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Medicina de Tartarugas Marinhas

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Medicina de Tartarugas
São répteis adaptados ao meio marinho. Eles tem o formato hidrodinâmico e são ectotérmicos, não são capazes de regular a temperatura corporal com mecanismos internos, então precisam de fontes externas de calor. Dessa forma, na aplicação de fármacos, é necessário que o animal esteja em temperaturas adequadas para que o fármaco seja absorvido. Eles possuem a presença de uma glândula de sal, que permite que o animal libere o excesso de sal no ambiente marimnho através do olho, ela libera uma secreção meio branca (algumas pessoas costumam dizer que a tartaruga está chorando), é totalmente natural e é um processo que precisa acontecer.
Esses animais só saem da água para fazer a ovoposição em terra, alguns estudos mostram que alguns fazem termorregulação por alguns períodos... Eles fazem grandes migrações, milahres de quilômetros entre a área de alimentação e reprodução. Na maturidade elas acabam retornado para o local de nascimento. As espécies de tartarugas que ocorrem no Brasil são:
Tartaruga Verde (Chelonia mydas), mais comum aqui na nossa região por ser a área de forrageamento - alimentação dessa espécie. Quando é filhote ela come peixe, mas ao decorrer dos anos acaba tendo hábitos mais herbívoros, pesa entre 70 a 230 kg, está distribuída por todo o oceano (águas tropicais e subtropicais). 
Tartaruga Cabeçuda (Caretta caretta), animal mais oceânico, aparece por estar debilitada. É onívora (se alimenta de peixes, crustáceos, medusas). Está distribuída por todo o oceano (águas temperadas, tropicais e subtropicais). Pesa entre 70 a 180 kg. 
Tartaruga Oliva (Lepidochelys olivácea) Não tão comum aqui no litoral de São Paulo. Tem uma dieta onívora (come peixes, caranguejos, ostras, algas), seus escudos são longitudinais. Pesa de 35 a 50 kg. 
Tartaruga Pente ou legítima (Eretymochelys imbricata) mais comum na região do Nordeste. tem uma dieta espongívora, também distribuída em todo o oceano e pesa entre 50 a 80 kg. 
Tartaruga de Couro (Dermochelys coriácea) Animal de mais profundidade, costuma aparecer apenas por acidentes. Ela tem uma dieta cnidários (medusas), pesam entre 300 a 500 kg. Está distribuída em águas subantárticas e tropicais. 
Tartarugas marinhas costeiras podem interagir com pesca ou emalhe, podendo causar asfixia e afogamento, ingestão de resíduos nas áreas de forrageamento, tem interação com embarcações e também tem a comum doença fibropapipomatose (doença infecciosa caracterizada por múltiplos tumores benignos cutâneos externos, que podem também afetar órgãos internos).
Tartarugas oceânicas tem mais interações com pesca de espinhel pelágico, anzol em J, ingestão de resíduos sólidos interação com petróleo e derivados. 
Contenção física
O animal precisa de um aparato no plastrão, como um balde para servir de base, para assim realizar a posição radiográfica correta. Alguns animais muito debilitados precisam de flutuadores para a redução da pressão dos órgãos, no caso de não conseguirem ficar sozinhos na água.
Resgate a campo 
Manter o animal em local arejado. Lembrar que o animal fora da água já começa a se desidratar, então é necessário o sombreamento, dependendo da necessidade colocar uma almofada ou superfície macia para os que tiverem o plastrão fragilizado. 
Transportar o animal sempre fora da água para evitar afogamento.
 
Entrada no CRAS – BIOPESCA (ou outro órgão)
Importante fazer uma documentação inicial, registros e fotos do estado do animal, pesagem, e se possível biometria. 
Exame clínico 
Os répteis geralmente não demonstram sinais de dor. Fazer o exame externo, escore corporal, nível de consciência, coloração das mucosas, reflexos e grau de desidratação. 
No exame externo podem apresentar comumente
· Feridas de predação
· Lesões caseosas
· Presença de lepas algas e cracas que informam que o animal já estava a um tempo no processo de debilidade, indicativo de que estava em ambiente costeiro ou oceânico e em excesso podem identificar doença ou processo crônico)
· Miopatia de captura, principalmente por conta do emalhe
· Colisão com embarcação normalmente apresentam fraturas de carapaça, podendo gerar danos se a fratura mesmo que pequena adentrar o pulmão pode começar um processo infeccioso pulmonar, gerando um quadro respiratório 
· Resíduos antropogênicos – Lixo no TGI 
· Fibropapilomas, relacionada ao herpes vírus que ocorre geralmente quando o animal está imunossuprimido (está relacionada a contaminação ambiental, metais pesados, presença de lixo, contaminação por esgoto doméstico e diversos ambientes contaminados). 
· Sangramento ativo. Localizar a origem, pressão do local com gaze ou pano e água doce fria ou gelada
· Abertura das placas por deficiência de cálcio
Os níveis de consciência a serem avaliados:
Alerta – responsivo Ele meche as nadadeiras, tenta morder, vira a cabeça
Deprimido – Mais prostrado, nadadeira caídas, pode estar em choque 
Coloração das mucosas
Arroxeadas, um pouco complexo a avaliação para quem ainda não tem prática
Reflexos
· Retração das nadadeiras 
· Tônus mandibular 
· Retração do pescoço ao pinçamento da nuca – Região extremamente sensível, se o animal não meche ao toque dessa região occiptal o prognóstico dele já é mais reservado
· Pinçamento da narina – Também bem sensível 
· Reflexo palpebral, pupilar, corneal e coaclal, sendo o coaclal o último a se perder, se ele ainda tem esse reflexo é possível que esse animal retorne
Grau de desidratação geralmente feito pelo globo ocular. 
Teste de flutuabilidade + obstrução
Colocar o animal no tanque ou piscina e ver se ele está afundando, se ele está com a região mais posterior elevada, o que indica que ele tenha bastante gás no TGI, pode ter uma obstrução, fecaloma ou algo relacionado, caso ele não consiga afundar. 
Existe uma diferença de mudança de pressão celomática, um animal que ficou muito tempo fora da água pode demorar a afundar, então os primeiros 20 minutos não servem para o diagnóstico. 
Teste de flutuabilidade + pneumonia
Animal extremamente lateralizado, geralmente acompanhado de uma dificuldade respiratória, o animal não afunda. 
Estabilização 
Precisa ter um conforto térmico para ter absorção dos fármacos e é importante sempre fotografar e filmar os processos durante o passar dos dias.
Uma estabilização seria: Normohidratação (avaliar bioquímico), precisa estar com a glicemia corrigida, precisa estar responsivo e ativo e com a reposição protéica / pressão oncótica 
Hemograma. HT mínimo de 25%, PPT mínima de 1,6 g DI. 
Para remover os ectoparasitas e cracas elas são mantidas em água doce para a facilitação.
Colheita de material biológico
Sangue: hemograma e bioquímicos, pela jugular ou seio cervical dorsal. É utilizado heparina lítica porque o EDTA pode causar hemólise.
Soro (PCR, anticorpos)
Microbiológico: Salmonella, cultura e TSA ou cultura bacteriana quando necessário. 
Coproparasitológico (fezes) 
Reposição hidroeletrolítica: Feita preferencialmente intravenoso. Questão dos cristalóides (atravessam a parede dos vasos, não perduram). 
Quando ela não se alimente voluntariamente, é feita através de sonda. Em alguns animais é possível fazer a esofagostomia, e preferencialmente é a alimentação voluntária. Sempre importante equilibrar o cálcio e o fósforo. Dieta varia entre as espécies e fases com peixes, caranguejos, água viva. Pepino, rúcula, chuchu e alimentos verdes escuros podem ser utilizados. É importante dar alimentação com tiamina quando é utilizado peixe congelado (30 mg/kg)
Afogamento 
A maior incidência é chegarem aos locais de resgate por afogamento. Ausência de oxigenação (apnéia), redução do metabolismo ou entram em respiração anaeróbia podendo vir a causar morte cerebral. 
Sinais clínicos: Espuma saindo das narinas e cavidade oral, alteração de flutuabilidade, apatia, dispnéia. 
Tratamento: Manobra de desafogamento imediata, necessária experiência, precisa ser alguém que saiba fazer a manobra para não causar piora. São utilizados fármacos para reduzir a inflamação, para broncodilatar, melhor a respiração, pneumonia aspirativasecundária, antibioticoterapia...
Lesões caseosas – Debridamento e limpeza diária, utilização de pomadas de colagenase.
Laserterapia e outras terapias alternativas (oxonioterapia, homeopatia) e apoio aos tratamentos convencionais. 
Ingestão de resíduos antropogênicos que acabam causando efeitos letais (morte ou obstrução do TGI, ruptura de vísceras) ou subletais (danos na parede do TGI como ulceração ou necrose) redução do ganho nutricional, alterações na flutuabilidade, acúmulo de gases no intestino, falsa saciedade consequentemente redução na procura do alimento, absorção de toxinas) nesses animais. 
Diagnóstico laboratorial Anemia não regenerativa e aumento do fosfato.
Obstrução, qual a terapêutica? Animal pode expelir parcialmente, fazer administração de fármacos, fluidoterapia, suplementação nesses animais, manter o animal na água para que o animal consiga expelir esses resíduos.
Mas nem sempre é possível, aí é feita a abordagem cirúrgica.
Miopatia de captura
Presença de metabolismo anaeróbio e o acúmulo de ácido lático na musculatura causa rigidez muscular e o tratamento depende da severidade. Alguns animais no secundo dia, depois de ficarem em uma água mais morna, fazem uma flexibilização dos membros. Em casos severos, deve-se entrar com anti-inflamatórios e banhos de água morna, chá de camomila e hidratação.
Doença descompressiva
Presença de bolhas de gás nos tecidos e na circulação sanguínea que pode ser ocasionada pela captura acidental, muitas vezes quando o animal sobre muito rápido por exemplo pela pesca industrial em que a rede é puxada muito rápida ou captura de arrasto que o animal está com o metabolismo reduzido e sobe muito rápido para a superfície. Existe um mecanismo de abertura de canais em que ele não consegue dissolver o nitrogênio presente no organismo e acaba formando bolhas na circulação e isso causa uma mortalidade tardia. 
Os sinais clínicos são: Hiperatividade evoluindo para inconsciência, sinais neurológicos, natação estática, flutuabilidade positiva. O diagnóstico pode ser feito por meio da radiografia, ultrassonografia e tomografia e através da colheita de sangue.
A colheita de sangue não é um diagnóstico preferencial porque quando se colhe sangue de uma tartaruga muito rápido pode causar bolhas na seringa, o que pode confundir. O mais característico é quando na punção vem bolhas bem formadas da circulação. 
O tratamento é feito através de anti-inflamatório, broncodilatadores, fluidoterapia e principalmente a câmara hiperbárica, para que ele faça a inalação de oxigênio a 100% e uma dissolução correta dessas bolhas.
Fibropapilomatose
Associada a um herpesvírus, causando anemia não regenerativa, hipoproteinemia, elevação das enzimas hepáticas e os fatores predisponentes são: tudo o que causa imunossupressão parasitoses, biotoxinas, excesso de calor ou frio, incidência da luz ultravioleta...
O tratamento é feito através da excisão cirúrgica, terapia fotodinâmica (droga fotossensibilizante e luz), eletroquimioterapia. Aumentar a imunidade através da temperatura de conforto e um ambiente limpo.
A crioterapia é uma alternativa feito com nitrogênio feito focalmente, e a tendência é que o fipropapiloma necrose e ocorre a quebra deles. 
Investigar fibromas, é possível que eles aparecem associados...
Anestesia 
Em répteis é um pouco mais complicado, precisa ser acompanhado com doppler, são a animais que demoram mais para voltar, por conta do metabolismo menos elevados. 
Ela deve ser Intraóssea. São utilizados propofol e manutenção com usoflurano e anestesia local associada. 
Após a reabilitação é feito o anilhamento para que a soltura seja feita.
 
 
 Palestra: Medicina de Tartarugas, GeAqua FMU, dia 03-07 pelo Youtube.

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