Buscar

Filipenses (MHenry)

Prévia do material em texto

FILIPENSES 
 VOLTAR 
 Introdução 
 Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 
 
Introdução 
Os filipenses estavam profundamente interessados no apóstolo. O 
escopo desta epístola é confirmá-los na fé, animá-los a andar de modo 
digno do Evangelho de Cristo, precavê-los contra os mestres judaizantes 
e expressar gratidão por sua generosidade cristã. Esta epístola é a única 
dentre aquelas que foram escritas por Paulo, na qual não há censuras 
implícitas e nem explícitas. Em todas as passagens encontra-se a 
confiança e a felicitação plena, e os filipenses são tratados com um afeto 
peculiar, percebido por todo aquele que ler esta epístola de modo sério. 
 
Filipenses 1 
Versículos 1-7: O apóstolo oferece a Deus ação de graças e 
orações, pela boa obra de graça na vida dos filipenses; 8-11: Expressa 
afeto e ora por eles; 12-20: Fortalece-os para que não se desanimem 
por causa de seus sofrimentos; 21-26. Ele estava preparado para 
glorificar a Cristo por meio de sua vida ou de sua morte; 27-30: 
Exortações ao zelo e à constância para professar o Evangelho. 
Vv. 1-7. A mais alta honra dos ministros mais iminentes é serem 
servos de Cristo. Aqueles que não são verdadeiros santos na terra jamais 
o serão no céu. se não estiverem em Cristo, até aqueles que poderiam ser 
considerados como os melhores santos, são na realidade pecadores e 
incapazes de estar na presença de Deus. Não existe paz sem a graça. A 
paz interior surge quando percebemos o favor divino. Não existe graça 
sem paz, e tudo provém de Deus, nosso Pai, que é a fonte e a origem de 
todas as bênçãos. 
O apóstolo foi maltratado em Filipos, e viu pouco fruto de seu 
trabalho, mas sente alegria ao recordar-se dos filipenses. Devemos 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 2 
agradecer ao Senhor pelas graças e consolos, pelos dons e serviços de 
outros, quando recebemos o benefício e Deus recebe a glória. A obra da 
graça jamais será aperfeiçoada, a não ser até o dia de Jesus Cristo, o dia 
em que Ele se manifestar. Tenhamos sempre a nossa confiança em Deus, 
que completará a sua boa obra em todas as almas que regenera, ainda 
que não devamos estar confiantes nas aparências exteriores, só na nova 
criação para a santificação. O povo torna-se querido por seus ministros 
quando recebem os benefícios de seu ministério. Aqueles que sofrerem 
juntos na causa de Deus deverão amar-se mutuamente. 
Vv. 8-11. Não nos compadeceremos e não amaremos as almas que 
Cristo ama, e pelas quais se compadece? Aqueles que forem abundantes 
em alguma graça devem tornar-se ainda mais abundantes. Provemos 
coisas diferentes; aprovemos aquilo que for excelente. As verdades e as 
leis de Cristo são excelentes e recomendam-se a si mesmas como tais 
para todas as mentes atentas. A sinceridade deve ser a marca de nossa 
conversação no mundo, e é a glória de todas as nossas virtudes. Os 
cristãos não devem ofender-se e devem ter muito cuidado para não 
ofenderem a Deus, e nem aos irmãos. As coisas que mais honrarem a 
Deus serão aquelas que mais nos beneficiarão. Não demos margem a 
nenhuma dúvida sobre haver ou não algum fruto bom em nós. lNiinguém 
deve sentir-se satisfeito com uma pequena medida de amor, 
conhecimento e fruto cristão. 
Vv. 12-20. O apóstolo estava preso em Roma, e, para apagar o 
vitupério da cruz, mostra a sabedoria e a bondade de Deus em seus 
sofrimentos. Estas coisas tornaram-se conhecidas onde antes não o eram; 
devido a estas, alguns interessaram-se pelo Evangelho. O apóstolo sofreu 
por causa de falsos amigos, e de verdadeiros inimigos. Quão miserável é 
o caráter daqueles que pregam a Cristo por inveja ou contenda, e que 
acrescentaram aflição às cadeias que oprimiam a este, o melhor dentre os 
homens! 
O apóstolo sentia-se confortável em meio a toda esta situação. 
Devemos nos regozijar, uma vez que os nossos transtornos podem trazer 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 3 
o bem a muitos. Tudo aquilo que resulte favorável à nossa salvação nos é 
dado pelo Espírito de Cristo, e a oração é o meio designado para o 
buscarmos. As nossas expectativas e esperanças mais fervorosas não 
devem ser que os homens nos honrem, nem escaparmos da cruz, mas que 
sejamos sustentados em meio à tentação, ao desprezo e à aflição. 
Deixemos a critério de Cristo o modo como fará que sejamos úteis para a 
sua glória, seja por meio dos trabalhos ou do sofrimento, por diligência 
ou por paciência, por vivermos para a sua honra, trabalhando para Ele, 
seja morrendo para a sua honra e sofrendo por amor a Ele. 
Vv. 21-26. A morte é uma grande perda para o homem carnal e 
mundano, porque perde todas as bênçãos terrenas e todas as suas 
esperanças; porém, para o crente verdadeiro é ganho, porque é o final de 
todas as suas fraquezas e misérias. Esta livra-o de todos os males da vida 
e leva-o a possuir o principal bem. O conflito do apóstolo não era 
escolher entre viver neste mundo ou viver no céu; não há comparação 
entre estas duas alternativas; mas era entre servir a Cristo neste mundo 
ou desfrutar dEle no porvir. Não tinha que escolher entre duas coisas 
más, e sim entre duas coisas boas: viver para Cristo ou estar com Ele. 
Observemos o poder da fé e da graça divina; podem tornar-nos dispostos 
a morrer. Neste mundo estamos rodeados de pecados, mas estando com 
Cristo, escaparemos do pecado e da tentação, da tristeza e da morte para 
sempre. Aqueles que têm mais razão para partir devem estar dispostos a 
permanecer no mundo, à medida que Deus tenha alguma obra para que 
realizem. Quanto mais inesperadas forem as misericórdias antes que eles 
partam, mais de Deus se verá neles. 
Vv. 27-30. Aqueles que professam o Evangelho de Cristo devem 
viver de modo digno daqueles que crêem na verdade do Evangelho, que 
submetem-se às leis do Evangelho e que dependem das promessas do 
Evangelho. A palavra empregada no original, "portar-vos", denota a 
conduta dos cidadãos que procuram o prestígio, a segurança, a paz e a 
prosperidade de sua cidade. Na fé no Evangelho, existem muitas coisas 
pelas quais vale a pena nos esforçarmos; existe muita oposição e é 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 4 
necessário esforço. O homem pode adormecer e partir para o inferno, 
mas todo aquele que desejar ir ao céu deverá cuidar de si mesmo e ser 
diligente. Pode haver unanimidade de coração e afeto entre os cristãos, 
mesmo onde exista diversidade de juízo sobre muitas coisas. 
A fé é o dom de Deus por meio de Cristo; a habilidade e a 
disposição para crer pertencem a Deus. se sofrermos censuras e perdas 
por causa de Cristo, devemos considerá-los como dádivas e apreciá-los 
como tais. Porém, a salvação não deve ser atribuída às aflições físicas, 
como se as aflições e as perseguições mundanas fizessem com que as 
pessoas passassem a merecer a salvação; a salvação é unicamente de 
Deus; a fé e a paciência são dádivas dEle. 
 
Filipenses 2 
Versículos 1-4: Exortação a mostrar um espírito e uma conduta 
amáveis e humildes; 5-11: O exemplo de Cristo; 12-18: A diligência nos 
assuntos relacionados à salvação, e o dever de sermos exemplos para o 
mundo; 19-30: O propósito do apóstolo de visitar Filipos. 
Vv. 1-4. Estas são outras exortações aos deveres cristãos, à unidade 
e à humildade, conforme o exemplo do Senhor Jesus. A bondade é a lei 
do reino de Cristo, a aula que é ministrada em sua escola, o uniforme de 
sua família. 
Mencionam-se diversos motivos para que se tenha o amor fraternal. 
se esperais ou experimentais o benefício da compaixão de Deus para 
cada um de vós, deveis ser compassivos uns para com os outros. É uma 
alegria para os ministros verem a união de seu povo. 
Cristo veio tornar-nos humildes, para que não exista entre nós o 
espírito de orgulho. Devemos ser severos com as nossas próprias faltas, e 
rápidos para observarmos os nossos defeitos, porém, devemos estar 
dispostos para favorecer o próximo por meio de concessões.Devemos 
cuidar bondosamente dos demais, e não nos intrometermos em assuntos 
alheios. Não se pode desfrutar de paz interior e nem de paz exterior sem 
que tenhamos humildade. 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 5 
Vv. 5-11. O exemplo do Senhor Jesus Cristo é colocado diante de 
nós. Devemos ser parecidos com Ele em nossa vida, se desejarmos ter o 
benefício que nos é concedido por meio de sua morte. 
Observemos atenciosamente as duas naturezas de Cristo: a divina e 
a humana. sendo em forma de Deus, participou da natureza divina, como 
o eterno Filho Unigênito de Deus (Jo 1.1), e não considerou como 
usurpação ser igual a Deus e receber a adoração que os homens oferecem 
somente a Deus. A sua natureza humana: por meio desta fez-se como nós 
em tudo, exceto no pecado, pois Ele jamais pecou. Deste modo 
humilhado, por sua própria vontade, desceu da glória que possuía junto 
ao Pai desde antes da fundação do mundo. 
São comentados os dois estados de Cristo; o de humilhação e o de 
exaltação. Cristo não somente assumiu a semelhança e o estilo ou a 
forma de homem, mas um estado humilde; não se manifestou com 
esplendor. Toda a sua vida foi uma vida de trabalho e sofrimentos, mas o 
passo mais humilhante foi morrer a morte de cruz, a morte de um 
malfeitor e de um escravo, exposto ao ódio e à zombaria pública. 
A exaltação foi da natureza humana de Cristo, em união à divina. 
Todos devem render homenagem solene ao nome de Jesus, não ao 
simples ressoar da palavra, mas à autoridade de Jesus. Confessar que 
Cristo é o Senhor é um ato que glorifica a Deus Pai; porque a sua 
vontade é que todos os homens honrem o Filho do mesmo modo que 
honram o Pai (Jo 5.23). Aqui vemos tais motivos para o amor que nega-
se a si mesmo, e que não poderia ser substituído por nenhum outro. 
Amamos e assim obedecemos ao Filho de Deus? 
Vv. 12-18. Devemos ser diligentes na utilização de todos os meios 
que levam à nossa salvação, perseverando nestes até o final, com muito 
cuidado para não acontecer de, tendo muitas vantagens, não a 
alcancemos. Devemos nos ocupar em nossa salvação, porque é Deus 
quem a trabalha em nossa vida. Isto nos anima a fazermos o máximo 
possível, porque o nosso trabalho não será vão; mesmo assim, devemos 
depender da graça de Deus. A obra da graça de Deus em nós consiste em 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 6 
vivificarmos e comprometermos os nossos esforços. A boa vontade de 
Deus para conosco é a causa de sua boa obra em nossa vida. 
Devemos cumprir os nossos deveres sem murmurações. Devemos 
cumpri-los sem lhe atribuir defeitos. Preocupemo-nos com o nosso 
trabalho, e não façamos deste motivo de contendas. Sejamos agradáveis 
sem ser ofensivos. Os filhos de Deus devem distinguir-se dos filhos dos 
homens. Quanto mais perversos sejam os outros, mais cuidadosos 
devemos ser para que nos mantenhamos sem culpas e inocentes. A 
doutrina e o exemplo coerente dos cristãos iluminará a outros, e dirigirá 
o caminho deles a Cristo e à piedade, assim como a luz do farol adverte 
os marinheiros a que evitem os obstáculos, e dirige-os rumo ao porto. 
Procuremos brilhar deste modo. 
O Evangelho é a Palavra de vida, e faz com que conheçamos a vida 
eterna por meio de Jesus Cristo. Correr demonstra fervor e vigor, seguir 
continuamente adiante; esforço demonstra constância e estrita dedicação. 
A vontade de Deus é que os crentes estejam muito alegres; e 
aqueles que estiverem tão felizes por terem bons ministros, terão muita 
razão para regozijarem-se com estes. 
Vv. 19-30. É melhor para nós quando o nosso dever torna-se 
natural. Certamente este fato é sincero, e não se trata somente de 
fingimento; é fruto de um coração disposto e pontos de vista retos. 
Temos a tendência de preferir o nosso próprio mérito, conforto e 
segurança, ao invés da própria verdade, santidade e dever; porém, 
Timóteo não era assim. Paulo desejava a liberdade não para desfrutar 
prazeres, mas para fazer o bem. 
Epafrodito estava disposto a visitar os filipenses, para que fosse 
consolado com aqueles que se condoeram com ele quando esteve 
enfermo. Parece que a sua enfermidade foi causada pela obra de Deus. O 
apóstolo pede-lhes que amem-no ainda mais por esta razão. É 
duplamente agradável que Deus restaure as suas misericórdias para 
conosco após termos corrido um grande perigo de perdê-las. E isto 
deveria fazer com que estas se tornassem muito mais valiosas para nós. 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 7 
Aquilo que nos é concedido como resposta de nossas orações deve 
ser recebido com grande gratidão e alegria. 
 
Filipenses 3 
Versículos 1-11: O apóstolo adverte os filipenses contra os falsos 
mestres judaizantes, e renuncia aos seus próprios privilégios anteriores; 
12-21: Expressa o fervoroso desejo de ser encontrado em Cristo; além 
do mais, prossegue à perfeição e recomenda o seu próprio exemplo a 
outros crentes. 
Vv. 1-11. Os cristãos sinceros regozijam-se em Cristo Jesus. O 
profeta a quem o apóstolo parece estar se referindo trata os falsos 
profetas como cães mudos (Is 56.10). Cães, por sua malícia contra 
aqueles que são fiéis ao Evangelho de Cristo, pois latem para estes e 
procuram mordê-los. Impõem as obras humanas colocando-as em 
oposição à fé em Cristo, e Paulo classifica-os como praticantes de 
iniqüidades. São mutiladores, porque rasgam a Igreja de Cristo e a 
despedaçam. A obra da religião não tem propósito algum se o coração 
não estiver nela. Devemos adorar a Deus com a força e a graça do 
Espírito divino. Eles se regozijam em Cristo Jesus, não somente no 
deleite e no cumprimento exterior. Jamais nos resguardaremos com 
exagero daqueles que se opõem à doutrina da salvação gratuita, ou que 
abusam dela. 
O apóstolo tivera muitos motivos, como qualquer outro homem, 
para gloriar-se e confiar na carne. Porém, as coisas que considerou como 
ganho enquanto era fariseu, e as havia reconhecido, considerou como 
perda por amor a Cristo. O apóstolo não lhes pedia que fizessem algo 
além daquilo que ele mesmo fazia; nem que se arriscassem em algo, 
senão naquilo em que ele mesmo arriscou a sua alma imortal. Ele 
considera que todas estas coisas nada mais eram que perda quando 
comparadas ao conhecimento de Cristo, pela fé em sua pessoa e 
salvação. 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 8 
Fala de todos os deleites mundanos e dos privilégios exteriores, que 
buscavam em seus corações um lugar junto a Cristo, ou que pudessem 
ter a pretensão de alcançar algum mérito e algo digno de recompensa, e 
considera-os como perda; pode parecer fácil dizer isso, mas o que faria 
quando chegasse a prova? Havia sofrido a perda de tudo por causa dos 
privilégios de ser um cristão; não somente os considerava como perda, 
mas como o lixo mais vil, como sobras que são lançadas aos cães; não 
somente menos valiosas do que Cristo, mas desprezíveis no mais alto 
grau quando comparadas a Ele. 
O verdadeiro conhecimento de Cristo modifica e transforma os 
homens, os seus juízos e os seus modos, e faz como se eles fossem 
novamente criados. O crente prefere a Cristo, sabendo que é o melhor 
para nós estar desprovidos de todas as riquezas do mundo, do que 
estarmos sem Cristo e sem a sua Palavra. vejamos a que o apóstolo 
decidiu apegar-se fortemente: a Cristo e ao céu. Estamos perdidos, sem 
qualquer justiça própria para comparecer à presença de Deus, porque 
somos culpáveis. Existe em Jesus Cristo uma justiça que foi preparada 
para nós, que é uma justiça completa e perfeita. Ninguém poderá ter o 
benefício dela se confiar em si mesmo. A fé é o meio estabelecido para 
solicitar o beneficio da salvação. É pela fé no sangue de Jesus Cristo. 
somos colocados em conformidade com a morte de Cristo quando 
morremos para o pecado, assim como Ele morreu para o pecado; e o 
mundo é crucificado para nós, assim como nós somos crucificados para 
o mundo por meio da cruz de Cristo. O apóstolo está disposto a fazer ou 
a sofrer qualquer coisa para alcançar a gloriosa ressurreiçãodos santos. 
Esta esperança e perspectiva fazem com que ele vença todas as 
dificuldades de sua obra. Não espera alcançá-lo por seu mérito, nem por 
sua justiça própria, mas pelo mérito e justiça de Jesus Cristo. 
Vv. 12-21. Esta simples dependência e fervor de alma não são 
mencionadas, como se o apóstolo tivesse alcançado o prêmio ou como se 
já fosse perfeito conforme a semelhança do Salvador. Esquece-se 
daquilo que fica para trás, para que não se sinta satisfeito pelos trabalhos 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 9 
passados ou pelas atuais medidas de graça. Vai adiante, prossegue em 
direção à sua meta; expressões que demonstram grande interesse por 
chegar a ser mais e mais como Cristo. 
Aquele que está em uma carreira jamais deve deter-se antes de ter 
alcançado a sua meta. Deve seguir adiante tão rápido quanto possa; deste 
modo, aqueles que têm o céu em vista devem ainda seguir adiante em 
santo desejo, esperança e constante esforço. A vida eterna é uma dádiva 
de Deus, que está em Cristo Jesus; deve vir a nós por meio de sua mão, 
da maneira que Ele a conquistou para nós. Não há outra forma de 
chegarmos ao céu como o nosso lar, a não ser por meio de Cristo, que é 
o nosso caminho. Os verdadeiros crentes, ao buscarem esta segurança e 
ao glorificá-lo, buscarão de uma maneira mais cuidadosa parecerem-se 
com Ele em seus sofrimentos e em sua morte, morrendo para o pecado e 
crucificando a carne com as suas paixões e desejos. 
Nestas coisas existe uma grande diferença entre os verdadeiros 
cristãos, e todos conhecem ao menos algo sobre elas. Os crentes fazem 
de Cristo o seu tudo em todas as coisas, e colocam os seus corações no 
mundo porvir. Diferem uns dos outros, e não têm o mesmo juízo em 
questões menores; ainda assim, não devem julgar-se uns aos outros 
porque todos reúnem-se agora em Cristo e esperam reunir-se em breve 
no céu. Que eles se unam em todas as grandes coisas em que estejam de 
acordo, e esperem mais entendimento da parte do Senhor nas coisas 
menores, nas quais diferem. 
Nada importa aos inimigos da cruz de Cristo, a não ser os seus 
apetites sexuais pecaminosos. O pecado é a vergonha do pecador, 
especialmente quando gloriam-se nisto. O caminho daqueles que 
ocupam-se em coisas terrenas pode parecer agradável, mas a morte e o 
inferno estão no final destes. se escolhermos tais caminhos para a nossa 
vida, compartilharemos o seu final. 
A vida de cada cristão está no céu, onde está a sua Cabeça e o seu 
lugar, e onde espera estar dentro de pouco tempo; devemos colocar os 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 10 
nossos afetos nas coisas que são de cima, e onde estiver o nosso coração, 
aí estará o nosso tesouro. 
Existe glória reservada para os corpos dos santos, glória que se fará 
presente por ocasião da ressurreição. Então o corpo será transformado 
em um corpo glorioso; não somente ressuscitado para a vida, mas para 
um maior benefício. Observemos o poder por meio do qual será 
realizada esta transformação, e estejamos sempre preparados para a 
chegada de nosso Juiz. Esperando ter os nossos corpos vis transformados 
por seu poder que pode fazer todas as coisas, e recorrendo diariamente a 
Ele, para que exista uma nova criação de nossas almas para a piedade; 
para que nos livre de nossos inimigos e que empregue os nossos corpos e 
as nossas almas como instrumentos de justiça, a seu serviço. 
 
Filipenses 4 
Versículos 1: O apóstolo exorta os filipenses a estarem firmes no 
Senhor; 2-9: Dá instruções a alguns, e a todos de modo geral; 10-19: 
Expressa contentamento em todas as situações da vida; 20-23: Conclui 
orando a Deus Pai, e com a sua bênção como de costume. 
V. 1. A esperança e a perspectiva que cada crente possuí em relação 
à vida eterna, devem ser afirmados e fazer com que sejamos constantes 
em nossa carreira cristã. Há diferenças de dons e graça, porém, estando 
renovados pelo mesmo Espírito, somos irmãos. Estar firmes no Senhor 
significa firmarmo-nos em sua força e por sua graça. 
Vv. 2-9. Os crentes devem ser unânimes e estarem dispostos a 
ajudarem-se mutuamente. Assim como o apóstolo havia encontrado o 
benefício da assistência deles, sabia o quão consolador seria para os seus 
colaboradores terem a ajuda de outros. Procuremos nos assegurar de que 
os nossos nomes estejam escritos no livro da vida. 
O gozo em Deus é de grande importância na vida cristã; é 
necessário incentivar os cristãos continuamente a que o tenham em sua 
vida. A alegria supera amplamente todos os motivos que teríamos para 
estar tristes. Os inimigos deveriam perceber o quão moderados eram em 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 11 
relação às coisas exteriores, e com quanta moderação sofriam as perdas e 
as dificuldades. O dia de juízo em breve chegará, com a plena redenção 
dos crentes e a destruição dos ímpios. 
É nosso dever demonstrar cuidadosa diligência, em harmonia com 
uma sábia previsão e com a devida preocupação; porém, há um afã de 
temor e desconfiança, que é pecado e uma atitude néscia, e que somente 
confunde e distrai a mente. Como remédio contra a preocupação, 
recomenda-se a constância em oração. Não somente os tempos 
estabelecidos de oração, mas constância em tudo por meio da oração. 
Devemos unir as ações de graças com as orações e as súplicas; não 
somente buscarmos provisões daquilo que é bom, mas reconhecermos as 
misericórdias que recebemos. Deus não precisa que lhe contemos as 
nossas necessidades ou desejos, porque os conhece melhor do que nós 
mesmos; mas deseja que valorizemos a sua misericórdia, e que sintamos 
que dependemos dEle. A paz com Deus, esta sensação consoladora de 
estarmos reconciliados com Ele, e de termos parte em seu favor e a 
esperança da bênção celestial, são um bem muito maior do que 
poderíamos expressar plenamente. Esta paz manterá o nosso coração e a 
nossa mente em Jesus Cristo; nos impedirá de pecarmos quando 
estivermos submetidos a tribulações e naufragarmos sob estas; nos 
manterá calmos e desfrutando de uma satisfação interior. 
Os crentes têm que alcançar e manter um bom nome; um nome para 
todas as coisas com Deus e com os homens bons. 
Devemos em tudo percorrer os caminhos da virtude e permanecer 
neles; então, quer tenhamos ou não o louvor por parte dos homens, 
certamente o teremos por parte de Deus. O próprio apóstolo é um 
exemplo. A sua doutrina estava em harmonia com a sua vida. A maneira 
de termos o Deus de paz conosco é mantermo-nos dedicados ao nosso 
dever. Todos os nossos privilégios e a salvação procedem da 
misericórdia gratuita de Deus; porém, gozar deles depende de nossa 
conduta santa e sincera. Estas são obras de Deus, pertencentes a Deus, e 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 12 
somente a Ele devem ser atribuídas, e a ninguém mais; nem a homens, 
nem a palavras e nem a obras. 
Vv. 10-19. É uma boa obra socorrer e ajudar a um bom ministro 
que esteja em dificuldades. A natureza da verdadeira simpatia cristã não 
é tão somente sentirmo-nos preocupados com os nossos amigos em seus 
problemas, mas fazermos aquilo que estiver ao nosso alcance para ajudá-
los. O apóstolo já estava acostumado a estar acorrentado, em prisões e 
em necessidades, mas em todas estas situações aprendeu a estar contente, 
a levar a sua mente a este estado, e a tirar o máximo proveito destas 
situações. O orgulho, a incredulidade, a atitude vã de insistir em algo que 
não temos e o descontentamento variável pelas coisas presentes, fazem 
com que os homens sintam-se desgostosos até em circunstâncias que 
lhes são favoráveis. 
Oremos para que possamos ter uma submissão paciente, e por 
esperanças quando estivermos nos sentindo oprimidos; por humildade e 
por uma mente celestial quando estivermos jubilosos. É uma graça 
especial ter sempre um temperamento mental sereno. Quando estivermos 
humilhados, não percamos o nosso consolo em Deus, a confiança que 
temos em sua providência, nem tomemos um caminho mau para a nossa 
satisfação. Quando estivermosem uma condição próspera, não sejamos 
orgulhosos nem nos sintamos seguros ou mundanos. Esta é uma lição 
muito mais difícil do que a outra, porque as tentações da abundância e da 
prosperidade são maiores do que as da aflição e da necessidade. 
O apóstolo não tinha a intenção de fazer com que dessem mais; 
porém, desejava exortá-los a uma bondade que terá uma gloriosa 
recompensa mais além. Por meio de Cristo temos a graça para fazer 
aquilo que é bom, e por meio dEle devemos esperar a recompensa; como 
temos todas as coisas por meio dEle, façamos todas as coisas por Ele, e 
para a sua glória. 
Vv. 20-23. O apóstolo conclui esta epístola com louvores a Deus. 
Devemos contemplar a Deus em todas as nossas fraquezas e temores, 
não como inimigo, mas como nosso Pai, disposto a compadecer-se de 
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 13 
nós e ajudar-nos. Devemos dar glória a Deus como nosso Pai. A graça e 
o favor de Deus, que as almas reconciliadas desfrutam com todas as 
virtudes em nós, e que fluem dEle, são todas adquiridas para nós pelos 
méritos de Cristo, e aplicadas a nosso favor por meio de sua intercessão. 
Por esta razão chamam-se, com justiça, de "A graça de nosso Senhor 
Jesus Cristo". 
 
 
 
 
	FILIPENSES 
	Introdução 
	Filipenses 1 
	Filipenses 2 
	Filipenses 3 
	Filipenses 4

Continue navegando