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Prévia do material em texto

Políticas Educacionais
ISABEL CRISTINA SILVA MACHADO
1ª Edição
Brasília/DF - 2019
Autores
Isabel Cristina Silva Machado
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e 
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4
Introdução ..............................................................................................................................................................................6
Capítulo 1
Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais ....................................................................................9
Capítulo 2
A Educação como Política Social do Estado...................................................................................................... 31
Capítulo 3
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, 
Estadual e Municipal ...................................................................................................................................... 48
Capítulo 4
Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade 
Escolar ...................................................................................................................................................... 75
Capítulo 5
Estado e Políticas de Financiamento em Educação ....................................................................................... 87
Capítulo 6
O Papel dos Profissionais do Magistério e dos Movimentos Associativos na Organização do 
Sistema de Ensino da Educação Brasileira ......................................................................................................106
Referências ........................................................................................................................................................................117
4
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e 
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros 
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, 
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, 
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa 
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
5
ORGANIzAçãO DO LIvRO DIDátICO
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
6
Introdução
Este Livro Didático tem como objetivo auxiliar no percurso de compreensão da política 
educacional brasileira.
Não se pretende, de forma alguma, esgotar os debates acerca do tema principal, haja vista 
sua amplitude e heterogênea ideologia, mas objetiva-se levantar indagações, construções e 
desconstruções conceituais e da vida prática que permeiam essa temática.
Ao longo dos capítulos será possível conhecer e investigar os papéis da família, da escola 
e do governo na constituição e desenvolvimento da educação no Brasil.
Para que esse conhecimento e os questionamentos decorrentes dele possam ser 
suscitados, será necesário desbravar alguns percursos inerentes aos temas que serão 
abordados.
No capítulo 1 será possivel esclarecer as concepções de política na sociedade e na 
educação, designando ao ser humano sua natureza política.
No capítulo 2 a proposta é conhecer melhor a organização da educação brasileira 
determinada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
No capítulo 3 será possível conhecer as modalidades propostas para educação brasileira 
e, assim, iniciar a compreensão dos atendimentos especiais.
No capítulo 4 serão discutidas as principais políticas educacionais e efetividade.
No capítulo 5 serão apresentadas as políticas de financiamento das atividades 
educacionais, especialmente, no contexto público de ensino.
No capítulo 6 a questão é a formação para o mundo do trabalho, com ênfase na formação 
para a área da educação.
E, para finalizar a proposta, no capítulo 6 a temática é o financiamento da educação, onde 
aparecem as políticas específicas para a chegada das verbas na sala de aula. 
7
Objetivos
 » Auxiliar na compreensão da educação e seus principais atores de fomento: família, 
escola, governo. 
 » Desmistificar política e suas influências na escola.
 » Apresentar a organização da educação brasileira: seus níveis, etapas e modalidades.
 » Identificar as principais ações afirmativas pela educação.
 » Apresentar a rede de financiamento da educação.
8
9
Introdução 
Tratar de educação envolvendo política pode causar espanto para muitos quando não 
está claro que a expressão política não está diretamete ligada a uma questão partidária. 
Atrelar política a partidos políticos de diferentes ideologias é apenas uma ramificação 
da política.
Ao se mencionar política em educação e em tantas outras áreas, busca-se enfatizar 
questões que estão ligadas aos direcionamentos do Estado, enquanto governos de 
qualquer esfera: municipal, estadual ou federal, visando exclusivamente ao bem-estar 
e ao desenvolvimento da população.
Também há de se considerar a educação enquanto ato político, que expressa uma “educação 
política”, fato que também não pode ser vinculado a uma educação ideológico-partidária.
Neste primeiro capítulo, a proposta é revisitar as concepções de política e educação, 
estando essas concepções vinculadas aos direitos humanos e sociais que dão origem às 
políticas na área educacional.
Objetivos 
 » Compreender que o processo educacional é também um processo de civilização dos 
sujeitos para que se tornem efetivamente cidadãos. 
 » Caracterizar política, políticas públicas e política educacional e ações afirmativas.
 » Identificar direitos sociais ou fundamentais enquanto norteadores das políticas 
públicas.
 » Reconhecer o papel e finalidades das políticas públicas educacionais, identificando 
algumas delas.
1
CAPÍTULO
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E 
POLÍtICAS EDUCACIONAIS
10
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
Política e Educação. Como assim? Educação enquanto 
processo civilizatório 
Educação é um processo civilizatório. Nenhum ser humano nasce civilizado, tampouco 
humanizado. Nesse sentido, escola e família educam. Cada uma dessas instituições tem 
suas competências no processoeducacional do indivíduo, mas devendo atuar de forma 
integrada. 
A família é uma instituição parental, seja com vínculo biológico ou não, assume o papel 
e a responsabilidade de cuidar, zelando pela saúde, educação, segurança e bem-estar de 
uma criança até que se torne adulta 
Para refletir
Na prática diária, muito se fala e pouco se conhece sobre o real significado de “Educação”. É comum as pessoas 
falarem: “educação vem de casa”; “escola ensina, família educa”.
Figura 1. Relação família-escola.
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR82sGOdYI96uIQ9vkrblmHh_bDLv4bKr6-
la6zLM8PNsIe6cxoKA.
Mas será que essas informações do senso comum são verdadeiras? Até que ponto a família educa e a escola ensina? 
Figura 2. Família.
Fonte: https://img.buzzfeed.com/buzzfeed-static/static/2017-09/8/17/asset/buzzfeed-prod-fastlane-02/sub-
buzz-20010-1504905438-4.jpg?downsize=700:*&output-format=auto&output-quality=auto. Acesso em: 12 de julho 
de 2019.
11
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS • CAPÍTULO 1
Cabe à família dar continuidade a sua herança “cultural própria” que envolve o 
compartilhamento de valores, crenças, hábitos e costumes, moralidade, percebendo 
todo um contexto sociocultural maior ao qual a família está inserida.
Uma família no Japão difere de uma família no Brasil pela própria cultura desses povos, 
mas as famílias japonesas também diferem entre si, assim como as brasileiras. Um núcelo 
familiar nunca será igual ao outro, mesmo que sejam núcleos que se originaram, a princípio, 
de uma mesma família-mãe, como no gráfico a seguir.
Figura 3. Do instituído ao construído – significado de família.
Fonte: http://www.ip.usp.br/revistapsico.usp/index.php/25-sociedade-2/61-os-meus-os-seus-os-nossos.html. Acesso em: 
12 de julho de 2019.
Figura 4. Parceria Escola-Família.
Fonte: https://blog.estantemagica.com.br/wp-content/uploads/2018/04/EscolaeFamilia-AgendaEdu-1024x585.png. 
Acesso em: 13 de julho de 2019.
Quando o casal se une, forma uma nova família, mesclada pela cultura familiar de 
ambos os cônjuges e criando sua própria cultura familiar.
12
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
Nessa complexa estruturação e reestruração das famílias, cada núcleo familiar assume 
as responsabilidades e competências inerentes a essa primeira instituição social e 
civilizatória do indivíduo, posto que o indíviduo nasce ser vivo do reino animal, mas 
não nasce humanizado nem civilizado. 
Aí que entra a educação, iniciada na instituição familiar e perpetuada nos processos 
formais de educação que acontecem em outra instituição: a escola.
A educação na instituição escolar se dá em parceria com a família, posto que devem se 
integrar e se respeitar, sendo uma complemento do papel da outra. Essa interligação se 
assemelha a um ato de cumplicidade e, por isso, a família deve ter papel ativo nos conselhos 
escolares e representatividade nos órgãos governamentais que legislam e organizam a 
educação. 
Mas, o que é um processo de educação formal?
Em nosso país, a educação está regulamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB) – Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Do ano de sua promulgação 
até os dias de hoje, essa lei já sofreu diversas alterações, justamente visando atender 
às demandas de uma sociedade em movimento e evolução.
De acordo com a LDB (BRASIL, 1996):
Art. 1o A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na 
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino 
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais.
§ 1o Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, 
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2o A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática 
social.
Assim, fica claro que a educação é muito mais abrangente do que um ato de ensino. O 
ensino faz parte da educação, mas esse processo se firma nas relações humanas, nas trocas 
e convivências dentro e fora da família.
Apesar de a família ser a primeira instituição social que um indivíduo conhece 
e frequenta, esta tem uma responsabilidade social e legal de integração de seus 
pupilos à sociedade na qual estão inseridos e, a escola, de promover o ensino dos 
conhecimentos produzidos pela humanidade e dar continuidade a esse processo de 
integração, respeitando as leis e os valores familiares.
13
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS • CAPÍTULO 1
Quando a LDB (1996) diz que “a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho 
e à prática social”, surge, então, a concepção política da educação aos olhos da lei, posto 
que, preparar alguém para o mundo do trabalho (não é profissionalizar) e para a prática 
social exige preparar politicamente.
Figura 5. Estudante com dúvida.
Disponível em: https://dhg1h5j42swfq.cloudfront.net/2016/12/19203421/Adinoel-ENEM-aluno-em-d%C3%BAvida.png.
É importante ressaltar que considerar a educação um ato político não requer doutrinar 
em nenhuma ideologia, muito pelo contrário, o ato político da educação é justamente 
o oposto, é tornar os sujeitos capazes de conhecer, refletir e optar ou transformar as 
concepções ideológicas permeadas no mundo ao seu redor. O indivíduo conhecedor 
precisa desenvolver sua capacidade de reflexão e de escolha. 
Para refletir
Figura 6. tomada de decisão.
Fonte: Segmento, 2018. Disponível em: http://www.editorasegmento.com.br/fotos/Melhor/Edicao%20342/p08-
shutterstock_221669353.jpg.
Como preparar politicamente sem assumir essa ou aquela postura ideológica?
14
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
O que envolve a escolha? 
Escolher significa optar em se encaixar nesse ou naquele modelo ou até transformar 
um modelo para outra realidade, recriar, posto que a LDB (BRASIL, 1996), em seu art. 
2o, esclarece: 
Figura 7. Aristóteles.
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/aristoteles.htm. Acesso em: 3 de agosto de 2019.
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de 
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o 
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Assim, os princípios de liberdade são claros para a formação dos sujeitos, liberdade 
de escolha, de questionamento e de transformação. Da mesma forma, como definir 
ideiais de solidariedade se não for possível desenvolver nesses indivíduos o senso de 
criticidade para que possam discernir conceitos e necessidades básicas de vida para os 
seres humanos? 
Concebendo a educação enquanto um ato político, que deve preparar os indivíduos 
para a cidadania, analisemos a concepção filosófica de política, segundo Aristóteles 
(1982, I, 2, 1253, 7-12 ):
Que o homem seja um animal político no mais alto grau do que uma abelha 
ou qualquer outro animal vivendo num estado gregário, isso é evidente. A 
natureza, conforme dizemos, não faz nada em vão, e só o homem dentre 
todos os animais possui a palavra. Assim, enquanto a voz serve apenas 
para indicar prazer ou sofrimento, e nesse sentido pertence igualmente aos 
outros animais [...] o discurso serve para exprimir o útil e o prejudicial e, por 
conseguinte, também o justo e o injusto; pois é próprio do homem perante 
os outros animais possuir o caráter de ser o único a ter o sentimento do bem 
e do mal, do justo e o injusto e de outras noções morais, e é a comunidade 
destes sentimentos que produz a família e a cidade.
15
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS • CAPÍTULO 1
Para o filósofo, o ser humano é por natureza um ser político e difere dos demais animais 
de seu Reino exatamente por essa característica, de ser político. Pois o ser humano não 
utiliza de sua comunicação apenas para expressar sentimentos primários, como dor, fome 
ou sede, suas necessidades básicas, o ser humano, em convívio com afamília e a sociedade 
se utiliza de outros julgamentos éticos, morais, culturais e de suas necessidades para 
imprimir o seu discurso, e o que é o discurso se não uma expressão da própria liberdade, 
de suas escolhas e pensamentos.
Os outros animais expressam suas necessidades momentâneas, o ser humano expressa 
seu discurso político que imprime sua visão de mundo, conhecimento da realidade 
e projeções futuras. Para ter capacidade para expressar-se de forma coerente e 
fundamentada em verdades, o homem precisa se educar de acordo com o contexto 
em que vive, daí o papel da escola de exercer uma educação política, uma educação 
Para refletir
Aristóteles – O Filósofo
Nascido na cidade de Estagira, pertencente ao Império Macedônico, no ano de 384 a.C., Aristóteles é considerado o 
mais importante filósofo da Grécia, ao lado de Platão. Muito pouco se sabe sobre a sua juventude, com exceção do 
fato de ter ido viver em Atenas, o que possibilitou que conhecesse o pensador que se tornaria seu mestre: Platão.
Figura 8. Platão e Aristóteles na Escola de Atenas (Pintura renascentista de Rafael Sanzio).
Fonte: http://www.sabercultural.com/template/obrasCelebres/fotos/A-Escola-de-Atenas-Foto03.jpg. Acesso em: 3 de 
agosto de 2019.
Aristóteles estudou na academia de Platão durante muitos anos até se tornar professor da instituição. Nesse período, 
aprofundou-se nos estudos platônicos sobre o ser e sobre a essência das coisas, sobre a dialética, sobre a política e 
sobre as ideias socráticas. Também estudou Ética e aprofundou seus estudos em Ciências da Natureza, campo do 
conhecimento pelo qual o pensador tinha certa predileção – sua formação inicial aprofundou-se bastante nessa área 
quando era mais jovem.
Durante a sua vida intelectual, Aristóteles afastou-se gradativamente das ideias do seu mestre, Platão. Enquanto 
Platão considerava válido apenas o conhecimento intelectual da verdade obtido por meio das essências puras, ou 
seja, um conhecimento puramente intelectual, Aristóteles passou a considerar a validade intelectual de outro tipo de 
conhecimento: o empírico.
16
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
de disseminação de conhecimentos e de capacidade crítica, uma educação para a 
cidadania.
Figura 9. Política.
Fonte: https://www.significados.com.br/foto/politica-fb.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.
Política enquanto ação afirmativa: direitos sociais e 
fundamentais
Discutiu-se anteriormente a questão de a Educação ser considerada um ato político em 
função do ser humano caracterizar-se um ser político.
Agora a discussão buscará compreender o que se designa como política educacional. Para 
chegar a esta especificação de política, há de se compreender a concepção de política, 
políticas públicas e política educacional, sendo esta última uma ramificação das políticas 
públicas.
Política 
O Dicionário da Civilização Grega, berço da política, esclarece:
“Civilização” vem do latim civis, cidadão. Em grego, “cidadão” se diz 
polites, aquele que pertence à pólis, à cidade-estado, de onde vem o 
termo “política”. Basta dizer que a civilização grega é antes de mais 
nada civilização da pólis, civilização política [...] a dimensão política 
presente não apenas no nível dos acontecimentos, mas igualmente no 
plano religioso e artístico e nos diversos domínios da vida intelectual. 
[...] Quando Aristóteles definiu o homem grego como um zoon politikon, 
um “animal político”, foi precisamente esta realidade que ele expressava. 
(MOSSÉ, 2004, p. 7) 
Logo, compreende-se que a política nasceu na Grécia, considerada “Berço da Civilização 
Ocidental”, tal qual conhecemos hoje o modo de vida e organização das governanças e 
sociedades.
Dessa forma, o termo política se disseminou no Ocidente, considerando as formas 
de governar e de organização das sociedades. As formas de governar estão ligadas à 
17
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS • CAPÍTULO 1
história social e política das civilizações, atendendo às demandas dos sujeitos políticos 
de cada nação, ou seja, de cada povo, cada sociedade.
As sociedades são formadas por sujeitos políticos que habitam a nação, ou a pólis, como 
era chamada cidade-estado. Assim, a política nasce de uma mesma ideia, concepção, mas 
se torna subjetiva conforme o povo ou a pólis onde se instala.
No Brasil, a governança política caracteriza-se como uma República Confederativa 
Presidencialista Democrática, isso porque há várias instâncias que compõem a 
governança:
 » FORMAS DE ESTADO: Unitário; Federação/União → O Brasil é uma Federação, 
os Estados Unidos é uma União.
 » FORMAS DE GOVERNO: Monarquia → Inglaterra; República → Brasil.
Para refletir
As pólis gregas eram as cidades-estado da Grécia Antiga. Estas cidades possuíam alto nível de independência, ou seja, 
tinham liberdade e autonomia política e econômica.
Figura 10. Pólis Grega.
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-Hthf1OyLuKA/vASBlKyhcPI/AAAAAAAAAe4/nO4cNlIanXA/s1600/P%C3%B3lis.jpg. 
Acesso em: 3 de agosto de 2019.
Nas pólis não existia separação entre as áreas rural e urbana, nem existiam relações de dependência. Muitos 
habitantes das pólis, principalmente da nobreza, habitavam casas de campo.
O centro político-administrativo das pólis era a Acrópole (geralmente a região mais alta da cidade-estado). Na 
Acrópole se encontravam o templo principal da pólis, os edifícios públicos, a Ágora (espaço em que ocorriam debates 
e decisões políticas) e a Gerúsia.
Ao redor da pólis havia uma espécie de cinturão rural, onde era produzida grande parte dos alimentos necessários 
para a manutenção da pólis. Esta organização reforçava ainda mais a autonomia das pólis.
As áreas ocupadas pelas pólis não eram de grande extensão. Em média tinham de 200 a 500km². Atenas, uma das 
pólis mais populosas e prósperas da época, era uma exceção, pois possuía cerca de 2.500km².
18
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
 » SISTEMAS DE GOVERNO: Presidencialismo → Brasil; Parlametarismo → Inglaterra, 
Alemanha.
 » REGIME DE GOVERNO: Democrático → Brasil; Autocrático → Cuba.
Como se vê, existem diferentes formas de se exercer a política nas governanças das nações 
e essas formas não são escolhas simples, são resultado de toda trajetória histórica desses 
povos, e cada história está impregnada de ideologias, golpes de estado, escolhas do próprio 
povo.
Ao se estabelecer um modelo de governo, as ações políticas, ou seja, as escolhas ideológicas, 
começam a surgir e se firmam na forma de leis, como no Brasil, por exemplo, que tem em 
sua lei maior, a Constituição Federal de 1988 (CF/1988), todas as diretrizes que emanam 
das escolhas de seu povo e dos legisladores para o funcionamento da nação.
Saiba mais
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a lei máxima do Brasil, reconhecida como a atual Carta 
Magna, foi promulgada em 5 de outubro de 1988, consolidando a transição de um regime autoritário (1964-1985) 
para um regime democrático.
Figura 11. Capa do Jornal O Estado de S. Paulo de 5 de outubro de 1988.
Fonte: https://acervo.estadao.com.br/imagens/105x65/1988.10.05.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.
19
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS • CAPÍTULO 1
Foi elaborada por uma Assembleia Constituinte, composta por 559 parlamentares e presidida por Ulysses Guimarães 
no mandato do presidente José Sarney, com diferentes visões de mundo e juntos reestabeleceram a inviolabilidade de 
direitos e liberdades básicas do cidadão brasileiro, postulando diversas premissas progressistas, tais como:
 » Igualdade de gêneros.
 » Criminalização do racismo.
 » Proibição total da tortura.
 » Direitos sociais como educação,trabalho e saúde para todos.
(Fonte: https://mpsc.mp.br/noticias/-os-30-anos-da-constituicao-e-o-ministerio-publico. Acesso em: 3 de agosto de 2019).
Figura 12. Constituição impressa.
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/
images?q=tbn:ANd9GcSh8jzDvLoCLBCgXQzAbNqAIMyUhyvfmbpIKw5CbAukzSfMzX2l.Acesso em: 3 de agosto de 
2019.
Contou com a participação popular em sua elaboração, constitui-se num documento escrito formal, atualmente 
também disponível por meio de aplicativo e na web. A Carta Cidadã apresentou um novo modelo de país, organizado 
como uma Federação caracterizada pela união indissolúvel de municípios, estados e união.
Constituiu-se, assim, o Estado Democrático de Direito, representativo do 
engrandecimento de virtudes fundamentais da República: soberania, cidadania, 
dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e pluralismo político. (NEIS, 
2018).
Em 2018, a CF completou 30 anos, trouxe significativas transformações para o o Brasil, sendo o principal símbolo 
da redemocratização nacional. Destacam-se as conquistas na área dos direitos trabalhistas e humanos, tais como: 
abono de indenização de 40% do FGTS na demissão e o seguro-desemprego; abono de férias e o 13o salário para 
aposentados; jornada semanal de 44 horas, quando antes era de 48 horas; licença-maternidade de 120 dias e 
licença-paternidade de cinco dias; direito à greve e liberdade sindical; determinou que os índios teriam direito às 
terras que ocupavam e de preservar suas tradições e cultura; entre outros.
20
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
Figura 13.
 
 
Reestabeleceu as eleições diretas para os cargos de 
presidente da República , governadores de Estado e prefeitos 
municipais.
Definiu o mandato presencial. 
Estabeleceu o direito de voto para os analfabetos.
Definiu o voto facultativo para jovens de 16 a 18 anos de 
idade.
Sistema pluripartidário.
Colocou fim à censura aos meios de comunicação.
Fonte: Elboração da autora (2019).
A CF de 1988 está estruturada em nove títulos conforme destaca a figura a seguir:
Figura 14. títulos da Constituição.
Fonte: Elaboração da autora (2019).
A CF, , no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo III, trata da Educação, Cultura e Desporto, sendo três seções com 
artigos essenciais para a nossa atuação como educadores, a saber:
21
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS • CAPÍTULO 1
Políticas Públicas 
Figura 16. área e temas que norteiam medidas/ações para o desenvolvimento das políticas públicas.
Fonte: http://portalcoroado.com.br/home/wp-content/uploads/2018/09/CNDCA.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.
Políticas Públicas são leis, programas, ações, medidas desenvolvidas pelo governo para 
garantir que direitos previstos para todos os cidadãos sejam cumpridos.
Figura 15. títulos, Capítulos, Seções e Artigos da Constituição Federal importantes para a Educação.
 
 
Título VIII – Da 
Ordem Social 
Seção I 
Da Educação 
Arts. 205 a 214
Seção II
Da Cultura 
Arts. 215 e 216
Seção III
Do Desporto
Art. 217
Capítulo III
Fonte: Elaboração da autora (2019).
Para refletir
E como fazer as determinações da CF/1988 funcionarem?
É dessa necessidade de operacionalização que surgem as demais leis e as ações de políticas públicas.
22
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
Mesmo quando alguma questão não está garantida em lei, se houver demanda 
explícita da sociedade, isso pode se tornar um direito e até virar uma política 
pública, pois a sociedade está sempre em movimento e evolução, assim sendo, as 
demandas surgem com as novas configurações sociais.
Há algumas décadas as mulheres nem votavam e atualmente representam o maior 
número de eleitores do País e também fazem parte dos quadros políticos, sendo 
representantes do povo em todas as esferas governamentais. Isso é fruto de um 
processo evolutivo e de constante movimento das sociedades em geral, gerando novas 
demandas e novas configurações sociais.
As políticas públicas se concretizam nas diversas áreas que envolvam o bem-estar dos 
cidadãos:
Figura 17. áreas que envolvem o bem-estar da população.
 
 
Saúde Meio Ambiente
TransporteEducação
Segurança
Fonte: Elaboração da autora (2019).
Criar e executar políticas públicas 
As Políticas Públicas (PP) são criadas pelo Poder Legislativo, sendo que tanto este 
quanto o Executivo podem propor políticas públicas. Enquanto o Legislativo cria 
a lei que vai determinar alguma PP, o Executivo se incumbe de planejar as ações 
necessárias para pôr em prática a política determinada. 
Compete ao Poder Judiciário a observância da lei para que se julgue sua adequação ao 
que se propõe e o respeito a sua execução.
23
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS • CAPÍTULO 1
Para nascer uma política pública são necessárias algumas etapas. Esse processo 
denomina-se ciclo das políticas públicas.
Figura 18. Ciclo das políticas públicas.
 
 Fonte: https://4.bp.blogspot.com/-I-WtsI_9yWM/Wj3kXsh-EiI/AAAAAAAAUko/3t6ykHkjH9Ijq8tKroW4KcWEEu1YdqgrwCLc
BGAs/s1600/CicloPP.png. Acesso em: 2 de agosto de 2019.
Conforme resumido por Lenzi (2017), as etapas são:
 » Identificação do problema: fase de reconhecimento de situações ou problemas que 
precisam de uma solução ou melhora.
 » Formação da agenda: definição pelo governo de quais questões têm mais 
importância social ou urgência para serem tratadas.
 » Formulação de alternativas: fase de estudo, avaliação e escolha das medidas que 
podem ser úteis ou mais eficazes para ajudar na solução dos problemas.
 » Tomada de decisão: etapa em que são definidas quais ações serão executadas. 
São levadas em conta análises técnicas e políticas sobre as consequências e a 
viabilidade das medidas.
 » Implementação: momento de ação, é quando as políticas públicas são colocadas 
em prática pelos governos.
 » Avaliação: depois que a medida é colocada em prática é preciso que se avalie 
a eficiência dos resultados alcançados e quais ajustes e melhoria podem ser 
necessários.
24
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
 » Extinção: é possível que depois de período a política pública deixe de existir. Isso 
pode acontecer se o problema que deu origem a ela deixou de existir, se as ações 
não foram eficazes para a solução ou se o problema perdeu importância diante de 
outras necessidades mais relevantes, ainda que não tenha sido resolvido.
O Sistema Único de Saúde (SUS), é a principal política pública na área de saúde. Foi criado em 
1988 pela CF e possui uma lei própria que o regulamenta: Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, 
dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e 
o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
Fonte: http://cidadao.saude.al.gov.br/wp-content/uploads/2016/09/logo_sus.png. Acesso em: 2 de 
agosto de 2019.
Essa lei, apesar de sua criação datar de quase 30 anos, está longe de ser extinta, pois 
a população brasileira ainda necessitará por muito tempo de apoio do governo nos 
cuidados com a saúde. O que ocorre com frequência são ajustes nas lei, decorrentes do 
processo de avaliação em vistas a sua eficácia.
Direitos sociais e direitos fundamentais
A identificação de um problema que mereça entrar na formação da agenda do governo 
origina-se das demandas da sociedade no que diz respeito aos direitos de um grupo 
social ou de toda a sociedade.
Os direitos de maior relevância para gerar uma política pública são aqueles considerados 
sociais ou fundamentais.
Direitos sociais, segundo Ramos (2008, s/p.), configura-se como:
conquistas dos movimentos sociais ao longo dos séculos, e, atualmente, 
são reconhecidos no âmbito internacional em documentos como 
a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948 e o Pacto 
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, 
bem como pela Constituição da República de 1988, que os consagrou 
como direitos fundamentais em seu artigo 6o.
Ou ainda, conforme Moraes (2002, p. 202):
são direitos fundamentais do homem, caracterizando-se como verdadeiras 
liberdades positivas, de observância obrigatória em um Estado Social 
de Direito, tendo por finalidade a melhoria das condições de vida aos 
hipossuficientes, visando à concretizaçãoda igualdade social, e são 
consagrados como fundamentos do Estado democrático, pelo art. 1o, IV, da 
Constituição Federal.
25
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS • CAPÍTULO 1
Saiba mais
Leia o texto abaixo retirado da página oficial da Organização das Nações Unidas (ONU).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos
Figura 19. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Fonte: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/. Acesso em: 3 de agosto de 2019.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um marco na história dos direitos humanos. Elaborada por 
representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclamada 
pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, por meio da Resolução no 217 A 
(III) da Assembleia Geral como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Ela estabelece, pela 
primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos.
Desde sua adoção, em 1948, a DUDH foi traduzida em mais de 500 idiomas – o documento mais traduzido do mundo 
– e inspirou as Constituições de muitos Estados e democracias recentes.
Figura 20. Crianças lendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), pouco depois de sua 
adoção. 
Fonte: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/. Acesso em: 3 de agosto de 2019.
Com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e seus dois Protocolos Opcionais (sobre procedimento 
de queixa e sobre pena de morte) e com o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e seu 
Protocolo Opcional, formam a chamada Carta Internacional dos Direitos Humanos.
Uma série de tratados internacionais de direitos humanos e outros instrumentos adotados desde 1945 
expandiram o corpo do direito internacional dos direitos humanos.
Eles incluem a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948), a Convenção Internacional 
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965), a Convenção sobre a Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação contra as Mulheres (1979), a Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) e a Convenção 
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), entre outras.
26
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
De acordo com a Constituição Federal (1988), são considerados direitos sociais “a educação, 
a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”.
Assim sendo, todas as vezes que um desses direitos estiver comprometido perante 
a população, em sua totalidade ou em grupos, será aberta agenda para implantação 
de política pública. É desta forma que surgem as políticas públicas voltadas para a 
educação, posto que esta se constitui um direito social.
Nessa busca pela concretização dos direitos sociais, as políticas públicas podem se 
caracterizar como “ações afirmativas” quando envolvem:
planejar e atuar no sentido de promover a representação de certos tipos 
de pessoas aquelas pertencentes a grupos que têm sido subordinados ou 
excluídos, em determinados empregos ou escolas. É uma companhia de 
seguros tomando decisões para romper com sua tradição de promover 
a posições executivas unicamente homens brancos. É a comissão de 
admissão da Universidade da Califórnia em Berkeley buscando elevar o 
número de negros nas classes iniciais [...]. Ações Afirmativas podem ser um 
programa formal e escrito, um plano envolvendo múltiplas partes e com 
funcionários dele encarregados, ou pode ser a atividade de um empresário 
que consultou sua consciência e decidiu fazer as coisas de uma maneira 
diferente. (BERGMANN, 1996, p. 7).
Figura 21. Nuvem de Palavras com ações afirmativas no Brasil.
Fonte: https://www.fera-al.com.br/public/_IMG/n/noticia_726.png. Acesso em: 3 de agosto de 2019.
Muitas políticas públicas educacionais são consideradas ações afirmativas, como a 
própria política de cotas nas universidades públicas, posto que visa atender a um 
27
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS • CAPÍTULO 1
grupo que tem se mantido excluído dos bancos iniversitários ao longo da história do 
País e em decorrência dos fatos da própria história marginalizando esse grupo. Mais 
adiante esses temas voltarão ao debate.
Políticas da área educacional e seus desdobramentos 
Como visto, educação é um direito social. Mas será que é o suficiente a CF (1988) determinar 
isso e pronto? É o suficiente a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, 
declarar isso?
Figura 22. Art. 205 da Constituição Federal.
Fonte: https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20180215_art_215_loop.gif. Acesso em: 3 de agosto de 2019.
Figura 23. Educação é direito de todos.
Fonte: http://ocalcadao.blogspot.com/2016/01/educacao-direito-publico-e-subjetivo-e.html. Acesso em: 20 de agosto de 
2019.
28
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
Há muitas observâncias a serem feitas com relação a isso. Primeiramente, existe escola 
pública gratuita para todos? 
São tantas as questões que surgem de uma simples determinação → escola pública para 
todos na Educação Básica – que somente por intermédio do Censo (informações estatísticas 
que apontam diferentes características dos habitantes de uma cidade, um estado ou uma 
nação), avaliações, manifestações populares, há de se perceber e avaliar se há condições de 
cumprimento da determinação do direito.
Caso qualquer aspecto atrelado à educação não esteja sendo cumprido em decorrência 
de outros fatores, caberá aos representates populares, sejam polít icos ou de 
organizações civis, indicarem a questão para avaliação de agenda.
No Brasil, de forma nacional, ou especificamente por estados ou municípios, existe uma 
infinidade de políticas públicas educacionais. 
Todo cidadão e cidadã pode e deve participar da sugestão de políticas públicas. Muitas 
políticas públicas da área educacional nascem das solicitações da população por meio 
de participação popular.
Uma das formas de se integrar aos debates de sugestão de políticas públicas é por 
intermédio dos conselhos de políticas públicas. Os conselhos são formados por 
representantes do governo e por cidadãos. As pessoas podem aproveitar esses espaços 
para discutirem, opinarem e apontarem sugestões que repercutam como proposta de 
política pública para determinado direito civil. 
Saiba mais
No Brasil, quando se fala em escola pública, refere-se a escolas implementadas e ficanciadas pelas esferas municipais, 
estaduais e federais. 
Além, disso, o fato de ser pública, aqui no Brasil caracteriza gratuita, o que não significa que seja assim em todos 
os lugares do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, dependendo do distrito da escola e sua classificação em 
qualidade, existem taxas diferenciadas a serem pagas pela matrícula do estudante.
Para refletir
Existem condições para que as famílias enviem seus filhos à escola em qualquer parte do País?
As condições socioeconômicas são iguais em toda parte? E as demandas?
Existem professores formados para todas as áreas do conhecimento em todo o território? Esses professores estão 
atualizados e/ou têm formação mínima para a sua atuação? 
29
DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS • CAPÍTULO 1
De acordo com o site do Ministério da Educação (MEC) os seguintes programas de Políticas 
Educacionais voltados para Educação Básica ainda são vigentes e consolidados em nosso 
país.
Quadro 1. Programas e Ações Educacionais.
Programa Mais Alfabetização
Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
Novo Mais Educação
Ensino Médio Inovador
Parlamento Juvenil do Mercosul
Proinfância
Saúde na Escola
Atleta na Escola
Formação continuada para professores
Livros e materiais para escolas, estudantes e professores
Saiba mais
Você sabe como se organiza a estrutura de uma escola pública?
No infográficoa seguir, organizado pela Fundação Telefônica (2017), é apresentado um exemplo das principais 
funções existentes em uma escola. Ressaltamos que por conta da automia assegurada em Lei, alguns papéis podem e 
devem ser flexibilizados.
Figura 24. Exemplo de estrutura de uma escola pública.
Fonte: http://fundacaotelefonica.org.br/noticias/voce-sabe-como-e-a-estrutura-de-ensino-em-uma-escola-publica/.
Acesso em: 2 de agosto de 2019.
30
CAPÍTULO 1 • DIREItOS HUMANOS, CIDADANIA E POLÍtICAS EDUCACIONAIS
tecnologia a serviço da Educação Básica
Apoio à Gestão Educacional
Infraestrutura
Avaliações da aprendizagem
Prêmios e competições
tv Escola
Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral
Fonte: Portal do MEC. Secretaria de Educação Básica – Programas e Ações.
As políticas educacionais e seus desdobramentos em ações resultam das demandas 
da sociedade em conjunto com o atendimento à Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, assim como ao último Plano Nacional da Educação, neste caso PNE 2014-2024, 
aprovado pela Lei no 13.005, de 2014, com vigência de 10 anos.
No próximo capítulo será apresentada a organização da educação brasileira para que 
melhor se compreenda as políticas em potencial.
Sugestão de estudo
Figura 25. Capa do Livro: A vida na escola e a escola da vida.
Fonte: https://images.livrariasaraiva.com.br/imagemnet/imagem.aspx/?pro_id=315469&qld=90&l=430&a=-1. Acesso 
em: 3 de agosto de 2019.
O livro A vida na escola e a escola da vida, elaborado por Claudius, Miguel e Rosiska, apresenta uma série de 
questões, que mostra a realidade hoje nas escolas, por meio de uma discussão simples e com imagens típicas do 
cotidiano escolar. A obra está organizada em cinco capítulos que discutem temáticas necessárias, persistentes e 
contemporâneas. 
31
Introdução
A educação no Brasil vem sofrendo mudanças ao longo dos anos e existe uma preocupação 
por parte das esferas governamentais em garantir o direito e acessibilidade a todos os níveis de 
ensino, para todo cidadão.
Nessa perspectiva, pode-se observar a evolução da legislação educacional na busca de 
reformar e transformar o ensino, incluindo o incentivo para a formação básica, superior 
e continuada, estabelecendo princípios que norteiam a estrutura e o funcionamento do 
ensino no País.
Objetivos 
 » Compreender o conceito de políticas públicas e sua funcionalidade para a nação 
brasileira, especialmente, a comunidade educacional. 
 » Entender como as reformas e políticas públicas influenciam o cotidiano escolar.
 » Reconhecer as influências dos organismos internacionais em nosso sistema 
educacional nacional, bem como seus desdobramentos para a melhoria da oferta 
do ensino-aprendizagem.
A educação como política pública
O papel do Estado vem se transformando ao longo dos anos, por diversos motivos, 
mudança do seu papel diante das novas demandas, pressões e reivindicações sociais e 
internacionais, atualmente podemos afirmar que a principal função do Estado é promover 
o bem-estar da sociedade. Segundo o Manual de Políticas Públicas: conceitos e práticas 
do Sebrae (2008, p. 5):
2
CAPÍTULO
A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL 
DO EStADO
32
CAPÍTULO 2 • A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO
A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu 
inúmeras transformações ao passar do tempo. Nos séculos XVIII e XIX, 
seu principal objetivo era a segurança pública e a defesa externa em 
caso de ataque inimigo. Entretanto, com o aprofundamento e expansão 
da democracia, as responsabilidades do Estado se diversificaram. 
Atualmente, é comum se afirmar que a função do Estado é promover 
o bem-estar da sociedade. Para tanto, ele necessita desenvolver uma 
série de ações e atuar diretamente em diferentes áreas, tais como 
saúde, educação, meio ambiente.
Podemos observar que o Estado vem passando por transformações acompanhadas 
por toda sociedade. Houve mudança de consciência por meio do Estado, advinda de 
exigências da camada social e de mudanças de perspectivas do contexto mundial em que 
áreas da saúde, educação, meio ambiente e segurança pública tornaram-se prioridades, 
pelo menos em tese, para o direcionamento das políticas públicas. 
Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os 
governos se utilizam das políticas públicas que podem ser definidas da seguinte forma: 
“(...) Políticas Públicas são um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para 
a solução (ou não) de problemas da sociedade (...).” 
De acordo com o Sebrae (2005, p. 5):
Dito de outra maneira, as Políticas Públicas são a totalidade de ações, 
metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) 
traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. 
É certo que as ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os 
tomadores de decisões) selecionam (suas prioridades) são aquelas que 
eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, 
o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela 
sociedade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de 
forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus 
representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam 
os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como 
prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República) 
para que atendam as demandas da população.
As políticas públicas possuem seus estágios que estão interligados entre si:
33
A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO • CAPÍTULO 2
Figura 26. Estágio das políticas públicas.
 
 
Estágio 
das 
Políticas 
Públicas
1.
Formação da 
Agenda
2.
Elaboração das 
Políticas
3.
Tomada de 
Decisão
4.
Implementação
5.
Avaliação
Fonte: autora, (2019).
A primeira fase constitui-se na formação da Agenda, ou seja, seleção das prioridades. Na 
segunda fase apresentam-se as soluções ou alternativas possíveis para a elaboração das 
políticas. A terceira fase é o momento das tomadas de decisões, escolhem-se as ações 
que serão desenvolvidas ao longo do projeto apresentado. Na quarta fase, inicia-se a 
implementação, a execução das ações. A última e quinta fase refere-se à avaliação.
As políticas públicas serão eficazes se ocorrer uma boa administração, se todos os atores 
envolvidos participarem de todo o processo tendo como foco a construção de uma 
sociedade igualitária, buscando a justiça e o bem-estar social. 
A sociedade contemporânea se caracteriza por sua diversidade, cada grupo disputa por 
seus interesses. Vivemos em uma sociedade em que os recursos do Estado estão cada 
vez mais escassos e, diante disso, as políticas públicas são motivo de disputa por grupos 
específicos, cada qual reivindicando suas necessidades e interesses.
Estas disputas são as molas propulsoras para o desenvolvimento do Estado, 
proporcionado renovação de pensamento e postura do Estado, buscando adaptação 
às novas exigências da sociedade, modificando constantemente seu papel. 
34
CAPÍTULO 2 • A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO
As relações entre estado, sociedade e educação: a educação escolar 
no contexto das reformas do estado e das transformações da 
sociedade contemporânea 
A relação entre Estado, sociedade e Educação vai muito além de uma conjuntura de 
reformas, ações ou metas, mas são estabelecidas a partir do momento em que grandes 
transformações sociais são observadas, e as relações de poder foram modificadas. Quando 
o papel do Estado historicamente construído passa de divino para representante da 
sociedade. 
A discussão sobre políticas e educação tem sido objeto de vários estudos e pesquisas 
no cenário nacional e internacional. Trata-se de temática com várias perspectivas, 
concepções e cenários complexos em disputa. 
Nesse sentido, é fundamental destacar a ação política, orgânica ou não, de diferentes atores 
e contextos institucionais marcadamente influenciados por marcos regulatóriosfruto de 
orientações, compromissos e perspectivas – em escala nacional e mundial –, preconizados, 
entre outros, por agências e/ou organismos multilaterais e fortemente assimilados e/ou 
naturalizados pelos gestores de políticas públicas. Para Almeida (2013, p. 12), políticas 
públicas para educação englobam:
O campo das políticas públicas educacionais é extremamente amplo, 
e abrange a estrutura curricular, f inanciamentos, avaliações de 
desempenho, fluxos escolares, formação e capacitação docente, além 
de se relacionarem intimamente com outros direitos fundamentais e 
direitos humanos, gerando assim, os termos de uma educação inclusiva.
Nessa ótica, a discussão sobre tais políticas articula-se a processos mais amplos do que 
a dinâmica intraescolar, sem negligenciar, nesse percurso, a real importância do papel 
social da escola e dos processos relativos à organização, cultura e gestão intrínsecos a ela. 
Portanto, é fundamental não perder de vista que o processo educativo é mediado pelo 
contexto sociocultural, pelas condições em que se efetiva o ensino-aprendizagem, pelos 
aspectos organizacionais e, consequentemente, pela dinâmica com que se constrói o projeto 
político-pedagógico e se materializam os processos de organização e gestão da educação.
A escola, entendida como instituição social, tem sua lógica organizativa e suas finalidades 
demarcadas pelos fins político-pedagógicos que extrapolam o horizonte custo-benefício 
stricto sensu. Isto tem impacto direto no que se entende por planejamento e desenvolvimento 
da educação e da escola e, nessa perspectiva, implica aprofundamento sobre a natureza 
das instituições educativas e suas finalidades, bem como as prioridades institucionais, os 
processos de participação e decisão, em âmbito nacional, nos sistemas de ensino e nas 
escolas.
35
A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO • CAPÍTULO 2
Nessa perspectiva, a articulação e a rediscussão de diferentes ações e programas, direcionados 
à educação, devem ter por norte uma concepção ampla de gestão que considere a 
centralidade das políticas educacionais e dos projetos pedagógicos das escolas, bem como 
a implementação de processos de participação e decisão nessas instâncias, balizados pelo 
resgate do direito social à educação e à escola, pela implementação da autonomia nesses 
espaços sociais e, ainda, pela efetiva articulação com os projetos de gestão do MEC, das 
secretarias, com os projetos político-pedagógicos das escolas e com o amplo envolvimento 
da sociedade civil organizada.
Os princípios, as normas e as diretrizes que orientam as políticas 
públicas aplicadas à educação no Brasil podem ser encontradas 
nas Constituições do país, nas LDB de 1961, de 1971 e de 1996, nas 
legislações específicas, nos planos e nos programas educacionais do 
governo federal. ( TERRA, 2016, p. 76).
Saiba mais
Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Segundo Carvalho (1998), com a aprovação da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o dia 
20/12/1996 assinala um momento de transição significativo para a educação brasileira. Nessa data, completados 35 
anos, revogou-se a primeira LDB com as alterações havidas no período, entrando em vigor nossa segunda LDB. 
O Chefe do Poder Executivo sancionou a Lei no 9.394/1996, denominando-a “Lei Darcy Ribeiro”, e, com este ato, 
dividiu, formalmente, a conhecida história da Nova LDB: um primeiro momento, caracterizado por amplos debates 
entre as partes (Câmara Federal, Governo, partidos políticos, associações educacionais, educadores, empresários etc.) 
e outro, atrelado à orientação da política educacional governamental e assumido pelo professor homenageado. 
Na disputa entre o coletivo e o individual, entre a esfera pública e a esfera privada, entre os representantes da 
população e os representantes do governo, está vencendo a política neoliberal, dominante não só na dimensão 
global, mas também com pretensões de chegar a conduzir o trabalho pedagógico na sala de aula. 
Objetivo: a busca da qualidade (total), no sentido de formar cidadãos eficientes, competitivos, líderes, produtivos, 
rentáveis, numa máquina, quando pública, racionalizada. Este cidadão – anuncia-se – terá empregabilidade e, 
igualmente, será um consumidor consciente. 
A lei foi produzida, existe. Enquanto lei, resta-nos identificar, compreender e avaliar a intencionalidade de suas 
propostas, para a adoção das posturas pertinentes. Todavia, as recentes diretrizes e bases da educação nacional não 
têm o poder, por si só, de alterar a realidade educacional e, de modo especial, a formação inicial e continuada de 
professores, mas podem produzir efeitos em relação a essa mesma realidade, de tal modo, acordo com Saviani (1990, 
p. 43), “que, de numa avaliação posterior, podem ser considerados positivos ou negativos”. 
De modo geral, “em alguns aspectos a legislação provoca consequências positivas; em outros, consequências 
negativas” (SAVIANI, 1990, p. 44). Daí a importância deste momento para o encaminhamento de questões essenciais 
sobre a formação dos profissionais da educação e, de modo especial, a formação de docentes, objeto deste texto.
No momento atual, necessitamos de uma política pública de formação, que trate, de maneira ampla, simultânea, e 
de forma integrada, tanto da formação inicial, como das condições de trabalho, remuneração, carreira e formação 
continuada dos docentes. Cuidar da valorização dos docentes é uma das principais medidas para a melhoria da 
qualidade do ensino ministrado às nossas crianças e aos nossos jovens. 
36
CAPÍTULO 2 • A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO
E, de acordo com a Constituição, fundamento do deve ser, a “valorização” é conteúdo próprio do capítulo que trata da 
Educação, dispondo, em termos de princípio, sobre a 
valorização dos profissionais do ensino, garantindo, na forma da lei, plano de carreira 
para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente 
por concurso público de provas e títulos, assegurando regime único para todas as 
instituições mantidas pela União. 
Estes princípios estão explicitados na Nova LDB.
Por essas razões, procuraremos apontar os dispositivos legais inseridos na Nova LDB com algumas observações que 
possam ser consideradas nos estudos e reflexões sobre os rumos dos cursos e programas de formação de professores 
para a educação básica. 
Durante três décadas e meia, a estrutura e o funcionamento dos cursos de formação dos profissionais da educação 
tiveram por fundamento legal a primeira LDB e suas alterações, sobretudo as introduzidas pelo Regime Militar. 
Com a edição da Lei no 9.394/1996, nova normatização começa a ser debatida e implementada. Assim, os cursos de 
formação dos profissionais da educação que vinham funcionando, agora objeto de reflexão e questionamento sob a 
Nova LDB, têm a moldura da legislação revogada. 
A Nova LDB, neste momento de transição normativa, fixa, em relação aos Profissionais da Educação, diversas 
normas orientadoras: as finalidades e fundamentos da formação dos profissionais da educação; os níveis e o locus da 
formação docente e de “especialistas”; os cursos que poderão ser mantidos pelos Institutos Superiores de Educação; a 
carga horária da prática de ensino; a valorização do magistério e a experiência docente. 
Texto extraído do artigo A nova lei de diretrizes e bases e a formação de professores para a educação básica de Djalma Pacheco de Carvalho, 
Professor Assistente Doutor, Departamento de Educação, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista (Unesp). Campus de Bauru. 
(Fonte: http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v5n2/a08v5n2.pdf).
Sugestão de estudo
Figura 27. Darcy Ribeiro.
Fonte: Disponível em: https://i1.wp.com/cartacampinas.com.br/wp-content/uploads/darcy-ribeiro.jpg. Acesso em: 1 de 
agosto de 2019.
Darcy Ribeiro, antrópologo, educador e romancista. Foi membro da Academia Brasileira de Letras. Mundialmente 
reconhecido por seus estudos sobre a população brasileira, especialmente os indígenas,atuando multi e 
interdisciplinarmente nos campos de Antropologia, Sociologia e Educação. Como Ministro da Educação do Brasil, 
liderou diversas reformas que o consideraram apto a auxiliar novas políticas educacionais para diferentes países da 
América Latina. Autor de diversos livros, defendeu a democratização do ensino público e de qualidade para todos.
Seguem algumas obras essenciais para a sua atuação crítica como professor e cidadão:
37
A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO • CAPÍTULO 2
Panorama histórico de políticas e reformas de governos a partir 
da instituição da LDB (Lei de Diretrizes e Bases – 9.394/1996)
O governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), de 1995 a 1998, em seu 
primeiro mandato, e, em seguida, o segundo mandato de 1999 a 2002, teve como destaque 
o programa “Acorda, Brasil: Está na hora da escola”, baseado em cinco pontos essenciais:
Figura 29. Cartaz do programa “Acorda, Brasil”.
Fonte: http://livros01.livrosgratis.com.br/me000660.pdf. Acesso em: 20 de agosto de 2019.
Figura 28. Sugestões de obras do autor Darcy Ribeiro para serem estudadas.
 
 
Fonte: https://www.estantevirtual.com.br/busca?q=Darcy%2BRibeiro&offset=1&b_order=relevancia&busca_es=1. 
Acesso em: 20 de agosto de 2019.
38
CAPÍTULO 2 • A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO
Figura 30. Principais ações do Programa “Acorda, Brasil”.
 
 
Distribuição de verbas 
diretamente para as escolas
Melhoria da qualidade dos 
livros didáticos
Formação de professores 
por meio da educação a 
distância
Reforma curricular 
(estabelecimento de 
Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCN) e Diretrizes 
Curriculares Nacionais 
(DCN)
Avaliação das escolas
Fonte: Elaboração da autora (2019).
Ainda nestes mandatos, os principais programas e ações governamentais, decisivos para o 
desenvolvimento das políticas públicas educacionais no contexto nacional foram:
Figura 31. Principais programas e ações governamentais.
 
 
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de 
Valorização do Magistério (Fundef)
Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola)
Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE)
Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)
Bolsa-Escola
Plano Nacional da Educação
Fonte: Elaboração da autora (2019).
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização 
do Magistério (Fundef ) era reconhecido como um fundo contábil formado por recursos 
financeiros dos três níveis da Administração Pública do nosso país, com o objetivo de 
promover o financiamento da educação básica pública do Brasil.
Já o Fundescola foi um programa fundado em 1995, desenvolvido em parceria com 
as secretarias municipais e estaduais de Educação da nossa nação, com o intuito de 
39
A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO • CAPÍTULO 2
promoção de ações, visando à melhoria da qualidade do ensino fundamental e ampliação 
do acesso, bem como a permanência, das crianças nas escolas públicas das regiões Norte, 
Nordeste e Centro-Oeste. Originalmente financiado com recursos do governo federal e 
do Banco Mundial (Bird), atuando especialmente em zonas consideradas de atendimento 
prioritário definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Figura 32. Plano de Desenvolvimento da Educação.
Fonte: http://ilhadomelfm.com.br/wp-content/uploads/2016/02/PDE_logo.jpg Acesso em: 3 de agosto de 2019.
O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) é um programa que apoia o 
desenvolvimento da comunidade escolar por meio da elaboração de um planejamento 
participativo com o objetivo primordial de aprimoramento da administração da 
escola pública do Brasil.
Desta forma, o PDE se configura como uma ferramenta de gestão DA escola PARA a 
escola (MEC, 2019). Já o “Programa Dinheiro Direto na Escola” (PDDE), criado em 1995, 
tem como objetivo prestar assistência financeira à comunidade escolar, assegurando as 
melhorias necessárias para o aumento da qualidade do ensino público ofertado.
O “Bolsa-Escola” foi um programa considerado como “transferência de renda”, 
implementado em 2001. Por meio de um cartão magnético, famílias de baixa renda 
recebiam incentivo financeiro para assegurar a matrícula e permanência das crianças 
e jovens na escola.
Na próxima unidade teremos a oportunidade de aprofundar nossos conhecimentos 
sobre programas que marcaram a história das políticas educacionais no contexto 
nacional.
Nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010, as políticas públicas 
para a Educação foram divulgadas por meio de um caderno intitulado “Uma escola do 
tamanho do Brasil” e foram estabelecidas as seguintes ações:
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CAPÍTULO 2 • A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO
Figura 33. Ações estabelecidas para a política pública de educação.
 
 
Democratização do acesso ao ensino e garantia de permanência na escola
Qualidade social da educação
Valorização profissional do magistério
Implantação do regime de colaboração entre as esferas de governo
Democratização da gestão escolar
Fonte: Elaboração da autora (2019).
Estas ações desdobraram-se nas seguintes ações e realizações ao longo dos oito anos: 
a) Fundo de manutenção e desenvolvimento da educação básica (Fundeb); b) Programa 
Universidade para todos (Prouni); c) Sistema de seleção unificada (Sisu); d) Programa 
de apoio a planos de reestruturação e expansão das universidades federais (Reuni); 
e) Universidade aberta do Brasil (UAB) e f ) Rede federal de educação profissional, 
científica e tecnológica.
No governo seguinte, de Dilma Rousseff, de 2011 a 2014 (primeiro mandato) e 2015 a 2016 
(segundo mandato, interrompido pelo processo de impeachment), o objetivo primordial 
das políticas educacionais era assegurar a manutenção dos programas implementados 
nos mandatos anteriores, bem como ampliação das ações, garantindo educação para a 
igualdade social, a cidadania e o desenvolvimento, promovendo inovações científicas 
e tecnológicas. Destacam-se os seguintes programas: a) Programa Nacional de Acesso 
ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec); b) Expansão da rede federal de educação 
profissional, científica e tecnológica; c) Programa Brasil profissionalizante; d) Rede 
e-tec Brasil; e) Acordo de gratuidade com os serviços nacionais de aprendizagem; f ) 
Bolsa-formação; g) Ciências sem Fronteira; h) Plano Nacional de Educação (2014-2024); 
i) Brasil carinhoso; j) Brasil profissionalizante; k) Caminho da escola; l) Formação pela 
escola; m) Plano de Ações Articuladas (PAR); n) Manutenção do Programa Dinheiro 
Direto na Escola (PDDE); o) Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); p) 
Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE); q) Programa Nacional 
Biblioteca da Escola (PNBE); r) Programa Nacional do Livro Didático (PNLD); s) 
Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar 
Pública de Educação Infantil (Proinfância); t) Manutenção do Programa Nacional de 
Tecnologia Educacional (Proinfo); u) Prouni.
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A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO • CAPÍTULO 2
O re p e r t ó r i o d e p r o g ra m a s a c i m a e l e n c a d o s, m u i t o s re s u l t a d o s d e a ç õ e s 
i m p l e m e n t a d a s e m g ov e r n o s a n t e r i o re s , t i n h a m c o m o o b j e t i v o c o n s t i t u i r 
uma sociedade do conhecimento, assegurando ao nosso país as condições de 
competitividade global necessárias para a soberania, destacam-se as seguintes 
metas que ainda persistem em nosso cotidiano, também, sinalizadas por organismos 
internacionais:
 » erradicação do analfabetismo no País;
 » garantir a qualidade da educação básica brasileira;
 » promover a inclusão digital, com banda larga, produção de material pedagógico 
digitalizado e formação de professores em todas as escolas públicas e privadas no 
campo e na cidade;
 » expandir o orçamento da educação, ciência e tecnologia e melhorar a eficiência do 
gasto;
 » consolidar a expansão da educação profissional, por meio da rede de InstitutosFederais de Educação, Ciência e Tecnologia;
 » tornar os espaços educacionais lugares de produção e difusão da cultura;
 » construir o sistema nacional articulado de educação, de modo a redesenhar o pacto 
federativo e os mecanismos de gestão.
 » aprofundar o processo de expansão das universidades públicas e garantir a 
qualidade do conjunto de ensino privado;
 » ampliar programas de bolsas de estudos que garantam a formação de quadros 
em centros de excelência no exterior, capazes de atrair estudantes, professores e 
pesquisadores estrangeiros para o Brasil;
 » dar prosseguimento ao diálogo com a comunidade científica, como fator 
fundamental para definir as prioridades da pesquisa no País;
 » fortalecimento da política de educação do campo, e ampliação das unidades 
escolares assegurando a educação integral e a profissionalização.
Em 2016 assume a presidência o vice-presidente Michel Temer, finalizando o seu mandato 
em 2019, priorizando a manutenção dos seguintes programas: a) Fundo de Financiamento 
ao Estudante do Ensino Superior (Fies); b) Reforma do ensino médio; c) Programa Nacional 
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e d) Programa Universidade para todos 
(Prouni).
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CAPÍTULO 2 • A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO
Observe a lei
Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
TÍTULO I
Da Educação
Art. 1o A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, 
no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais.
§ 1o Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em 
instituições próprias.
§ 2o A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
TÍTULO II
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
Art. 2o A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade 
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho.
Art. 3o O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI –gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII – valorização do profissional da educação escolar;
VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX – garantia de padrão de qualidade;
X – valorização da experiência extra-escolar;
XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
TÍTULO III
Do Direito à Educação e do Dever de Educar
Art. 4o O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
43
A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO • CAPÍTULO 2
II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III – atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente 
na rede regular de ensino;
IV – atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade;
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII – oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas 
necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência 
na escola;
VIII – atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material 
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
IX – padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de 
insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
Art. 5o O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, 
associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o 
Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.
§ 1o Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da União:
I – recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram 
acesso;
II – fazer-lhes a chamada pública;
III – zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
§ 2o Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino 
obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de ensino, conforme 
as prioridades constitucionais e legais.
§ 3o Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na 
hipótese do § 2o do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. 
§ 4o Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, 
poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade.
§ 5o Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso 
aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior.
Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos sete anos de idade, no ensino 
fundamental.
Art. 7o. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:
I – cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino;
II – autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público;
III – capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal.
(Fonte: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf).
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CAPÍTULO 2 • A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO
As influências dos organismos internacionais nas políticas 
educacionais
Atualmente, vivemos a era da informação. As tecnologias da informação e comunicação 
(TICs) fazem parte do nosso dia a dia, a todo o momento nos deparamos com novas 
tecnologias, muitas informações e transformações nas formas como nos comunicamos, 
resultado do fenômeno chamado globalização. Segundo Terra (2016, p. 120):
Globalização é o termo mais utilizado para descrever as mudanças 
ocorridas no sistema econômico capitalista nas últimas décadas. 
No entanto, a maioria dos estudos sobre esse fenômeno ressalta a 
globalização (ou mundialização do capital, como preferem alguns 
autores) é apenas a etapa atual de um processo histórico cujas origens 
remontam à formação do capitalismo. 
A globalização existe em todos os espaços, seja econômico, social, cultural, político, 
influenciando nossa vida cotidiana, voltando um pouco em nossa história, podemos 
determinar que a globalização vem associada ao surgimento do estado neoliberal. O 
pensamento neoliberal tem sua fundamentação, de acordo com Terra (2016, p. 124):
As premissas básicas do pensamento neoliberal estão fundamentadas 
na ideia de que as políticas sociais adotadas pelo Estado de Bem-estar 
social (Welfare State), construído após a Segunda Guerra Mundial, 
fracassaram em sua pretensão de promover a igualdade e a justiça social. 
Por isso, o neoliberalismopropõe um novo paradigma, ou seja, um novo 
modelo de gestão do Estado e da economia mundial, perante a falência 
das políticas intervencionistas conduzidas pelo governo. 
Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 84), a globalização corresponde ao estágio 
de desenvolvimento do chamado capitalismo concorrencial global, tendo como suas 
principais características:
 » Estado mínimo e economia de mercado; desregulamentação e privatização;
 » acumulação flexível do capital, da produção, do trabalho e do mercado;
 » sistema financeiro autônomo dos Estados nacionais;
 » mudanças técnico-científicas aceleradas;
 » ordem econômica determinada pelas corporações mundiais, pelas transnacionais, 
pelas instituições financeiras internacionais e pelos países centrais;
 » globalização/integração da produção, do capital, dos mercados e do trabalho.
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A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO • CAPÍTULO 2
O Neoliberalismo não aceita a intervenção do Estado, privilegiando a privatização. No 
Brasil, podemos determinar esta influência a partir do governo de Fernando Collor, 
quando o Estado Neoliberal passou a ser implantado. Com estas mudanças outros países 
começaram a mudar seu olhar em relação a nossa economia, passamos a ser um país em 
pleno desenvolvimento com possibilidades de investimentos internacionais, atraindo 
investimentos de países como Estados Unidos e Japão e da União Europeia, grandes 
acionistas do Banco Mundial. 
Ele foi criado a partir das necessidades advindas após a Segunda Guerra Mundial, quando os 
países devastados sentiram a necessidade de buscar seu crescimento econômico. 
Desde a segunda guerra mundial observamos a formação de organismos 
internacionais de natureza político-ideológica, sob a liderança da 
Organização das Nações Unidas (ONU), em conjunto com organismos 
de natureza econômica, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), 
o Banco Mundial e a Organização de Cooperação e Desenvolvimento 
Econômico (OCDE). No campo militar, deve-se mencionar a Organização 
do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A nova ordem econômica e política 
mundial é resultado da conferência de Bretton-Woods, realizada em 1944, 
na qual as nações mais industrializadas do mundo firmaram acordos 
estabelecendo regras para as relações comerciais e financeiras entre os 
países no âmbito mundial. (TERRA, 2016, p. 122)
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para Reconstrução e 
Desenvolvimento (Bird) foram criados pelo Banco Mundial com o intuito de reconstrução e 
desenvolvimento dos países do sul. Tais siglas fazem atualmente parte do nosso dia a dia, são 
grandes investimentos que visam ampliar as intervenções mundiais em economias de países 
em desenvolvimento, buscando a ampliação de seus mercados, mas muitos de seus recursos 
têm como prioridade o investimento na Educação.
O pensamento neoliberal considera a educação um dos elementos centrais 
para incrementar a competitividade econômica entre as nações, gerar novas 
oportunidades de trabalho e emprego e, também, ajudar na melhoria da 
distribuição de renda, contribuindo para a estabilidade social e política 
global, particularmente nos países mais pobres. A ideia é que o estudante 
com acesso a uma educação eficiente e de qualidade, que garanta uma 
formação diversificada e flexível, poderá “subir na vida” e ganhar mais. 
(TERRA, 2016, p. 126)
Para refletir
Mas, o que é o Banco Mundial?
46
CAPÍTULO 2 • A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO
Ainda de acordo com Terra (2016, p. 126):
Em 1980, o Bird adotou o modelo de financiamento chamado crédito de 
base política, tendo por objetivo desenvolver políticas de ajuste estrutural 
nos países periféricos. Dentre essas políticas estavam: redução do papel do 
Estado, o que significava a diminuição do investimento do setor público e 
aumento do setor privado; reformas administrativas; estabilização fiscal 
e monetária; a redução do crédito interno e das barreiras de mercado. O 
Banco condicionou os créditos aos países tomadores a algumas reformas 
educacionais sugeridas. Dentre as principais estavam: diminuir os gastos 
do Estado na área da educação, e para isso recomendou privatizar os 
níveis mais elevados do ensino público, centrando as atenções ao ensino 
fundamental, principalmente no que dizia respeito à garantia de acesso 
e à universalização; priorizar o consumo de insumos educacionais, o que 
para o Banco era fundamental para a melhoria do desempenho escolar dos 
alunos dos países de baixa renda. (TERRA, 2016, p. 126)
Apresentamos, a seguir, algumas questões apontadas por Andrioli (2002), como as principais 
consequências do neoliberalismo na educação:
 » Menos recursos, já que há diminuição da arrecadação (através de isenções, 
incentivos, sonegação...) e por conta da não aplicação dos recursos e 
descumprimento de leis.
 » Prioridade do ensino fundamental como responsabilidade dos estados e 
municípios (a educação infantil é delegada aos municípios).
 » Formação menos abrangente e mais profissionalizante.
 » A maior marca de subordinação profissionalizante é a reforma do ensino médio e 
profissionalizante.
 » Privatização do ensino.
 » Municipalização e “escolarização” do ensino, com o Estado repassando adiante sua 
responsabilidade (os custos são repassados às prefeituras e às próprias escolas).
 » Aceleração da aprovação para desocupar vagas, tendo o agravante da menor 
qualidade. 
 » Aumento de matrículas como jogo de marketing (são feitas apenas mais inscrições, 
pois não há estrutura efetiva para novas vagas).
 » A sociedade civil deve adotar os “órfãos” do Estado (por exemplo, o programa 
“Amigos da escola”). Se as pessoas não tiverem acesso à escola. a culpa é 
colocada na sociedade que “não se organizou”, isentando, assim, o governo de 
sua responsabilidade com a educação.
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A EDUCAçãO COMO POLÍtICA SOCIAL DO EStADO • CAPÍTULO 2
 » O ensino médio dividido entre educação regular e profissionalizante, com tendência a 
priorizar este último: “mais mão de obra e menos consciência crítica”.
 » A autonomia é apenas administrativa. As avaliações, livros didáticos, currículos, 
programas, conteúdos, cursos de formação, critérios de controle e fiscalização 
continuam dirigidos e centralizados. Mas, no que se refere à parte financeira (como 
infraestrutura, merenda, transporte etc.), passa a ser descentralizada.
 » Produtividade e eficiência empresarial (máximo resultado com o menor custo). Não 
interessa o conhecimento crítico.
 » Nova linguagem, com a utilização de termos neoliberais na educação.
 » Modismo da qualidade total (no estilo das empresas privadas) na escola pública, a 
partir de 1980. 
 » Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são ambíguos (possuem duas visões 
contraditórias), pois se, por um lado, surge uma preocupação com as questões 
sociais, com a presença dos temas transversais como proposta pedagógica e a 
participação de intelectuais progressistas, por outro lado, há todo um caráter de 
adequação ao sistema de qualidade total e a retirada do Estado.
 » Mudança do termo igualdade social para equidade social, ou seja, não há mais a 
preocupação com a igualdade como direito de todos, mas somente a amenização da 
desigualdade.
 » Privatização das universidades. 
 » Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determinando as competências 
da Federação, transferindo responsabilidades aos estados e municípios;
 » Parcerias com a sociedade civil (empresas privadas e organizações sociais).
Neste panorama, cabe aos educadores pensarem e agirem de forma local e global buscando 
maneiras e possibilidades para transformar a sociedade, lutarem contra uma corrente que não 
pensa a educação como um instrumento libertador, pois conhecimento é poder.
48
Introdução
A educação brasileira já fez uma longa caminhada desde o período em que o Brasil foi 
apresentado ao mundo europeu civilizado.
Mas, essa trajetória, apesar de estar prestes a completar meio século, desde a chegada 
dos jesuítas (1549),

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