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O tecido adiposo Histologia básica

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Livro: JUNQUEIRA, L.L; CARNEIRO José. Histologia básica. 3ªed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan
TECIDO ADIPOSO
INTRODUÇÃO
 O tecido adiposo é um tipo especial de conjuntivo no qual predominam células adiposas (adipócitos). Essas células podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos no tecido conjuntivo frouxo; porém, a maioria forma grandes agregados, constituindo o tecido adiposo distribuído pelo corpo. A porcentagem de tecido adiposo no corpo depende muito da faixa etária individual, mesmo em pessoas em seu peso ideal (entre 18,5 e 24,9 de índice de massa corporal). 
No tecido adiposo estão depositadas moléculas de triglicerídios, ou triacilgliceróis (TAG), que são constituídas pela ligação de uma molécula de glicerol e três moléculas de ácidos graxos. São substâncias apolares, hidrofóbicas e insolúveis em água, também chamadas de gordura neutra. Essas moléculas podem ser metabolizadas para extrair a energia contida nas ligações entre seus átomos. As células hepáticas e o músculo esquelético também acumulam reservas energéticas, mas sob a forma de glicogênio. Como os depósitos de glicogênio são menores, os grandes depósitos de TAG do tecido adiposo são as principais reservas de energia do organismo. Os triglicerídios são mais eficientes como reserva energética, pois fornecem mais energia por grama de suas moléculas do que o glicogênio (9,3 kcal/g contra 4,1 kcal/g). 
Os triglicerídios do tecido adiposo não são depósitos estáveis, mas se renovam continuamente, e o tecido é muito influenciado por estímulos nervosos e hormonais. Há duas variedades de tecido adiposo, que apresentam distribuição, estrutura, fisiologia e patologia diferentes. Uma delas é o tecido adiposo comum, amarelo ou unilocular, cujas células, quando completamente desenvolvidas, contêm apenas uma grande gotícula de gordura que ocupa quase todo o citoplasma. A outra variedade é o tecido adiposo pardo ou multilocular, formado por células que contêm numerosas pequenas gotículas lipídicas e muitas mitocôndrias. 
TECIDO ADIPOSO UNILOCULAR 
A cor do tecido unilocular varia entre o branco e o amarelo-escuro, dependendo da dieta ingerida. Essa coloração deve-se principalmente ao acúmulo de carotenos dissolvidos nas gotículas de gordura. Praticamente todo o tecido adiposo encontrado em humanos adultos é do tipo unilocular; é distribuído pelo corpo, e seu acúmulo em determinados locais é influenciado pelo sexo, pela constituição genética e pela idade do indivíduo. 
Além do papel como reserva energética, o tecido adiposo unilocular tem outras importantes funções. Localizado sob a pele, forma o panículo adiposo, camada que modela a superfície corporal. Tem espessura uniforme por todo o corpo do recém-nascido. Com a idade, o panículo adiposo tende a desaparecer de certas áreas, desenvolvendo-se em outras. O tecido adiposo unilocular forma também coxins absorventes de choques mecânicos, principalmente na planta dos pés e na palma das mãos. Como as gorduras são más condutoras de calor, ele é um importante fator para o isolamento térmico do organismo. Além disso, preenche espaços entre outros tecidos e ajuda a manter determinados órgãos em suas posições normais. O tecido adiposo tem também atividade secretora, sintetizando e secretando diversos tipos de fatores e hormônios. 
►Células adiposas uniloculares
 As células adiposas uniloculares são grandes, em geral com 50 a 150 μm de diâmetro. Quando isoladas, são esféricas; porém, quando se reúnem para formar o tecido adiposo, se tornam poliédricas devido à compressão recíproca. Sua gotícula lipídica única é removida pelos solventes orgânicos utilizados na técnica histológica; por isso, nos cortes histológicos rotineiros, cada célula mostra apenas uma delgada camada de citoplasma na periferia da célula, como se fosse um anel em torno do espaço deixado pela gotícula lipídica removida (Figuras 6.1 e 6.2). Seu núcleo, geralmente alongado, situa-se em alguma região do anel citoplasmático. 
A demonstração dos lipídios pode ser feita nos cortes histológicos obtidos por congelamento, sem a passagem dos tecidos nos solventes de lipídios, e corados com sudan III (alaranjado) ou sudan black. Nos preparados histológicos rotineiros, a fina camada de citoplasma restante após a remoção dos triglicerídios frequentemente se rompe, distorcendo a estrutura do tecido. O microscópio eletrônico mostrou que, além da gotícula lipídica principal, existem outras muito menores. Cada célula adiposa é envolvida por uma lâmina basal, e sua membrana plasmática mostra numerosas vesículas de pinocitose.
FIGURA 6.1 Tecido adiposo unilocular formado por células adiposas contendo uma grande gotícula lipídica (G). Seu citoplasma se restringe a delgados anéis (pontas de seta), e vários núcleos de adipócitos podem ser observados (setas), além de vasos sanguíneos (VS). (Microscopia óptica. Hematoxilina-eosina [HE]. Pequeno aumento.) 
FIGURA 6.2 Tecido adiposo unilocular. A ponta de seta indica núcleo de adipócito, e as setas indicam anéis de citoplasma que circundam a gota lipídica. Observa-se também uma trabécula de tecido conjuntivo (T), na qual se encontram dois mastócitos. (Microscopia óptica. Azul de toluidina. Grande aumento.)
Todas essas gotículas, independentemente do tamanho, são desprovidas de membrana envolvente. Portanto, a grande gota de gordura, assim como eventuais gotas menores, encontram-se no citosol da célula. Delimitando cada gota (ou gotas) de triglicerídios há uma fina capa composta por uma monocamada de fosfolipídios e proteínas, a qual forma uma interface termodinamicamente estável entre os triglicerídios hidrofóbicos e a água do citosol. 
O tecido unilocular apresenta septos de tecido conjuntivo propriamente dito, que contêm vasos e nervos que servem às células adiposas. Desses septos partem delgadas fibras reticulares (colágeno III) que sustentam as células adiposas individualmente. A vascularização do tecido adiposo é muito abundante quando se considera a quantidade relativamente pequena de citoplasma ativo. A relação volume de capilar sanguíneo/volume de citoplasma é maior no tecido adiposo do que no músculo estriado, por exemplo. 
►Deposição e mobilização dos lipídios Conforme já mencionado, os depósitos de TAG do organismo são dinâmicos, sendo removidos e acrescentados constantemente. Em caso de necessidade energética, a retirada dos lipídios não se faz por igual em todos os locais. Primeiro, são mobilizados os depósitos subcutâneos, os do mesentério e os retroperitoneais, enquanto o tecido adiposo localizado nos coxins das mãos e dos pés, assim como no fundo das órbitas dos olhos, resiste a longos períodos de desnutrição. 
Os triglicerídios armazenados nas gotículas de lipídios originam-se de diferentes maneiras: ■Absorvidos da alimentação e levados até as células adiposas pela circulação sanguínea na forma de triglicerídios, formando as partículas dos quilomícrons 
■Oriundos do fígado e transportados pela circulação até o tecido adiposo, sob a forma de triglicerídios constituintes das lipoproteínas de pequeno peso molecular (VLDL, very low density lipoproteins)
 ■Formados pela síntese nas próprias células adiposas a partir da glicose. Esse processo, denominado lipogênese, inicia-se pela síntese de ácidos graxos a partir de moléculas de acetilcoenzima A (acetil-CoA) (constituídas de dois átomos de carbono) obtidas de várias fontes, principalmente glicose. Ácidos graxos são esterificados com uma molécula de glicerol, formando uma molécula de TAG. 
Os quilomícrons são partículas cujo diâmetro pode alcançar 3 μm, formadas pelas células epiteliais do intestino delgado a partir dos nutrientes absorvidos. São constituídos por 90% de triglicerídios e pequenas quantidades de colesterol, fosfolipídios e proteínas. Após deixarem as células epiteliais, os quilomícrons penetram nos capilares linfáticos do intestino e são levados pela corrente linfática, alcançando finalmente a corrente sanguínea, que os distribui pelo organismo. 
No interior dos capilares sanguíneos do tecido adiposo, graças à enzima lipaselipoproteica, produzida pelas células adiposas, ocorre a hidrólise dos triglicerídios dos quilomícrons e também das lipoproteínas (VLDL) plasmáticas (Figura 6.3). Seus componentes – ácidos graxos e glicerol – são liberados e se difundem para o citoplasma das células adiposas. No citoplasma dos adipócitos, eles se recombinam para formar novas moléculas de triglicerídios, que são depositadas nas gotas lipídicas (ver Figura 6.3). 
Além de receber ácidos graxos pela circulação sanguínea, as células adiposas podem sintetizar ácidos graxos e glicerol a partir de glicose, processo que é acelerado pela insulina. Esse hormônio estimula também a penetração da glicose na célula adiposa e em outras células. 
Quando necessária, a hidrólise dos triglicerídios é desencadeada principalmente por ação de norepinefrina. Esse neurotransmissor é liberado nas terminações pós-ganglionares dos nervos simpáticos que inervam o tecido adiposo e é captado por receptores da membrana dos adipócitos. Estes ativam a enzima lipase sensível a hormônio, promovendo a liberação de ácidos graxos e glicerol – processo chamado lipólise. Os ácidos graxos e o glicerol difundem-se pelo citosol para fora da célula, em direção aos capilares do tecido adiposo (ver Figura 6.3). Após penetrarem na corrente sanguínea, os ácidos graxos, que são quase insolúveis na água, ligam-se à parte hidrofóbica das moléculas de albumina do plasma sanguíneo e são transportados pela circulação para outros tecidos, nos quais serão utilizados como fonte de energia. O glicerol é solúvel no plasma, circula no sangue e é captado pelas células do fígado e de outros locais, sendo reaproveitado.
 FIGURA 6.3 Deposição e remoção de lipídios nos adipócitos. Os triglicerídios são transportados no sangue principalmente sob a forma de quilomícrons e outras lipoproteínas (p. ex., as VLDL). Na superfície dos capilares do tecido adiposo, essas lipoproteínas são clivadas pela enzima lipase lipoproteica, liberando ácidos graxos e glicerol. Essas duas moléculas se difundem do capilar para o citoplasma do adipócito, onde formam triglicerídios, que são depositados em gotículas. Norepinefrina liberada nas terminações nervosas estimula o sistema intracelular de monofosfato de adenosina cíclico (cAMP), que ativa a enzima lipase sensível a hormônio. Essa enzima hidrolisa os triglicerídios, formando ácidos graxos livres e glicerol. Essas duas substâncias difundem-se para o interior do capilar, no qual os ácidos graxos se ligam à porção hidrofóbica das moléculas de albumina para serem distribuídos para tecidos em que serão utilizados como fonte de energia.O glicerol permanece livre no sangue e é captado principalmente pelo fígado.
Após longos períodos de alimentação deficiente em calorias, o tecido adiposo unilocular perde quase toda a sua gordura e se transforma em um tecido com células poligonais ou fusiformes, com raras gotículas lipídicas. 
►Secreção pelo tecido adiposo 
O tecido adiposo unilocular é também um órgão secretor. Ele sintetiza várias moléculas, como a lipase lipoproteica, que fica ligada à superfície das células endoteliais dos capilares sanguíneos situados em volta dos adipócitos e cliva os triglicerídios do plasma. 
A leptina é um hormônio proteico constituído por 164 aminoácidos, sintetizado pelos adipócitos e, em menor proporção, por outras células, e secretado na circulação sanguínea. Diversas células no cérebro e em outros órgãos têm receptores para leptina. Esse hormônio participa da regulação da quantidade de tecido adiposo no corpo e da ingestão de alimentos. Atua principalmente no hipotálamo, diminuindo a ingestão de alimentos e aumentando o gasto de energia. 
Outros hormônios secretados pelos adipócitos são a adiponectina, que diminui a liberação de glicose pelo fígado, e a resistina, com função hiperglicemiante. PARA SABER MAIS Inervação do tecido adiposo O tecido adiposo unilocular e o multilocular são inervados por fibras simpáticas do sistema nervoso autônomo (ver Capítulo 9, Tecido Nervoso). No tecido unilocular, as terminações nervosas são encontradas na parede dos vasos sanguíneos, e apenas alguns adipócitos são inervados. Já no tecido multilocular, as terminações nervosas simpáticas alcançam diretamente tanto os vasos sanguíneos como as células adiposas. O sistema nervoso autônomo (simpático) desempenha importante papel na mobilização das gorduras quando o organismo é sujeito a atividades físicas intensas, jejuns prolongados ou frio. 
►Histogênese do tecido adiposo unilocular 
As células adiposas uniloculares originam-se no embrião a partir de células derivadas do mesênquima, os lipoblastos. Essas células são morfologicamente semelhantes a fibroblastos, porém precocemente acumulam gordura neutra no seu citoplasma. As gotículas lipídicas são inicialmente isoladas, mas muitas se fundem, formando a gotícula única característica da célula adiposa unilocular (Figura 6.4). 
HISTOLOGIA APLICADA
Obesidade Essencialmente, a obesidade é um desequilíbrio dos sistemas reguladores do peso corpóreo, para o qual contribuem fatores genéticos, ambientais e comportamentais. Uma das causas mais comuns é a ingestão de calorias acima das necessidades para as atividades regulares do indivíduo. Para fins práticos, considera-se obesa a pessoa com 25% de gordura ou mais de proporção em relação ao peso corporal, assim como um índice acima de 30 calculado pelo índice de massa corporal. Nos países desenvolvidos, a obesidade é mais frequente do que todas as deficiências alimentares somadas. Em adultos, ela geralmente se deve a um aumento na quantidade de triglicerídios depositados em cada adipócito unilocular, sem que exista aumento no número de adipócitos. As calorias dos alimentos não gastas nas atividades físicas da pessoa são armazenadas nas células adiposas uniloculares. Os obesos, principalmente os com tecido adiposo localizado na região abdominal, são mais propensos a doenças articulares, hipertensão arterial, diabetes, aterosclerose, infarto do miocárdio e isquemia cerebral. Várias dessas alterações fazem parte da síndrome metabólica, distúrbio altamente prejudicial ao organismo. 
FIGURA 6.4 Origem e desenvolvimento das células adiposas. A célula mesenquimal indiferenciada, além de formar outros tipos celulares, dá origem aos fibroblastos (esquerda) e aos lipoblastos (direita), que se diferenciam em células adiposas uni e multiloculares. Quando a gordura é mobilizada para atender às necessidades metabólicas do organismo, as células adiposas maduras podem voltar a apresentar apenas algumas gotículas em seu citoplasma. Nesse caso, elas voltam a um estágio anterior, pelo qual passaram durante a histogênese (setas nos dois sentidos). As células não foram desenhadas na mesma escala. A célula adiposa madura é maior em relação às outras mostradas na figura. 
HISTOLOGIA APLICADA
Tumores do tecido adiposo unilocular Os adipócitos uniloculares com frequência originam tumores benignos, os lipomas, geralmente encapsulados e removidos cirurgicamente com grande facilidade. Os tumores malignos dos adipócitos uniloculares, ou lipossarcomas, são muito menos frequentes do que os lipomas, porém de tratamento muito mais difícil porque facilmente formam metástases. Lipossarcomas costumam aparecer somente em pessoas com mais de 50 anos de idade. 
TECIDO ADIPOSO MULTILOCULAR 
O tecido adiposo multilocular é também chamado de tecido adiposo pardo, por sua cor característica que se deve à vascularização abundante e às numerosas mitocôndrias encontradas em suas células. Por serem ricas em citocromos, as mitocôndrias têm cor avermelhada.
 Ao contrário do tecido unilocular, que é encontrado por quase todo o corpo, o tecido pardo é de distribuição limitada, localizando-se em áreas determinadas – na região das cinturas escapular e pélvica. Esse tecido é abundante em animais que hibernam. No feto humano e no recém-nascido, o tecido adiposo multilocular apresenta localização bem definida (Figura 6.5). Como esse tecido não cresce, sua quantidade no adulto é extremamente reduzida.
 As células do tecidoadiposo multilocular são menores do que as do tecido adiposo unilocular e têm forma poligonal. O citoplasma é carregado de inúmeras gotículas lipídicas de vários tamanhos (Figuras 6.6 e 6.7) e contém numerosas mitocôndrias, cujas cristas são particularmente longas, podendo ocupar toda a espessura da mitocôndria.
No tecido adiposo multilocular, as células apresentam um arranjo epitelioide, formando massas compactas em associação a muitos capilares sanguíneos, assemelhando-se a glândulas endócrinas. 
O tecido adiposo multilocular é especializado na produção de calor, tendo papel importante nos mamíferos que hibernam. Na espécie humana, a quantidade desse tecido só é significativa no recém-nascido, tendo função auxiliar na termorregulação.
Na época da saída da hibernação, ao ser estimulado pela liberação de norepinefrina nas terminações nervosas abundantes em torno das suas células, o tecido adiposo multilocular acelera a lipólise e a oxidação dos ácidos graxos presentes em suas células. Neste tecido, ao contrário do que ocorre em outros, a oxidação dos ácidos graxos produz principalmente calor e pouco trifosfato de adenosina (ATP). Isso se deve ao fato de suas mitocôndrias terem, nas suas membranas internas, uma proteína transmembrana chamada termogenina, ou UCP 1 (uncoupling protein 1). Ela possibilita que os prótons transportados para o espaço intermembranoso voltem para a matriz mitocondrial sem que passem pelo sistema de ATP sintetase existente nos corpúsculos elementares das mitocôndrias (ver Figura 2.15, no Capítulo 2, Introdução ao Estudo das Células | Citoplasma). Em consequência, a energia gerada pelo fluxo de prótons não é usada para sintetizar ATP, sendo dissipada como calor. O calor aquece o sangue contido na extensa rede capilar do tecido multilocular e é distribuído por todo o corpo, aquecendo diversos órgãos. 
FIGURA 6.5 Distribuição do tecido adiposo multilocular no feto humano. (Adaptada e reproduzida, com autorização, de Merklin, 1974.) 
FIGURA 6.6 Tecido adiposo multilocular. Suas células caracteristicamente contêm núcleos esféricos geralmente centrais (setas) e múltiplas gotículas de lipídios no citoplasma. (Microscopia óptica. HE. Médio aumento.)
 FIGURA 6.7 Esquema sobre a ultraestrutura da célula adiposa multilocular. Seu núcleo é central, e o citoplasma contém muitas mitocôndrias, situadas entre as gotículas lipídicas. Está representada também uma terminação do sistema nervoso simpático, com vesículas sinápticas contendo material elétron-denso. 
Nas espécies que hibernam, o despertar da hibernação se deve em grande parte à ação de estímulos nervosos no tecido multilocular, que, nesses casos, distribui calor pela circulação sanguínea e estimula os tecidos hibernados. 
►Histogênese do tecido adiposo multilocular Sua formação é diferente da observada no tecido unilocular. As células mesenquimais que formam o tecido multilocular tornam-se epitelioides, adquirindo um aspecto de glândula endócrina cordonal, antes de acumularem gordura (ver Figura 6.4). Não há neoformação de tecido adiposo multilocular após o nascimento, nem ocorre transformação de um tipo de tecido adiposo em outro.

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