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Doenças autoimunes mucocutâneas Líquen plano oral Características clínicas: • Doença mucocutânea inflamatória crônica mediada por células T que afeta o epitélio escamoso estratificado. Lesão crônica que persiste por anos com fases de quiescência e exacerbação→ em fases de exacerbação aumentam dor, ulceração e eritema. • Lesões na mucosa oral ocorrem em 50% a 70% dos casos, e são exclusivas em 20-30% dos pacientes diagnosticados com LP. • Afeta mais frequentemente a mucosa oral→ m. jugal, língua, gengiva. Também pode afetar mucosa genital, com certa frequência. • Lesão fundamental= lesões papulares descamativas e pruriginosas. • Idade: tipicamente entre 30 e 60 anos. • Gênero feminino mais atingido. Etiologia: alteração da imunidade mediada por células e precipitada por fatores endógenos ou exógenos (ansiedade, stress, diabetes, infecções, doenças autoimunes, drogas, materiais dentarios, etc) que resultam em uma resposta alterada a autoantígenos. OMS: desordem potencialmente maligna. Risco de transformação maligna <1%. → acompanhamento de 6 em 6 meses pela vida toda. Diagnóstico: • Geralmente é determinado pelo exame clínico e exame histopatológico, devendo ter características 50% compatíveis com LPO em cada um, mas em casos de apresentações clínicas clássicas (100% compatível com LPO), já fecha-se o diagnóstico, independente do resultado histopatológico (mas não dispensa exame para descartar outras alterações consideradas como diagnóstico diferencial)→ grande diversidade de apresentação da doença. • Exames complementares: imunofluorescência. • Outras lesões no corpo: unhas e cabelos fracos e quebradiços podendo chegar a queda, lesões em mucosa genital, lesões papulares em pele, lesões em conjuntiva, etc. Apresentações clínicas: 1. Reticular: finas estrias brancas que se entrelaçam. Lesões bilaterais, relativamente simétricas→ estrias de Wickham. 2. Erosivo: ulceração irregular central (áreas brancas) que pode estar coberta por membrana fibrino-purulenta. 3. Atrófico: mistura de erosiva e reticular. São lesões avermelhadas difusas com a presença de estrias brancas. **Diagnóstico diferencial com doença periodontal e gengivite. **Despapilação lingual, devido à atrofia, pode resultar em alterações gustatórias, com consequente ardor ao contato com certos alimentos. Microscopia • Hiperceratose. • Hipergranulose. • Degeneração liquefativa da CB→ Apoptose (linfócitos TCD8 induzindo mas cél da CB a morte). • Infiltrado linfocitário em banda subepitelial predominantemente por linfócitos (mais de 95% são linfócitos)→ faixa de linfócitos logo abaixo do epitélio, extremamente justapostos a camada basal (diferencial da lesão liq.), sendo que muitas vezes a CB não é visualizada na histologia. • Acúmulo de água entre CB e córion (faixa branca). ***Se houver infiltrado com população celular heterogênea e não apenas de linfócitos, atividade mitótica intensa ou morfologia celular atípica, está excluido o diag de LPO. Manifestações cutâneas: • Ocorrem em 15 a 20% dos casos de LPO. • Lesões papulares, em couro cabeludo, e em pele. • Lesões de Koebner= lesões pruriginosas em pele que seguem a orientação da trajetória das unhas do paciente no movimento de coçar. ***No geral, a LPO segue um curso crônico e recalcitrante, e pode persistir por longos períodos, já no LPC, remissões espontâneas podem ser observados. Tratamento • Cutâneo: corticosteroides locais ou sistêmicos. • Oral: controle clínico, corticosteróides local ou sistêmico (apenas lesões muito severas). • Tratar sintomatologia. Acompanhamento ao longo de toda vida pelo menos 1-2 vezes por ano. Lesões liquenóides orais Apresentam semelhanças clínicas e histopalógicas com LPO. • Reações de hipersenssibilidade tardia a metais→ LLORA= lesão liquenóide oral relacionada ao amálgama. • Uso de medicamentos→ efeitos colaterias. • Doenças imunomediadas (GVHD, AIDS). • Doenças infecciosas (candidose, sífilis). Pacientes podem apresentar manifestações cutâneas, mas é mais raro. Locais mais frequentes: língua e gengiva em região de molares. Tipos: eritematosa, vesiculosa, estriada, reticular, atrófica, semelhante à placa e ulcerativa. Histologia: CB intacta e numerosos plasmócitos e eosinófilos além dos linfócitos, mais separados da CB→ diagnóstico diferencial para LPO. Sinais e sintomas: ardência, desconforto, prurido, dor ou gosto metálico. Tratamento: Retirar o fator causal, ou seja, trocar a restauração de amálgama, trocar remédio causador da reação (porém o profissional que receitou é quem deve trocar→ fazer cartinha). Penfigóide Doenças vesículo-bolhosas, autoimunes e crônicas. Gengivite descamativa, lesões vésico-bolhosas, ulcerações e crostas. Patogênese: auto anticorpos são produzidos contra o complexo de adesão dos hemidesmossomos da membrana basal da pele e mucosas = bolhas subepiteliais. Apresentações clínicas – subtipos: 1. Penfigóide cicatricial • Somente lesões em mucosa, sendo que lesões bucais são as primeiras a aparecer. • Envolvimento ocular com a presença de cicatrizes conjuntivas→ fibrose subconjuntival. • Evoução para cegueira→ simbléfaros, triquíase (remoção do cílios), entrópio. • Pacientes devem ser encaminados diretamente para oftalmologista. 2. Penfigóide bolhoso • Áreas eritematosas associadas com bolhas. • Bolhas rompem-se rapidamente formando lesões crostosas hemorrágicas. • Curso clínico limitado comparado a forma cicatricial. • Envolvimento cutâneo→ bolhas com líquido claro. ***Sinal de Nikolsky→ condição na qual as camadas superficiais da pele se desprendem das camadas inferiores com uma ligeira fricção. Diagnóstico: clínico e microscópico com imunofluorescência positiva pa IgM, igA e C3. Microscopia: separação completa ou incompleta da interface epitélio-córion, infiltrado inflamatório crônico discreto em musoca subepitelial com eosinófilos, bolha subepitelial. Tratamento: • Tratamento individualizado (varia muito de caso para caso)→ não há um protocolo definido para o tratamento do penfigóide. • Corticóide tópico para lesões restritas a cavidade bucal ou sistêmico associado a agente imunossupressor em caso de envolvimento de outros tecidos e lesões persistentes. • Terapias alternertivas incluem uso de antibióticos e Dapsona com sucesso (imunossupressor derivado da sulfa). Pênfigo Características clínicas: • Doença mucocutânea, vesículo-bolhosa, auto-imune. • Bolhas intraepiteliais: anticorpos contra desmossomos. • Tanto em pele quanto mucosas. • Subtipos: vulgar, vegetante (variante do vulgar), eritematoso e foliáceo (esses últimos dois são raros para manifestações orais). • Lesões bucais: em mais de 50% dos casos é a primeira manifestação. • Faixa etária: quarta e sexta décadas de vida. • Distribuição igual entre os gêneros. • Localização: palato, muscosa jugal, língua, gengiva. • Lesões erosadas muito dolorosas. Lesões bucais são as primeiras a aparecerem e as últimas a desaparecerem. Se não tratada, podem ser fatais→ desidratação intensa através das bolhas + infecções secundárias devido a exposição de porções interiores da pele, devido a perda de barreira física→ pacientes apresentam bacteriemia e septicemia devido a contaminação da corrente sanguínea. Diagnóstico: achados clínicos + achados microscópicos + confirmação por imunoflorescência. Amostra diagnóstica apenas em tecido perilesional→ lesão próxima a úlcera mas sem alteração evidente. Progóstico→ melhor quanto antes for estabelecido o diagnóstico. Patogênese: • Reconhecimento de auto-antígenos das glicoproteínas dos desmossomos→ desmogleína tipo 3 (alvo do pênfigo vulgar) e tipo 1 (alvo do pênfigo foliáceo). 13min • Produção de AC contra IgG. • Uma vez destruídas, faz com que a células da camada basal e das camadas suprabasais fiquem separadas, promovendo o acúmulo de líquidoacima da camada basal, entre as células da camada espinhosa. Pênfigo vulgar→ primeira separação/bolha: entre a camada basal e as camadas imediatamente superiores devido a riqueza desta região em desmogleína tipo 3. Pênfigo foliáceo→ primeira separação: entre camada espinhosa e camada granulosa, região rica em desmogleína tipo 1. Microscopia: • Acantólise: processo de destruição das células da camada espinhosa, pelo rompimento dos desmossomos que as uniam. • Células da camada espinhosa soltas dentro da bolha = células de tzanck (cálulas acantolíticas). • Bolha intraepitelial suprabasal (vulgar) ou subcorneal (foliáceo). Caso clínico: bolhas intrabucais raramente visualizadas ao exame intrabucal→ veem-se úlceras. Lesões de longo tempo de evolução que começaram a aumentar progressivamente nos últimos meses e se tornaram muito dolorosas. Acomete múltiplos sítios, podendo apresentar semelhança com eritema multiforme, mas nesses casos avaliar o tempo de evolução. ***Fogo selvagem: tipo de pênfigo foliáceo que acomete muito crianças e adultos jovens, tem fator genético senod que freqentemente tem vários casos em uma mesma família, e é uma doença endêmica no Brasil e Colômbia. Lesão ulcerativa – diagnóstico diferencial: • Eritema multiforme: única lesão aguda - tempo de evolução curto, úlceras extensas, pacientes jovens. Excluir de imediato se tiver longo tempo de evolução (mtos meses, anos), e considerar LPO, lesão liquenóide, e lúpus. Pênfigo: várias úlceras extensas, dor intensa, atrapalha alimentação e fala, tempo de evolução de 1 a 2 anos hemidesmossomos→ mantém CB unida ao córion VS Desmossomos→ mantém a CB unida as demais, e as supra entre si. Eritema multiforme = Desordem mucoctânea reativa (hipersensibilidade mucocutânea aguda), etiologia incerta. Agentes infecciosos: vírus herpes simples ou micoplasma pneumoniae e medicamentos (ATBs ou analgésicos) como possíveis gatilhos. **Imunofluorescência: inespecífica→ não têm valor diagnóstico. • Início agudo. • Idade: maior de 20 e menor 40 anos, sendo 20% em crianças. • Gênero: mais frequente em homens. • Apresentações clínicas: eritema multiforme menor, eritema multiforme maior, síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica (doença de Lyel)→ envolvimento de atém 80% dos tecidos de recorimento do corpo. • Lesões: típicas lesões “em alvo” nas extremidades + mucosa oral. • Sintomas prodrômicoa: febre, mal-estar, cefaleia, tosse e dor de garganta. • Auto limitado> 2 a 6 semanas. • Lesões bucais: manchas eritematosas, úlceras. Lesões mais características→ em alvo: lesão circunferencial com ponto central mais eritematoso. Início em extremidades→ sempre avaliar pés e mãos quando suspeitar de eritema multiforme. Tipo menor • Paciente com lesões crostosas em boca, lesões em alvo nas extremidades, tempo de evolução. • Se tiver 2 semanas e for paciente pediátrico→ maior suspeita. Tipo maior • Lesões cutâneas e 2 sítios mucosos diferentes!! • As principais mucosas envolvidas= mucosa oral e nasal. **Como diferenciar os dois tipos? Principal diferença é o local anatômico. Stevens-Johnson • EM maior + extenso envolvimento cutâneo com taxa de morbi-mortalidade de 5-15%. • Lesões exuberantes. • Ulcerações extensas e profundas. • Farmacodermia→ extenso envolvimento cutâneo é atribuído ao uso de algum medicamento. • Pode ter envolvimento da mucosa conjuntiva, Doença de Lyell • Necólise epidérmica tóxica. • Manifestação severa do EM com altas taxas de mortalidade. • Farmacodermia envolvida. • Reação inflamatória aguda exuberante que se origina nos vasos sanguíneos e tem como alvo a parte mais superficial da pele e córion→ paciente praticamente perde a pele. • Principais causas de morte: desidratação e choque séptico. Histologia • Infiltrado inflamatório misto e vesículas intra e subepiteliais • Edema, vasodilatação, hemorragia e necrose das camadas basal e espinhosa. • Infiltrado inflamatório perivascular→ anel perivascular constituído principalmente de linfócitos, decomposição de imunocomplexos e destruição dos vasos sanguíneos (confirmar). Tratamento • Antivirais e identificação de fármaco causador da farmacodermia. • Lesões bucais: corticóides tópicos ou sistêmicos. • Tratamento de suporte: cuidar a volemia, ou seja, hidratação, suporte intravascular de antibacterianos (antibióticos de amplo espectro) para evitar desenvolvimento de bacteremia/septicemia, Lúpus eritematoso = Doença autoimune multissistêmica. Características clínicas • Mais comum em mulheres jovens. • Discretas lesões cutâneas- rim, SNC, SCV, alterações hematológicas. • Subtipos: sistêmico (multissistêmico e mucocutâneo), cutâneo crônico (pele e boca, prognóstico bom), e cutâneo subagudo (intermediário). • Média de idade: adultos jovens. • Sintomas: febre, perda de peso, mal-estar, artrite, fadiga. • Envolvimento renal (insuficiência) e cardíaco comuns (50%). • Exantema zigomático e nasal (50%): asas de borboleta→ sensível ao sol (só aparece no sistêmico, não no crônico). • Lesões bucais: 5-25% (até 40% outros estudos)→ palato, gengiva e bochecha. Lúpus eritematoso sistêmico • Exantema em asa de borboleta característico. • Ulcerações irregulares em mucosa jugal e lábio principalmente. Áreas eritematosas ou crostas irregulares. **Principal diagnóstico diferencial: pênfigo, penfigóide, líquen eritematoso. • Alta especificidade: anticorpos dupla fita de DNA, anti-Sm e anti-P. • Produz tantos anticorpos que forma alguns imunoclompexos dentro do vaso sanguíneo→ adere as suas paredes → quando o PMNC chega ele tenta destruir o imunocomplexo formado e acaba destruindo o vaso também = destruição progressiva do sistema vascular pela deposição de imunocomplexos nas paredes dos vasos e resposta inflamatória progressiva. Lúpus eritematoso cutâneo crônico • Poucos sinais ou sintomas sistêmicos→ melhor prognóstico. • Lesões limitadas à pele e mucosas. • Lesões cutâneas: lupus eritematoso discóide→ áreas expostas ao sol, por isso têm maior ocorrência em cabeça e pescoço. • Lesões bucais similares com líquen plano erosivo, pênfigo e penfigóide. • Pode evoluir LES (5%). Lesões: • Área descamativa e cicatrização cutânea com atrofia e alteração da pigmentação. • Área central eritematosa circundada por finas estrias brancas irradiadas. Histologia • Hiperceratose. • Degeneração vacuolar da camada basal→ vacúolos claros com acúmulo de água no interior • Hialinização subepitelial→ áreas mais eosinofílicas no córion, logo abaiixo do epitélio. • Infiltrado perivascular crônico→ linfócitos e plasmócitos. • Infiltrado perivascular/profundo e também superficial/subepitelial→ característico do lúpus. • Parte superficial parecida com líquen, mas parte profunda muito diferente. Tratamento • LES: AINEs, corticoesteróides sistêmicos (mais severos) e imunossupressores (coadjuvantes). • LECC: corticóide tópico, agentes antimaláricos sistêmicos ou baixas doses de talidomida (ressitentes). + evitar exposição à luz solar. **Prognóstico depende do órgão afetado e início do tratamento. Mas crônico é melhor.
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