Consequências físicas do envelhecimento nos sistemas orgânicos

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Aula 1
Plano de Ensino
O objetivo desta aula é apresentar as consequências físicas do envelhecimento nos diferentes sistemas orgânicos, enfatizando as características que podem influenciar na prática de exercícios físicos. Os tópicos abordados referem-se ao envelhecimento físico, em que são apresentadas as falhas mais comuns nos sistemas, as quais podem estar presentes em variados graus de intensidade em diferentes indivíduos ao envelhecer. O foco da aula é apresentar o que acontece naturalmente com o corpo no envelhecimento saudável e estimular a reflexão sobre o papel dos hábitos de vida, inclusive o exercício físico, no desenvolvimento e no tratamento de patologias, pois estas podem ser agravadas com o envelhecimento ou com a aceleração do envelhecimento dos sistemas corporais.
Conversa Inicial
Nesta aula abordamos o envelhecimento físico dos sistemas orgânicos. Você lembra que na aula anterior falamos sobre as teorias do envelhecimento? Como ponto comum dessas teorias está o fato de que, quando envelhecemos, há a diminuição da capacidade de manter a homeostase corporal, o que faz com que seja mais difícil reencontrar o equilíbrio entre os sistemas após um evento físico, como uma lesão ou patologia. Como nosso organismo funciona de maneira integrada, desequilíbrios em determinados sistemas provocam efeitos em cascata em outros sistemas, comprometendo a saúde. Ao envelhecer, nossa capacidade de se adaptar aos estresses orgânicos vai se reduzindo.
Você sabe quais são os principais efeitos do envelhecimento natural nos sistemas orgânicos?
Tema 01 – Sistemas cardiovascular e pulmonar
O sistema cardiovascular está ligado ao funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos. Com o envelhecimento natural, ocorre a redução da complacência, que é a capacidade de os vasos sanguíneos e o coração em se expandirem. Além disso, há menor resposta da musculatura cardíaca ao estímulo adrenérgico.
O sistema pulmonar, por sua vez, envolve os pulmões e as vias aéreas. Com o envelhecimento, há a redução da expansividade do tórax e a diminuição dos espaços intercostais, da flexibilidade das cartilagens da caixa torácica e a redução da força dos músculos respiratórios. Nos pulmões, há redução da superfície alveolar e aumento do espaço morto.
O envelhecimento natural desses dois sistemas leva ao aumento do consumo de oxigênio durante esforços mais simples, provocando fadiga e maior gasto energético. Tarefas cotidianas podem se tornar esforços muito intensos para o idoso frágil e que apresenta bastante comprometimento desses sistemas.
Tema 02 – Sistemas nervosos central e periférico
Com o envelhecimento ocorre a redução da espessura cortical dos neurônios, principalmente na região do cérebro chamada de córtex motor. Isso ocasiona perda gradual da capacidade motora para diferentes valências, como coordenação, destreza e tempo de reação. No sistema nervoso central, ocorrem alterações morfológicas, incluindo o aumento dos depósitos de lipofuscina, substância relacionada ao desenvolvimento de placas senis. Nos sistemas periféricos também há degeneração da placa motora e dos neurônios aferentes e eferentes, o que torna a realização das tarefas menos hábil e a resposta aos estímulos mais lenta. A diminuição dos neurônios sensoriais provoca alterações no equilíbrio. As alterações do sistema nervoso podem se apresentar sutilmente, mesmo em idosos saudáveis ativos fisicamente, ou de maneira mais grave em idosos vitimados de patologias debilitantes, como sequelas de acidente vascular cerebral.
Tema 03 – Sistemas metabólico e endócrino
As alterações relacionadas ao sistema metabólico referem-se ao gasto energético alterado pelas modificações na composição corporal com o envelhecimento: maior acúmulo de gordura e redução da massa muscular. Além disso, essas alterações estão ligadas aos processos de utilização de substratos, principalmente ao metabolismo da glicose e da insulina.
Quanto ao sistema endócrino, as alterações hormonais atuam em efeito cascata, provocando diferentes desequilíbrios sistêmicos, e também nos mecanismos corporais para corrigi-los. Duas consequências do envelhecimento endócrino são destacadas: a alteração dos ciclos de sono-vigília e o declínio dos hormônios sexuais na mulher, que culminam na menopausa. Mesmo que a andropausa ocorra em idades mais avançadas que a menopausa, a diminuição da produção de testosterona tem como consequência o menor anabolismo nos idosos com mais idade.
Tema 04 – Sistema locomotor
A combinação de uma placa motora menos eficiente, menor captação de glicose e menor anabolismo acarreta a redução gradual da massa muscular esquelética, provocando a alteração de sua composição, a aquisição de mais gordura intramuscular e menor quantidade de fibras tipo II. Esse processo é conhecido como sarcopenia. Idosos com sarcopenia têm dificuldades para executar movimentos que exijam força e potência muscular, o que aumenta o risco de fragilidade e dependência. Além disso, o sistema locomotor apresenta alterações estruturais nas articulações e cartilagens e nos ossos. As articulações se tornam mais rígidas e doloridas, e é comum o desenvolvimento de patologias que levam a deformidades ósseas, principalmente nas mãos e nos pés, e que também podem alterar a curvatura da coluna vertebral. Nos ossos, a redução da formação de osteócitos e o aumento dos osteoclastos provocam uma progressiva porosidade óssea, gerando maior possibilidade de fraturas.
Tema 05 – Sistemas tegumentar e sensorial
O sistema tegumentar está relacionado à pele. Já o sistema sensorial está relacionado aos demais órgãos do sentidos. Na pele idosa, observam-se alterações estruturais derivadas da menor deposição de colágeno, da menor hidratação e da diminuição da espessura cutânea e, ao menor contato, também ocorrem lesões cutâneas com mais frequência, que têm difícil cicatrização. Para a prática de atividades físicas, convém saber que o idoso apresenta menor sudorese, porém desidrata mais rápido e tem controle térmico mais deficiente devido a alterações endócrinas.
Nos órgãos sensoriais, observa-se uma redução progressiva da acuidade visual, em que há a perda da nitidez e da definição de claro e escuro, por exemplo. A audição é bastante afetada, o que torna difícil distinguir sons de ruídos ao ouvir uma música ou atravessar uma rua. As deformidades articulares nos pés, aliadas à redução do tato, aumentam a chance de quedas e, nas mãos, dificultam o manejo de objetos.
Na Prática
Como cada indivíduo envelhece de uma forma, não há como prever que tipo de idoso se apresentará para a prática esportiva. Por isso, é fundamental realizar uma avaliação da funcionalidade e da integridade dos sistemas orgânicos. Você deve estar atento, ao trabalhar com esse público, para a possibilidade atender um idoso com limitações funcionais importantes. Quase todo idoso é considerado um indivíduo em condição especial de saúde, pois poucos idosos da atualidade envelhecem sem patologias ou desgastes físicos derivados de suas escolhas de vida, como sua ocupação profissional. Estar pronto para adaptar o movimento idealizado para a realidade do idoso promove benefícios, com a segurança necessária.
Finalizando