prima na literatu- ra. METODOLOGIA MATÉRIA PRIMA O planejamento experimental para obtenção dos produtos em escala laborato- rial envolveu a utilização de cerca de 1000g de matéria-prima in natura em cada um dos ensaios, diferenciados como: A. Método convencional: soja e milho Foram pesados em balança semi- analítica (Mettler Toledo – BBA242paint) 500 g de soja in natura (BRS232 – Safra 2019/2020) e 493 g de milho torrado e moído (Dupont Pioneer 30F53 – Safra 2019/2020). B. Método alternativo: grão-de-bico e milho. De modo semelhante ao ensaio con- vencional, foram pesados 500 g de grão- de-bico in natura (BRS Aleppo – Semen- tes Quati – Safra 2019/2020) e 493 g de milho torrado e moído (Dupont Pioneer 30F53 – Safra 2019/2020). Em ambos os ensaios, a proporção empregada foi de 1:1 entre a matéria-prima in natura de caráter proteico e amiláceo, respectivamente. A torra do milho foi processada na empresa Sakura Nakaya Alimentos LTDA em torrador industrial, com ciclos de torra de aproximadamente 15 minutos à 280 ºC seguido de processamento em moinho de martelo para triturar e padronizar a matéria prima em uma granulometria entre 24 – 28 mesh. A torra do material amiláceo é um processo essencial para o processo de gela- tinização do amido presente na matéria prima, conferindo uma maior eficiência enzimática na etapa do koji [30]. O intumescimento dos grãos de soja e grão-de-bico foi feito com 1,5 L de água (tipo I) por 12 horas em temperatura ambi- ente, seguidos de escoamento e repouso por 20 minutos, conforme figura 5 a se- guir: Figura 5: Grãos de soja (A) e Grãos de bico (B) durante o processo de escoamento. Em seguida, as matérias-primas fo- ram tratadas térmicamente em autoclave vertical (Fabbe-Primar modelo 103) duran- te 15 minutos à 2 kgf/cm² de pressão. KOJI Após o cozimento das matérias- primas, realizamos um breve resfriamento das matérias primas até 35 °C. Este proce- dimento é necessário para inoculação apropriada do microrganismo Aspergillus oryzae. Assim, foram pesados 0,1 g em balança analítica (Shimadzu UX420H) de esporos liofilizados do microrganismo (li- nhagem comercial padrão), em quantidade equivalente à 0,01 % da matéria-prima seca. Para facilitar a dispersão dos esporos sobre a matéria-prima, adicionamos 1,0 g de amido de milho, esterilizado nas mes- mas condições da matéria prima. Em seguida, realizamos a distribui- ção do koji em caixas de polipropileno, com aproximadamente 10 cm de profundi- dade contendo fundo telado. Estas caixas foram utilizadas como biorreatores da FES. O recipiente foi acondicionado em estufa (Fabbe-Primar, modelo 219) a 35 ºC por aproximadamente 48 horas com monito- ramento de umidade e pH. Ao longo do período de incubação, foi realizada aeração manual da biomassa A B por meio de agitação com haste de vidro estéril para controle de temperatura e ho- mogeneização. A análise de umidade ocorreu nos períodos exatos de 0, 24 e 48 horas de fer- mentação, no qual foram coletados apro- ximadamente 5 g do koji para serem sub- metidos ao método de secagem em estufa a 105 ºC. A análise de pH envolveu coleta de 5 g de amostra do koji ao final da fermen- tação, misturada a 100 mL de água destila- da estéril. A mistura foi aquecida em cha- ma de bico de Bunsen até fervura, seguida de resfriamento à temperatura ambiente para medição. MOROMI A etapa do moromi exigiu um volu- me de 1850 e 1600 mL de salmoura a 20% (m/V) para os ensaios contendo soja e grão-de-bico, respectivamente. Esta dife- rença nos volumes de salmoura foi defini- da em função dos teores de umidade da matéria-prima, no qual se constatou maior no grão-de-bico, conforme apresentado na seção de resultados. O moromi foi executado em biorrea- tores de polipropileno (figura 6), mantidos em temperatura ambiente por 6 meses, sob agitação semanal para proporcionar homo- geneização e aeração adequada aos ensai- os. Figura 6: Biorreatores de moromi A) Ensaio con- tendo soja; B) Ensaio contendo grão-de-bico. PRENSAGEM E MOLHO CRU Ao final da etapa de moromi o mosto foi prensado em papel filtro qualitativo (7,5 µm) por 48 h, sob ação da força gravi- tacional. Ao final deste processo, coleta-mos o molho cru e o subproduto torta (kas- su). A torta foi submetida à análise de umidade e o molho cru separado para aná- lises de avaliação quantitativa de acordo com os parâmetros estabelecidos pela As- sociacion of Official Analytical Chemists (AOAC) e pelo Instituto Adolfo Lutz [31,32]. As figuras 7 e 8 a seguir mostram o fluxograma dos ensaios experimentais de- lineados envolvendo, como matéria prima fonte de proteína, o grão de soja e grão-de- bico, respectivamente: Figura 7: Fluxograma de processo de obtenção do molho fermentado à base de soja e milho em escala laboratorial. A B Figura 8: Fluxograma de processo de obtenção do molho fermentado à base de grão-de-bico em esca- la laboratorial. RESULTADOS E DISCUSSÃO MATÉRIA PRIMA Os resultados das análises físico- químicas das matérias primas utilizadas neste trabalho estão reunidos na tabela 1 a seguir: Tabela 1: Resultados (%) obtidos nas análises físico-químicas. Parâmetros Soja BRS 232 Grão-de- bico BRS Aleppo Milho torrado e moído Proteína 32,05 ± 0,77 18,35 ± 1,20 8,58 ± 0,48 Umidade 10,87 ± 0,11 12,09 ± 0,02 4,52 ± 0,17 Extrato Etéreo 18,93 ± 0,40 6,99 ± 0,72 7,20 ± 0,12 Valores médios ± desvio padrão em base seca. (n=2) De acordo com as composições cen- tesimais médias das matérias-primas des- critas na literatura por Alves et al (2011), Simioni (2017) e Castro et al (2009), as amostras de matérias primas encontraram- se dentro do padrão e foram consideradas aptas para utilização nos ensaios [33-35]. A amostra de soja BRS 232, quando comparada aos resultados expressos por Alves et al (2011) apresentou teor de extra- to etéreo próximo ao obtido pelos autores (20,72 ± 0,71), e teor de proteínas ligeira- mente inferior ao expresso nos parâmetros (40,99 ± 0,51). Já para a amostra de grão-de-bico fo- ram observados teores mais próximos à faixa de valores apontados por Simioni (2007). O teor de umidade obtido mostrou- se ligeiramente abaixo do parâmetro esta- belecido (5,69 ± 0,07). Já para proteínas (18,9 ± 0,11) e extrato etéreo observou-se teor aproximado dos parâmetros descritos na literatura (5,92 ± 0,01). Os resultados empíricos demonstra- ram que o grão de soja apresentou teor proteico superior em aproximadamente 13,7 % e cerca de 11,94 % superior em relação ao extrato etéreo, quando compa- rado aos mesmos valores para o grão-de- bico. A informação sobre a menor umidade encontrada (1,22 %) no grão-de-bico foi utilizada para ajuste de volume de salmou- ra na etapa do moromi. As diferenças observadas entre as leguminosas confirmaram os dados regis- trados na literatura, gerando expectativa de obtenção de molhos fermentados também com diferenças pronunciadas. KOJI E MOROMI A etapa do koji apresentou ótima evolução qualitativa ao longo do período de fermentação, em ambos ensaios. Verifi- camos o desenvolvimento da coloração típica, resultante da esporulação do fungo Aspergillus oryzae sobre a matéria prima. O estágio inicial do fungo sobre a matéria prima promove uma aparência esbranquiçada nas primeiras 24 horas, até atingir a coloração amarelo-esverdeada típica do final do estágio [36]. Além da co- loração, também observamos a presença do aroma típico (frutado-adocicado) do de- senvolvimento do microrganismo nesta etapa. As figuras 9-14 a seguir ilustram os estágios relatados previamente por meio de fotografias realizadas nos tempos de 0, 24 e 48 horas de fermentação em estado sólido, para ambos ensaios. Figura 9:Estágio inicial (0h) do koji contendo soja. . Figura 10: Estágio inicial (0h) do koji contendo grão-de-bico. Figura 11: Estágio intermediário (24h) do koji contendo soja. Figura 12: Estágio intermediário (24h) do koji contendo grão-de-bico. Figura 13: Estágio final (48h) do koji contendo soja. Figura 14: Estágio final (48h) do koji contendo grão-de-bico. O gráfico apresentado na figura 15 mostra o monitoramento da umidade du- rante as 48 horas de FES, comparado aos valores típicos para esta etapa, de acordo com a literatura [37]. Figura 15: Monitoramento de umidade do koji. Legenda: Ensaio contendo soja e milho (azul); Ensaio contendo grão-de-bico e milho (laranja); Dados da literatura para soja e trigo (cinza). Os resultados obtidos experimen- talmente para ambos os ensaios, quando comparados aos valores recomendados na literatura, apresentaram valores ligeira- mente inferiores ao desejado no início des- ta etapa. Após as primeiras 24 horas, o ensaio com soja se aproximou muito dos valores da literatura, enquanto o do grão- de-bico permaneceu inferior nesta etapa. Porém, ao final do período de fermentação, ambos os ensaios apresentaram valores muito próximos ao da literatura. Desta forma, acreditamos que os valores de umi- dade se encontraram satisfatórios para promover uma boa etapa do koji, com boa aroximação aos dados descritos pela litera- tura. A tabela 2 contém os valores de pH ao final do koji obtidos experimentalmente. Tabela 2: Análise de pH koji (final) Ensaio pH koji (final) Soja / Milho 6,38 Grão-de-Bico / Milho 6,41 Verificamos que ambos os ensaios apresentaram valores próximos de pH de- sejado para o final desta etapa. Um valor de pH inferior a 6,0 seria um indicador de que houve contaminação bacteriana inde- sejada nesta etapa [13]. O monitoramento de pH na fase do moromi, realizado com intervalos de 30 dias, durante 5 meses, está apresentado na figura 16 abaixo. Figura 16: Monitoramento de pH moromi durante 5 meses de fermentação; Temperatura ambiente. Legenda: Ensaio contendo soja e milho (azul); Ensaio contendo grão-de-bico e milho (laranja); Dados da literatura para soja e trigo (cinza). Verificamos que ao longo do moni- toramento ambos os experimentos obtive- ram bons resultados, apresentando um comportamento esperado de valores de pH, conforme o descrito na literatura [37]. O decréscimo dos índices ocorre devido ao desenvolvimento de bactérias lácticas no moromi, verificado de forma mais pronun- ciada nos primeiros 2 meses de fermenta- ção. Após este período, os valores apresen- taram uma tendência para estabilização, com valor de pH em torno de 4,7. Segundo a literatura, o desenvolvi- mento de bactérias lácticas no estágio ini- cial da etapa promove o aumento de acidez até que isto proporcione um meio favorá- 36,66 35,29 22,22 31,92 27,32 20,17 42 36 20 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 U M ID A D E ( % ) TEMPO (HORAS) U M ID A D E KOJI Soja + Milho Grão-de-bico + Milho Literatura* 5,32 4,89 4,71 4,72 4,6 5,16 4,78 4,78 4,78 4,785 4,8 4,6 4,4 4,3 4 4,5 5 5,5 0 2 4 6 P H TEMPO (MESES) P H M O R O M I Soja + Milho Grão-de-bico + Milho Padrão Soja + Trigo vel para o desenvolvimento de leveduras. Neste estágio, as leveduras, passam a se desenvolver dando sequência a fermenta- ção sem conferir redução abrupta aos valo- res de pH do mosto [38,39]. Os valores de pH foram, em ambos os ensaios, ligeiramente superiores ao descrito pela literatura. Em termos sensoriais, estes valores foram mui- to satisfatórios, pois valores de pH abaixo desta faixa (pH < 4,5) normalmente com- prometem a avaliação do molho, deixando- o muito ácido. Importante ressaltar que os valores de referência encontrados na literatura são para a mistura entre soja e trigo, padrão de matéria prima para produção no Japão, expressos em condições de temperatura não controladas do mosto (sujeito às varia- ções do ambiente). Também notamos diferenças em re- lação à coloração do moromi já nos primei- ros 60 dias de fermentação (figura 17), com uma coloração mais escura no ensaio contendo o grão-de-bico. Figura 17: Etapa do moromi (60 dias fermenta- ção). A) Ensaiocontendo soja e milho; B) Ensaio contendo grão-de-bico e milho. PRENSAGEM E MOLHO CRU Após aproximadamente 6 seis meses de fermentação, houve a deposição do mo- romi sobre papel filtro qualitativo, utili- zando-se de força gravitacional para coleta do produto de interesse, o molho cru, e o subproduto torta “kassu”. A figura 18 apresenta a imagem dos molhos obtidos após o processo de prensa- gem: Figura 18: Molho cru obtido após etapa de prensa- gem; A) Molho contendo soja e milho; B) Molho contendo grão-de-bico e milho. A primeira observação realizada foi referente ao volume obtido. Estes dados estão reunidos na tabela 3 a seguir: Tabela 3: Análise de volume de molho cru e umi- dade da torta após processo de prensagem. O volume obtido para o molho de so- ja convencional foi cerca de 17% maior em relação ao molho cru alternativo. A dife- rença observada não foi prevista, visto que houve uma compensação prévia da umida- de dos grãos na etapa de adição de salmou- ra para o moromi. Novos ensaios devem ser realizados para averiguar de forma mais apropriada se há reprodutibilidade dessas observações. Outra hipótese para justificar esta diferença é a de que o siste- ma de filtração usado, sem aplicação de força mecânica, apresentou maior eficiên- cia para o procedimento convencional que para o que contém matéria prima alternati- va. Porém, a análise de umidade da torta após prensagem (tabela 3), resultou em uma diferença de apenas 3%, o que acredi- Soja / Milho Grão de Bico / Milho Volume m. cru (mL) 988,0 814,0 Umidade torta (%) 59,5 62,3 Ensaio Parâmetro A B A B tamos não ser capaz de justificar a diferen- ça observada. Outra diferença notável entre os pro- dutos obtidos foi referente à intensidade de coloração. O molho alternativo, grão-de- bico e milho, apresentou coloração mais escura comprovada pela análise de trans- mitância (T) a 580 nm, em relação ao mo- lho cru padrão: Tsoja e milho = 32,2 % e Tgrão- de-bico e milho = 24,3 %. A figura 19 mostra uma fotografia comparativa em porta-amostra apropriado para avaliação qualitativa sobre a intensi- dade de coloração do molho cru. Na ima- gem em questão, é possível observar de forma nítida que o molho cru produzido por meio de grão-de-bico (B) apresentou uma maior intensidade na coloração. Figura 19: Análise qualitativa do molho cru (10mL) em porta amostra; A) Molho contendo soja e milho; B) Molho contendo grão-de-bico e milho; Volume de amostra = 10mL. Uma coloração mais intensa pode significar economia de insumos, visto que o corante caramelo é comumente utilizado na indústria do molho de soja, especial- mente quando há necessidade de conferir padronização ao produto final. A seguir (tabela 4), apresentamos os resultados das análises físico-químicas padrão, realizadas para avaliação dos mo- lhos fermentados neste estudo: Tabela 4: Análises físico-químicas sobre o produto final. Parâmetros Soja / Milho Grão-de-bico / Milho NaCl (%) 13,70 ± 0,03 13,28 ± 0,06 pH 4,61 4,82 Acidez Total (%) 20,72 ± 0,09 14,86 ± 0,08 Brix (º) 30,1 29,7 Nitrogênio Total (%) 1,47 ± 0,02 1,01 ± 0,01 Aminoácidos (%) 5,12 ± 0,03 4,95 ± 0,02 Valores médios ± desvio padrão. (n=2) Com relação aos teores de NaCl, ambos os ensaios apresentaram resultados dentro do esperado, com valores entre 13- 14% (m/V). Os valores de pH também acompanharam os valores verificados na etapa do moromi, com valor ligeiramente superior para o ensaio contendo grão-de- bico. Já quanto às análises de grau brix, esperávamos encontrar um valor maior para o ensaio contendo grão-de-bico, visto que este resultou em um molho cru com sabor sutil e adocicado, diferente do molho de soja. Entretanto, esta característica de sabor pode ser explicada pelo alto teor de aminoácidos encontrado, no qual se cons- tata semelhante ao verificado no molho padrão, mesmo com a matéria prima alter- nativa tendo um teor proteico significati- vamente inferior em relação à matéria pri- ma convencional. Outra hipótese seria a de que o açúcar produzido também foi con- sumido na fermentação para obtenção de fermentação alcoólica na etapa do moromi. Estas hipóteses poderiam ser melhormente elucidadas com o auxílio de técnicas analí- ticas como a cromatografia líquida de alta eficiência, para elaboração de um perfil organoléptico dos molhos obtidos. A B APROVEITAMENTO PROTEICO É conhecido que o NT é um parâme- tro importante para avaliação da qualidade do molho de soja. Porém, apesar de o mo- lho cru padrão, obtido por soja e milho, ter apresentado um valor de NT superior em relação ao molho obtido por grão-de-bico, acreditamos que a discussão mais apropri- ada deva levar em consideração a razão entre quantidade inicial disponível de pro- teína na matéria prima e a quantidade re- sultante no molho cru, ou seja o aprovei- tamento proteico (AP). Logo, podemos estabelecer o AP como a razão entre o teor de proteína do molho cru sobre o teor de proteína total da matéria prima (MP), conforme equação a seguir: 𝐴𝑃 (%) = 𝑝𝑟𝑜𝑡𝑒í𝑛𝑎 𝑚𝑜𝑙ℎ𝑜 𝑐𝑟𝑢 (%) 𝑝𝑟𝑜𝑡𝑒í𝑛𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀𝑃 (%) × 100 Desta forma, verificamos um apro- veitamento proteico superior quando utili- zamos o grão-de-bico como fonte de maté- ria prima (tabela 5). Tabela 5: Aproveitamento proteico dos mo- lhos obtidos experimentalmente; Fator de conver- são para proteína: NT x 6,25. Acreditamos que este resultado seja reflexo da ótima digestibilidade das proteí- nas do grão-de-bico frente aos processos fermentativos testados, ou seja, a legumi- nosa apresenta capacidade de transferir, em termos proporcionais, uma maior fração da proteína total disponível na matéria prima para o molho fermentado. AVALIAÇÃO ORGANOLÉPTICA Com relação à avaliação organolép- tica, notamos um sabor extremamente agradável para o molho obtido por meio de grão-de-bico, suavizado e mais adocicado, quando comparado ao molho de soja pa- drão. Também verificamos um forte pro- nunciamento do sabor umami. Uma hipóte- se seria a de que algumas proteínas do grão-de-bico, principalmente as globulinas e albuminas, quando hidrolisadas, geram compostos diversificados capazes de com- por um perfil de peptídeos e aminoácidos que resultam em um sabor diferenciado no produto [40,41]. Alguns trabalhos na literatu- ra citam a utilização de proteases de ori- gem microbiana como endopeptidases e alcalases para aplicação relacionada à pro- dução de compostos organolépticos a partir das proteínas do grão-de-bico [42]. Entretanto, no presente trabalho, não foram realizadas análises capazes de caracterizar um perfil dos aminoáci- dos/peptídeos nos molhos obtidos, tam- pouco um teste sensorial amplo, conduzido sob normas específicas para esta avaliação. Recomendamos fortemente a ela- boração destes testes a fim de se obter va- lidação das observações sensoriais descri- tas neste trabalho. VIABILIDADE INDUSTRIAL Para avaliar a viabilidade econômi- ca de uso da matéria prima, propusemos uma estimativa de custos de produção, considerando os valores comerciais (pes- quisa de varejo) de cada matéria prima (tabelas 6 e 7). A estimativa foi considerada sim- plificada, pois excluiu da cotação custos intrínsecos ao processo, como a energia elétrica, microrganismo e mão de obra. Soja / Milho Grão de Bico / Milho Proteína do molho cru (%) 9,19 6,31 Proteína total da matéria prima (%) 20,9 12,2 Aproveitamento Proteico (%) 43,9 51,9 Parâmetro Ensaio Tabela 6: Estimativa de custo para produ- ção envolvendo 1 kg de matéria prima (1:1) entre soja e milho. (Pesquisa de varejo, julho de 2020.) Tabela 7: Estimativa de custo para produ- ção envolvendo 1 kg de matéria prima (1:1) entre grão-de-bico emilho. (Pesquisa de varejo, julho de 2020.) Em sequência, realizamos uma es- timativa de custo para produção de 1 mL de molho cru, com base nos resultados obtidos neste ensaio para volume de pren- sagem do moromi de cada matéria prima (tabela 3). Em sequência, normalizamos o volume para 1000 mL obtidos em cada ensaio. A figura 20 apresenta os valores es- timados, para produção de 1000 mL de produto contendo a proporção 1:1, ou seja, constituído de 50 % de material proteico e 50 % de material fonte de carboidrato. Figura 20: Gráfico contendo estimativa para custo de produção de 1000 mL de cada um dos ensaios; Legenda: Azul) Molho contendo soja e milho; La- ranja) Molho contendo grão-de-bico e milho. Estes dados, em estimativa simpli- ficada, demonstram que o molho cru pro- duzido por este método seria aproximada- mente duas vezes mais oneroso em relação ao método padrão. Porém, devido à escas- sez de molhos fermentados tipo soja no mercado, livre de alergênicos, acreditamos ser justificada a introdução deste produto. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados expressos neste trabalho demonstraram viabilidade de produção de um molho fermentado, alternativo ao mo- lho de soja padrão. Importante ressaltar que a substituição da matéria prima fonte de proteína não exigiu qualquer alteração na metodologia padrão de produção para o molho de soja, o que representa uma van- tagem na implementação industrial, por exemplo. O molho obtido por meio deste traba- lho apresentou bons resultados qualitativos e quantitativos, com ótimo índice de apro- veitamento proteico (≈ 52%), superior em relação ao produto padrão (≈ 44%). Também foram verificadas diferenças quanto ao sabor do molho obtido por grão de bico, mais adocicado e suave que o mo- lho de soja. A estimativa simplificada de custos demonstrou que o custo de produção com a matéria alternativa seria mais elevado, po- rém, mesmo nessas condições, acreditamos que a introdução do mesmo a um nicho de mercado carente de opções seria capaz de justificar este custo. Assim, acreditamos que o produto pro- posto por este trabalho tenha um caráter promissor de produção\comercialização, com possibilidade de atender plenamente à demanda por um produto de boa qualidade nutricional, organoléptica e livre de fatores alergênicos. Soja in natura 0,5 R$ 7,10 R$ 3,55 Milho in natura 0,5 R$ 4,80 R$ 2,40 Total 1,0 R$ 11,9 R$ 6,00 Matéria Prima Quantidade ensaio (kg) custo / kg custo / ensaio Grão-de-bico in natura 0,5 R$ 15,7 R$ 7,85 Milho in natura 0,5 R$ 4,80 R$ 2,40 Total 1,0 R$ 20,5 R$ 10,3 Matéria Prima Quantidade ensaio (g) custo / kg custo / ensaio REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Fukushima, D. Industrialization of Fermented Soy Sauce Production Centering Around Japanese Shoyu. In: Steinkraus, K. H. (edit.). Marcel Dekker, Nova York, 1998. [2] Fukushima, D. Fermented vegetable (soybean) protein and related foods of Japan and China. Jour- nal of the American Oil Chemist’s Society, 1979. [3] Codex Alimentarius. Regional standard for fermented soybean paste. CODEX STAN 298R. Food and Agriculture of Organization of the United Nations. 2009. [4] Ito, K.; Koyama, Y.; Hanya, Y. Identification of the Glutaminase Genes of Aspergillus sojae invol- ved in Glutamate Production during Soy Sauce Fermentation. 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